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G. C. F. in Tokyo




E mais polêmica, Amanda?? Sim, pq a Mande gosta <3

Mas quero avisar antes de vcs irem para o cap que quem está procurando aqui razões para odiar Jimin ou Jikook veio procurar na fic errada. Eu tenho uma visão bem definida de Jikook e ela não chega nem perto de ser ruim, eu vou tentar mostrar minha opinião aqui sobre isso e sobre a viagem e o vídeo que o Jungkook fez para o Jimin

Eu tô com muito medo que vcs entendam meu ponto de vista de forma errada, então pfvr leiam as notas finais (vcs leem?) para ficar tudo bem explicadinho ok? Eu sei que meu ponto de vista não é o mais popular no fandom inclusive pelas taekook shippers, então eu estou arriscando meu cu aqui, sinceramente HUAuhauha Tentei ser o mais cuidadosa possível e revisei o cap três vezes caçando e reescrevendo coisas que pudessem confundir vcs, eu quero que tudo fique bem claro aqui <3

E tenham em mente duas coisinhas que o Namjoon disse sobre o álbum Love Yourself:
"Escrevemos letras sobre sentimentos que conhecemos"
e
"O amor envolve dor."





****


1.

Taehyung ouviu os sinos da porta da cafeteria tilintarem e ergueu o olhar de sua xícara de chocolate quente. Eram meados de Outubro e o frio começava a se instalar em Seoul com rajadas gélidas de vento; Bogum passava pela porta usando um casacão grande de frio, os cabelos escuros meio compridos roçando as laterais das têmporas.

Taehyung sorriu para ele quando Bogum se aproximou, deu um tapinha em seu ombro e sentou à mesa.

"Esse encontro está sendo legal ou ilegal?" Bogum perguntou com o bom humor de sempre.

"Ilegal", Tae confessou, "Não consegui permissão de Sejin para furar a agenda do comeback, então temos pouco tempo até que ele descubra que fugi da empresa. Você trouxe?"

Bogum riu.

"Você fica fofo ansioso, Tae, de verdade. É, eu trouxe."

"Porque demorou tanto para ficar pronto?"

"Aigoo, você está mais feliz por eu ter trazido essas coisas do que em me ver, seu traidor!"

Bogum riu, mas Taehyung desviou o olhar para a mesa, corando forte. Bogum enfiou a mão num dos bolsos do casacão e tirou de dentro um saquinho de veludo preto. O depositou em cima da mesa com um maneio de cabeça para que Tae o pegasse. As mãos de Taehyung praticamente voaram em cima do saquinho, os dedos grandes abriram as cordinhas com elegância e ele virou o conteúdo em cima da mesa, os olhos brilhando de satisfação ao pousarem nas duas pulseiras gêmeas.

"São lindas", murmurou, acariciando as contas delicadas e os pingentes de fios idênticos nas extremidades, na cor azul cobalto. Não era exatamente aquele azul que Taehyung tinha em mente quando encomendou as pulseiras para Bogum, mas não tinha coragem de reclamar de nada para o amigo que já estava sendo mais do que gentil em ter ido atrás daquelas pulseiras para ele. "Deu muito trabalho conseguir?"

"O trabalho foi todo da figurinista. Ela teve que ir atrás da artesã e convencer a pobre mulher a colocar a sua encomenda na frente de todas as outras, o que você pode imaginar que foi complicado. Teria sido mais fácil se simplesmente pudéssemos dizer: é para Kim Taehyung, daquele grupo de idols que ganharam o Billboard Awards no começo do ano, aquele surrealmente bonito", Tae corou outra vez e Bogum riu mais ainda. "Mas fique tranquilo, sigilo total. Desculpe ter demorado."

"Tudo bem", Taehyung assentiu e encarou Bogum com gratidão sincera.

"Era para o aniversário dele?"

"Não", Taehyung mentiu. Colocou as pulseiras de volta no saquinho e o guardou com cuidado no bolso do próprio casaco.

A verdade é que, desde aquele dia em Jeju, quando teve a ideia das pulseiras do destino, cujo significado o fascinara enquanto assistia ao seriado estrelado pelo amigo, Bogum, Love in the Moonlight, planejou dar a pulseira para Jungkook no dia 1 de Setembro, o dia de seu aniversário. Mas não conseguiu, e acabou tendo que enrolar Jungkook, dizendo que não lhe daria presente nenhum. Jungkook sequer se importou. Eles se divertiam com essas brincadeiras, mas no fundo Taehyung sentiu-se mal por não ter conseguido dar o presente para Jungkook, principalmente porque o maknae liberou um cover para as fãs, 2U, e a letra era um pedido aliviado de trégua.

Trégua para eles dois.

Não há limite no céu que eu não ultrapassaria por você
Não há quantidade de lágrimas que eu não choraria por você
Oh, não
Com cada respiro que dou
Eu quero que você compartilhe esse ar comigo
Não há nenhuma promessa que não manteria
Eu escalaria qualquer montanha, nenhuma é íngreme demais

Quando se trata de você, não há nenhum crime
Peguemos nossas almas e nos entrelacemos
Quando se trata de você, não seja cego
Veja-me falar do fundo do meu coração
Quando se trata de você, quando se trata de você

(Quero que você compartilhe isso)
(Quando se trata de você)

O cupido está a postos, a flecha tem o seu nome
Oh, sim
Não perca um amor e se arrependa depois
Oh
Abra sua mente, limpe sua cabeça
Você não tem que acordar em uma cama vazia
Compartilhe minha vida, ela é sua
Agora que eu estou te dando tudo de mim

Tudo tinha mudado entre eles depois de Jeju. Taehyung sentia o olhar de Jungkook em si de outra forma, mais demorado, mais brilhante. Ainda era o mesmo garoto tímido e contido, excessivamente cuidadoso, mas os olhares não mentiam. No palco, por trás das câmeras, entre os outros membros, eles não podiam mais conter. Não se tratava mais de um sentimento platônico ou hesitante, era real

No entanto...

Isso assustava Taehyung.

Ele não tinha mais dúvidas quanto ao que era e o que queria, ele só tinha medo de não conseguir esconder o suficiente. De que o que tinham saísse do controle e acabassem cometendo um deslize que colocasse tudo a perder. Se havia algo que Taehyung jamais iria se perdoar era prejudicar o grupo por puro egoísmo ou descuido.

Era o sonho deles todos. A vida deles inteira estava em jogo, tudo que eles lutaram para construir.

