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Máquina do tempo




1.

Taehyung passou a metade do voo para os Estados Unidos dormindo no ombro de Jungkook. A metade em que ficou acordado, foi a cabeça de Jungkook que descansou na curva do pescoço de Taehyung.

Jungkook estava se sentindo ansioso, não uma ansiedade angustiante, mas do tipo que embrulhava o estômago. Iam debutar nos Estados Unidos, na premiação de música norte-americana mais prestigiada do mundo. Era o sonho de qualquer idol. Ter ganhado o Billboard no início do ano fora inesperado, e eles sentiam que a expectativa para essa apresentação agora era cinco vezes maior, uma redoma de energia os envolvendo. Mais da metade do mundo estaria de olho neles.

Se a sensação não era a de descer dois degraus da escada de uma só vez, Jungkook não sabia qual era.

Eles não conseguiam dormir direito de tão agitados que estavam. Jungkook praticamente quicava no assento do avião, a perna direita balançando sem parar e os dedos apertando com força o celular e os fones conectados a ele.

"Jeongguk-ah, fique quieto", Tae resmungou fazendo um bico, a voz rouca pelo desuso.

Eles não estavam nos melhores momentos. Depois da viagem que o maknae fizera com Jimin, Tae estava exageradamente alegre. Era sua forma de mostrar que não estava dando a mínima, mas quando ficavam sozinhos e Jungkook agia como sempre, puxando assunto e tentando fazê-lo rir, Tae mal reagia. E, no entanto, ali estava ele se ajeitando contra o corpo de Jungkook, procurando uma posição mais confortável para encaixar o nariz no pescoço do maknae.

Jungkook mordeu o lábio para não sorrir, mas não funcionou. A respiração quente de Taehyung em sua pele quase o fez ronronar.

Eram como um recipiente enchendo e enchendo pouco a pouco... Não tiveram muito contato íntimo desde Jeju e isso ia lentamente os saturando a ponto de Jungkook se sentir arrepiado simplesmente porque a pele quente de Taehyung estava roçando a sua. Já era difícil conter a vontade de se tocarem quando ainda não tinham feito sexo.

Agora, era impossível.

Jungkook se perguntava se as pessoas percebiam isso. Se esse magnetismo era tão óbvio para elas quanto era para ele.

"Não está nem um pouco nervoso?", Jungkook encostou a cabeça no assento, fechou os olhos e engoliu em seco. Só se deu conta de que ainda estava batucando o pé contra o chão do avião quando sentiu a mão de Taehyung o apertando na coxa para que parasse.

"Estou", Taehyung confessou, a voz neutra. "Mas Namjoon hyung disse que sabemos o que vamos fazer, já fizemos centenas de vezes, ensaiamos, nos preparamos. Ele tem razão e eu confio no que Namjoon hyung diz, você também devia confiar."

"Eu também confio nele!", Jungkook abriu os olhos e encarou o teto, perplexo. Óbvio que confiava em Namjoon, em todos eles! Não era isso!

"Então fique quieto e durma."

"Não consigo!"

"Quer um cafuné?", Taehyung fez um bico e ergueu a mão, afundando os dedos nos cabelos macios de Jungkook.

O maknae bufou.

"Taehyungie!", afastou a mão do mais velho com menos delicadeza do que gostaria. "Porque está fingindo que não está aborrecido comigo e com Jimin por causa da viagem?"

"Não estou aborrecido."

"Está, sim."

"Com você, sim. Com Jiminie Chim Chim, nunca."

Jiminie Chim Chim. Jungkook riu com amargura. Então a culpa era toda dele e Jimin era Jiminie Chim Chim? Olhou discretamente para baixo, tentando ver a expressão de Taehyung, mas o rosto dele estava voltado para seu pescoço como se Taehyung quisesse ser guiado para o mundo dos sonos através de seu cheiro. Jungkook mexeu-se na cadeira, espiando ao redor. Era madrugada e todos estavam quietos na cabine do avião particular. A luz do assento de Yoongi estava acesa, mas não era novidade, os horários de Yoongi eram invertidos, ele trabalhava de noite, dormia de dia, quando dava. Jungkook poderia apostar que agora ele estava sobrecarregando os ouvidos com batidas, remixes, melodias sintetizadas, testando combinações. Via a cabeça de Hoseok acomodada para o lado do corredor, os cabelos avermelhados despontado por cima do travesseiro. Atrás deles, Namjoon e Seokjin dormiam o sono dos justos, as pernas completamente abertas no espaço amplo dos assentos.

E logo ao lado de Jungkook e Taehyung, estava Jimin, dormindo escorado em Sejin, igualmente ferrado. Jungkook esticou um pouco mais o pescoço e viu o outro manager no lado aposto a Sejin, Sanghyun. Não é que Jungkook não gostasse dele; desde que podia se lembrar, Sejin e Sanghyun estavam com eles, mas Sanghyun hyung era mais velho, mais sério que Sejin e bem menos tolerante a... demonstrações de afeto em público.

Um tipo bem específico de afeto.

No entanto, com a carga de entrevistas e eventos que teriam que participar nos Estados Unidos, Sanghyun fora requisitado. Jungkook se certificou de que Sanghyun também estava dormindo antes de abaixar o rosto de novo, aproximar a boca de Taehyung e murmurar:

"Hyung, não durma agora."

"Hm?"

"Não durma."

"Porque?"

"Estão todos dormindo", Jungkook sentiu-se um cretino pervertido. Bom, nem tanto.

Taehyung abriu um olho e encarou Jungkook com ele. Então se afastou, os cabelos loiros e compridos caindo em seu rosto como seda. Jungkook ajeitou-se melhor na poltrona, a boca de repente muito seca.

"Claro que estão dormindo, Jungkook, estamos todos exaustos e nossa agenda está um caos. Esse é o único momento que temos para fechar os olhos e dormir."

"E também o único momento que temos para" Jungkook olhou para baixo e brincou com a faixa do cinto de segurança. "conversar."

Sentiu os olhos de Taehyung o cravando. Sentiu o rosto começar a arder e o corpo esquentar.

"E sobre o que você quer conversar?", a voz de Taehyung soou próxima, cheia de afeto, e Jungkook quase fechou os olhos em reflexo.

"Sobre... Você sabe que Sanghyun é rígido com as regras. Acho que foi por isso que o mandaram. Tendemos a ficar mais... soltos nos Estados Unidos."

O olhar de Taehyung passou por Jimin, Sejin e recaiu em Sanghyun, mas sua expressão não podia ser mais indiferente. Ele continuou fitando a figura adormecida de Sanghyun enquanto falava com Jungkook:

"Sem contato físico, você diz?", os olhos arqueados de Taehyung ficaram subitamente mais estreitados. Jungkook achou ter visto um sorrisinho arteiro perpassar os lábios rosados do mais velho antes dele o umedecer com a língua. "Claro."

"Taehyung."

"O que?"

"Que cara é essa?"

"Que cara?", os olhos de Taehyung voltaram-se depressa para Jungkook, fitando-o intensamente.

O maknae remexeu-se outra vez na poltrona, inquieto. Conhecia Taehyung há sete anos. É claro que sabia quando ele estava planejando aprontar, e também sabia que, fosse o que fosse, ele não lhe diria. Suspirou fundo.

"Esquece."

Achou que a conversa tinha terminado, mas Taehyung não se afastou. Na verdade, ele se aproximou ainda mais.

"O que está fazendo?", Jungkook só conseguia olhar para a boca de Taehyung, macia rosada, enquanto respirava o cheiro do mais velho o cercando cada vez mais... Deus, sentia tanta falta dele que não conseguia parar de encarar aquela boca.

"Você não quer?", o rosto de Taehyung era o retrato da inocência. Ele se moveu depressa, apenas para olhar alguma coisa para além das poltronas atrás de Jungkook, em seguida, quando se aproximou, Jungkook conteve um suspiro ao ser surpreendido pelos lábios dele em sua bochecha, na curva de seus lábios. "Vem comigo pro banheiro."

"O que? Não, claro que não!", aquelas palavras, aquele simples convite, fez seu coração sair dançando a Macarena a caminho de sua garganta.

"Eu só quero te beijar, Jeongguk", a boca de Taehyung pressionou a pele de Jungkook outra vez, cercando os lábios entreabertos do maknae. Jungkook puxava o ar com força, os olhos quase se fechando. Estava a um passo de se entregar, mas era loucura, não ali, na cabine, muito menos no banheiro. Se alguém acordasse – se Sanghyun acordasse – estariam ferrados. Iam começar aquela viagem levando um esporro lendário e Sanghyun dava esporros fenomenais.

Taehyung afastou-se com um suspiro impaciente.

"Tudo bem, você venceu, eu não quero mais estar chateado com você, é cansativo. Eu nem estava, se quer saber."

Jungkook abriu mais os olhos, a boca escancarando diante daquela revelação.

"Então porque infernos ficou me ignorando esse tempo todo?"

"Porque eu queria que você achasse que eu estava chateado", fez um bico. "Mas Jimin fez a coisa certa, ele tirou você de perto de mim no momento em que viu que eu estava te machucando, mesmo sem querer. Ele agiu certo e eu estava errado."

