Jeju
1.
"O comeback está agendado para Setembro", Namjoon anunciou.
Estavam numa das salas de reunião da empresa, conversando sobre o cronograma dos próximos meses. Já tinham material o suficiente para um mini álbum e ainda algumas músicas bem encaminhadas que entrariam no segundo álbum. Já tinham começado a ensaiar coreografias; estavam em Junho, portanto faltava pouco menos de três meses para voltarem aos palcos.
"Conseguimos produzir bem", Suga comentou, "os produtores aprovaram praticamente tudo que fizemos."
"E vamos incluir uma faixa extra que eu já queria lançar a muito tempo", Namjoon disse, sorrindo meio sem graça. "Os produtores mudaram alguns arranjos e ela ficou muito boa, vamos gravá-la no final do mês. Depois, teremos alguns dias de descanso antes de nos dedicarmos exclusivamente às coreografias. Vai ser cansativo, vocês sabem, então..."
"Vamos aproveitar!", Hoseok exclamou, animado.
Jungkook olhou para Taehyung e encontrou o mais velho o encarando de volta fixamente. Não tinham conversado direito desde Bangkok. Agiam de forma superficial, amigavelmente, mas quando se olhavam, havia aquela intensidade desconcertante, como se tentassem confessar um monte de coisas ao mesmo tempo, em silêncio, e no fim das contas não dissessem nada.
Isso matava Jungkook aos poucos. Sabia que Taehyung também não estava feliz, então porque não conseguiam se resolver?
Gostaria de poder se arrepender do que tinham feito no quarto depois da live, mas Jungkook não conseguia. Tinha sido bom, bem mais que bom. O que ele se arrependia era de se deixar levar tão facilmente pelo próprio tesão a ponto de colocar isso na frente de tudo que realmente importava. E ele não só tinha falhado mais uma vez em consertar as coisas, como ainda por cima fez Taehyung entender tudo errado.
Jungkook percebeu só depois, enquanto terminava o banho sozinho, quando Taehyung já tinha saído do quarto. Mais uma vez, fora lento demais.
Nunca tinha se sentido assim, entalado de emoções. Era tão fácil, ele e Taehyung, as coisas fluíam sem culpa, mas de uma hora para a outra existia bem mais que só tesão, e talvez sempre tenha sido assim, só que agora eles estavam percebendo isso. Não eram mais adolescentes.
Estava tudo ali, nos olhos de Taehyung, no que ele não dizia, na forma como sua voz ficava tão suave, tão doce, carregada de afeto quando falava com Jungkook, quando o beijava devagar, tão devagar que fazia o coração do maknae apertar. Ele queria, mas precisava ter certeza.
Tinha até mesmo dito com todas as letras: como sempre, vindo de você, não dá para ter certeza de nada. E tudo que ele NÃO esperava que Jungkook tivesse respondido quando perguntou "o que você quer de mim?", era "me faz gozar".
Jungkook tinha vontade de bater com a cabeça na parede quando lembrava disso. Estava tudo errado!
Sabia perfeitamente o que queria, o que sentia, e no entanto ele disse "me faz gozar", como se isso resolvesse a questão, como se eles se resumissem a isso!
É claro que ferira Taehyung, sem nem mesmo perceber. Não tinha o direito de ficar com raiva, de se sentir usado – ele mesmo se colocara nessa situação. Praticamente implorou para que Taehyung o fizesse gozar, como se só isso importasse. Recebeu o que queria, nem mais, nem menos.
Como podiam ser tão desastrados emocionalmente? Como as coisas podiam funcionar tão bem quando estavam se tocando e se provando, como podiam dizer tanto só se olhando e ainda assim existir ruído de comunicação?
Os covers, as indiretas, os olhares, nada disso estava funcionando! Taehyung entendia a mensagem, mas simplesmente não era o bastante, era exasperador!
O que mais ele queria? De que forma ele queria?
Ele não daria aquele passo, Jungkook tinha certeza, Taehyung não era bom em tomar decisões grandes, sua mente não trabalhava da mesma forma que a maioria das pessoas. Ele era bom em resolver problemas de matemática, encontrar soluções simples para problemas complexos e perceber coisas que ninguém mais percebia; mas decisões, não.
Teria que ser Jungkook. Mas não sabia como, por mais que pensasse e planejasse, tudo acabava saindo do controle e terminavam no mesmo lugar!
Achava que não devia pressionar Taehyung, entendia que os sentimentos dele deviam estar uma confusão, mas não tinha outro jeito. Não podiam ficar nessa indefinição para sempre, a paciência de Jungkook estava se esgotando e ele se considerava uma pessoa muito paciente.
Precisava fazer algo ou acabariam se machucando tanto que deteriorariam o que tinham de mais precioso, a amizade. O amor verdadeiro, o que de fato os ligava.
O mais velho desviou o olhar para baixo, sentindo-se mal com tudo aquilo. Jungkook não aguentava mais vê-lo assim. Taehyung o libertara de tantas coisas, Jungkook devia isso a ele também. Queria libertar seu hyung, não só como uma forma de agradecê-lo, mas porque não aguentava mais ter Taehyung pela metade, não dava mais para sustentar a situação de serem amiguinhos que as vezes se pegavam. Era infantil e insatisfatório.
Jungkook suspirou pesadamente, e Hoseok o olhou com a expressão preocupada.
"Não é nada", Jungkook murmurou. "Só estou cansado."
Ele estava, mas não era pelas razões que Hoseok provavelmente estava pensando.
Depois da reunião, dispersaram-se pelo prédio da empresa. Os dias passavam devagar e eram sempre exaustivos, não tinham tempo para fazer nada além de trabalhar. No descanso que tinham, dormiam.
Numa madrugada em que estava na sala com Jin e Jimin, assistindo um filme qualquer na televisão, Jin comentou que ia viajar para Jeju.
"Porque Jeju?", Jimin quis saber.
"É afastado. Dá para andar pelas ruas tranquilamente, ir à praia e olhar o mar. Vou passar meus dias de folga lá. E você?"
"Acho que vou para Busan. Você quer vir comigo, Jungkook?"
Jungkook piscou, de repente tendo uma ideia.
Busan... ele poderia ir para Busan e visitar a família, mas tinha ido a pouco menos de um mês. Podia esperar.
Taehyung costumava dizer que queria viajar com ele para Jeju e levá-lo à praia quando tirasse a carteira de motorista. Bem, ele já tinha tirado, depois de muitos meses de sufoco reprovando por total falta de habilidade em simplesmente dirigir numa linha reta. Fazia tempo que Jungkook não escutava Taehyung falar sobre isso, então seria a oportunidade perfeita para... consertar as coisas. A viagem que eles sempre pensaram em fazer. Sozinhos. E Jeju era realmente como Jin hyung dissera, isolada e tranquila. Nada de paparazzi ou câmeras.
Não importava como fosse, alguma coisa teria que acontecer nessa viagem.
Seu coração disparou com a possibilidade de dar certo.
"Jungkook", Jimin o chamou.
"Hã?"