E ele podia sentir o medo nos outros, também. Como Namjoon ficava tenso quando os percebia próximos demais. Não estavam mais lidando com dois garotos flertando, eles sabiam, por serem irmãos, por conviverem tanto tempo juntos que se liam com facilidade; eles sabiam que Taehyung e Jungkook tinham avançado um passo importante, mesmo que nenhum dos dois tivesse mencionado.

Seokjin ficava em alerta. Jimin ficava em alerta. Até mesmo Yoongi ficava estranhamente sério, não distante ou entediado, mas sério. Perceptivo. O único tranquilo com a situação ainda era Hoseok – ver Taehyung e Jungkook tão ingenuamente entregues na frente do público o deixava satisfeito, cheio de sorrisinhos orgulhosos.

Taehyung odiava isso. Por mais que não se desse conta na hora, depois, quando saiam dos eventos e entravam na van e via os amigos suspirando em alívio, olhando uns para os outros e depois para si e Jungkook numa comunicação silenciosa do tipo ufa, pelo menos não foi hoje, o fazia realmente se odiar. Jungkook ainda era cuidadoso, mas agora, quando Taehyung o tocava ou o puxava para perto, ele correspondia prontamente, para desespero dos hyungs.

Estavam absolutamente sem controle.

Sejin estava a ponto de arrancar os próprios cabelos com pinça.

Do outro lado da mesa, Bogum olhou o amigo, lendo a preocupação misturada ao fascínio na expressão de Taehyung e entendo tudo bem depressa.

"Ah, meu Deus... Eu vi o MCountdown de vocês", declarou. "Entre eu e o Bogum hyung, quem você escolhe?", recitou a pergunta de Jungkook durante o show, fazendo Taehyung gargalhar gostoso. "Sério isso? Meu nome nunca foi usado de forma tão vulgar! Eu acho que ele quer me ver morto, esse garoto está apaixonado, Tae, o que você fez com ele?"

"Para com isso", Taehyung apertava os olhos com força de tanto rir.

"E você respondeu tão depressa! Sério, vocês perderam totalmente a noção!"

Taehyung engoliu amargamente em seco. Bogum percebeu a mudança brusca no humor do amigo e entendeu que tinha tocado num ponto sensível.

"Tenham cuidado, ok?", falou, a voz gentil. Esticou a mão por cima da mesa e tocou o pulso de Taehyung num afago reconfortante. "Você está tão diferente do Taehyung que viajou comigo para Jeju no começo do ano. Você estava tão agoniado e desanimado com tudo e agora parece tão sereno e confortável consigo mesmo. Eu fico muito feliz com isso, Tae, de verdade, mas assumir um sentimento é uma responsabilidade. E você sabe que embora as coisas estejam evoluindo, ainda temos que lidar com preconceitos."

"Eu sei."

"Eu sei que você sabe, mas e Jeongguk? Ele tem a exata noção? Olha, Tae, eu só estou dizendo para que não se machuquem, ok? Porque é complicado."

"Eu sei", Taehyung repetiu, apático. Bogum vivia naquele meio de celebridades cuja sexualidade era sufocada pela pressão da sociedade e da fama, ele sabia muito bem do que estava falando. Não importava se o idol era hétero, bi ou homossexual, não havia uma opção sexual aceitável, assumir qualquer uma delas publicamente era estrategicamente ruim, não rentável. Lidavam com fãs, e a indústria do entretenimento lucrava em cima do imaginário delas. Podia ser cruel para os dois lados, mas era como funcionava.

"Mas aceitamos isso quando desejamos a fama, não é?", Tae disse, melancólico.

"O que a gente entende realmente de sentimentos quando entramos nisso, Tae?", Bogum devolveu.

Tae sentiu o peso do saquinho de veludo no bolso. Tinha certeza de que queria dar aquelas pulseiras para Jungkook, mas agora essa certeza se tornava uma dúvida alfinetando sua consciência e Bogum não teve dificuldade em captar isso.

"Olha, espere um pouco mais, o que acha? Não é muito difícil saber o que essas pulseiras significam, basta ter visto o seriado e, pela popularidade dele, muita gente viu. Vai levar menos de dois segundos para fazerem a conexão se virem vocês dois usando, juntos. Até onde o fanservice deixa de ser fanservice e vira realidade? Você quer mesmo dar essa certeza para o público agora?"

"Talvez", Taehyung deu de ombros. "Eu não me importo mais, mas o caso não sou eu ou Jungkook. Envolve outras pessoas."

"É disso que estou falando."

Eles se entreolharam e a conversa mudou de rumo. Falaram sobre outros assuntos e riram, distraindo-se o máximo que podiam até Taehyung receber a ligação de um Sejin furioso mandando para que voltasse depressa para a empresa. Ele obedeceu, mas quando chegou lá, encontrou Jungkook na sala de treino andando inquieto de um lado para o outro, mordendo o lábio e cutucando a bochecha por dentro com a língua.

Péssimo sinal.

Os outros garotos tinham feito uma pausa para o almoço, e o maknae estava ali sozinho com Seokjin, a camiseta sem mangas grudada na pele suada, os olhos muito abertos cheios de uma especulação sombria.

"Hyung", ele chamou Taehyung quando o mais velho atravessou a sala para jogar a mochila num canto, perto da de Hoseok e Jimin. "Onde você se meteu? Sejin passou a manhã te procurando."

"Fui encontrar Bogum", Taehyung disse, alheio. Ainda estava com a mente cheia de caraminholas da conversa que tivera com o amigo. Ouviu Jungkook falando mais alguma coisa, mas não deu atenção. Os pensamentos voavam em sua mente como abelhas furiosas.

"Hyung!", Jungkook praticamente gritou.

Taehyung piscou, olhando-o assustado.

"Hã?"

"Estou dizendo que pedi almoço para a gente!"

"Ele até mesmo passou o próprio cartão de crédito", Jin debochou. "Eu nem consegui acreditar!"

Taehyung lançou um olhar crítico para Seokjin.

"Sério? E você deixou? Você é o hyung, devia pagar a nossa comida."

Estava só brincando, mas esqueceu de sorrir no final, não tinha vontade. Jin arregalou os olhos, indignado.

"Eu sempre pago! E não vai fazer mal ao Jungkook pagar de vez em quando e, ah, porque estou dizendo isso? Você também é o hyung dele, devíamos rachar o almoço, então!"

"Eu não estou com fome", Taehyung anunciou.

O maknae abriu a boca, olhando-o confuso.

"Você já almoçou?"

"Eu comi qualquer coisa com Bogum", Taehyung pegou o celular e os fones de ouvido na mochila. Não tinha comido nada, mas o chocolate quente embrulhava seu estômago. Sentia-se enjoado quando algo o incomodava, nem conseguia pensar em comida. Começou a se afastar.