O que? Taehyung admitindo um erro, e ainda por cima daquele jeito manhoso? Era uma pegadinha? Ou ele tinha pegado no sono em algum momento daquela conversa e estava tendo um sonho louco que acabaria com eles despencando a 36 mil pés de altitude?

Taehyung assumia seus erros, mas sempre levava uma vida e, quando enfim pedia desculpas, era ou fazendo com que a coisa toda parecesse uma brincadeira ou a enfiando entre um assunto e outro, como se não tivesse importância.

Mas ele estava o encarando nos olhos, murmurando palavra por palavra com sinceridade.

"E você não me ligou", Taehyung acrescentou quando o momento ficou muito intenso, as sobrancelhas se erguendo por baixo da franja loira acinzentada.

"Não liguei quando?"

"Quando viajou com Jiminie Chim Chim. Você me liga todo dia, toda hora, vocês dois, na verdade. Mas nenhum dos dois me ligou."

Até quando ia ficar cantarolando Jiminie Chim Chim na sua cara?

"Taehyungie", Jungkook riu. Não segurou. "Você está de brincadeira, não é?"

Tae deu de ombros. Não, ele não estava.

"Como pode ser tão fofo?", o maknae perguntou baixinho, deslizando o olhar pela expressão ligeiramente amuada de Taehyung. Antes que pudesse pensar no que estava fazendo, aproximou a boca da de Taehyung, deixando que os lábios quase se tocassem de leve.

"Vai mesmo me beijar aqui?"

Jungkook levantou a mão e encaixou a palma na nuca de Taehyung, trazendo-o para perto. As bocas se esbarraram e eles estavam a tanto tempo sem se beijar que aquele mero contato descoordenado e singelo os fez gemer abafado. Ficaram parados, sentindo a textura macia do beijo. Taehyung apoiou um cotovelo ao lado da cabeça de Jungkook, os dedos encontrando as mechas de cetim negro e descendo numa carícia pela orelha do maknae até a argola prateada.

Entreabriu os lábios apenas um pouco quando a ponta da língua de Taehyung pediu passagem. Tocou a dele com a própria, um breve roçar, mas foi o suficiente para enviar descargas de prazer por seu ventre.

Jungkook engoliu, provando o gosto da língua de Taehyung descendo por sua garganta. Céus, era tão bom... tão inexplicavelmente bom...

Afundou mais na poltrona, o movimento fez a costura do jeans apertar suas bolas e ele voltou a se remexer. Um calor começava a se espalhar por ali também, deixando Jungkook ainda mais inquieto.

Taehyung o segurou pelo queixo e pressionou uma sequência de selinhos em sua boca na tentativa de arrefecer a tensão erótica entre eles. Foi ainda pior – as respirações estavam aceleradas e os lábios se esbarravam e se encaixavam como se uma força magnética os puxasse, tornando o embate ainda mais delicioso.

Jungkook começou a gemer tão baixo que soava como um lamento agoniado.

Taehyung estalou a língua no céu da boca com um muxoxo.

"Posso ficar te beijando por horas. Sinto sua falta, Ggukkie, é ainda pior depois que nós....", a confissão de Tae se perdeu entre os beijos

Incapaz de falar qualquer coisa coerente, Jungkook assentiu. Eles se olharam através do brilho de desejo e afeto que turvava seus olhos. Taehyung abriu a boca e suspirou, a expressão toldada de luxúria, e Jungkook não devia estar muito diferente. Sua pele inteira pulsava como se ele tivesse acabado de correr de Seoul até Busan. Seu coração dava saltos, massageando o peito. Os dedos de Taehyung contornaram sua mandíbula, trazendo-o para perto e o beijando outra vez. Ainda era calmo, ainda era lento e, mesmo assim, profundo. Cada centímetro do corpo deles reagia ao contato, despertando, irrigando, pulsando. As línguas se encheram de saliva quente e fluida, que facilitou o deslizar e o encaixe. A boca de Taehyung moldou-se perfeitamente à do maknae e a fricção aveludada dos lábios, o giro das línguas... Taehyung ergueu uma perna e a passou por cima da coxa de Jungkook, aproximando-se mais, a panturrilha acomodando-se e comprimindo o volume entre as virilhas de Jungkook e ele não foi capaz de sufocar um gemido alto de puro deleite.

"Jeongguk-ah!", Taehyung o reprimiu, afastando-se no susto. Espiou ao redor antes de voltar a encarar o maknae. Jungkook o olhou de volta admirado, fascinado. "Vamos para o banheiro."

"Não, hyung, não vai ser só um beijo se formos, você sabe", Jungkook abriu mais as coxas procurando espaço na calça jeans apertada. Ondulou os quadris contra a perna de Taehyung. Droga, estava tão excitado que nem se importava com o quanto era ridículo que estivesse se estimulando na panturrilha de Taehyung como um cãozinho no cio.

Taehyung encostou a testa na sua e moveu a cabeça de Jungkook gentilmente para que o maknae olhasse para baixo. Jungkook teve que segurar um ofego ao encontrar a ereção de Taehyung marcando a calça jeans clara. Seu membro respondeu com uma fisgada involuntária, gostando muito daquilo.

"Não é mais só um beijo já faz alguns minutos", Taehyung sussurrou, abrindo os olhos e encarando Jungkook muito de perto. As íris estavam escuras e brilhantes, entregando toda a vontade que ele sentia e isso foi a derrota.

Jungkook soltou o mecanismo do cinto de segurança com um estalo metálico e levantou. Entrou no banheiro e Taehyung já estava em cima de si. Escutou o trinco da porta sendo virado no mesmo instante em que uma das mãos de Taehyung o agarrou pela nuca e sua boca foi tomada sem aviso. Jungkook ofegou na boca de seu hyung, dando passagem para a língua macia e cálida encontrar a sua.

As costas do maknae foram imprensadas contra a parede e por um momento eles se empurraram para lá e para cá buscando desesperadamente contato físico, encaixe de pernas, os dedos puxando as roupas, as fivelas dos cintos sendo arrancadas às pressas, dedos abrindo botões e afastando tecido.

Jungkook engolia em seco sem parar, tanto porque a boca estava enchendo de água depressa pela eminência do que iam fazer como pelo fato de que não conseguia respirar, precisava puxar o ar com força e fazê-lo passar por cima do nó de sensações que se acumulava em seu peito e no fundo da garganta enquanto Taehyung girava os quadris em círculos contra o seu, apertando as ereções.

Estavam tão desesperados por isso, por qualquer coisa íntima, que cravavam as unhas nas nádegas um do outro para se comprimirem mais e mais até que não restasse espaço algum entre as pélvis.

"Quero te chupar", Taehyung arfou. Os dedos trabalharam depressa nos botões da calça de Jungkook e os dois suspiraram juntos quando a ereção dura e pulsante do mais novo enfim saltou para fora, a glande rosada e brilhante coberta de lubrificação.

Taehyung rugiu. Jungkook tentou se segurar em alguma coisa quando o peitoral dele o sobrepujou contra o espelho, mas os dedos escorregaram pela bancada e ele se viu sendo literalmente devassado pelo mais velho, que arrancou sua calça junto com a roupa íntima, segurou o pau de Jungkook e começou a masturbá-lo com tanta vontade que parecia estar masturbando a si mesmo.

Jungkook ficou de boca aberta. As sensações o invadiam com força e rapidez, deixando-o perplexo.

Sem rodeios, Taehyung obrigou Jungkook a recuar até sentar sobre a bancada, afastou-lhe as pernas para se encaixar entre elas e, com a mão livre, apertou os cabelos na nuca do maknae, forçando a boca do mais novo a se abrir.

Taehyung não costumava ser agressivo, mas estava sibilando de tesão contra a língua de Jungkook, a mão deslizando com ritmo pelo pau latente e quente.

As costas de Jungkook colaram-se ao espelho. Totalmente entregue, tão despudoramente entregue e devassado pela língua e pelas mãos de Taehyung, elas estavam em todo lugar, estapeando-o nas coxas, massageando-o nos testículos, envolvendo seu pau para cima e para baixo.

Sem aviso, Taehyung afastou a boca e enfiou dois dedos entre os lábios de Jungkook.

Jungkook nem teve tempo de raciocinar o quanto era depravado chupar os dedos de Taehyung daquele jeito, o olhando como se implorasse para ser fodido em todos os orifícios; Taehyung afundou os dedos pela língua lubrificada de saliva de Jungkook e os retirou lentamente, apenas para fazer tudo outra vez, penetrando fundo a boca quente e molhada.

Os pensamentos embaralhados do maknae tentaram encontrar um sentindo nisso – Taehyung estava lubrificando os dedos para prepará-lo? Não iam fazer sexo ali, não podiam. Iam gemer sem nenhum controle, ele lembrava claramente de como tinha sido em Jeju nas vezes que fizeram; caótico, intenso demais para o cérebro sequer acompanhar.

Claro que não iam transar, então porque era tão excitante fingir que iam?

Antes que encontrasse uma resposta, Taehyung pegou a mão de Jungkook e enfiou dois dedos dele em sua própria boca, enterrando-o até o limite enquanto ainda fazia o maknae chupar os seus. Jungkook sentiu a língua de Taehyung deslizando por seus dedos e uma contração de tesão percorreu seu pau sendo deliciosamente estimulado. Caralho, era excitante demais, a sucção de Taehyung, os arquejos abafados deles, os ruídos molhados que preenchiam o banheiro apertado quando Jungkook e Taehyung deslizavam os dedos para fora e para dentro devagar...