"Estou falando com você. Busan? Na nossa folga?"
"Ah, não, hyung. Acho que... acho que vou fazer outra coisa...", levantou do chão depressa, onde estivera esparramado preguiçosamente com os outros dois garotos, e foi para o quarto. Pegou o celular e entrou no site de passagens aéreas. Escolheu o voo e o horário. Comprou as passagens, os olhos arregalados de expectativa. Tinha que dar certo. Era o único tempo que teriam; depois disso, seriam tragados de novo pela agenda exaustiva do comeback.
2.
Taehyung estava sentado no meio da sala de treino, as pernas cruzadas, a cabeça baixa enquanto mexia no celular, fones de ouvido enfiados nas orelhas e a expressão entediada/sonolenta de quem precisou sair da cama antes de ter descansado o suficiente. Jungkook entrou na sala e olhou ao redor. Era cedo, os outros não tinham chegado e o staff estava na sala ao lado, tomando café e conversando. Estavam magicamente e inesperadamente sozinhos.
Engoliu em seco, de repente sentindo o peso da mochila nas costas, na verdade, do que havia dentro dela. No bolso externo, acomodadas cuidadosamente dentro de um caderno de desenho. As passagens para Jeju, recém impressas.
Jungkook tinha acordado mais cedo naquele dia só para retirá-las. Podia simplesmente chegar no dia da viagem e imprimi-las, mas queria mostrá-las a Taehyung. Queria ver a reação dele. Mal conseguiu dormir naqueles dias de tanta expectativa.
"Hyung...", achou que Taehyung não escutaria, tinha mania de ouvir música no volume máximo, mas para sua sorte a música não devia estar tão alta hoje. Taehyung ergueu a cabeça e olhou na direção de Jungkook. Tirou os fones, a expressão apática despertando num sorriso.
"Gukkie. Onde está todo mundo?"
"Achei que vinham com você", Jungkook se aproximou, parou na frente de Taehyung e sentou na frente dele, na mesma posição, de pernas cruzadas. Tirou a mochila e a encaixou entre elas.
"Não. Namjoon não estava encontrando o par da meia, Yoongi derramou café na camiseta e todo mundo se atrasou. Sejin está ligando para eles lá embaixo. Já era para o ensaio ter começado meia hora atrás", bocejou, piscando cheio de sono. Então encarou Jungkook. Por um tempo, eles ficaram assim, só se olhando em silêncio, até que Taehyung esticou a mão e brincou com uma das argolas na orelha de Jungkook, pressionando-a devagar entre os dedos num carinho familiar. Esfregou o lóbulo aveludado, distraindo-se com a textura macia. "Você saiu tão cedo. Foi pra academia?"
"Hyung, quero mostrar uma coisa", Jungkook abriu o bolso externo da mochila e retirou o caderno de desenho. Entregou para Taehyung.
"O que é? Um desenho?", Taehyung abriu o caderno, animado, mas o sorriso congelou em sua face quando encontrou as passagens.
Jungkook sorriu. Taehyung se impressionava com coisas bobas. Os olhos dele brilharam, a expressão ficou tão feliz que era quase infantil. O sorriso de Jungkook alargou-se, o nariz franzindo em cima e os dentes da frente ficando totalmente expostos.
"Você lembra, hyung? Você disse que queria me levar para dar uma volta na praia quando tirasse sua habilitação. Porque não agora?"
"Agora?", Taehyung piscou.
"Agora. Nos nossos dias de folga."
"Você quer dizer... nós dois?", a compreensão atingiu Taehyung e ele desviou o olhar de volta para as passagens, um rubor afogueado cobrindo seu rosto dourado.
"Por favor, hyung."
Jungkook sentiu calafrios na espinha quando Taehyung levantou o olhar depressa e o encarou de perto. A sala estava tão silenciosa que escutava o ronronar do motor do ar condicionado central, e sentia a respiração suave do mais velho, com cheiro de hortelã, aquecendo seu rosto. Taehyung viu a pintinha solitária embaixo da boca avermelhada de Jungkook; passou a língua pela própria. Jungkook capturou com o olhar a pintinha minúscula no lábio inferior de Taehyung, sendo atraído por ela e por tudo em volta dela, o cheiro de Taehyung, a necessidade de provar a textura macia e quente de sua boca...
Antes que pudessem deslizar para um mundo só deles, a porta da sala foi aberta e Yoongi entrou com Jimin e Sejin, falando sem parar. Jungkook agarrou o caderno no colo de Taehyung e levantou tão rápido que sua testa quase colidiu na do outro.
Eles se afastaram e se mantiveram assim o resto do dia, os olhares se cruzando e se atraindo em silêncio.
De noite, no alojamento, depois de tomarem banho e jantarem, Taehyung foi até o quarto de Jungkook e o encontrou trocando de roupa para dormir. Entrou e fechou a porta atrás de si. Jungkook terminou de vestir a camiseta e olhou para Taehyung em expectativa.
"Nós vamos", o mais velho anunciou. Os olhos de Jungkook arregalaram-se de surpresa. Ficaram no silêncio constrangedor carregado de significados até que Taehyung cobriu a distância entre eles, segurou Jungkook pela nuca e, abaixando a cabeça, encontrou os lábios do maknae com os seus.
Foi um beijo rápido e intenso, Jungkook não esperava por isso e mal começou a corresponder quando, do nada, acabou. Taehyung afastou a boca devagar, ainda segurando Jungkook pela nuca, e os dois respiraram o ar um do outro, de olhos fechados, o desejo aquecendo suas peles depressa e deixando-os anestesiados.
"Só mais um pouco", Taehyung prometeu, umedecendo os lábios com a ponta da língua. Jungkook abriu os olhos e se deixou ser arrastado para a escuridão aveludada das íris de seu hyung. "Só mais um pouco e seremos livres."
3.
Três semanas depois, estavam embarcando no aeroporto de Seoul num voou para Jeju que saia às três e quarenta da madrugada. Chegaram no hotel cansados, mas aliviados. Ficava de frente para a praia e tudo que eles fizeram ao entrar no quarto e largar as malas foi abrir as cortinas e deixar o ar com cheiro de maresia entrar e entupir suas narinas ressecadas pela poluição da cidade grande.
Deitaram no chão fresco um do lado do outro, as cabeças se tocando e os fios de cabelo se entremeando, dourado com ébano. Dormiram ali mesmo, dedos entrelaçados, escutando o ruído das ondas quebrando o silêncio.
O som da liberdade.
4.
Acordaram depois de meio-dia, tomaram café da manhã no lugar do almoço e saíram para ir até a cidade. Entraram na loja de aluguel de automóveis e pediram o catálogo. Taehyung babou nos conversíveis, e Jungkook riu da empolgação dele apontando cada um dos carros como se fossem doces numa vitrine.
"Veja esse, Gukkie. E este aqui. Uau, o que acha desse?", Tae perguntou.
"Hyung, vamos só escolher algo funcional e discreto."
A animação de Taehyung murchou um pouco.