"Taehyung", a voz de Jungkook soou fria. Tae se virou. "O que você tem?"

"Nada. Vou para uma sala vazia, estou com dor de cabeça."

Jin fez um bico com a boca e desviou o olhar para o chão, percebendo depressa o clima estranho. Taehyung sentiu o olhar de Jungkook queimando suas costas quando passou pela porta e saiu, mas não era o momento para conversarem. Ele precisava de um tempo para colocar sua cabeça em ordem.

Mais tarde, em casa, encontrou o saquinho de veludo no bolso do casaco quando foi enfiá-lo de volta no guarda-roupa. Suspirou, frustrado, e acabou empurrando o saquinho no fundo de uma gaveta antes de desligar as luzes e dormir.

2.

"Você está fazendo tudo errado de novo", Jimin disse, frustrado, assim que conseguiu encurralar Taehyung sozinho num dos camarins da empresa.

"Do que você está falando?", Taehyung tentou afastar o amigo da frente da porta para sair, mas Jimin fechou a cara e se encostou ali, vedando a saída. Jimin podia parecer excessivamente fofo, mas quando ficava com raiva, Taehyung não achava uma boa ideia confrontá-lo. Uma vez, quando ainda nem tinham debutado, tiveram uma briga séria que acabou com eles dois embolados, Jimin berrando vermelho possuído de ódio e Taehyung chocado, chorando de susto. Jurou para si mesmo que nunca mais ia provocar Jimin.

"Se isolando", Jimin o encarou. "Jurou para mim que não ia mais fazer isso, TaeTae."

"Não estou me isolando..."

"O que aconteceu?"

"Não acon..."

"Jungkook está estranho também."

"Ele não..."

"Seokjin não sai de perto dele, você sequer percebeu isso? Você sequer se dá conta de como todos nós estamos estressados e cansados com esse comeback!"

"Eu também estou", Taehyung piscou, se atendo ao que Jimin acabara de dizer. "Espere, porque está dizendo que Jungkook está estranho?"

As sobrancelhas de Jimin escalaram sua testa por debaixo da franja loira despenteada.

"Você as vezes pode ser um egoísta escroto, Taehyung, sabia disso?"

A raiva desceu pela garganta de Taehyung como ácido. Ele respirou fundo e falou no tom mais neutro que conseguiu:

"Estou pensando em vocês, Jimin. Não tem um dia que eu não pense em vocês, só em vo..."

Mas Jimin não queria ouvir. Taehyung reconheceu o gênio do amigo aflorando, os olhos castanhos ardendo, desafiadores, e soube que não ia adiantar argumentar, Jimin não o tinha arrastado para aquela sala para conversar. Ele ia tomar uma atitude, Taehyung se deu conta. E isso, de algum modo, o deixou esperando pelo pior.

"Você não aprende com seus erros, Taehyung", Jimin disse. Toda a postura dele era intimidadora, por mais que fosse o mais baixo ali. O queixo erguido, a voz firme, o modo como ele se posicionava na frente da porta, desafiando Taehyung a ultrapassá-la. "Eu já estou de saco cheio disso. Eu estive do seu lado quando você sofreu, mas não vou ficar do seu lado agora. Porque está machucando Jungkook? Você sabe que ele não sabe lidar com isolamentos e você está se isolando e o afastando!"

"Só estou poupando todos nós de algo arriscado, Jimin", tentou explicar, mas Jimin não cedeu. Um peso ruim se instalava em seu estômago e ele lembrou do que Jungkook tinha pedido em Jeju, praticamente suplicado para que Taehyung não o afastasse de si. E, merda, ele estava fazendo justamente isso outra vez.

"Seja direto!", Jimin exigiu com um berro grave. O coração de Taehyung disparou.

"O que?"

"Diga de uma vez, Taehyung, diga! Do que você tem medo?"

"Do que vão pensar se souberem que estamos juntos!", disparou e se afastou de Jimin. Na mesma hora em que falou, soube que estava se expressando errado, insuficiente, como sempre. Passou uma mão pelos cabelos na parte de trás da cabeça, puxando-os.

Não era uma pessoa explosiva, mas nem mesmo seu melhor amigo tinha o direito de pressioná-lo assim, ele não sabia como era, qual era a sensação de estar sufocando o tempo todo, de querer tanto alguém a ponto de doer e, mesmo assim, ter que calcular cada movimento, cada gesto.

"É disso que você tem medo?", Jimin falou, a voz sutil e ameaçadora causou calafrios desagradáveis na espinha de Taehyung. Abriu a boca para responder, mas Jimin o atropelou: "Do que vão pensar, do que vão achar? Então talvez você deva sentir isso, Taehyung, sentir de verdade, só assim vai conseguir superar."

"Jimin, o que..."

"Se você não faz, eu faço. Sinto muito, mas você não pode esperar amar alguém sem se arriscar."

"Jimin, por favor...", a garganta de Taehyung fechou e ele quase não conseguiu falar.

"Eu vou fazer isso por você", Jimin abriu a porta e apontou para Taehyung. Uma promessa cruel. "Já chega de ter medo e não agir."

"Jiminie!", Tae viu o amigo sair e sumir nos corredores. O coração disparou. Sentia que algo ruim estava por vir. Não queria nada disso, irritar Jimin, estava perplexo com o rumo que as coisas estavam tomando. Era o fim da linha.

Eu vou fazer isso por você.

3.

E Jimin fez.

Foi o pior fim de semana da vida de Taehyung.

Jimin arrastara Jungkook para uma viagem, sozinhos. Mais do que isso, o destino que Jimin escolheu era nada menos que a Disney de Tokyo. A viagem que Taehyung dizia quantas vezes fosse preciso que queria fazer com Jimin. Uma viagem de irmãos. Jimin fora estratégico até nisso.

Taehyung estava tão absolutamente desgostoso que passou três dias inteiros na cama, numa fossa como jamais tinha experimentado na vida, embrulhado nas cobertas geladas. Seokjin tentava convencê-lo a saírem para jantar, mas ele recusava. Namjoon se aproximava e o afagava nas costas, dizendo palavras desajeitadas de consolo. Nada adiantava. Taehyung só se embolava mais e mais em seu casulo.

Sentia dor.

Não uma dor física, uma dor causticante. Não conseguia entender porque Jimin estava fazendo isso consigo. Sentia a dor da culpa por saber que tinha falhado com Jungkook, e sentia a dor da traição por causa de Jimin. Era uma dor dupla, rasgando-o completamente por dentro. Ele nem ao menos conseguia chorar, estava em choque.

