A namorada
- Certo.
- Sério? - Ela indaga um tanto quanto surpresa.
-Sim. – Ele responde com um ar de felicidade que só era visível por dentro.
A passos lentos e curtos, Everest se aproxima do homem, tenta colocar a mão no bolso e logo lembra que está de vestido. Solta um suspiro e um sorriso por estar com aquele homem.
- Esse foi o mais belo de um sorriso. Fica linda quando faz isso.
- Ainda não somos amigos, James. Estou apenas tentando tirar algumas informações de você.
- Certamente.
Ele caminha, lentamente, e Everest o segue entre as pessoas com sorrisos e uma melodia lírica quase inaudível pelo falar dos indivíduos à sua volta.
- Aonde estamos indo?
- Ali e vamos pegar sorvetes.
- Por quê?
- Por que temos o melhor sorvete da cidade, bem aqui.
Pararam, por um momento. Os dois estão em frente a um carrinho amarelo, James pegou duas casquinhas e colocou sorvete nelas.
- Não devíamos pagar por isso? – Ela questiona pegando o sorvete de chocolate com a mão direita.
- Eu já paguei por isso e por toda a comida. Que tal ouvir uma música?
Everest dá de ombros, e James entrega-lhe uma pequena colher. Ela então experimenta um pouco do sorvete. Solta um gemido baixinho e diz:
- Isso é muito bom!
- É. Eu sei. Eu disse-lhe. É o melhor!
Eles saem. Já estão no centro das barracas, uma banda desconhecida está a tocar. Everest logo termina de tomar o sorvete. Procura por James. Não sabia onde o homem foi parar. Então ele estende a mão para ela.
- Aceita dançar comigo?
Eve balança a cabeça, negativamente, e cruza os braços.
- Não tem ninguém dançando, vamos passar vergonha.
- Não vamos. Eu te ensino, Everest.
- De jeito nenhum.
- Eu mereço.
- Por que você merece?
- Porque você foi grossa e eu lhe perdoei.
- Está tentando me comprar.
- Talvez.
Ela segura a mão direita dele que está estendida, ele a leva até em frente ao pequeno palco dos artistas, a puxa para si, as mãos grandes dele vão para a silhueta fina dela; ela, por sua vez, passa os braços pelo pescoço daquele homem.
- Eu não sei o que fazer.
- Fazer o quê, Everest?
- O que eu faço agora para dançar?
- Apenas me siga.
Ele fala iniciando a dança, lentamente. Everest pisa no pé do homem algumas vezes. Ele comenta:
- Você é horrível nisso.
- Eu sei. – Ela responde, sorrindo.
James puxa Everest mais para si e pôde sentir o doce cheiro do perfume que ela usou para disfarçar o cheiro do cigarro.
- Esse vestido combina com você!
- Você acha, mesmo?
- Sim. Os dias são como as chuvas; às vezes, forte o suficiente para lhe derrubar; às vezes, calmo como a chuva de fim de tarde para lhe inspirar. O guarda-chuva é a proteção de todos esses dias. Você o abre e sente-se seguro contra chuva forte e fraca, em dias bons e ruins. Mas não deixa de ser atingido, não é? De alguma forma você sente a chuva.
Everest , como em estado de hipnose, coloca a cabeça sobre o peito daquele homem e deixa ser levada pela dança. Apenas não queria
Olhar para ele, pois tinha medo da revelação de seus sentimentos.
- Eu fui atingida agora. Por isso estou aqui dançando com você!
- O que está achando?
- A festa é tradicional, o sorvete é delicioso, as pessoas são simpáticas, aqui é como uma cidade pacata, bem cinematográfica.
- Acha que consegue escrever algo?
- Não sei. Talvez.
- Nesse momento, estamos parecendo um casal de filme clichê!
- Não somos um casal! Não parece nada. –Ela ainda relutava em aceitar o que estava sentindo.
- Não consegue escrever?
- Claro que consigo.
Ela respira fundo e olha para o homem. Fecha os olhos enquanto tenta pensar em algo, apenas sentido o balançar da dança.