Dava para medir a diferença entre os dois só de olhar seus guarda-roupas – o de Jungkook com peças lisas, simples e de cores sóbrias, o de Taehyung com peças de grife, estampadas e coloridas, seda, cetim, veludo. Hoje, estavam exatamente como eram, opostos: Jungkook usava uma camiseta preta e calças jeans com rasgos nos joelhos, além das Timberlands pretas, e Taehyung vestia uma camisa de mangas curtas listrada azul e branca e calças folgadas cor de areia de veludo cotelê, dobradas nos tornozelos. Eram tão diferentes, e no entanto, quando estavam juntos, as diferenças se encaixavam sem nenhuma dificuldade.
Jungkook não gostava de fazer o sorriso de Taehyung morrer e sua reação a isso era sempre automática: apontou para a Ferrari preta no final do catálogo e falou para o atendente, decidido:
"Esse aqui", sabia que Taehyung adorava Ferraris e não deu outra. O mais velho o olhou admirado antes de enterrar a testa em seu ombro e abraçá-lo de lado. O estômago de Jungkook revirou com calafrios, sentiu o cheiro doce e suave dos cabelos de Taehyung roçando em seu pescoço, mas segurou o braço do hyung e lançou um olhar breve ao redor. Taehyung entendeu, alinhou a postura e foi preencher os formulários de aluguel.
Por mais que Jungkook preferisse algo menos chamativo, não conseguiu conter a excitação quando entraram no interior da Ferrari luxuosa e viram o painel tecnológico. Respiraram o cheiro de couro dos bancos e riram juntos com a sensação de euforia quando Taehyung acelerou a máquina para fora do estacionamento e pegaram a rodovia em direção às praias.
"Até que velocidade isso vai?", Jungkook quis saber.
"Trezentos e quarenta por hora", Taehyung soou indiferente. Jungkook engasgou.
"Mantenha os cento e vinte, Tae, sério", o maknae agarrou com força a alça de apoio acima da porta quando sentiu a estrada passando cada vez mais depressa embaixo das rodas do carro, como se estivessem flutuando num tapete. "Tae!"
Tae riu, mas desacelerou.
"Eu tirei a habilitação, não foi? É porque sei o que estou fazendo."
"Você levou quase um ano para tirar essa habilitação. Reprovou três vezes porque não conseguia dirigir em linha reta, numa velocidade de cinquenta por hora! É sério, eu não quero morrer, ainda tenho um monte de covers para lançar, músicas para produzir, lugares para conhecer e... experiências para viver."
A voz de Jungkook baixou para um murmúrio tímido no final, despertando o interesse de Taehyung. O maknae corou, sabendo que tinha sido óbvio demais. Céus, odiava ser tão transparente perto de Taehyung, ele simplesmente captava tudo em Jungkook, conhecia suas alterações de voz, suas expressões, os tiques nervosos, as manias. Naquele instante, soube de quais experiências Jungkook estava falando só pelo mais novo ter corado e ficado com o olhar subitamente fixo.
"Não precisa pensar nisso agora, Gukkie", Taehyung disse. Só para deixar o maknae mais relaxado, deslizou as costas pelo banco e assumiu uma postura mais informal. A estrada estava deserta e ele podia dirigir sem maiores tensões.
"Não estou pensando em nada."
Taehyung apoiou a cabeça no encosto do banco, decidindo se contava ou não o que estava passando por sua cabeça. Achou melhor ser completamente sincero e não esconder nada, aquela viagem era para isso afinal, para colocarem as cartas na mesa. Pelo menos, era o que ele achava que Jungkook queria, desde o cover de Fools.
E ele enfim estava concordando em pelo menos terem um tempo para falarem sobre isso.
"Hoje de manhã, quando pedi uma camisa sua emprestada...", Tae começou. "Dei uma olhada na sua mala."
Jungkook ficou quieto, o rosto virado para o outro lado, mordendo o lábio. O ar ficou subitamente abafado dentro do carro. Sentiu o pânico crescer em suas entranhas como ácido líquido. Apesar do clima fresco dentro do carro, Jungkook sentiu as mãos suando e as esfregou na calça jeans.
Já sabia o que Taehyung ia dizer, droga. Esquecera completamente daquele detalhe quando disse para que Taehyung pegasse a camiseta em sua mala e devia ter desconfiado do que ele tinha visto quando, sem nenhuma razão lógica, Taehyung desistiu de procurar e acabou vestindo uma roupa da própria mala. Ele não comentou nada e sua expressão não entregou a surpresa que, certamente, tivera, mas Jungkook sabia.
Queria deslizar por aquele banco e se esconder debaixo do tapete.
Fora uma ideia idiota, afinal. Quando Taehyung aceitou viajar, a ficha de Jungkook caiu e ele começou a entrar em pânico. Iam ficar sozinhos, totalmente sozinhos. Já tinha dado centenas de indiretas de que queria avançar no que tinham e se Taehyung estava aceitando que ficassem isolados cinco dias inteiros numa ilha, as chances de que algo acontecesse eram imensas.
Jungkook simplesmente entrou em parafuso.
Não tinha a menor ideia do que fazer. Ele tinha inventado aquela viagem, era ele que sempre tentava ir além no sexo, então ele devia tomar a iniciativa. Mas como? Tinha visto alguns vídeos na internet, mas achou todos eles nem um pouco didáticos. Eram mais gemidos e gritos e as pessoas pareciam estar morrendo bem mais do que sentindo prazer. Era superficial demais, pura encenação. Não tinha nada a ver com o que ele imaginava que seria. Leu algumas coisas sobre o assunto, morto de vergonha, mas tudo parecia complicado e vexante demais. Fora que não sabia se Taehyung ia seguir aquelas regras também. Higienização? Onde diabos comprava aquela mangueirinha? Deus, tinha que enfiar aquilo...? E se não fizesse, será que tinha problema? Nunca tinha conversado sobre essas coisas com ninguém, nem em casa, nem com os outros hyungs, nem mesmo com Taehyung, ninguém.
Era muito, muito constrangedor.
A única coisa que ele sabia por ser de conhecimento geral era que doía para o inferno, o que não era lá uma informação reconfortante.
Havia dezenas de técnicas para fazer com que a situação ficasse mais confortável, mas Jungkook ficava ainda mais nervoso só de imaginar fazendo tudo errado na hora. Não queria de forma alguma machucar Taehyung ou fazer algo desastrosamente ruim que os traumatizasse, tinha medo de ficar excitado demais e gozar antes da hora ou ficar tão nervoso que nem ao menos conseguisse começar as coisas. A ideia de broxar era bem provável em sua mente e ele tinha vontade de chorar de vergonha só de imaginar.
Num impulso, acabou comprando lubrificante e o enfiou, sem pensar, na mala, quando ainda estava no aeroporto de Seoul. Depois, esqueceu totalmente.
Porque tivera essa ideia tão infeliz?
Acabou estragando tudo. Agora, Taehyung ia pensar que só tinha proposto aquela viagem porque queria sexo, de novo, ia se sentir pressionado, para variar, quando a última coisa que Jungkook queria na vida era deixar Taehyung desconfortável.