Sabia que não era uma viagem romântica, claro. Mas era o que ela significava aos olhos dos outros que o perturbava. Eles seriam vistos juntos, Jimin e Jungkook. Seriam vistos juntos como Taehyung jamais tivera coragem de se expor com o maknae. Nas ruas, nos restaurantes, nos parques. E tudo que Taehyung mais sonhava na vida era ter essa liberdade, de só estar perto de Jungkook fazendo coisas banais, sem temer o que iam achar ou pensar, sem ter pesadelos com o olhar julgador de seus pais ou a voz de Sejin mandando que se afastassem.

Ele queria tanto aquilo.

Se sentir livre.

Por mais que tivesse admitido para Jungkook que gostava dele, que queria estar com ele, do que valia isso se não podiam realmente ser livres? Não da forma como Jimin estava fazendo questão de mostrar para o mundo, praticamente esfregando na cara da mídia enquanto vagava por Tokyo com o maknae a tira colo. Nem quando estiveram em Jeju, isolados do mundo, Taehyung conseguiu realmente relaxar. Só tocava em Jungkook quando tinha certeza de que estavam sozinhos. Só conseguia se soltar totalmente entre quatro paredes.

Ainda estava preso.

E essa era a terceira dor.

4.

Não quis ver as redes sociais. Nem entrou no Fancafe. Sabia que a essa altura já havia um monte de fotos e hastags de Jikook espalhadas pela internet, e por mais que isso nunca tivesse realmente incomodado Taehyung, pois fazia parte do trabalho deles tanto quanto mimar os fãs, dessa vez era diferente. Não era um photoshoot Jikook, não era para agradar o fandom. Era porque Jimin queria. E Taehyung tinha certeza absoluta de que Jimin faria bem feito, ele daria um jeito de estampar a realidade em sua cara, ele tinha dito que faria.

Se você não faz, eu faço. Sinto muito, mas você não pode esperar amar alguém sem se arriscar.

Taehyung não teria como fugir daquilo. Cedo ou tarde, ele veria. Ele sentiria.

5.

Quando Jungkook e Jimin voltaram de Tokyo, a personalidade superficial de Taehyung assumiu o controle naturalmente. Ele riu e brincou com os amigos e os staffs e fingiu não ouvir a animação na voz de Jungkook quando estavam todos no camarim sendo maquiados e preparados para o próximo evento, a conferência para a Unicef, e o maknae mostrou para Hoseok e Seokjin as fotos que tirou com Jimin na viagem.

Por dentro, Taehyung estava despedaçado.

Quando ninguém estava olhando, procurava o maknae pelo reflexo dos espelhos. Ele estava visivelmente mais leve, e Taehyung entendeu que por mais que Jimin tivesse feito aquilo para cutucá-lo fundo, também fez para proteger Jungkook.  Não conseguia sentir raiva de Jimin, mesmo quando ficou embolado em sua cama, perplexo; em algum lugar escondido em sua consciência, sempre soube porque o amigo estava fazendo aquilo.

Ele merecia. Precisava sentir na pele como era querer muito algo, desejar tanto a ponto de isso ser maior que todos os medos. Jimin disse que mostraria como era, e ele estava falando exatamente dessa sensação.

Taehyung não podia adiar mais. Estava mais do que na hora de entregar para Jungkook aquelas pulseiras. Não ligava se as pessoas iam ver e falar, que acreditassem no que quisessem. Depois das fotos tiradas pelas fãs e vazadas nas redes sociais, já estavam falando de Jikook a torto e a direito e, pensando bem, era o melhor momento para dar o presente a Jungkook, quando o foco estava todo indo na outra direção.

"Jeongguk", chamou-o quando estavam prestes a sair para o evento. Entraram numa sala de treino vazia e fecharam a porta. Jungkook olhava para Taehyung apreensivo, esperando o que viria. A camisa social branca e o terno preto marcava seu peito e ombros com perfeição. Tae pegou o saquinho de veludo que tinha trazido consigo no bolso traseiro da calça e o virou na palma da mão. "Isso, hm, é para você."

Jungkook olhou para as pulseiras emboladas na palma da mão grande de Taehyung.

"O que é isso, hyung?"

"Ah, é só uma versão adaptada daquelas pulseiras do dorama do Bogum. Sabe, aquelas. Que eles usam. Você sabe", Taehyung sorriu sem graça, olhando para baixo.

Jungkook pegou uma delas e a estendeu diante de si.

"É bonita", tocou os pingentes duplos azuis. Taehyung viu a expressão do maknae suavizar e engoliu em seco, o olhar deslizando por seu rosto até encontrar a boca rosada e macia, e os dentes brancos aparecendo por detrás dos lábios entreabertos. Sentiu vontade de meter a língua ali e prová-lo..., "Hyung, é uma pulseira da amizade?"

"Hã?"

"É uma pulseira da amizade?"

"Não", Taehyung oscilou na direção de Jungkook, que ficou imóvel. Eles se olharam. E olharam. E olharam um pouco mais, até que foi a vez da atenção de Jungkook recair na boca de Taehyung e ambos engoliram em seco.

"Você vai usar?", Tae perguntou.

"Por que eu não usaria?"

Tinham se aproximado tanto que as costas de Jungkook estavam quase na parede e seus peitorais praticamente se colavam. Taehyung sentia o calor de Jungkook, seu cheiro inebriante de leite, sua boca já lubrificava com saliva desejando o sabor do maknae.

Ele estava tão bonito. Taehyung não sabia se era porque tinham transado e fora tão delicioso, mas Jungkook estava... Céus, tão, tão lindo. Tudo nele irradiava, atraia Taehyung, desde os cabelos escuros como a noite sobre a tez clara como algodão até os brincos de prata brilhando nas orelhas macias. As mandíbulas afiadas. Aquela pinta no meio do pescoço. Ele inteiro. Taehyung queria ele inteiro, toda hora, todos os dias e ter que sufocar isso o estava deixando maluco, de verdade.

Eles nunca deviam ter provado a maçã proibida.

Tinha sido suculenta demais.

Taehyung não conseguia esquecer o gosto.

Molhou os lábios nervosamente, a respiração acelerada e quente de Jungkook roçou sua bochecha. Apoiou uma mão na parede atrás de Jungkook e encostou de leve a boca na do maknae. Eles prenderam a respiração.

"Você... sabe o que elas significavam, não sabe?", Tae murmurou. Sentiu os dedos de Jungkook em sua nuca, o puxando para mais perto. As bocas se pressionaram devagar, suavemente. Taehyung conteve um suspiro, estava sedento por isso, contato. Pele. Calor.