"Me chupa", Jungkook retirou os dedos de Tae de sua boca para implorar, "Me chupa, Taehyungie, desse jeito..."

Jungkook estava ofegando, as bochechas rosadas pela adrenalina e pela masturbação que ficava ainda mais rápida a ponto de doer, o prazer vindo depressa, alucinantemente rápido, fazendo Jungkook começar a tremer e arquejar e erguer os quadris e, no estopim, a boca de Taehyung deslizou pela glande e o engoliu.

"Ah!", Jungkook revirou os olhos. Cacete, sim. "Ah! Ahhhhhh..."

Taehyung o chupou com fome, a mão bombeando sem parar, as sucções úmidas envolvendo as veias e o pau de Jungkook, cobrindo-o de saliva. Os dedos de Jungkook vagaram incertos pelos cabelos do mais velho para fazê-lo ir mais devagar ou mais rápido, ele não conseguia entender as vontades do próprio corpo, queria gozar e não queria. Mas Taehyung afastou-se e olhou para o membro duro de Jungkook com a boca aberta brilhando de saliva.

"Gostoso", Tae murmurou, perdido. "Seu pau é tão gostoso, Jeongguk."

Jungkook corou.

Taehyung nunca tinha dito isso. Ele demonstrava que adorava chupá-lo, mas essas palavras em sua voz grave e aveludada... Jungkook não soube o que responder, não porque estivesse escandalizado, mas porque nunca ouvira nada sujo soar tão devotado.

Os dedos nos cabelos de Taehyung afundaram nas mechas macias e ele encaixou a palma na parte de trás da cabeça dele para deslizar o pau de volta na boca aberta de Taehyung. O mais velho fechou os lábios e arquejou baixinho o recebendo inteiro como se estivesse sendo atravessado por uma descarga de prazer.

Céus, o quanto isso era erótico?

A mente de Jungkook estava em branco. Só conseguia pensar no quanto Taehyung chupava bem e em como queria gozar na garganta dele, o quanto sentira falta disso, da pressão da boca de Taehyung na sua, do calor de suas peles juntas, os cheiros, a forma como seu peito apertava por Taehyung, só por ele...

Estava tão entorpecido de luxúria que só conseguiu ronronar quando Taehyung largou seu pau, o segurou outra vez pela nuca e o invadiu com a língua. Masturbou Jungkook mais um pouco e o maknae percebeu o quanto Taehyung estava descontrolado de excitação, os movimentos uma desordem, os beijos cada vez mais agressivos e profundos. Desceu outra vez, marcando o peito e o ventre de Jungkook com chupões até encontrar a glande sensível prestes a explodir. Abocanhou-a e a sugou apertando as coxas de Jungkook com as duas mãos, engolindo-o com gula.

Jungkook queria assistir, mas não estava mais conseguindo. Taehyung o maltratava de tanto prazer, ele não conseguia falar, processar. Sentia os espasmos tremulando nas virilhas e na barriga, sentia a queimação maravilhosa crescendo e desligando todos os seus sentidos, um por um.

Fechou os olhos e encostou a cabeça no espelho, respirando pela boca aberta.

Ia gozar tão gostoso...

"Vocês estão sendo bem imprudentes, sabem disso, não é?", a voz mortiça de Yoongi soou do outro lado da porta, quase entediada. "Não quero ser o empata foda da rodada, mas alguém precisa colocar bom senso na cabeça de vocês."

O orgasmo de Jungkook dispersou com o susto, as ondas dissolvendo depressa numa sensação esquisita de retenção. Jungkook arquejou, afastando Taehyung e apertando a glande com força, tentando parar a sensação de êxtase que convertia vertiginosamente em tortura. As primeiras gotas de sêmen já começavam a ser expelidas pela glande e reter todo o resto fez Jungkook se dobrar ao meio e sufocar um chiado de dor.

Suas bolas doeram. Seu pau inteiro doeu gritando por alívio e ele sentiu o prazer recuando por todo o seu sexo, mas era tarde. O orgasmo se fora, deixando para trás a punição do que teria sido uma bela gozada se não tivesse sido interrompida.

Taehyung ficou de pé e apoiou as mãos na pia, lançando um olhar mortal tão intenso para a porta capaz de perfurá-la e acertar Yoongi. Passou as costas da mão pela boca limpando a saliva acumulada nos cantos.

"Hyung, vá embora!", falou alto, irritado.

Ouviram a risada sarcástica de Yoongi.

"O que foi, acabou o meu estoque de camisinhas?"

Jungkook não podia acreditar. Arregalou os olhos, chocado. Ele estava se vingando porque tinham desfalcado o estoque de camisinhas dele, era isso mesmo? Trocou um olhar perplexo com Taehyung. Tiveram um momento de mais pura incredulidade, e então começaram a gargalhar.

Não entendiam porque era tão engraçado, só sabiam que era. Agora que o ímpeto do desejo se esvaíra, percebiam o quanto tudo aquilo era sem sentido. Eles dois no banheiro de um voo que atravessava o oceano os levando para a maior premiação de música do mundo. Yoongi emputecido por causa de camisinhas. Jungkook se contorcendo com um orgasmo interrompido, chorando de dor e rindo ao mesmo tempo.

Taehyung assistiu Jungkook se vestir, os olhos brilhando preguiçosos sobre o maknae. Queria dizer o quanto o achava bonito. O quanto o som daquela risada virava toda a sua vida do avesso.

Mas soaria insuficiente. Superficial.

Mais uma vez, ele engoliu as palavras que não sabia expressar.

Yoongi bateu na porta.

"Andem logo."

Jungkook girou a tranca e saiu do banheiro avançando na direção de Yoongi, que recuou até encostar na parede, braços cruzados, a boca retendo um risinho.

"Vou entupir a sua gaveta com tanto preservativo, hyung", Jungkook disse com um sorriso perigoso de lado. "Que você vai ter que enfeitar nossas festas de aniversário com camisinhas em vez de balões só para dar conta delas."

Yoongi encarou o peitoral de Jungkook em sua linha e visão, o risinho sumindo com um pigarro.

"Sanghyun acabou de acordar. Não precisa me agradecer", informou, erguendo o olhar para encontrar o de Jungkook, que gelou. Passou pelo maknae e começou a se afastar. "E sobre as camisinhas, eu esqueci de avisar: estavam fora da validade."

Filho da mãe.

Voltaram para as poltronas e encontraram Jimin acordado. Sejin e Sanghyun também estavam despertos, mas nenhum deles parecia sequer desconfiar de Taehyung e Jungkook, imersos numa conversa profissional, e os dois garotos acabaram lançando olhares de gratidão para Yoongi quando ele se escorou ao lado do assento de Jungkook, pescando um fiapo de conversa entre a maknae line. Jimin olhou para cima, percebendo Yoongi ali, e começou a rir escondendo o rosto nas mãos.

"O que?", Yoongi resmungou. "Qual é a graça?"

Jimin dobrou-se ao meio, tendo uma crise de risos.

"Jiminie estava dizendo que as suas camisinhas estavam fora da validade porque a sua língua não é mais tão tecnológica assim", Taehyung praticamente soletrou as palavras, a expressão docemente ingênua.

Yoongi forçou-se a não rir. Não era engraçado, mas Jimin se encolhendo de tanto gargalhar era, sempre.

"Qual é a relação?", tentou entender. "Camisinhas se usam no pau, não na língua."

"Aish", Jimin dobrou-se de rir outra vez. Já estava ficando vermelho e eles não sabiam dizer se era pelo esforço de gargalhar ou pelo assunto vexante sendo tratado bem ao lado de Sejin e Sanghyun, embora ambos nem estivessem lhes dando atenção.

Yoongi deu batidinhas no ombro de Jimin antes de começar a andar para sua poltrona ao lado de Hoseok.

"Eu vou deixar essa passar porque você é fofo, Jimin, só por isso."

"Ele sempre deixa passar", Jungkook cochichou com Taehyung.

"Da próxima vez peguem as camisinhas na gaveta do Jin hyung", Jimin deu a dica. "Ele compra as com sabores, experimentem a de mousse de morango."

"Isso é verdade?" Jungkook piscou, perplexo.

"Sei lá", Jimin deu de ombros e riu com Taehyung, as bochechas apertando os olhos em traços. "Mas vai saber."

2.

Se Sanghyun tinha sido enviado junto com Sejin para garantir a neutralidade entre os membros do grupo, é claro que Taehyung ia encontrar uma maneira de deixar bem claro que não podia se importar menos com as regras. Desde a viagem para o Havaí ele vinha categoricamente sapateando em cima delas na frente das câmeras e agora que elas estavam ao redor deles de forma quase sufocante, Taehyung não podia estar mais satisfeito em debochar.

Desde quando ele brincava com o fogo com tanto descaso?

As entrevistas começavam, as câmeras eram ligadas e Sejin e Sanghyun se posicionavam atrás delas, os olhos vigilantes cravados nos garotos.