O homem segura na sua cintura com certa delicadeza, como se ela fosse a coisa mais preciosa que ele tinha em mãos, seus olhos escuros e marcantes estão sobre ela, avaliando cada ângulo, como se fosse a última vez que fosse vê-la. Eles se aproximam mais. Ele se movimenta com ela aos passos da música lírica, apenas os dois. Ela por sua vez pode sentir o per…
Ela reabre os olhos quando uma voz aguda de uma mulher irritante chama por James. A morena de olhos claros, com uma atitude completamente evasiva, segura o braço de James o puxando e o tirando da dança. Ela ignora, completamente, a existência de Everest e, pois fala somente com James.
- Querido, esqueceu que tem uma noiva?
Depois, ela olha para Everest com desdém. Eve, por sua vez, poderia descrever a mulher à sua frente como descreveria a beleza da deusa do amor Afrodite, pele escura que parecia brilhar, lábios carnudos com um batom vermelho sensual, os olhos azul-marinho e um corpo escultural.
Essa descrição, mesmo sendo feita por ela, fez com que se sentisse um saco de batatas. Em choque, após saber que James tem uma noiva, ela não se mexe, seus olhos vão para James, como se esperasse uma resposta.
-Você não é minha noiva mais, Austrália. Terminamos faz meses.
- Só termina quando eu falar que terminou, meu bem.
Everest avalia, novamente, a mulher com os olhos, perde a cor do rosto, como se um raio tivesse caído nela. Ela conhecia bem aquela mulher, sabia bem quem era ela. Ela fazia parte de um passado o qual Eve achava que havia enterrado. Eve, repentinamente, aproxima-se de James e segura, com firmeza, a mão dele.
- Você nunca me falou dela, amor. É mais uma fã perseguidora? – pergunta Eve.
James, sem reação com a atitude de Everest, apenas balança a cabeça em concordância. Austrália logo fala:
- Quem é você?
- Eu que pergunto quem é você. Chegou agora falando que é noiva do meu namorado. Na verdade, não quero saber, sempre que esbarramos com uma fã maluca, acontece isso.
- Não sou uma fã maluca, sou Austrália Oskla , uma das mulheres mais desejadas do mundo.
- Blá, blá, blá. Foi isso que eu ouvi?
- O que é isso, James? Quem é essa que se diz sua namorada?
James aperta um pouco a mão de Everest e e , finalmente, fala alguma coisa.
- É isso mesmo que você ouviu. Ela é a minha namorada. Aliás, você está nos incomodando. Estamos de saída. Com licença!
- Não vai se livrar de mim, James. Estou hospedada na sua casa, graças à Senhora Rosemary.
James ignora completamente o que ela fala retirando Everest dali ainda segurando em sua mão. Quando estão a uma distância aceitável, ele logo pergunta:
- O que aconteceu?
- Não gostei dela.
- Tem algo a mais. Você disse que era minha namorada.
Everest solta um longo suspiro e desabafa:
- Há alguns anos, eu tinha um namorado, eu o amava, nunca havia desconfiado dele. Ficamos noivos e era o momento mais feliz da minha vida. Era outono, as folhas secas e o clima levemente frio dava a tudo um ar de romance, minha vida estava perfeita, até que eu descobri que ele me traiu. Peguei os dois juntos, aquilo partiu meu coração. Chorei, chorei por muitos dias, somente por mim, o que é exclusivamente egoísta e idiota. Eu resolvi perdoá-lo, fingir que aquilo não havia acontecido; todavia, ele não me escolheu. Humilhante, não é? Eu me lembro bem dela. Achei que ele estava casado com ela até hoje.
- Era a Austrália?
- Sim.
Mesmo depois de anos, aquilo afetava Everest . Seus olhos se enchem de lágrimas.
- Eu sinto muito, Everest.
- Eu sei que menti. No entanto, ela tirou algo meu, e eu queria tirar algo dela. Ao ver o interesse dela por você, aquilo…
Ela engole, em seco, sem terminar de falar. Sem perceber, estava encostada no carro e aquele homem, de frente para ela, com as mãos em seu rosto, seca as lágrimas que insistiam em cair.