Jeju estava tão longe agora. Um sonho azul e puro que ele queria sonhar de novo, mas a realidade era dura e áspera, tragando-o para a escuridão.

Aproximou-se até ter o corpo de Jungkook colado ao seu, o peito, as pélvis e as coxas se tocando. Os narizes se acariciaram numa provocação breve antes de selarem os lábios outra vez. Taehyung segurou o rosto de Jungkook, a ponta dos dedos encontrando o lóbulo da orelha e a argola prateada, o polegar tocando a pele macia da bochecha e em seguida erguendo o queixo do maknae para encaixar um beijo.

Taehyung queria chupar Jungkook, penetrá-lo, possui-lo, mas não tinham tempo. Asfixiou todas as vontades para deslizar a língua na do maknae de forma lenta, por mais que de modo algum pudesse considerar aquele beijo inocente.

Estava em chamas. A garganta seca de desejo e o fato de que Jungkook estava gemendo manhoso e baixinho em sua boca só piorava tudo. Taehyung o beijou e beijou e beijou, pressionando involuntariamente o maknae mais e mais contra a parede.

"Sinto sua falta", sussurrou ao estalar selares macios na boca de Jungkook. "Toda hora, todo dia, Jeongguk, eu preciso de você."

"Hyung...", Jungkook apertou a cintura de Taehyung, os dedos envolvendo o tecido da camisa, a respiração ligeiramente ofegante. "Agora não dá."

"Aham", Tae assentiu depressa. Beijou o rosto de Jungkook, espalhando carícias pela mandíbula e pescoço. Encostou a testa na dele, fechou os olhos e controlaram juntos a respiração.

Então, Taehyung sentiu algo mudar. O corpo de Jungkook imprensado no seu ficou de repente teso. Quando olhou para baixo viu o punho do maknae se fechando com força em volta da pulseira como se quisesse esmagá-la.

"Taehyung, você só está me dando isso porque viajei com Jimin", Jungkook sentenciou.

Taehyung se afastou bruscamente, como que se as palavras do maknae dessem choque.

"O que?"

"Eu sei o que essas pulseiras significam, mas porque está me dando elas justamente agora, depois da viagem que fiz com Jimin hyung?", perspicácia toldou os olhos escuros de Jungkook, fazendo-o parecer mais maduro. "É sua forma de marcar território comigo?"

"Não! Gukkie, não é nada disso!"

"Não é? Então por que é exatamente o que parece?", Jungkook passou por Taehyung e saiu da sala.

O mais velho reprimiu a vontade de socar a cabeça na parede. Por que infernos era tão difícil fazer as pessoas o entenderem?

Não trocaram uma palavra durante a conferência, embora tivessem distribuído sorrisos nos momentos exatos. Dentro da van, Tae buscou o olhar de Jimin, mas o amigo estava conversando com Hoseok. Desviou o olhar e encontrou o de Jungkook. O maknae o encarou de volta, os grandes olhos escuros e brilhantes cheios de agitação. Viu os dedos do mais novo irem discretamente para o próprio pulso e acariciarem a pulseira... Taehyung arquejou de surpresa. Ele estava usando a pulseira!

Deus, queria tocá-lo. A sessão na sala de treino fora rápida demais, só serviu para deixá-lo mais necessitado do que antes. Era uma vontade tão avassaladora que fazia as entranhas de Taehyung ferverem. Acabou desviando o olhar para as próprias mãos vazias. Elas pareciam tão frias e sem propósito longes da pele de Jungkook.

Foram engolidos pelos compromissos.

Mal tiveram tempo para dormir e respirar e estavam no palco em Pyeongchang para um show em tributo às olimpíadas de inverno. Não conseguiam tempo nem privacidade para conversar, mas ter visto que Jungkook aceitou e usava a pulseira foi um alívio tão grande para Taehyung que ele relaxou um pouco durante o evento. Conversou com outros idols, inclusive com Baekhyun, que por causa da organização dos grupos acabou ficando ao seu lado no palco durante grande parte do evento.

Percebia o idol se esgueirando para junto de si, puxando assunto, e correspondeu. Para Taehyung, era natural dar atenção às pessoas e ele gostava de ter a atenção delas também. Além disso, Baek tinha uma carinha fofa, os olhos atentos que faziam Taehyung rir. Enquanto conversava com ele, apertava distraidamente os ombros de Hoseok e escondia-se atrás do amigo quando ria de algo que Baek dizia. Em geral, durante os eventos, ficava perto de Jimin ou Jungkook, mas toda a linguagem corporal de Jimin era clara como cristal, ele não ia sair de perto de Jungkook Ficou ao lado do maknae, puxando-o para perto de si numa postura protetora.

Quando Taehyung os olhava, sentia um gosto ruim no céu da boca. Não era ciúmes. Era saudade. Sentia falta de Jimin, e sentia falta de Jungkook. Precisava daqueles dois para sobreviver, seu melhor amigo e o garoto por quem era apaixonado desde sempre. Estava preso num triângulo de afeto e nunca o laço entre eles estivera mais forte e ao mesmo tempo tão frágil.

Tentou trocar alguns olhares com Jungkook, mas o maknae parecia irritado com algo, mordendo o lábio, inquieto, virando-se toda hora para ver o que Taehyung estava fazendo. Jimin e Yoongi lhe lançaram olhares secos que fizeram Taehyung piscar, atordoado.

E agora o quê? Porque todos estavam lhe lançando olhares acusatórios?

Tirou as mãos dos ombros de Hoseok e virou-se para Jungkook. Atrás de si, Baek dizia alguma coisa, mas Taehyung não estava mais ouvindo. Encarou Jungkook, pensado que se desse atenção para o maknae aquele clima esquisito se dissiparia, parecia tanto com aquela noite em Bangkok quando Jungkook decidiu fazer uma live e acabou provocando Taehyung ao limite.

Daquela vez, Jungkook baixou a guarda quando Taehyung lhe deu atenção e vice-versa.

Mas justamente quando Taehyung se prontificou a isso, Jimin cochichou algo no ouvido do mais novo e os dois levaram os microfones à boca para cantar, dando as costas para Taehyung.

Tae suspirou.

Ia ser mais difícil do que imaginava.

6.

Jungkook olhou para a tela do computador, avaliando pela última vez o vídeo que acabara de editar antes de enviá-lo para o canal da Big Hit. Tinha dado um trabalho do cão, ele ficou dias editando, escolhendo as cenas certas, a música certa, a fonte, as animações.