"Taehyung, fique atrás de Namjoon", Sanghyun separava o mais velho do maknae. Tae obedecia nos primeiros cinco minutos, a entrevista começava, todos ficavam distraído e então, sem Jungkook nem perceber como, as mãos de Taehyung estavam em seus ombros, dominantes. O braço ao redor de seu pescoço, o puxando para perto, tão perto que os pensamentos de Jungkook divagaram para longe, para um mundo onde só existia o cheiro e a voz e a textura macia e quente da pele de Taehyung na sua.

Ele olhava Sanghyun tenso, temendo que o manager perdesse a paciência e por puro reflexo condicionado ao longo de todos aqueles anos, discretamente se afastava. Mas então lembrava do quanto Taehyung ficava aborrecido quando ele quebrava as regras para ter Jungkook perto de si e o maknae o recusava.

Não ia mais fazer isso.

A viagem com Bogum fora justamente por essa razão e Jungkook não queria dar outra vez motivos para Taehyung o afastar de si. Doía demais. E talvez fosse só impressão, mas ele parecia duas vezes mais possessivo depois que o maknae voltara de Tokyo com Jimin, como se quisesse remarcar território.

Jungkook não ia ser idiota de colocar tudo a perder justamente agora.

Então, Jungkook parou de se afastar. Começou a corresponder às investidas de Taehyung na frente das câmeras, os olhares, os toques, a troca de sorrisos, e cada gesto fazia seu estômago borbulhar. Os dedos de Taehyung tocavam sua nuca, a lateral de seu pescoço, envolviam-no de forma possessiva. Jungkook precisava de todo auto controle do mundo para não fechar os olhos e gemer.

Era uma provocação tão excitante, ainda mais porque Jungkook descobriu que gostava da sensação proibida de estarem contrariando as regras.

Andavam sobre a corda bamba entre o faz de conta e a realidade, mas nunca a rompendo. Eles testavam a barreira e, quando ela estava prestes a ceder, Namjoon dava a deixa com olhares de alerta, e Taehyung e Jungkook sabiam que aquele era o limite.

Encontraram um equilíbrio.

Taehyung sabia que tinha o apoio de seus irmãos. Nunca mais ia duvidar disso. Eles o protegiam da melhor forma que podiam.

E quando Jungkook sentia as mãos de Taehyung o apertando, o coração de seu hyung batendo suavemente contra seu peito ao se abraçarem, o maknae não tinha mais medo de nada.

3.

Voltar para a Coreia não significou descanso.

Se a agenda nos Estados Unidos fora estafante, o que veio a seguir foi uma série de premiações e apresentações e participações em programas de entretenimento. Eles mal tinham tempo livre. Além disso, enfim encontraram um alojamento novo, mais seguro e mais confortável, e se mudaram.

Dezembro começou com caixas sendo fechadas e transportadas, e os garotos se virando na primeira semana do mês com colchonetes e delivery no jantar. Parecia a época em que começaram a viver todos juntos, exceto que agora o apartamento era pelo menos 15 vezes maior, com piso de porcelanato e seis suítes imensas.

E havia uma jacuzzi.

Jimin a monopolizava com banhos intermináveis de quarenta minutos e ninguém se importava – tinham mais cinco banheiros para usar. Eles até mesmo faziam revezamento. Era tanto espaço que nos primeiros dias dormiram na sala, aglomerados uns ao redor dos outros nos colchonetes, as cobertas e os travesseiros se embolando num ninho de calor, cheiros e peles. Taehyung acordou no meio da noite, estranhando como as respirações e os roncos deles ecoavam pelo pé direito alto. Olhou sonolento ao redor, tentando entender a confusão de pernas e braços e cabelos até encontrar Jimin, dormindo em posição fetal ao seu lado, Jungkook esparramado do outro.

Taehyung remexeu-se, encontrando uma forma de deslizar para o meio deles. Jungkook resmungou quando o joelho de Taehyung colidiu contra sua coxa, mas então reconheceu a textura familiar da pele dourada deslizando na sua e virou automaticamente de barriga para cima, deixando que a cabeça de Taehyung se encaixasse no vão entre seu pescoço e o ombro, como tinham se acostumado a dormir em Jeju. Sentiu selinhos infantis sobre sua pinta, junto com o adejar cálido e preguiçoso da ponta da língua de Taehyung.

Jimin também se mexeu; aproximou-se e encostou a testa na nuca de Taehyung, passando a perna por cima da espinha dorsal dele; suspiram juntos em alívio, os três corpos quentes de sono se acomodando facilmente.

Eles podiam ficar dias inteiros sem nem ao menos se cruzarem nos corredores do apartamento, mas, de noite, migravam para as camas quentes uns dos outros. Hábitos antigos são difíceis de largar.

Havia espaço demais.

Calor humano de menos e um inverno de noites negativas.

Nenhum deles estava infeliz com isso, é claro, mas não podiam dizer que era maravilhoso.

Por enquanto era apenas... um estado de adaptação.

4.

No dia do aniversário de Taehyung fazia oito graus negativos, frio demais para sequer terem coragem de sair na rua, então Jungkook fez rámen e comeram todos na sala, bebendo soju e rindo. Taehyung nem podia se lembrar da última vez em que se sentira tão aquecido em seu aniversário... Ah, sim. Com Minjae. Quando andaram de skate de madrugada e comeram rámen e bolo na praça em frente à loja de conveniência.

"Está bom, hyung?", Jungkook perguntou assim que todos começaram a comer o rámen. Embora houvesse mais sete pessoas ao redor da mesa devorando o macarrão temperado, os grandes olhos de Jungkook estavam fixos em Taehyung.

"Sim", ele disse simplesmente, sugando o rámen com vontade. O vapor perfumado de especiarias adentrava suas narinas e esquentava seu rosto. Era agradável.

"É o melhor ramén que você já comeu?", Jungkook insistiu.

Por mais que não houvesse muita dificuldade em cozinhar ramén, Taehyung assentiu veementemente, segurando uma risada. Enquanto engolia a comida, deu batidinhas embaixo do queixo de Jungkook.

"Até mais gostoso que o que comi com Minjae", deu logo a resposta que Jungkook esperava. Não estava muito distante da verdade, de qualquer forma. Não tinha a ver com o sabor, embora estivesse mesmo bom; Jungkook tinha uma mão boa para comida, sem salgar ou apimentar demais. Mas era o momento, e ele estava tão feliz que sabia que ia gravar na memória aquelas risadas, aquele cheiro de temperos e o modo como os olhos cor de café de Jungkook o fitavam em expectativa a adoração.

"Nossa, faz tanto tempo", Jungkook murmurou, fingindo pouco caso. "Você ainda lembra, hyung?"

"Do que?"

"Disso. De comer ramén com Minjae no seu aniversário."

"Hã? Que Minjae?"

Jungkook riu e o empurrou.

Nessa noite dormiram embolados debaixo das cobertas, alinhando os corações e as respirações, e acordaram apenas uma vez para se beijarem no escuro, as bocas resvalando pelo rosto um do outro. Taehyung queria dizer para Jungkook como estava se sentindo, mas não sabia como, então apertou de leve os dedos nos cabelos macios de Jungkook e colocou a mão do maknae sobre o próprio peito. Deixou que ele sentisse a pulsação forte e intensa. E voltaram a entrelaçar os sonhos.

5.

Dezembro se foi com suas temperaturas congelantes, mas Janeiro não trouxe nenhum calor. Lentamente, a agitação do comeback ia ficando para trás, os eventos, as premiações, os fansigns.

Taehyung passou dias e dias tentando encontrar uma maneira de falar a língua de Jungkook. As vezes era tão cansativo se comunicar com o mundo, ele não achava as palavras certas e as palavras que ele achava serem as certas soavam erradas para todo mundo, como se suas sinapses mentais se encaixassem num padrão diferente.

Por mais que de todas as pessoas que o cercavam Jungkook e Jimin fossem as que melhor o compreendiam, ainda assim Taehyung sentia-se distante deles de algum modo. Isolado em seu próprio mundo.

Então, ele jogava vídeo-game, onde as coisas eram mais práticas e lógicas ele não precisava se comunicar com ninguém.

Brincava com seu cãozinho, Yeontan. Assistia doramas e animes e lia. Sumia dias inteiros, embrenhando-se pela cidade para tirar fotos. Os garotos diziam que ele estava se afastando, se preocupavam, mas não havia muito que ele pudesse fazer. Era difícil demais falar a língua deles, cansativo.

Mas ele queria, ao menos uma vez, tentar.

O que Jungkook queria? O que o deixaria feliz? Tentava encontrar os mesmos caminhos que perpassavam a mente do maknae. Jungkook não era uma pessoa complicada. Era um garoto calmo, equilibrado, exigente e esforçado e perceptivo. Taehyung o compreendia muito bem, mas sentia que muitas vezes decepcionava as pessoas por não agir da maneira que elas esperavam e com Jungkook não era diferente.

Então, ele queria fazer o contrário. Queria fazer exatamente o que Jungkook esperava. Isso era falar a língua de alguém, não é? Como um tipo de código mútuo pré-estabelecido. As pessoas esperavam padrões comportamentais e se encaixar neles era uma forma de falar a mesma língua que elas.

O que pessoas que gostam uma das outras faziam?