"Eu vou jogar fora", falou num desespero crescente. "Vou jogar aquela porcaria fora, hyung, nem sei porque trouxe aquilo..."
"Jeongguk-ah", a voz de Taehyung era suave, "você devia ter me dito que estava tão nervoso com isso. Não tem que jogar nada fora, foi bom ter trazido, eu devia ter pensado mais sobre esse assunto e ter sido cuidadoso também, mas só fiquei remoendo um monte de caraminholas na cabeça esse tempo todo."
Jungkook piscou, virando o olhar depressa para encarar Taehyung. O mais velho engoliu em seco várias vezes antes de continuar.
"Temos que falar sobre isso, não é? Tudo bem. Acho que as vezes dou a impressão de que não quero e isso te deixa inseguro. Não vou mentir, isso me apavorou por muito tempo, não pelo ato em si, mas porque eu sei que não daria para voltar atrás depois. Sabe, é... íntimo demais. Mas eu quero isso. Não dá mesmo para voltar atrás, de qualquer forma, não é como se eu pudesse fingir que tenho outras opções. Sempre foi só você. Essa certeza agora é mais forte do que meus medos, o que os outros vão pensar, o que vou falar para a minha família, isso tudo se tornou tão pequeno e sem importância agora, e eu finalmente consigo respirar. Ainda não sei como vai ser, mas não me incomoda mais, não me apavora. E eu não sei se serve de consolo para você, mas perto de tudo que passamos, se preocupar com detalhes, se vamos fazer certo ou não, é tão bobo. Só... faremos, e pronto."
Jungkook sentiu o coração saindo pela boca. Tudo que sempre esperou ouvir de Taehyung, do nada, ali dentro do carro... as unhas estavam cravadas nas coxas através dos rasgos da calça, a respiração saia pela boca aberta e os olhos fitavam a estrada à frente, arregalados de incredulidade. Tinha imaginado muitas vezes Taehyung enfim aceitando o que eles tinham, falando em voz alta, mas a realidade fora bem mais inesperada.
"Nós vamos fazer do jeito que achamos que deve ser feito", Taehyung acrescentou, percebendo a tensão consumindo Jungkook e o deixando corado e ofegante. "Então não pense mais nisso, só esteja aqui comigo. Jeongguk?"
O maknae piscou. Sentia uma sensação esquisita no peito, um ardor gelado e morno ao mesmo tempo. Olhou para Taehyung e ficou surpreso pela expressão do mais velho ser tão serena, quase infantil.
"Você está bem?"
"S-sim. É só... esse verão está tão abafado", ele apertou o botão no painel entre os bancos e abriu a janela. O vento fresco com cheiro salgado do mar aliviou aos poucos sua tensão e, junto ao efeito que as palavras de Taehyung causaram, Jungkook enfim relaxou.
5.
Chegaram numa elevação da estrada, uma espécie de mirante, e Taehyung estacionou. Desceram e subiram no teto do carro para apreciar a paisagem. Céu azul e mar esverdeado, e uma revoada de pássaros no horizonte a caminho do sol. Tiraram fotos com as câmeras semiprofissionais que tinham trazido. O clima estava bom, mesmo embaixo do sol, o vento era fresco e acariciava suas peles entre as frestas das roupas, os braços, os pescoços, os tornozelos e, no caso de Jungkook, os joelhos e partes das coxas por entre os rasgos do jeans. Tão bom.
Taehyung sentou na frente de Jungkook, de costas para o maknae, que teve que afastar as pernas para acomodá-lo ali, mas os dois mantiveram uma distância confortável. Jungkook usou o ombro de Taehyung para apoiar a câmera enquanto a fazia disparar sem parar.
"Eu poderia ficar aqui o dia inteiro", confessou, avaliando as fotos conforme as tirava.
Taehyung ficou quieto, olhando o mar. Parecia distante e tranquilo, os cabelos deslizando para lá e para cá em mechas de cetim. Jungkook parou de tirar fotos e ficou ali, as mãos levemente apoiadas na cintura de Taehyung, respirando o cheiro que o vento trazia para si, maresia e shampoo de baunilha. Olhou para a nuca de Taehyung, a pele aveludada cor de caramelo, e para a linha larga dos ombros vincando a camiseta listrada. Levou alguns segundos refletindo se devia beijá-lo ali ou não, por mais que quisesse. Estava tão acostumado a se conter, sufocar os sentimentos porque era inadequado ou proibido, que isso já fazia parte de si. Ele sempre pensava duas, três, quatros vezes antes de encostar em Taehyung e, quando o fazia, era devagar e com cuidado, lentamente... temendo que a sensação roubada se esvaísse depressa. Acabou só encostando o queixo no ombro do hyung, diminuindo discretamente a distância entre eles.
"Eu percebi isso faz pouco tempo", Taehyung disse do nada.
"O que?"
"A forma como você toca em mim."
"Como assim?"
Em vez de responder, Taehyung abaixou a cabeça e sorriu sem graça.
"Jeongguk-ah, o que aconteceu no início?"
"No início do que?"
"De tudo. Do grupo. Você tinha umas reações estranhas a mim, eu demorei para perceber, porque achava que era só brincadeira. Primeiro, quando você perdeu a timidez comigo, era fácil te fazer rir. Você reagia a tudo que eu dizia e fazia, mesmo as coisas mais idiotas, quando ninguém mais ria, você ria. Eu fiquei viciado nisso, te fazer sorrir, era bom. Mas depois de um tempo você começou a me afastar. Porque?"
Jungkook sentiu um nó na garganta. Nunca tinha falado sobre o começo com Taehyung, nem com ninguém. Foi um período estranho em que ele descobriu que talvez, muito provavelmente, estava se apaixonando pela primeira vez, por um garoto. Era difícil entender, porque nunca tinha se sentido assim, tão bem, tão feliz perto de alguém. Mas, ao mesmo tempo, era assustador. Eles deveriam viver juntos, e mesmo com 14, 15 anos, Jungkook sabia que não podia se apegar a um amigo do grupo.
"Eu... fiquei confuso."
"Com o que?"
"Com você, Taehyung. Você nem tinha ideia do que causava em mim, e nem eu entendia. Eu não conseguia ficar longe de você, mas era tão constrangedor, porque todo mundo percebia. Os hyungs, os managers, os fãs. Então, eu passei a te afastar, não só porque era errado, mas me assustava. As pessoas já nos achavam estranhos demais sendo como éramos, elas nos odiavam e nos rejeitavam não importava o que fizéssemos. Eu não queria prejudicar ainda mais a imagem do grupo."
Taehyung ficou calado, e Jungkook soube que ele estava lembrando. A época em que eles choravam antes de subir no palco, ansiosos, nervosos, e choravam mais ainda quando desciam, sentindo-se fracassados porque ninguém gostava deles. As pessoas não reagiam ao que eles mostravam. Eles trabalhavam exaustivamente dia e noite e não conseguiam sair do lugar. Recebiam hate, humilhação. O rap de Namjoon não era bom o bastante, os haters diziam. A música de Yoongi era ruim, os haters diziam. Eles eram estranhos, os haters diziam. Patéticos, os haters diziam. A popularidade deles era irrisória, eles não tinham talento, os haters diziam.