Mas sentia-se satisfeito. Era o mínimo que podia dar a Jimin depois de tudo, todos aqueles anos de amizade.

Quando Jimin lhe disse que iam viajar juntos, Jungkook ficou pasmo. Jiminie simplesmente apareceu com as passagens compradas e começou a fazer as malas e mandar que o maknae fizesse o mesmo. Quando Jungkook tentou argumentar, Jimin não deu brecha, falou que já tinha inclusive fechado o hotel e comprado entradas para a Disney. Iam se divertir, ponto final.

"E leve sua câmera", fez questão de frisar. "Você vai filmar tudo, e vai postar."

"Hyung, eu não gosto de me expor assim."

"Então me exponha. Tanto faz, o importante é que vejam e saibam que você esteve comigo e foi divertido para um caralho."

Jungkook podia se recusar, mas não encontrou motivos. Gostava da companhia de Jimin e queria mesmo se distrair um pouco. O comeback estava sendo exaustivo e, além disso, estava pensando demais em Taehyung. Não conseguia se concentrar em nada que não tivesse a ver com o hyung e a forma estranha com que ele voltara a agir. Não fazia sentido depois de Jeju, mas Jungkook não conseguia entender o que estava acontecendo e acabava ficando aflito e inquieto.

"Ei, grave isso", Jimin dizia enquanto andavam pelas ruas de Tokyo, entrando nas lojas, fazendo compras e enchendo a barriga de comidas gostosas. "Está gravando?"

"Porque você quer tanto que eu grave, hyung?", Jungkook ria, mas pegava a câmera e filmava Jimin. "Porque quer tanto que vejam?"

"Porque não tem nada de errado em duas pessoas se divertindo, Jeongguk. Você sabe disso, não é?"

Bom, ele achava que tinha, sim. Um pouco. Não era errado quando fazia isso com Seokjin ou Jimin, mas quando pensava em Taehyung... Fazia muito tempo que não saiam juntos. Desde que... as coisas ficaram mais sérias. Taehyung só aceitava fazer coisas com ele se fossem atividades que podiam fazer entre quatro paredes, como jogar ou ver doramas. Mas, ironicamente, ele andava saindo bastante com Bogum e seus amigos atores. Iam para norebangs. Viajavam no fim de semana. Jantavam fora.

Pensar nisso fazia Jungkook se sentir mal. Ele sabia que Taehyung tinha esse magnetismo irresistível que fazia as pessoas ficarem completamente fascinadas por ele em cinco segundos, até mesmo aquela idol bonita que não costumava dar moral para homens, Irene, ficara hipnotizada por Taehyung. Jungkook tinha rido na ocasião, um evento de kpop, quando pegou a garota o olhando de boca aberta, praticamente babando.

Não era uma reação incomum e Jungkook já estava acostumado. Entrevistadores, outros idols, fãs, crianças, cachorro – nenhuma criatura parecia capaz de resistir a Kim Taehyung. Era até engraçado.

E depois de Jeju, Jungkook não sabia dizer porquê, mas pelo menos para si, Taehyung estava dolorosamente bonito. Mais que o normal. Aquele cabelo acetinado e comprido caindo sobre os olhos arqueados, loiro acinzentado, a pele cor de caramelo lisa e aveludada, o brinco longo de prata roçando no pescoço elegante,  oscilando quando ele movia a cabeça, o sorriso sereno e a autoconfiança recém-adquirida... As pessoas diziam que ele não podia ser real e Jungkook se via concordando intimamente com isso.

Mas o fato era que ele não causava esse efeito só no maknae. Ele estava atraindo atenção demais e Jungkook não sabia lidar com isso. Não podia exigir que Taehyung fosse indiferente às pessoas que o cercavam, jamais criaria esse tipo de relação doentia com seu hyung, mas também não podia mentir e fingir que não o afetava.

Pode ser que tivesse exagerado um pouco no show em Pyeongchang, mas Baekhyun olhava para Taehyung como um cachorrinho louco para ganhar um afago. Isso irritou Jungkook até a medula.

Talvez só por isso tenha aceitado usar a pulseira. Ele era seu. Eles eram um do outro, por mais brega que fosse. Ele queria que as pessoas soubessem, droga. E elas eram bonitas, as pulseiras. Delicadas e até mesmo um pouco frágeis, como Taehyung.

E Jimin tinha o feito perceber que não era um problema se divertir com alguém. Não seria isso que sentenciaria uma amizade ou um relacionamento romântico. Eles não precisavam escrever em suas testas o que eram um para o outro para que o mundo soubesse – eles não tinham que dar satisfações e era isso que Taehyung ainda não conseguia enxergar.

Jimin estava certo. Taehyung precisava ver como era para entender. Mas Jungkook teria paciência, ele sempre tinha.

Decidiu que ia filmar Jimin durante a viagem, depois editar tudo num vídeo de gratidão. Escolheu There For You, de Troye Sivan, como música de fundo, porque o cantor gravara essa música para seu melhor amigo quando se assumiu homossexual e o teve ao seu lado. Jungkook sabia que Jimin sempre o apoiaria, ele era mais que um bom amigo. Depois dessa viagem, Jungkook teve ainda mais certeza de que não estava sozinho, não precisava estar, havia alguém pronto para lhe estender a mão, abraçá-lo, fazê-lo rir.

Park Jimin.                                    

Sim, seria um presente para Jiminie, por mais que, no fundo, Jungkook não achasse que um vídeo era o bastante para agradecer uma amizade.

Com um suspiro, enviou o vídeo para o canal. Enquanto os dados eram upados, Jungkook mudou a tela e iniciou overwatch. Jogar era uma das poucas coisas que absorvia sua atenção a ponto de suplantar todo o resto, sua dose diária e alienação e alívio.

Quase duas horas mais tarde, enfim recebeu uma notificação de que o vídeo estava na plataforma. Dez minutos depois, a internet estava explodindo com menções Jikook. Jungkook não ficou nada surpreso. Esperava por isso. Encaixou os fones imensos no ouvido, apoiou as Timberlands na mesa e voltou a jogar.

7. 

"Taehyungie", a voz de Jimin do outro lado da linha era calorosa.

"Oi", Taehyung respondeu no viva-voz, levando até o caixa a latinha de refrigerante para pagar.

"Onde você está? Estou aqui, acabei de chegar."

"Estou indo. Espere mais um pouco, por favor."

Jimin suspirou, em seguida Taehyung achou tê-lo ouvido rir.

"Eu sempre vou esperar, Taehyungie. Venha logo, ok? Está frio."