Taehyung não sabia. Ele reparava que elas agiam de uma forma, mas ele não entendia porque deveria agir igual, se era uma pessoa diferente. Mas há muito tinha desistido de entender as convenções sociais. Ele só as aceitava, por mais que doesse e o sufocasse.

Pensou, pensou e pensou. Quebrou a cabeça até ficar exausto. Podia simplesmente chegar em Jungkook e perguntar: O que você quer? O que você espera de mim? Mas seria tão previsível.

Taehyung não gostava de coisas previsíveis.

De tanto revirar o cérebro para encontrar uma estratégia lembrou que Jungkook tinha lançado o cover de Nothing Like Us no dia 26 de Janeiro. Checou o calendário. A data coincidiria dali a uma semana. Era uma coisa legal, não era? Coincidências. Além disso, Jungkook já dera a entender algumas vezes que essa música o fazia pensar neles. Na amizade deles, na história deles.

Certo, essa seria a data.

Taehyung procurou no celular ideias interessantes. Sinceramente, queria voltar para Jeju e olhar o céu estrelado com Jungkook, só isso. Mas ainda tinham compromissos agendados para aquele mês e o próximo, não poderiam viajar.

Jin hyung tinha um iate. Na verdade, o pai dele tinha. Passou pela cabeça de Taehyung pedir o iate emprestado, mas acabou se dando conta de que era só mais uma maneira de se esconder com Jungkook, enfurnados num barco de noite, e isso nem parecia lá muito interessante. Taehyung ficaria entediado em dois tempos e provavelmente Jungkook também.

Se esconder... desde que entenderam que o que tinha não era mais só amizade colorida, eles se escondiam. Ou eram escondidos.

Isso seria novo, não é?

Mostrarem-se ao invés de se esconderem.

Jungkook ia gostar, não ia? Estaria falando a língua dele?

Taehyung começou a se sentir eufórico. Sim. Era isso.

Ele já sabia o que ia fazer.

6.

Na manhã do dia 26, Jungkook dormiu até duas horas da tarde por ter passado a madrugada inteira jogando. Tomou banho e arrastou-se pela casa em busca de comida, devorou uma maçã abandonada na fruteira enquanto observava de olhos arregalados e distraídos Seokjin alimentando e brincando com seus sugar gliders na sala. Era sábado ele só queria ficar em casa sossegado, não era muito de sair, principalmente depois de um período exaustivo de comeback.

Mas não podiam se dar ao luxo de passar um fim de semana todinho olhando para as paredes.

Sejin ligou para eles por voltas das quatro da tarde, convocando-os para a empresa. Tiveram uma reunião com os produtores sobre o próximo comeback e repassaram o cronograma da agenda para os meses seguintes, já que Janeiro estava fechando, e Jungkook aproveitou para arrumar algumas coisas em seu estúdio recém adquirido. Agora, além de Yoongi, Hoseok e Namjoon, ele também tinha um estúdio particular. Estava uma bagunça, mas Jungkook ia organizar tudo. Um dia.

Taehyung entrou de repente. Usava uma calça preta folgada, uma camisa branca simples e a jaqueta jeans da Gucci que Jungkook achava adorável, com um ursinho estampado atrás, além de uma boina preta que escondia seus cabelos loiros e deixava as sobrancelhas grossas e expressivas à mostra. Uma mochila preta estava pendurada num ombro.

"Jeongguk-ah, vamos fazer alguma coisa", disparou inquieto.

"Que coisa?", Jungkook verificou as horas no celular e se surpreendeu por já passar das oito da noite. Nem tinha percebido o sábado indo embora. "Jogar?"

"Não, não jogar", Tae vagueou o olhar pelo chão e Jungkook reparou que ele estava envergonhado. "Sair. Por aí."

"Tipo como antigamente?"

"É", Tae sorriu. "Você pode trazer sua câmera e nós... sei lá, andamos pela cidade? Tem aquele parque Namsan, cheio de mirantes e... Vamos?"

Jungkook concordou, mas quando estavam no elevador a caminho do estacionamento, disse:

"Temos que passar em casa para pegar minha câmera."

"Ok. Temos tempo."

"Temos, é? Você está planejando alguma coisa, Tae?"

"Não", Taehyung tentou não sorrir, mas falhou. Acabou dando de ombros.

Passaram no alojamento, Jungkook subiu para pegar a câmera e atravessaram a cidade movimentada em direção ao parque. Taehyung estacionou numa área aberta, com vista para a famosa torre de Seoul, e eles andaram pela noite conversando calmamente enquanto Jungkook tirava fotos da extensão de luzes multicoloridas que se desenrolava como um tapete luminoso diante deles. Mostrava para Taehyung, que caminhava silencioso ao seu lado.

"Hyung, veja. Consegui capturar as luzes."

"As cores ficaram bonitas", Taehyung aprovou. "Você está com fome?"

"Morrendo", Jungkook desligou a câmera e olhou ao redor. "Mas não tem nada aqui por perto, só barraquinhas de espetinho.

"Se formos por ali...", Tae apontou na direção contrária a que estavam indo. "Tem uma rua com restaurantes."

"Me dê sua mochila, deve estar pesada", Jungkook não esperou uma resposta para pegar a alça da mochila de Taehyung e ajustá-lo no próprio ombro.

Atravessaram o parque e caíram numa rua pouco movimentada e limpa. Jungkook estava consultando seus aplicativos de busca para encontrar restaurantes na região, mas Taehyung parou na frente da fachada de um hotel espelhado, cuja entrada parecia simples e despretensiosa.

"Gukkie, que tal aqui?"

"Namsan Hill", Jungkook leu o letreiro minimalista, "O que tem de legal?"

"Ah, parece... limpo?", Taehyung arriscou.

Jungkook riu.

"É, parece. Mas é um hotel. Com certeza existem restaurantes mais legais por aqui, estou procurando, só me deixe..."

"Jeongguk, estou com fome, vamos logo entrar e pedir qualquer coisa."

"Aish, tudo bem", Jungkook guardou o celular entraram.

Era mesmo limpo, a decoração sutil e arejada em tons neutros. Eles foram para o restaurante, uma área pequena no térreo já lotada de clientes, e Jungkook se encolheu contra a parede do hall de entrada.

"Hyung", murmurou, engolindo em seco. "Está cheio."

Taehyung o olhou por cima do ombro e parou no umbral da porta.

"E daí?"

"Quer dizer, podem nos reconhecer. E tirar fotos."

"Tomara que tirem", Taehyung disse antes de se virar e entrar.

Jungkook piscou, perplexo, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir. E ficou ainda mais surpreso quando seguiu seu hyung e viu que ele havia pego uma mesa bem no meio do salão, debaixo dos spots de luz. Totalmente expostos.

Corando da cabeça aos pés, Jungkook deixou a mochila no chão, sentou de frente para Taehyung e puxou o capuz do moletom preto por cima da cabeça.

"Isso não é arriscado?"

"O quê, dois garotos comendo juntos?"

A perna de Jungkook começou a quicar embaixo da mesa e ele mordeu o lábio inferior com força, as mãos cruzadas em cima do cardápio que nem lembrou de olhar.

"Ei, eles têm cordeiro! Você quer cordeiro?", Taehyung perguntou ao folhear o seu.  Jungkook não respondeu, estava olhando ao redor. O ambiente era tão... aconchegante. E havia pequenos vasos de flores nas mesas (o que era aquilo? Orquídeas?) e estavam cercados de casais e famílias. Parecia tanto um encontro e ele começou a sentir as mãos suando. Nunca tinha estado num encontro, muito menos com... "Gukkie."

"Hã?"

"Você não estava com fome?"

Jungkook agarrou o cardápio e assim que o garçom se aproximou para anotar os pedidos, disse a primeira coisa que encontrou na lista de opções. A fome de antes dera lugar a um enjoo esquisito. Foram deixados a sós outra vez e Jungkook encarou nervosamente Taehyung do outro lado da mesa.

"Porque você está todo travado?", Taehyung riu.

"Taehyungie, porque quis tanto entrar aqui?"

"Eu falei, estou com fome, não quero passar a noite procurando restaurantes. Não gostou daqui?"

"Porque está perguntando se eu gostei?"

"Eu não deveria?", Taehyung pareceu confuso.

Foram interrompidos por uma garota usando uniforme escolar. Ela se aproximou corando e balbuciou timidamente por um autógrafo. Jungkook sorriu para ela e assinou numa folha de caderno que ela oferecia, e Taehyung fez o mesmo. Ela se afastou, deslumbrada.

"Ótimo, uma Army", Jungkook murmurou.

"Ela não é fofa?", Taehyung falou suavemente. "Veja, ela está tirando fotos da gente."

"Sério?"

"Sim. Não vire agora. Ah, ela parece feliz."

"Aish", Jungkook abaixou a cabeça, o estômago embrulhando. Sentiu o joelho de Taehyung o cutucando por baixo da mesa.

"Não é grande coisa, Gukkie. É só uma foto de dois amigos comendo juntos."

"Num restaurante como esse? Sozinhos? É claro que parece totalmente outra coisa."

"Que outra coisa?"

"Você sabe."

"O que?"

"Um encontro."

"Ou não. Ninguém pode saber."