- Eu não sou dela. Nem sou um objeto.
- Eu sei. Só queria me sentir por cima, ainda dói.
James passa o polegar pela bochecha da moça e logo se aproxima depositando um beijo na sua testa.
- Então somos namorados?
Everest coloca a mão no peito do homem e um riso fraco escapa de seus lábios.
- Não de verdade.
-Como vai ser isso?
- Vamos agir, aparentemente, como um casal apaixonado.
- Eu vou ganhar beijos?
- Claro que não.
- E o que vamos fazer, agora?
- Eu tenho que ir para o hotel, vou escrever!
- Já que é minha namorada, poderia ficar na minha casa.
- Claro que não.
- Bom… Austrália estará lá. Sabe, ela é uma das sócias da minha empresa, não posso tirá-la de lá. Isso pode acarretar desentendimentos entre mim e a Senhora Rosemary, pois Austrália é sua convidada.
- E?
- Ela vai querer saber por que minha namorada está em um hotel.
- Tem uma amiga comigo, no meu quarto de hotel.
- As duas podem ficar na minha casa.
- Então, amanhã cedo levo minha bagagem.
- Por que não hoje?
- Tenho que escrever.
- Eu levo suas malas e falo com sua amiga.
- Isso é muito estranho!
- Vamos lá, minha linda namorada!
Ela dá de ombros.
- Então, eu te sigo.
Ele balança a cabeça um tanto quanto empolgado. Everest entra no carro, James vai em busca do seu automóvel e finalmente passa ao lado de Everest que o segue.
Alguns minutos depois, Everest avista o grande portão da mansão de James que mais parece um castelo. Ao passar pelo portão, ela segue James até a garagem que está cheia de carros, o que faz o seu parecer minúsculo. Ela estaciona em um lugar vago. Ao sair do carro, James estava a sua espera e ao lado dele, um mordomo, presumiu ela.
-Sua casa é linda. - Ela fala se aproximando devagar.
- Era a preferida do meu pai.
- Era?
- Esse é o meu mordomo, Senhor Wan. Ele vai acompanhá-la até seu quarto enquanto busco suas malas e aviso para Al...?
- Alana.
Ela fala percebendo que o homem mudou de assunto. Ele se aproxima dela e dá, mais uma vez, um beijo em sua testa. Logo ele entra no carro se retirando e o mordomo faz sinal para que ela o siga. A passos rápidos, Everest logo está em uma das salas.
- O que aconteceu com o pai dele? – Ela, curiosa, pergunta ao Senhor Wan.
- A senhorita não sabe mesmo?
- Não. Eu não sou desse lugar.
- Seus pais foram assassinados há alguns anos, na frente de James. Ele tinha aproximadamente 15 anos e não pôde fazer nada.
Everest, sem palavras, arrepende-se de ter perguntado. Logo Wan continua.
- Isso aconteceu, nesta data. Desde então, James ajuda as crianças na feira, isso o ajuda a esquecer um pouco.
- Eu não sei o que falar.
- Não preciso falar, senhorita. Senhor James quer que você fique no quarto ao lado do dele, se você não se importar.
- Tudo bem.
- É bom ver o Senhor James assim!
- Assim como?
Wan fica em silêncio enquanto sobe as grandes escadas. Everest, já um pouco cansada de andar pela casa, espera a resposta um tanto quanto ansiosa. Finalmente, ele chega a um corredor com dois quartos e abre a porta de um deles.
- Empolgado, feliz, os olhos dele não brilhavam há tanto tempo. Os olhos dele brilham quando está sobre você.
Everest entra no quarto e se segura para não soltar um: "uau". Surpresa, ela olha para Wan.
- Obrigada!
- Não me agradeça senhorita. É meu serviço.
O mordomo retira-se deixando Everest sozinha. Estonteante, deita-se na cama macia que fica no meio do quarto o que mais parecia pertencer a uma princesa. Ela fecha os olhos e se deixa levar pelo sono.
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