Nessa época, a rejeição de Taehyung era absurda. As pessoas não entendiam seu jeito de se expressar, algumas fãs até mesmo se irritavam, lhe davam as costas nos fansings, o xingavam nas redes sociais de apelidos que Taehyung odiava.
Eles não eram nem bonitos. Magros demais, desengonçados, os haters diziam. E aqueles dois garotos sempre agarrados? Com certeza eram gays, os haters diziam. Vocês não vão nos obrigar a engolir isso, os haters sempre diziam.
"Me desculpe, Gukkie", Taehyung murmurou.
"Pelo que?", Jungkook desencostou o queixo do ombro dele para olhá-lo de perfil. A boca de Taehyung estava repuxada para baixo numa expressão de angústia.
"Por ter começado isso. Já era tão difícil lidar com os problemas, e eu criei mais um. Acho que enxerguei tarde demais."
"Do que está falando, hyung?", o peito de Jungkook começou a apertar.
"Você nunca se perguntou como seria se não tivéssemos nos conhecido? Você sempre foi bom com garotas."
"Hyung, eu sou um desastre com garotas!", Jungkook arregalou os olhos.
"Isso é o que você acha, mas eu percebo. Elas se derretem por você, ainda que você só fique parado, respirando", Taehyung sorriu. "É adorável, não posso culpá-las, é por causa desses seus olhos grandes e afetuosos."
Jungkook ficou olhando de boca aberta para Taehyung, a forma como os dedos longos e frágeis cutucavam distraidamente a barra da calça enrolada nos tornozelos, o vento fazendo as mechas loiro acetinadas resvalarem ao redor dos traços delicados de seu rosto. Não acreditava que Taehyung não se dava conta do quanto era hipnotizante também, apenas existindo.
"Hyung... aonde você quer chegar?"
"Talvez não tivesse que ser tão complicado. Você sofreu também, Gukkie, eu sei, e fui eu que coloquei você diante de um dilema. Você transou com uma garota porque queria entender o que estava sentindo, eu sei. E eu vi tudo isso acontecendo e não fiz nada, só me fechei, mas eu estava com medo de estragar tudo. Eu via a sua agonia, Gukkie, e eu achava que te beijar ia ajudar, mas eu só estava piorando tudo, te afundando ainda mais na dúvida."
"Você me libertou, Tae", Jungkook falou com toda a sinceridade. Não importava quantas voltas desse, Taehyung o levava para a direção certa. Ele sentia que estava indo pelo caminho correto quando estava com Taehyung, era muito simples. "Hyungie, o que fez você mudar de ideia?"
"Hm?", Taehyung virou um pouco a cabeça para olhá-lo.
"Eu fiz tudo que podia para te convencer a avançar comigo, e nada funcionou. O que te fez aceitar?"
Taehyung abaixou a cabeça outra vez e arranhou as unhas de leve nas finas faixas de veludo cotelê da calça.
"Me desculpe por ter sido covarde com você, Jeongguk, e me desculpe por não ter reagido como você esperava todo esse tempo, mas eu precisava encontrar coragem para ter uma conversa séria com meus pais e aceitar um monte de coisas em mim, e você não esperava que um simples cover, por mais bem intencionado que fosse, me faria superar tudo da noite pro dia, não é?"
"Falando assim", Jungkook franziu a testa.
Taehyung riu.
"É, você esperava."
"Eu não esperava."
"Esperava, Jeongguk."
"Então você falou com seus pais?"
"Ainda não. E não sei se vou. Passei muito tempo pensando que eu tinha que contar para eles, dar uma satisfação, mas não tenho. Não preciso me colocar na situação de ser julgado, porque não estou fazendo nada errado, eu não precisaria chegar para eles e falar eu gosto de garotas, então porque preciso falar que gosto de garotos?"
Jungkook sentiu um frio na barriga ao ouvir isso. Encarou Taehyung novamente, a linha forte de seu pescoço e as clavículas marcadas por debaixo da gola larga da camisa esticada pela extensão dos ombros e do peitoral. Estava tão diferente do garoto magricela que conhecera na adolescência. Era capaz de ver agora, o Taehyung forte por dentro e por fora.
"Essa era minha última tentativa", murmurou. "Se você não aceitasse vir para cá comigo, eu ia desistir, Taehyung."
Viu o mais velho engolir em seco, a boca repuxando para baixo novamente numa expressão triste.
"Eu gosto do modo como você demonstra as coisas, Gukkie. Sutilmente. Não mude isso por causa da minha lerdeza e teimosia, por favor. É bom ler nas suas entrelinhas."
"Isso foi bem gay."
Eles riram.
Taehyung ajeitou-se, virou um pouco de lado para olhar o maknae e seus olhares se encontraram. Jungkook sentiu o estômago revirar; toda vez que se olhavam assim, de perto, parecia que estavam se olhando pela primeira vez, as sensações eram as mesmas, respiração acelerando, o tempo parando, os pelos da nuca se eriçando, as bocas secando. Jungkook mirou a pintinha na ponta do nariz de Taehyung. A pele dele era ainda mais dourada debaixo do sol.
"Não tem ninguém aqui", Taehyung murmurou. A boca cor de rosa moldou as palavras suavemente, hipnotizando Jungkook, "mas pode continuar me tocando como se houvesse uma centena de câmeras. Já me acostumei com a sensação. É tão Jungkook."
O maknae umedeceu os lábios com a língua e a manteve presa ali, mal piscando enquanto observava a boca de Taehyung, a textura macia, rosada e lustrosa como um morango. Ele sabia do que seu hyung estava falando. A adrenalina antes do contato, a expectativa, o sangue correndo depressa por baixo da pele, acendendo seus sentidos... ficou feliz por saber que Taehyung tinha aprendido a apreciar isso também.
Quando Jungkook começou a encurtar a distância entre eles, Taehyung ficou imóvel, apenas respirando pela boca entreaberta. Os dedos enroscaram-se ao redor dos tornozelos para conter o choque de prazer que percorreu seu corpo assim que Jungkook partiu seus lábios e os encaixou num beijo macio, suave e lento.
O maknae se afastou, olhou o rosto afogueado de Taehyung, a boca brilhando com sua saliva e engoliu em seco, degustando o sabor deles dois misturado. Taehyung o beijou outra vez, sem conseguir esperar. Sentiu os dedos de Jungkook apertando a camisa em sua cintura numa reação muito parecida com a própria, que cravava os dedos na pele fina do tornozelo. Seus corpos roçavam de leve, o peito de Jungkook mal encostando nas costas de Taehyung, suas bocas se tomavam com cuidado, a ponta das línguas se encontrando devagar várias e várias vezes, afastando-se e se buscando novamente sem pressa, e parecia que toda aquela lentidão só estava provocando ainda mais a excitação entre eles.