Jungkook fixou os olhos castanhos de Taehyung. Decidiu que não ia ficar paranoico, ia só comer e ter uma conversa agradável, era sábado e eles estavam tendo um momento de descanso, só isso. Quando a comida chegou, comeram e pediram sobremesa. Taehyung devorou a torta de morangos enquanto Jungkook tirava fotos dele se lambuzando com o chantilly, e em seguida o maknae se virou para pedir a conta, mas Taehyung o impediu.

"Vamos sair sem pagar?", Jungkook riu.

"Só vem, Jeongguk, porque tem que fazer tantas perguntas toda hora? Aigoo."

Sem entender nada, Jungkook seguiu Taehyung até a recepção e ficou mortificado enquanto ouvia Taehyung dando seus nomes para o atendente, o rosto ficando vermelho embaixo da boina preta.

"Hyung, o que você...?"

"Kim Taehyung e Jeon Jeongguk?", o atendente confirmou os nomes e Tae assentiu. O homem deslizou chaves magnéticas pelo balcão e o mais velho as enfiou depressa no bolso. "Tenham uma boa estadia."

No elevador, Jungkook mal conseguia piscar.

"Hyung, você fez reservas nesse hotel. Eu sabia! Estava aprontando esse tempo todo, você queria entrar aqui por causa disso!"

"Aish, Jeongguk-ah, pare de fazer estardalhaço, é só uma coisinha à toa."

"Era um encontro, não era?"

"Não era", Taehyung enfiou as mãos nos bolsos da calça e encarou o maknae, a expressão cuidadosa. "Mas você gostou?"

Jungkook não sabia o que dizer. Sentia uma mistura de desconcerto e euforia. Nunca imaginou que Taehyung poderia fazer algo assim, um encontro, e ainda por cima surpresa. E depois a reserva no hotel... não era exatamente romântico porque eles ainda estavam agindo como amigos, mas fazia com que a garganta de Jungkook fechasse. E ele nem tinha se importado com as fotos. Com os olhares sobre eles. Ele até mesmo escolhera uma mesa bem no meio do salão, como se não sentisse vergonha ou receio de serem pegos.

Como se qualquer coisa valesse à pena, contanto que estivessem juntos.

No fundo, Jungkook ficou grato por Taehyung ter negado que era um encontro, por mais que fosse óbvio. Nomear as coisas que faziam juntos era tão formal, não fazia sentido!

Entraram no quarto e Taehyung fechou a porta, recostando-se nela e observando Jungkook colocar a câmera em cima da escrivaninha, jogar a mochila no chão e ir olhar a vista da janela. Estavam no último andar. A cidade brilhava lá fora, a torre iluminada erguia-se à frente, cercada pela escuridão do parque.

"Jeongguk-ah", Taehyung o chamou num sussurro macio. "Você gostou?"

Jungkook se virou e o olhou parado na porta, as mãos atrás do corpo e o rosto bonito toldado de expectativa e ansiedade.

"Você entendeu?", Tae murmurou.

"Sim. Eu entendi, hyungie. Entendi tudo."

"Que bom", Taehyung respirou com alívio, puxou a boina da cabeça e jogou-se na cama. Então sorriu como a muito tempo Jungkook não via, a boca moldando-se em volta dos dentes brancos num contorno quadrado. "Eu tive medo de fazer tudo errado e você não entender nada. Por isso não quis contar antes, eu queria que você percebesse por si mesmo e eu queria que parecesse... natural."

Jungkook engoliu as emoções que acumulavam no fundo de sua garganta.

"Vamos passar a noite aqui?"

"Você quer?", Taehyung agora o olhava erguendo as sobrancelhas, ainda sorrindo. Parecia tão tranquilo e leve. "Podemos sair e fazer qualquer coisa. Aonde você quer ir?"

Jungkook deu de ombros.

"Qualquer lugar?"

7.

Era a primeira vez na vida que Jungkook andava de metrô sem direção nenhuma. Ele e Taehyung saltaram e entraram nos vagões, atravessando a cidade seguindo uma lógica aleatória de números matemáticos que Taehyung soletrava: o dia do aniversário de Jungkook mais o dia do aniversário de Jimin. O resultado era o número de estações que iam andar até descerem, então Taehyung pensava em outros números, e assim por diante.

Quando enfim cansaram da brincadeira e retornaram para a superfície, não tinham a menor ideia de onde estavam. Andaram a esmo até encontrarem uma praça, alugaram bicicletas e margearam o rio Han, os cabelos voando em seus olhos na noite fresca.

E então, começou a chover.

Devolveram as bicicletas e Jungkook puxou o capuz do moletom por cima da cabeça, preparando-se para correr e enfiar-se na primeira entrada de metrô que encontrassem, mas Taehyung o segurou pelo pulso.

"Jeongguk, espere", ele olhou para cima, deixando as gotas geladas de chuva tocarem sua face, e sorriu.

"Vamos ficar doentes. Sejin vai nos matar se cairmos doentes nessa época de compromissos, Taehyungie."

"Só mais um pouco. Escute."

Jungkook olhou ao redor, agoniado, mas os dedos de Taehyung o seguravam firme. Ele não ia largá-lo.

"Feche os olhos e escute", Tae insistiu.

Obedeceu. Apurou os ouvidos e escutou o som metálico da chuva estalando no asfalto ao redor deles, ensopando suas roupas e tênis. Sentia-se como um pinto encharcado, calafrios de frio subiam por sua espinha e ele tremia, mas quando abriu os olhos viu o rosto relaxado de Taehyung voltado para cima, a boca entreaberta como um coração partido, a pintinha embaixo do nariz mergulhada em gotas de chuva, e ficou imerso. As gotas deslizavam pela pele acobreada do pescoço de Taehyung e Jungkook se moveu por impulso, capturando-as com a língua.

Não era para ser lascivo, era só uma brincadeira, e Taehyung riu sentindo cócegas. Jungkook piscou para as gotas de água atingindo-o nos olhos, entrelaçou os dedos ao redor do pulso de Taehyung e o empurrou de leve contra a grade que cercava o rio. Taehyung ria baixinho, deixando a chuva molhá-lo inteiro como se fosse uma bênção.

Jungkook olhou para ele e sentiu a boca secar. Os cabelos loiros escureciam conforme ensopavam, as mechas sedosas colavam-se à testa e na nuca, marcando a cabeça perfeitamente oval. A camisa branca molhada aderia ao corpo alongado, delineando o peitoral e as linhas esguias. A pele dele era tão bonita debaixo da chuva, brilhosa e acetinada... Ele parecia jovem demais, como o garoto que Jungkook esbarrou no corredor da empresa sete anos atrás ao sair de sua aula de canto.

Um calor febril percorreu o ventre de Jungkook, aquecendo-o até os ossos. Os dedos no pulso de Taehyung desceram pela pele latente até envolverem a mão de dedos longos.

"Hyung, vamos voltar."

Taehyung passou o braço pelos olhos, afastando a água, e piscou olhando para Jungkook. O rosto deles eram uma confusão de cores peroladas sob a chuva. O mais velho demorou-se analisando cada detalhe do maknae.

"Jeongguk, me diga o que você quer."

"Voltar para..."

"Não, não agora. O que você quer muito, uma coisa impossível. Eu quero realizar."

Jungkook riu, mas Taehyung estava sério, o olhar quase infantil de tanta expectativa. O maknae tremeu debaixo da chuva antes de pensar e pensar e pensar e responder com um sorriso de lado:

"Voltar no tempo? É, é isso. Voltar no tempo."

Ele esperou ver a boca de Taehyung repuxando para baixo em frustração – nunca poderia realizar esse desejo. Devia ter pensando em algo mais fácil. Mas Tae sorriu abertamente, como se Jungkook o tivesse brindado com o melhor desejo do mundo.

Agarrou a mão de Jungkook, o puxando na direção do metrô.

8.

O prédio estava desativado, as janelas escuras e a tintura encardida. Parecia tão pequeno por fora, adormecido. As solas dos tênis deles chapinharam na calçada molhada quando atravessaram a rua e pararam diante das escadas cinzentas da antiga cede da empresa. A rua estava escura e deserta. Jungkook e Taehyung aproximaram-se da imensa porta de vidro e dedilharam a corrente grossa e o cadeado que transpassava os passadores de metal.

"Parece abandonado", Jungkook abrigou as mãos em concha contra a porta de vidro e espiou o interior vazio do saguão dos elevadores.

"Veja, Gukkie, as pichações", Tae sussurrou ao pegar o celular e ativar a lanterna. O maknae o imitou. Passaram o foco de luz sobre as inscrições espalhadas pelas paredes externas do prédio, pela escadaria e até no chão.

"Uau....", Jungkook recuou conforme afastavam a luz e revelavam a quantidade infinita de rabiscos de fãs, declarações de amor, coraçõezinhos com os nomes deles. Uma delas escrevera em letras garrafais: VENHAM PARA GENEVA.

Estavam cercados pelas inscrições. Eles olharam para cima e mal conseguiram ver onde as pichações terminavam, eram como hera cobrindo o prédio inteiro.

"Parece um santuário das Armys", Taehyung riu, boquiaberto.