Taehyung acrescentou pachs de compressa quente à compra, pegou a sacola com tudo e entrou no carro. Era por volta de três e meia da manhã e fazia dez graus negativos. Não deviam estar na rua àquela hora, mas era a hora em que viviam. Depois que os shows acabavam, os compromissos se encerravam e suas vidas particulares começavam. Sempre de madrugada, quando a cidade dormia, eles viviam.

Estacionou o carro na praça perto do rio Han e desceu. Foi atingido no rosto pela temperatura baixa e estremeceu. Da última vez que estivera ali fora com Minjae, em seu aniversário, uns dois anos atrás. Também foi o dia em que Jungkook liberou o cover de Fools e, depois disso, tudo tinha mudado rápido demais.

Viu Jimin sentado num dos bancos da praça, usando um casacão preto e coturnos envernizados por cima da calça jeans grossa. Ele acenou ao levantar a cabeça e ver Taehyung se aproximando. Tae sorriu. Jiminie, sempre estiloso, mesmo no frio negativo da madrugada de Seoul.

Abriu a sacola e atirou para ele os pachs aquecidos. Jimin gemeu de satisfação ao encostá-los nas bochechas já vermelhas de frio.

"Obrigado, TaeTae."

Taehyung sentou ao lado dele e enfiou as mãos enluvadas nos bolsos. Jimin pressionou mais os pachs no rosto, a boca carnuda formando um bico e as bochechas espremendo os olhos em traços. Taehyung teria rido se não estivesse tão contrariado. Jimin sabia disso e suspirou, afastou os pachs do rosto, os ombros cedendo.

"Taehyungie, não vou aceitar que fique com raiva de mim."

"Eu não estou", admitiu.

"Você entende porque fiz isso, não é?"

Taehyung não respondeu. Esticou as pernas para frente e cruzou os tornozelos. Encarou as próprias botas Gucci. É, ele entendia. Só que doía, de qualquer forma.

"Olhe para mim", Jimin pediu. Taehyung o olhou. Viu o rosto bonito de Jimin ficar sério, apesar das bochechas coradas, os olhos grandes e castanhos o fixando, os cabelos descoloridos arrepiados e cheios fazendo com que parecesse um anjo de porcelana. "Doeu em mim ter sido tão duro, mas você nunca ia entender se eu não te mostrasse."

Os olhos de Taehyung arderam. Ele não gostava de chorar, mas Jimin tinha algo que o sensibilizava. Ele não conseguia se esconder de Jimin, ficava completamente vulnerável na presença dele.

"Taehyungie", Jimin passou uma perna para o outro lado do banco. Aproximou-se mais, o olhar inquisidor no rosto do amigo. Taehyung sentiu o joelho dele pressionando a lateral de sua coxa. "Não tem problema sentir medo, mas isso não pode definir quem você é ou o que você faz. Apesar do que vão falar ou pensar, você tem que viver."

A boca de Taehyung se curvou para baixo numa careta triste enquanto ele ouvia o amigo, um bolo se formando na garganta. Os dedos de Jimin pousaram em seu ombro e ele sentiu a respiração quente do amigo tocando sua orelha.

"Jungkook fez um bom trabalho", disse enfim, sem ressentimentos. "Com o vídeo. Foi uma homenagem bonita, Jiminie, você mereceu."

"Aish", Jimin riu, mas não se afastou, e a sensação de sua risada perto do pescoço de Taehyung o fez sorrir também, o estômago se aquecendo apesar do frio exterior. "Podia ter sido com você."

"Quando eu assisti, pensei o quanto eu queria isso", Tae admitiu, as lágrimas mornas traçando linhas finas sobre as bochechas coradas de frio. "Só... sair nas ruas com Jungkook, viajar sem me importar se estão tirando fotos e especulando. Como vocês fizeram. Mas, por ser real, eu sinto o peso disso. Dessa responsabilidade. Eu tenho medo de fazer algo que não pode ser feito, um flagra, e colocar tudo a perder. Tudo. Eu me preocupo com vocês, Jiminie."

Ficaram calados por um momento. Os dedos gelados de Jimin migraram pela gola do casaco de Taehyung e se aninharam na pele quente de sua nuca. Taehyung se perdeu em pensamentos, alheio ao olhar atento de Jimin em seu rosto.

"Taehyungie, não posso mais ver você assim. Por favor, isso... machuca", a dor na voz de Jimin fez Taehyung erguer o olhar e encarar o amigo. Os olhos escuros de Jimin brilhavam com lágrimas cristalinas, intensos, profundos.

Havia tanta coisa ali. Jimin era um mistério insolucionável e Taehyung só podia desconfiar dos segredos mais obscuros do amigo. Ele sabia que Jimin tinha alguns que não confessava nem para si mesmo.

Mas era quando olhava nos olhos de Jimin enquanto choravam juntos que entendia mais do que nunca o significado da própria música que tinham gravado juntos, todos eles. DNA. Por todos aqueles anos, quando eles sofriam, era porque tinham um ao outro que conseguiam se erguer. Tinham tanta sorte. Eles não eram irmãos de verdade, mas apesar disso tinham uma ligação tão, tão forte, ainda mais poderosa que qualquer laço de sangue. A dor dele era a de Jimin, a dor de Jimin era a de Taehyung e elas se misturavam no silêncio da madrugada num único sentimento purificado.

"Não nos importamos de carregar um pouquinho da sua responsabilidade, Tae", Jimin disse.

Taehyung passou o braço pelo pescoço de Jimin, puxando-o para si. Sentiu o peito se encher de alívio ao chorar com o amigo. Eles riam juntos, mas chorar juntos tinha um significado mais grandioso, como se suas almas estivessem se escorando uma na outra, respirando aliviadas. Havia força naquele gesto, mais do que qualquer um dos dois podia compreender.

"Seja feliz", Jimin pediu baixinho contra a garganta de Taehyung. Afastou-se e passou as costas das mãos pelas lágrimas. A ponta do nariz estava vermelha, assim como as bochechas e os olhos, e sua pele parecia tão pálida quanto o loiro dos cabelos.  "Você vai ser feliz, Taehyungie?"

"Eu vou", prometeu, encostando a testa na de Jimin. Jimin fechou os olhos e assentiu.

"Vamos para casa agora? Está tão frio."

"Jiminie", Taehyung o segurou pelo pulso quando Jimin começou a levantar. O traseiro de Jimin caiu duramente de volta sobre o concreto gelado do banco. "Eu amo você."

"Aish, você já disse isso", Jimin o empurrou, rindo. "Centenas de vezes."