Um beijo inocente e prolongado deixou ambos com ereções palpitantes e úmidas dentro das calças. Se separaram quando as respirações começaram a ficar arquejantes demais, eróticas demais. Esperaram as vontades cederem enquanto olhavam a paisagem e tiravam mais fotos, então voltaram para dentro do carro e saíram à procura de um restaurante.
Se tinha uma coisa que já estavam acostumados é que sentiam fome demais quando estavam juntos, como se seus corpos cobrassem o dobro de energia só por seus corações baterem mais depressa.
Escolheram um restaurante de frutos do mar em frente à praia, fizeram o pedido e tomaram refrigerantes enquanto esperavam. Jungkook mostrou para Taehyung as fotos que tirou, conversaram e riram como costumavam fazer e comeram tudo que foi servido até estarem empanturrados. Jungkook puxou a gola da camiseta e olhou para o próprio abdome, esperando ver uma barriga imensa, mas seu tanquinho ainda estava ali, intacto.
Taehyung riu dele.
"Tem uma coisa que eu quero fazer", disse assim que pagaram a conta e rumaram de volta para o conversível estacionado ao lado do restaurante.
"O que é?"
"Tinha uma placa na estrada indicando um haras na entrada da cidade, você viu?"
"Não. Você quer cavalgar?"
"Você não quer?"
"Não sei", Jungkook não se sentia muito confortável com essa ideia. Em geral, gostava de ter controle sobre as coisas e a sensação de que montaria num animal desconhecido que podia, do nada, disparar, o deixava inquieto.
Taehyung, por outro lado, ficou duas vezes mais animado quando chegaram no haras. Escolheu um cavalo e o instrutor pediu para que ele usasse roupas de montaria para não sujar as dele e lhe entregou calças de equitação, botas e uma camisa de mangas compridas. Taehyung cheirou as roupas um monte de vezes antes de ir para o vestiário se trocar e Jungkook revirou os olhos.
"O que?", o mais velho arregalou os olhos, surpreso. "Odeio a ideia de vestir algo sujo, você sabe.
"Está limpo, Tae. Estava embalado num saco à vácuo, pelo amor de Deus."
"Eu sei, só estou checando."
Taehyung entrou no vestiário e Jungkook ficou do lado de fora, esperando. Um pensamento incômodo passou por sua cabeça – Taehyung era tão metódico com higiene. Engoliu em seco, começando a pensar que deveria procurar um lugar para comprar a tal... ducha. Não ia conseguir escapar dela, afinal.
Distraído por esse pensamento, nem percebeu quando Taehyung saiu do vestiário e foi para a área de montaria. Jungkook o seguiu com os olhos cravados em suas pernas compridas e levemente definidas, parecendo ainda mais longas nas botas de cano alto. Não esperava que calças de equitação vestissem tão bem. Ou era Taehyung que as preenchia tão lindamente? Ou era Jungkook que era gay demais?
Observou Taehyung entrar na arena e o instrutor se aproximar trazendo o cavalo nas rédeas. Conversou com Taehyung e ambos alisaram o focinho do animal, e então Taehyung montou. Jungkook ficou abismado. Pareceu tão fácil. Taehyung encaixou um pé no apoiou, se içou para cima e sentou na sela com elegância natural. O instrutor lhe deu mais algumas explicações enquanto Taehyung ajeitava o capacete de equitação na cabeça e, cutucando o cavalo com os calcanhares, saiu cavalgando.
A boca de Jungkook ficou seca em questão de segundos.
Taehyung deu algumas voltas pela arena, concentrado. Ele se ergueu na sela para coordenar os movimentos de galope do animal e Jungkook tirou depressa o celular do bolso para filmar. Não queria tirar fotos disso. Queria filmar e guardar no celular, provavelmente com uma senha secreta, porque isso era... Deus do céu. O traseiro perfeitamente redondinho de Taehyung subia e descia no ar, a calça justa vincava ao redor do contorno, marcando-o ainda mais. As coxas flexionando, a expressão concentrada e intensa, e Jungkook começou a imaginar uma miríade de cenas pervertidas. Merda, Taehyung devia sentar tão gostoso... Jungkook engoliu duramente em seco, uma nova ereção crescendo depressa dentro da calça apertada. Ele abaixou mais a barra da blusa para escondê-la, rezando para que ninguém percebesse.
Não conseguia controlar os pensamentos, por mais errados que fossem. Nunca, nem quando se masturbavam juntos, Jungkook tinha sentido um tesão tão grande por Taehyung, imaginado a si mesmo tão perfeitamente fodendo-o. Quase conseguia sentir o calor daquela bunda deliciosa colidindo com suas coxas.
Taehyung alternou os movimentos, agora erguendo os quadris como se estivesse dando investidas vigorosas. Jungkook achou que ia entrar em combustão. Não costumava se imaginar sendo o passivo, mas, caralho, se Taehyung investisse assim, ele seria.
E o pior é que Taehyung não estava fazendo nada daquilo para provocá-lo. Estava ingenuamente e completamente alheio, aproveitando sua cavalgada. Isso só fazia com que Jungkook se sentisse horrivelmente culpado, mas incapaz de conter o tesão. Não aguentava mais de desejo, tinham que transar, não importava como fosse, queria isso de um modo obsessivo, precisava de Taehyung sendo seu, só seu, exatamente daquele jeito que estava vendo agora.
Ia ficar louco se não fizessem sexo o mais rápido possível, realmente ia enlouquecer. Não se tratava só de extravasar o desejo, era a urgência sufocante de uma conexão intensa, de preencher e ser preenchido até que os limites se fundissem.
O tempo de montaria terminou, Taehyung desceu do cavalo e o arrastou pelas rédeas até o instrutor. Trocaram ainda mais algumas palavras cordiais enquanto Taehyung afagava o pelo brilhoso do animal, e então seu olhar cruzou com o de Jungkook, do lado de fora da arena, com o celular pateticamente erguido e a expressão abduzida.
"Gukkie?", Tae saiu da arena e se aproximou do maknae. "O que você tem?"
Jungkook despertou de suas imaginações pervertidas e guardou o celular depressa. Olhou para Taehyung bem consciente de que estava hiperventilando e vermelho de excitação. Viu a porta do vestiário e simplesmente agiu, empurrando Taehyung para dentro.
"Jeongguk, o que, porque está...?"
"Hyung, não vou conseguir chegar até o carro nesse estado", Jungkook engolia em seco sem parar, tentando umedecer a boca que estava pastosa de desejo. Trancou a porta, imprensou Taehyung na parede e apertou a ereção contra a coxa do mais velho. Estava tão duro e tão sensível que chiou com o contato, rebolando e apertando-se deliciosamente no corpo quente de Taehyung.
"Aish", Taehyung puxou o ar pela boca e franziu a testa, olhando para baixo, para o local onde o pau de Jungkook o apertava.
"Por... fav...", Jungkook nem conseguia ordenar os pensamentos, sentia o membro latejar com força, implorando alívio, chegava a doer.