"Yoongi oppa, case comigo", Jungkook leu no mármore que cercava a entrada e se abaixou para iluminar o rodapé. "Rap Monster, o Destruidor do meu coração. Haha. Veja, tem até uma declaração para Bang PD Nim", ficou de pé com um suspiro e passou os dedos por GENEVA. "Sabe, foi quando eu entendi que estávamos conseguindo, que o mundo estava ouvindo nossa música mesmo tão longe. Foi um pouco assustador. Hyung, você lembra daquele dia em que..."

Mas quando Jungkook procurou por Taehyung, não o encontrou.

"Jeongguk", ouviu a voz o chamando lá de baixo. Jungkook desceu as escadas e deu a volta na esquina, encontrando Taehyung na entrada da garagem, trepando pelo gradeado.

"Taehyung, não pode entrar aí! É invasão de propriedade, você ficou maluco?"

"Tecnicamente, esse prédio ainda é nosso. Bang PD não o vendeu, só o desativou."

"Tecnicamente, ainda é uma invasão."

Taehyung apertou o corpo esguio pela fresta entre a grade e o teto e saltou para o outro lado, caindo com um gemido sufocado. Jungkook não tinha escolha. Escalou a grade e tombou do lado de dentro da garagem úmida e escura. Taehyung o agarrou pela parte de trás do moletom e eles cambalearam rindo em cacarejos sem fôlego.

Com os corações prestes a sair pela boca, subiram correndo as escadas de incêndio até a cobertura, então dispararam para a noite fresca até seus estômagos encontrarem o ferro gelado do parapeito. Debruçaram-se e respiraram a noite fresca. Olharam juntos a cidade lá embaixo, as luzes dos prédios piscando e girando num caleidoscópio colorido.

Seus corações pulsavam com força pelo esforço e pela adrenalina. As respirações formavam torvelinhos de nuvens diante de seus rostos corados de frio.

"Jimin-ssi gritou bem ali", Jungkook apontou para a parede atrás deles. "Você lembra, hyung? Ele gritou o meu nome naquele dia em que veiemos todos para a cobertura e berramos tudo o que queríamos para Bang PD e ele riu. Achávamos que ele ia nos demitir, mas ele riu."

Sentiu os dedos de Tae em sua nuca, enroscando-se distraidamente nas mechas de cabelo. Olhou para o lado e viu o mais velho com os braços abertos apoiados no parapeito, o rosto virado para cima com a mesma expressão sonhadora com que recebia a água da chuva minutos atrás. Não estava mais chovendo, mas Taehyung ainda parecia impossivelmente lindo mesmo que descabelado e sem nenhuma maquiagem.

Jungkook olhou para as linhas macias de sua boca. Para a curva suave do pomo-de-adão na garganta e o contorno marcado das clavículas por baixo da gola da camisa ensopada. Às vezes, só as vezes, não entendia como tudo aquilo tinha acontecido. Ele e Taehyung. Taehyung.

"Eu sempre quis voltar aqui", Tae disse enfim, apoiando a cabeça numa das mãos. Deslumbrado como uma criança. "Então, quando você disse que queria voltar no tempo, eu fiquei feliz porque sabia exatamente onde te trazer para realizar seu desejo. Era isso não era? Quando você pensou no seu desejo, era disso que você estava falando, não é? Do começo de tudo."

"Sim, hyung. Era exatamente isso", Jungkook murmurou, a voz sobrecarregada de afeto.

"Você está feliz agora, Gukkie?"

Jungkook piscou, os olhos ardendo. Passou as costas das mãos por eles. Não conseguiu responder. Os dedos de Taehyung embrenharam-se em seus cabelos num afago mais intenso.

"Obrigado, Jeongguk."

"Pelo que?", o maknae soluçou, a voz escapando num fiapo.

"Por me entender, mesmo quando eu não consigo falar. Quer saber uma coisa?"

Jungkook assentiu. Tinham se aproximado por causa do frio e agora falavam perto do rosto um do outro como se contassem segredos, a voz de Taehyung roçava sua orelha e sua bochecha e Jungkook piscava lentamente, temendo perder aquelas sensações tão frágeis.

"Às vezes eu me sinto muito distante de tudo. Não faço por mal, é que é tão fácil me distrair, o mundo todo parece vibrar numa frequência diferente para mim e dói tentar acompanhá-la, as vezes é alto demais, ou baixo demais, ou confuso demais, mas eu fico aqui e insisto. Eu continuo aqui, por você."

"O que quer dizer com isso, hyung?", Jungkook afastou-se e procurou os olhos de Taehyung, aliviado ao encontrá-los limpos e serenos.

"Você me conecta a esse mundo, Jungkook. Eu não sei como, mas eu posso traduzir essa frequência quando estou com você. Parece mais fácil. Ela se ajusta de repente e eu consigo ver tudo como as pessoas veem, como você vê. Se a minha alma tivesse miopia, você seria os óculos. Faz sentido?", Tae coçou a cabeça, fugindo o olhar com vergonha. "Desculpe, eu acho que estou falando besteiras."

Jungkook tocou o canto da boca de Taehyung com a sua.

"Hyung", murmurou, "Vamos voltar", Jungkook insistiu, maneando a cabeça na direção do pescoço de Taehyung e dando a entender que realmente precisava estar entre quatro paredes com ele o mais rápido possível.

E não era só por causa do frio.

9.

Voltaram no metrô com as bocas roxas e as peles geladas. Quase uma hora depois, entraram no quarto, arrancaram a jaqueta, a camisa e o moletom ensopados e os atiraram no chão do banheiro. A pele branca de Jungkook estava azul de frio. Taehyung o empurrou para baixo do fluxo quente de água e os gemidos de alívio de ambos ecoaram pelas paredes cobertas de condensação.

Ficaram um bom tempo só encostados nos azulejos, respirando devagar e deixando o calor esquentar suas peles e dissipar o frio dos ossos.

Então, do nada, Jungkook sentiu uma fisgada dolorida no bíceps. Olhou para baixo e viu Taehyung atracado em seu braço, o mordendo com a expressão mais inocente. Apesar da dor, o maknae riu e tentou afastar Taehyung, mas ainda se sentia fraco de frio e cansaço. Taehyung o segurou pelo braço e o mordeu no ombro.

"Ah, hyung!", os olhos de Jungkook arderam de dor e ele os apertou. Não conseguiu segurar a risada ao olhar para baixo e encontrar Taehyung rindo também. Fazia tempo que Taehyung não o atacava assim, enchendo-o de mordidas, e Jungkook revirou os olhos ciente de que aquela sessão seria um tormento. "Hyung, por favor, isso dói tanto!"

"Você está com gosto de chuva, Jeonggukkie", Tae respondeu em tom de desculpa, a língua agora lambendo o pescoço do maknae. Sem aviso, apertou a boca na carne quente e a chupou com força. Jungkook se contorceu, a leveza do momento mesclando-se com sensações eletrizantes.

"Hyung, por favor!", Jungkook contorceu-se, mas já não sabia pelo quê estava implorando.

Taehyung ficou de joelhos e apoiou as mãos nas coxas de Jungkook. O maknae respirou depressa vendo o olhar do mais velho deslizar por seu corpo, fixando-se em pontos estratégicos, e arquejou de dor quando Taehyung o mordeu na cintura com força.

Ah, caralho, ele não estava sendo nada delicado.

Jungkook segurou os cabelos de Taehyung com a mesma gentileza, mas o plano de afastá-lo de si foi por água abaixo assim que os dentes de seu hyung deslizaram por suas coxas e cravaram ali, chupando a carne firme. Céus, porque tinha que ser tão bom? Doía com o inferno mas o rosto de Taehyung o sorvendo era tão sensual e bonito que ele não conseguia fazê-lo parar.

Começou a suspirar. Os dedos nos cabelos de Taehyung embrenharam-se apertando, ondulou os quadris num gesto impensado, simplesmente porque as correntes de prazer perpassavam seu pau o despertando lentamente.

Taehyung desligou o chuveiro e guiou Jungkook de volta para o quarto, a boca sem parar de mordê-lo e chupá-lo nem por um segundo. Jungkook soluçava e chiava de dor e prazer, a mente entrando em pane.

Deitaram molhados na cama arrumada, Taehyung aspirou a mandíbula de Jungkook, perto da orelha.

"Eu sinto muito, Gukkie. Sei que dói, mas as vezes quero comer você vivo."

Jungkook riu, a pele sensível sendo provocada pela respiração quente de Taehyung. Fechou os olhos e ergueu a cabeça, esticando o pescoço quando a língua do mais velho o percorreu até a garganta. As pernas se entrelaçaram e Taehyung se encaixou entre as coxas de Jungkook. Os beijos eram mais macios, os lábios pareciam frescos lavados pela chuva e o gosto deles se misturou nas línguas mornas. Jungkook se ajeitou até ficarem de joelhos na cama, beijando-se com os corações acelerando depressa. Tocaram-se sentindo os rastros eriçados de pele nas espinhas dorsais e gemeram quando o beijo ficou mais sincronizado e lubrificado. Sentiam sede, uma sede que viera com a chuva e que só seria aplacada quando se preenchessem completamente até o limite de transbordar.

Jungkook nunca tinha realmente entendido o significado de querer comer alguém vivo. Era um exagero e uma loucura, mas agora ele sabia, ele sentia. Era uma necessidade irracional de provar, lamber e marcar e penetrar até que todos os limites fossem rompidos.