"E daí? Estou dizendo mais uma."

"Isso soa como uma mentira! Você diz isso toda hora para mim e nunca diz para o Jungkook! Deve ser porque é mentira!"

"Como sabe que eu nunca disse pro Jeonggukie?"

"Ele me contou", Jimin riu com vergonha.

"Vocês estão tão amiguinhos agora, só porque dormiram na mesma cama", Tae alfinetou.

"Você está com ciúmes de quem, de mim ou dele?"

"Faz diferença?"

"Faz, sim!", Jimin o sacudiu, apertando-o nas costelas. "De mim ou dele, Taehyungie?"

"De você! De você!", Tae riu, a gargalhada que Jimin amava, divertida e genuína que o fazia parecer um garoto de doze anos.

"Como você é mentiroso! Merece apanhar tanto!"

Jimin partiu para cima de Taehyung, tentando beliscá-lo na cintura. Tae levantou e tentou correr para longe, mas Jimin pulou em suas costas, fingindo dar uma chave de braço e o apertando com as coxas ao redor dos quadris esguios.

"Não é mentira!", Tae riu mais alto. Agarrou os braços de Jimin em volta de seu pescoço, mas não fez força para tirá-lo dali. "Não é, eu juro! Jiminie, aigoo.... aigoo, você pesa..."

"E você só tem tamanho", Jimin desceu de suas costas e ficou na frente de Taehyung, num gesto silencioso para que o outro o montasse. Taehyung acomodou-se nas costas de Jimin, o abraçou pelo pescoço e eles andaram atracados na direção do carro, as respirações condensando juntas no ar gelado e as risadas ecoando na praça deserta às quatro horas da manhã.





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POR FAVOR LEIAM PARA NÃO ME TACAREM PEDRA NOS COMENTÁRIOS:

Sobre o G.C.F. in Tokyo: Eu sei que muita shipper taekook acha a viagem Jikook pra Tokyo e o vídeo que o Jungkook fez pro Jimin nada demais (no sentido de não ter afetado taekook, não no que tem a ver com a amizade de Jikook, ok?) e eu concordo em partes. Analisando isoladamente, sim, não vejo nada ali além de uma amizade linda e um presente de gratidão do Jungkook por Jimin. Fatos que me levam a pensar isso: a música, claramente de GRATIDÃO e amizade, e o próprio vídeo em si filmado todinho para o Jimin, como se ele fosse a estrela, e o fato de que o Jungkook publicou ele. Não é da natureza dele expor coisas muito pessoais de forma tão direta, e ele não teria feito esse vídeo e postado se o que sentisse pelo Jimin fosse algo romântico. Ele mal posta selcas do próprio rostinho, imagina se ia expor um relacionamento íntimo assim, se fosse mesmo namoro, e eu nem falo pela questão do preconceito e tal (que por si só já é uma razão forte), falo da natureza do Jungkook mesmo.

MAS, analisando esse episódio Jikook como um todo, eu não consigo achar que foi tão de boas para taekook como, a princípio, eu estava inclinada a acreditar. Primeiro porque a maknae line é um grude só. Não que o Jungkook não pudesse fazer uma viagem só com o Jimin, tanto quanto o Jimin poderia fazer uma só com o Tae e o Tae só com Jungkook, mas achei bem estranho que justamente depois que eles voltaram da viagem, aconteceu o show em Pyeongchang e Taekook estavam, de novo, estranhos. Eles pareciam ter tido algum desentendimento até antes do show porque já entraram afastados, o Jimin colado no Jungkook, sério, e toda a linguagem corporal do Jimin era de proteção com o Jungkook. E antes da viagem Jikook, durante o comeback, taekook estava se derretendo um pelo outro para quem quisesse ver.

No mesmo período dessa viagem, parece que o Yoongi e o Jin viajaram juntos e o Namjoon viajou tb, o que prova que eles realmente tiraram um momento para relaxar no meio da correria do comeback, mais do que justo, mas o Tae e o Jimin diziam que queriam ir juntos para Disney e aí o Jimin vai com Jungkook? Kkkkk Eu pesquisei na época se o Tae estava ocupado com algum compromisso e não pode ir, mas não encontrei nada. Mas mesmo que ele estivesse, tipo, Jimin, anjinho, vc não podia ter esperado pelo amiguinho e ido pra outro lugar? Tinha que ser a Disney? HAUuahuhua

Pois é, porque, ao meu ver, era MESMO pra ser um momento intencionalmente Jikook.

Aí, partindo da certeza que nenhum deles jamais faria algo para ferir o outro (teoria de ciuminho pra mim é piada), mas que taekook apareceu estranho depois dessa viagem, (e vamos lembrar que as pulseiras do destino taekook surgiram nessa época) concluí que talvez algo já estivesse estranho entre eles um pouco antes disso e que é possível sim que o Jimin tenha resolvido ir para a Disney com o Jungkook para proteger ele (e dar uma cutucada no Taehyung, por que não?), e por isso (e por outras razões, claro), o Jungkook fez o vídeo para ele. Não seria um comportamento estranho do Jimin, porque imagino ele fazendo isso por qualquer um dos meninos, ele parece ser bem o tipo de pessoa que faz qualquer coisa pelos amigos, pensa neles, tenta animá-los, apoia e dá bronca quando merecem, leva bolinho para cantar parabéns pros membros, mima eles kkkk Namjoon e Hosoek já disseram que eles não seriam nada sem o Jimin, que ele é fundamental para a união do grupo, por aí vcs tiram.

Eu podia simplesmente nem citar essa viagem Jikook aqui na fic, porque ela tem a ver, aparentemente, só com o Jimin e o Jungkook, portanto, não deveria estar numa fic Taekook. E eu NÃO estou querendo diminuir a amizade Jikook, pelo contrário, o que eu tentei passar aqui é que a amizade desses meninos, todos eles, mas especialmente da maknae line, É FORTE DEMAIS. Eu realmente vejo um triângulo de afeto neles. Eles três se amam demais e eu me arrisco a dizer que acho sim que, as vezes, essa amizade se confunde um pouco... mas não quero detalhar isso, ok? MAS ACONTECE que foi um certo acontecimento DEPOIS dessa viagem que me fez mudar de opinião e ver tudo isso de outra forma. Esse acontecimento será narrado no próximo cap. Aí sim vcs vão entender direitinho pq eu acho que a viagem Jikook pra Tokyo afetou SIM o Taehyung, mas de forma positiva.

LEMBRANDO QUE SÃO TEORIAS, OK? A escolha de acreditar nelas junto comigo é de vcs :)

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