Inebriado, maravilhado, Taehyung afastou Jungkook de si apenas o suficiente para ter espaço para abrir a calça do maknae, descer a boxer depressa e massagear seu membro. Jungkook espalmou as duas mãos na parede atrás de Taehyung, gemendo baixinho de satisfação. Gozaria rápido, mas estava com tanto tesão que seria uma delícia.
Jungkook olhou para Taehyung, absorvendo cada detalhe daquele rosto perfeito. Taehyung tentou beijá-lo, mas o movimento acelerado e ágil de sua mão estava fazendo Jungkook oscilar nas pernas bambas, os dois começaram a gemer mais alto, o contato entre as línguas lubrificadas de saliva ficando intenso demais, e acabaram se afastando.
Jungkook murmurou coisas sem sentido, queria dizer que estava maravilhoso, que Taehyung era gostoso demais e o deixava maluco, que ia gozar com força em poucos minutos, mas tudo que saia por sua boca eram gemidos manhosos e roucos que estimulavam a masturbação de Taehyung e os excitava cada vez mais.
Queria fechar os olhos e gemer sem parar, estava delirando com a mão de Taehyung o masturbando tão gostoso, era rápido e vigoroso, fricção, fluidos, o cheiro de seu hyung, a vontade insana de gozar nos dedos dele, em cima dele, na boca dele...
"Engole", Jungkook agarrou os cabelos na nuca de Taehyung, aproximando a boca da orelha do mais velho. As unhas fincaram a parede, o abdome contraiu. Sua garganta arranhava de tão seca, ele ia explodir num orgasmo avassalador e nem tinham chegado a tirar as roupas.
Taehyung caiu de joelhos diante da ereção de Jungkook, chupando-o sem perder um segundo sequer. Engoliu o máximo que pôde, encaixando o pau delicioso de Jungkook no fundo de sua garganta, provocando sensações estonteantes em ambos. A boca de Taehyung encheu de água e ele espalhou a saliva pelo membro pulsante, cobrindo-o e aquecendo-o conforme deslizava os lábios para cima e para baixo, sugando em estalos úmidos. Chupou os testículos e a pele macia da virilha, marcando-a inteira.
O maknae começou a soluçar.
"Mais", suplicou. Estava em transe. Não conseguia parar de imaginar aquelas cenas de Taehyung cavalgando e quanto mais imaginava, mais duro ficava, mais perto do clímax chegava.
Mais tinha certeza do que precisava.
Olhou para baixo e viu Taehyung de joelhos, o rosto afogueado, os olhos escuros e brilhantes o encarando, a franja loira roçando os cílios compridos úmidos e a respiração afoita por engolir seu pau até o limite tantas vezes seguidas. Adorava o quanto Taehyung se excitava apenas por chupá-lo, muitas vezes o mais velho se masturbava e ejaculava enquanto chupava Jungkook. Amava ver o tesão moldando suas feições, deixando-o fodidamente gostoso.
Jungkook começou a gozar olhando para Taehyung, gemendo um único som de satisfação. Sentiu o membro contrair e expelir com força, o prazer o percorrendo de cima a baixo como uma corrente e, apesar de ter vindo rápido, prolongou-se, enchendo a boca de Taehyung até que ele não conseguisse mais engolir.
Mas Jungkook estava tão imerso em Taehyung que quando enfim a boca dele o deixou e o mais velho se levantou, o maknae segurou seu rosto entre as palmas e o beijou sem fôlego, provando o sabor adocicado do próprio prazer se derramando pelo queixo de Taehyung.
"Jeongguk-ah", ele disse entre o beijo, a voz distorcida de tão grave. Colocou a mão do maknae sobre a própria ereção e arquejou, mas quando os dedos de Jungkook tentaram abrir sua calça, Taehyung não deixou. "Não quero mais fazer assim, quero ter tempo. Fazer essas coisas com pressa só nos deixa ainda mais excitados e nunca é o suficiente, por isso não conseguimos parar."
Jungkook assentiu e se beijaram com mais calma, arrefecendo lentamente o calor dos corpos e acalmando os corações. Taehyung puxou a boxer de Jungkook para cima e abotoou sua calça, tocando-o com carinho. O maknae estava suado e Taehyung beijou o pescoço quente e pulsante com selinhos suaves até sentir os batimentos calmos do mais novo.
Depois, Jungkook saiu do vestiário e tomou um refrigerante na lanchonete do haras enquanto esperava Taehyung trocar de roupa.
Seguiram para o carro e então para o hotel sem dizer nada. A tensão pairava entre eles e Jungkook voltou a pensar no que iam fazer. Parecia que a cada instante ficava mais óbvio que iam transar e todas as paranoias de Jungkook retornavam. Ele olhava para Taehyung quieto, os dedos apertados em volta do volante, e sabia que o mais velho também estava nervoso.
No hotel, Taehyung tirou os tênis e caiu na cama, parecendo cansado. Distraiu-se com o celular enquanto Jungkook andava de um lado para o outro, fingindo que estava organizando as roupas que tinham ficado espalhadas pelo quarto desde cedo, quando se arrumaram para sair.
"O que você quer jantar?", Taehyung perguntou.
"Acabamos de comer", Jungkook o olhou. Não era possível que Taehyung estivesse com fome, ou talvez só estivesse falando de comida para não precisarem falar do outro assunto.
"Eu sei, mas estou pesquisando restaurantes por aqui enquanto o wi-fi ainda está bom."
"Ah... pizza?", disse qualquer coisa. Nem conseguia pensar em comida agora. Provavelmente nem sairiam para jantar – pelo menos, não deveriam. Jungkook não aguentava mais adiar, tinha que fazer algo na direção certa. Pegou um boné preto, máscara facial e, ajeitando tudo em si de modo a cobrir o rosto, disse que ia sair para dar uma volta.
"O que? Porquê?", Taehyung sentou na cama, assustado.
Jungkook corou.
"Por nada, só vou dar uma volta", desconversou. Graças a Deus, Taehyung desabou de volta nos travesseiros, largando de mão. Virou-se aliviado para a saída.
"Jeongguk-ah, se vai atrás de duchas higiênicas, não precisa. Eu já comprei."
Jungkook caminhou de volta para dentro do quarto, arrancou o boné e a máscara e os atirou no chão, frustrado. Taehyung o olhou.
"Era isso que você ia fazer?"
"Era."
"Jeongguk, pare de pensar nisso."
"Não consigo", ele sentou na beirada da cama e puxou os cabelos. Sentiu o colchão se mover atrás de si e em seguida, o chiado curto e rápido de um zíper sendo aberto. Olhou para trás e viu Taehyung de joelhos na cama, tirando as calças e, em seguida a camisa. O pânico o tomou. "O que está fazendo?"
"Se você só pensa nisso, vamos fazer. Agora. De uma vez."
Jungkook ficou sem reação. Taehyung sentou sobre os calcanhares e afastou os cabelos dos olhos com uma mão, passando o olhar pelo quarto até encontrar a própria mala. Foi até ela, puxou de dentro uma caixinha e entrou no banheiro. Jungkook não podia acreditar. Assim, de uma hora para a outra? Mas...