Masturbaram-se devagar mantendo o contato visual antes de Taehyung puxar a mochila do chão e deslizar o zíper com um ruído seco.  Virou todo o conteúdo em cima da cama. Jungkook sufocou um arquejo ao ser rodeado por uma chuva de preservativos coloridos e tubos de lubrificante. Olhou para Taehyung e viu o rosto dele tomado de luxúria, a boca aberta e o peito inflando com a respiração pesada de excitação.

"Hyun...", a boca de Jungkook foi tomada e possuída. Queria rir, mas não teve tempo, Taehyung já estava o montando.

Chuparam-se e masturbaram-se até que a vontade não fosse mais suportável, então Taehyung rasgou uma embalagem de preservativo e o deslizou depressa pelo membro inchado.

"De pé", saiu da cama e fez um gesto para que Jungkook apoiasse as mãos na parede. O maknae obedeceu, já chiando entre os dentes de tesão.

Taehyung lambuzou lubrificante em si mesmo e em Jungkook, penetrando os dedos e preparando-o enquanto o chupava na nuca, ouvindo os gemidos manhosos em resposta. Passou um braço pelo peito do maknae ao invadi-lo devagar, ajustando-se aos poucos. Gemeram juntos. Taehyung olhou para baixo, segurando os quadris do maknae e franzindo a testa ao afundar-se até o fim e pensar no quanto ele o recebia bem apesar de ser tão estreito.

"Estou te machucando?", ofegou na orelha de Jungkook, que negou, os dedos cravando a parede diante de si.  "Isso é tão bom, Gukkie. Entrar em você... é... ah... tão... bom..."

Começou a se mover devagar, retendo o máximo possível as sensações. Deslizava para fora e voltava com cuidado, a glande sendo apertada e deliciosamente massageada. Jungkook fechou os olhos e encostou a testa na parede, levando uma mão até o próprio membro e o estimulando no ritmo das investidas lentas de Taehyung. Agora que já tinham feito tantas vezes e já estavam se acostumando com as invasões ele conseguia sentir suas zonas erógenas sendo estimuladas, conseguia sentir com exatidão Taehyung indo e voltando e a sensação era tão, tão maravilhosa que o fazia querer soluçar de prazer.

Não esperava que pudesse gostar tanto.

"Aqui?", Taehyung perguntou quando fez um movimento mais lento e Jungkook gemeu arrastado. Havia um ângulo certo, o momento certo, um ponto bem ali no corpo de Jungkook e de Taehyung que, quando estimulado, os impulsionava para outra realidade e eles ainda estavam descobrindo até onde podiam ir com isso.

Taehyung deslizou devagar para dentro e para fora, fazendo Jungkook revirar os olhos contra a parede. Seu próprio pau latejava e expelia pré-gozo em seus dedos numa tortura deliciosa.

"Ah, Gukkie", Tae suspirou. "Meu pau foi feito pra encaixar em você..."

Jungkook tinha que concordar. Não sabia se o sexo com outras pessoas era assim, esse caos de sentimentos e desejos que os deixava entregues, mas ele sempre achava que morreria de tesão e êxtase enquanto transava com Taehyung. Era como se seu corpo não desse conta de sentir tanto e ele acabava chorando ou gozando sem controle algum.

Taehyung espalmou as duas mãos na parede ao lado da de Jungkook e investiu livremente contra as nádegas do maknae. Os chiados de tesão se misturaram e Taehyung se retirou depressa com um arquejo. Jungkook choramingou frustrado, então virou e viu Taehyung retirando o preservativo com um estalo e o descartando no chão. Apertou a ereção pulsante e sentou na beirada de cama, afastando as pernas numa posição favorável.

Jungkook ajoelhou-se entre elas e o tomou, provando o gosto do látex misturado ao pré-gozo doce de Taehyung. Fez uma anotação mental de que preservativos sabor mousse de morango não eram má ideia. Enfiou o pau de Taehyung na boca e o chupou até que todo o calor latente dele estivesse deslizando por sua língua com facilidade. Taehyung ondulava os quadris devagar, enfiando o membro na garganta de Jungkook conforme o maknae o engolia num oral ágil e profundo.

O sexo entre eles se tornava cada vez mais cru e afiado. Eles já não precisavam falar o que queriam, simplesmente se moviam e se ajustavam um ao outro.

Jungkook tateou a cama, agarrou uma embalagem metálica e a rasgou com os dentes. Deslizou o preservativo pelo membro enquanto Taehyung despejava lubrificante nas mãos e os masturbava. Jungkook o prendeu na cama embaixo de si e ambos gemeram e recuaram enquanto Jungkook tentava invadi-lo sem preparação. Taehyung não gostava dessa parte, preferia a dor à ladainha. Ele relaxava quando Jungkook o chupava no pescoço, a glande aos poucos o abrindo e deslizando fundo.

Taehyung também não gostava de ser invadido devagar e Jungkook deu a ele apenas uns segundos para se acostumar antes de se erguer nos braços e estocar forte. Olhava para baixo, salivando de vontade de enfiar o pau pulsante de Taehyung na boca enquanto o fodia, mas era simplesmente anatomicamente impossível e ele deu mais algumas investidas antes de se retirar e engolir Taehyung com um gemido prolongado.

Eles eram uma confusão. Uma linda confusão.

Em poucos minutos o chão estava repleto de preservativos descartados. Eles colocavam um atrás do outro, se penetrando numa euforia insaciável, se retirando para se chuparem, se beijarem, se ajustarem mais e mais fundo. E então outro estalo seco chicoteava o ar quando mais uma camisinha era puxada com um desenrolar afoito. Taehyung se erguia nas pernas trêmulas pelo esforço, deslizando mais um preservativo no membro até a base, e Jungkook se encaixava com facilidade, recebendo-o inteiro num só golpe.

As peles suadas deslizavam, os músculos trabalhavam sem descanso, os corações a ponto de explodir. Doce e visceral. Forte e único.

Uma miríade de estímulos. Ser preenchido e preencher sem parar, as bocas se tomando em frenesi. Eles soluçavam, descobrindo sensações bonitas e boas demais para serem humanas.

Não existiam regras.

A única verdade que os movia era a vontade incansável de se fundirem.

"Jeongguk-ah", Taehyung ofegou, cessando os movimentos e se retirando. "Preciso gozar dentro de você."

O maknae entendeu. Taehyung livrou-se do preservativo depressa e os lábios de Jungkook já estavam se abrindo ao redor de seu membro pulsante antes que ele terminasse de se apoiar nos joelhos. Gemiam alto. Taehyung já estava tão no limite que gozou no segundo em que sentiu sua glande se encaixando no fundo da garganta do maknae. Urrou alto, jogando a cabeça para trás e agarrando os cabelos úmidos de Jungkook ao dar as últimas investidas em sua boca.

Estava bloqueado, num estado de exaustão e estupor tão grande que caiu de costas na cama. O olhar nublado encontrou o de Jungkook, ainda ardente, e ele se ajeitou na cama, erguendo-se nos cotovelos e fazendo um sinal para que Jungkook o montasse. Encarou o pau do maknae se erguer diante de si quando ele ficou de joelhos, as coxas ladeando seu peitoral. Jungkook segurou a cabeça de Taehyung por trás e deslizou a glande molhada pelos lábios inchados de seu hyung. Respiraram depressa, os arfares roucos de Taehyung percorrendo a base do membro de Jungkook. Ele se afastou apenas para sugar as bolas já tesas do maknae e espalhar chupões pela virilha.

"Fode minha boca", Taehyung engoliu em seco, implorando com os olhos arqueados brilhando com lágrimas estreladas.

Jungkook nem pensou duas vezes, apoiou uma mão na cama, outra atrás da cabeça de Taehyung e, ondulando os quadris para cima e para baixo numa coreografia ritmada, sentiu a boca de Taehyung o chupando e a fodeu com vontade, indo e voltando, as coxas retesando e relaxando num movimento continuo de vai e vai em cima de Taehyung.

A pressão em torno de seu pau era tão delirantemente incrível que ele fechou os olhos e gozou contraindo inteiro, a ejaculação preenchendo a boca de Taehyung conforme Jungkook a invadia e se retirava. Descargas de puro deleite subiam e desciam por sua coluna, o fazendo tremer de cima à baixo.

Taehyung continuou o chupando, ávido pelas últimas gotas da liberação de Jungkook, até que o maknae chiasse baixinho e se afastasse.

Estiraram-se na cama, esgotados. O quarto ao redor deles era uma bagunça de embalagens de preservativo, camisinhas e travesseiros. E eles tinham derrubado um abajur em algum momento e arrancado a roupa de cama. Isso explicava porque a luz estava incidindo diferente no teto do quarto, Taehyung se deu conta, e porque suas costas pinicavam contra o colchão áspero.

Ele dormiu pensando no cheiro da chuva misturado ao sabonete de leite e sonhou com uma máquina do tempo, dois adolescentes correndo juntos uma cidade molhada e insone e, quando acordou, olhou para os grandes olhos escuros de Jungkook abertos, filtrando o mundo e o fixando na Terra.





***


só tem mas um extra <3

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