"Aish", esfregou as palmas suadas das mãos nas coxas. Um pânico irracional tomou conta de si. Não sabia por onde começar. Só de pensar que Taehyung estava dentro do banheiro, provavelmente se higienizando, sentia um embaraço tão grande que nem conseguia respirar. Como Taehyung conseguia ser tão tranquilo com tudo aquilo?
Jungkook não estava com medo da dor, ou achando que seria humilhante fazer sexo anal. Não era nada disso. A questão é que ele não queria fazer nada errado. Estava apavorado com a possibilidade de estragar tudo. Ok, não era mais virgem; Taehyung, até onde sabia, era, então deveria ser ele a estar nervoso ali, não Jungkook, mas eram situações totalmente diferentes. Quando teve sua primeira vez, Jungkook não se importou muito se seria uma droga, talvez porque estivesse fazendo mais por curiosidade.
Dessa vez não. Era Taehyung. Seu melhor amigo, seu irmão, seu... sua vida toda. A pressão era enorme.
Sufocado de ansiedade, Jungkook tirou a camisa e as Timberlands. Pegou o tubo de lubrificante dentro da mala e o colocou em cima da cama, depois o enfiou dentro da gaveta no criado mudo, achando que ali sobre as cobertas daria muito na cara. Esfregou o rosto. Porque Taehyung estava demorando tanto? Será que tinha desistido? Será que usar a tal ducha era tão complicado assim? Será que ia conseguir usar?
Coçou os ombros, de repente sentindo a pele inteira pinicar. Escutou o ruído do chuveiro sendo ligado. Taehyung estava tomando banho. Isso o aliviou, pois teria mais tempo para se preparar psicologicamente, mas também o enervou. Teria mais tempo para alimentar as próprias paranoias.
A tranca da porta girou e Taehyung saiu, a expressão indecifrável, só uma toalha amarrada na cintura. Jungkook achou que ia vomitar só de ficar ali, parado no meio do quarto, olhando para ele.
"Porque você está todo vermelho?", Taehyung perguntou. Ele se aproximou de Jungkook, tocando-o perto do pescoço, e crispou os lábios em reprovação. "Jeongguk, está vermelho de nervoso! Pare com isso ou vai ter um treco."
"Hyung", mas, no segundo seguinte, tudo que tinha para dizer sumiu. Sua mente travou, ficou totalmente em branco. Taehyung piscou, esperando.
"Quer fazer ou não?"
Jungkook assentiu. Forçou a si mesmo a respirar devagar e limpar a mente. Iam só transar. Só isso. Ia transar com Taehyung. Não era grande coisa.
Com Taehyung.
Fechou os olhos. Iam transar. Puta que pariu.
Algo sólido foi empurrado em seus dedos. Abriu os olhos. Viu-se segurando uma caixinha branca lacrada e corou, sabendo exatamente o que era. Olhou para Taehyung e o encontrou com uma expressão envergonhada.
"Essa é sua. Jeongguk, só faça isso de uma vez e volte para cá, ok? Não pense muito, leia as instruções, faça e pronto. Não. Pense."
"Ok", Jungkook entrou no banheiro, trancou a porta e caiu sentado na tampa do vaso sanitário.
Ia transar.
Com Taehyung.
Caralho.
Afastou os cabelos da testa e puxou o ar pela boca.
"Jeongguk-ah, não pense!", a voz de Taehyung trovejou do outro lado da porta.
Os dedos do maknae manusearam a caixinha branca com pressa e ela escapuliu para o chão. Ele a apanhou afoitamente e tirou de dentro algo que se assemelhava a uma gota imensa, com uma bolsa arredondada embaixo e uma haste acoplada em cima. Franziu a testa, os olhos passando depressa pelas instruções. Ok, parecia fácil.
Ficou de pé e respirou fundo enquanto desabotoava a calça jeans. Seguiu o conselho de Taehyung. Não pensou. Só fez.
***
Ficou imenso então dividi em dois, informação demais
JUNGKOOK MEU FILHO RESPIRAA
Queria mostrar o quanto o sexo tem questões delicadas que podem parecer muito complexas para quem é inexperiente, não é errado, é normal, faz parte e eu particularmente acho muito fofo <3
Algumas pessoas podem achar exagerada a reação do Jungkook aqui na fic sobre o sexo, mas eu estou sendo TOTALMENTE fiel ao que eu vejo em taekook. Jungkook é MUITO perfeccionista e inseguro, ele não parece ter medo de ir lá e fazer, mas se alguém critica o que ele fez com TANTA dedicação, ele sofre bastante. Digo isso pelas vezes que ele sumiu, se isolou, se afastou de tudo quando fez algo e recebeu críticas e hate por isso, justamente porque quando ele se propõe a fazer algo, ele se esforça muito e dá tudo de si. Ele não é considerado o maknae de ouro à toa, então sim, com sexo isso não deve ser diferente, certo?
Já o Taehyung... eu vejo nele uma pureza tão fofa, me julguem kkkk tipo, ele faz umas caras sexys, eu sei, EU SEI, mas ao mesmo tempo as atitudes dele, a forma como ele vê o mundo é tão, tão sincera e doce. Então eu não estou dizendo que acho que ele não se importe com sexo, mas eu não imagino ele tomando decisões importantes sobre isso de uma hora para a outra, até por isso acho que taekook se encaixa tão bem, um supre o que o outro não tem <3 e também por isso eu acredito, ao contrário do que muitos pensam, que só bem recentemente eles deram um passo SIGNIFICATIVO, que envolve mais sexualidade em si do que sexo, I think so.
Eu vejo muita fic retratando sexo de um modo banal e isso me incomoda bastante, então eu quis ser fiel também ao que eu penso sobre sexo, seja hétero ou homossexual, e ao que eu penso ser sexo entre dois homens, que é BEM diferente de sexo entre um homem e uma mulher e nem estou falando da parte anatômica, então talvez vocês estranhem a "velocidade" com que as coisas acontecem aqui kkkkkk eu acho que faz mais sentido ser assim, ok? Homens respondem mais rápido a estímulos visuais, são mais objetivos na hora do sexo, entendem o que quero dizer? Isso não significa que não seja intenso, só é mais... coisa de homem mesmo kkkk
Ahhh sobre essa viagem para Jeju que taekook supostamente fez... Sim, existe um relato de uma k-army falando que viu Taehyung e Jungkook sozinhos numa loja de aluguel de carros em Jeju, em Julho de 2017, mas fora isso não há fotos nem nada, então pode ser só fofoca, embora eu ache provável que tenha acontecido, sim.
eu não achei o link original dessa postagem, mas achei um videozinho e nele aparece a postagem dessa k-army:
&feature=youtu.be
Mas Taehyung já falou sim que quando tirasse habilitação ia levar o Jungkook na praia =)
Videozinho do Taehyung cavalgando (não morram):
eu não sei como compartilhar link direto com vcs mas acho que o wattpad dá a opção de copiar e colar? :(
Até daqui a pouco <3
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