5 o'clock
1.
Jungkook saiu do banheiro com a sensação de que estava prestes a transpor uma linha que separaria sua vida inteira. Não sabia se era algo bom ou ruim, embora os calafrios em sua espinha indicassem que seu corpo queria e, portanto, devia ser bom.
Taehyung estava deitado na cama, os braços cruzados atrás da cabeça, encarando o teto, mas sentou depressa assim que a porta do banheiro se abriu e Jungkook a ultrapassou. O olhar de Jungkook percorreu o corpo seminu de Taehyung. Livrara-se da toalha e estava só com uma boxer branca, e por mais que Jungkook já tivesse visto Taehyung sem roupas, até bem menos vestido que agora, a visão o deixou sem ar.
A noite caia devagar lá fora. O quarto estava quase totalmente escuro, a não ser pelos últimos raios do pôr do sol que entravam pelo janelão da varanda, tingindo tudo de um dourado melancólico. A pele de Taehyung parecia irreal naquela luz. Os cabelos loiros dele filtravam a claridade do sol laranjado como plumas. Jungkook podia cair de joelhos no chão e ficar apenas olhando para ele, ou tirar fotos, ou filmá-lo...
"Jeongguk", Taehyung o chamou.
"Hm?"
"Venha aqui", afastou-se na cama, dando espaço para que o maknae subisse.
Taehyung sentou de pernas cruzadas e Jungkook imitou a posição, ambos de frente um para o outro. Taehyung olhou para baixo e riu.
"Porque ainda está de calça jeans?"
"Ah..." Jungkook nem lembrava desse detalhe. Fez menção de ficar de joelhos para tirá-la, mas Taehyung o segurou pelo pulso.
"Tudo bem, só achei estranho. Faz parecer que você não está à vontade."
Jungkook sugou o lábio inferior. Seu estômago não parava de borbulhar como se tivesse ingerido um antiácido. A mão de Taehyung encaixou em sua nuca, trazendo-o para mais perto. As testas se encostaram e ele sentiu o olhar de Taehyung deslizando por seu rosto.
"Você é lindo demais, Jeongguk."
"Tae, eu... não sei se devíamos conversar sobre isso, mas... as nomenclaturas..."
"Nomenclaturas?"
"Ah, sabe...", Jungkook estava tão nervoso que poderia ter um ataque de riso. Estava soltando pequenas risadas sopradas que eram vergonhosas e nada adequadas para o momento. "Você usou a ducha e eu também, então eu não sei quem... sabe, quem deve fazer o que..."
"Isso importa?"
Jungkook levantou o olhar surpreso e fitou Taehyung. O mais velho não parecia nem um pouco constrangido ou preocupado com nomenclaturas. No fundo, Jungkook também não estava e ele se deu conta de que só estava falando sobre aquilo por convenção. Nunca havia parado para pensar que, realmente, para si, não fazia a menor diferença e era um alívio descobrir que para Taehyung também não. Tornava as coisas mais... fluidas e menos engessadas em padrões, e Jungkook tinha nervoso de padrões.
Ele tocou a pele de Taehyung acima do joelho, os dedos resvalando em círculos indo em direção à parte interna da coxa.
"Eu deveria... tocar em você?"
Taehyung sorriu.
"É uma pergunta bem estranha. Você sempre tocou em mim, Jeongguk. Sou eu, não tem nada de novo aqui."
"Mas... estou falando de tocar. De...", droga, porque não conseguia se expressar? Acabou olhando abertamente para a região entre as pernas de Taehyung, o volume ainda adormecido e acolhido na boxer justa. Taehyung enfim entendeu e um rubor cobriu seu rosto depressa. O mais velho pareceu não saber o que responder e Jungkook remexeu-se inquieto no lugar.
"Você não precisa me tocar assim tão diretamente", Taehyung murmurou, os olhos muito abertos, "Mas eu gosto quando você me toca, Jeongguk, em qualquer lugar."
Jungkook deixou os dedos explorarem a pele de Taehyung, os ombros, as clavículas, a maciez aveludada do pescoço e da nuca. Por mais que já conhecesse a sensação da pele quente de Taehyung embaixo de seus dedos, era diferente. Eles estavam mais sensíveis, os sentidos aflorados, os corações bombeando sangue depressa e tornando-os tão vitais como organismos expostos recém-chegados ao mundo.
Estava tão distraído com a forma como o sol tocava a pele de Taehyung e como seus dedos brancos cobriam a penugem dourada na base de seu pescoço que não percebeu o hyung encurtando a distância entre eles até que sua boca estivesse sendo pressionada de leve, a respiração de Taehyung a cobrindo. Em vez e fechar os olhos, Jungkook os manteve abertos. Viu quando os cílios de Taehyung desceram, as veias delicadas em suas pálpebras, a pele macia e sem poros sobre o osso da bochecha, cada detalhe minúsculo de Taehyung, enquanto a língua tocava devagar a do outro.
Sentiu uma vontade avassaladora e crescente de conhecer Taehyung de uma forma tão, tão íntima e pessoal que não sobrasse nada, absolutamente nenhum centímetro de pele inexplorada. Queria beijá-lo e tocá-lo e chupá-lo em todos os lugares e a expectativa disso o deixou, finalmente, duro.
Fechou os olhos, a respiração acelerando, e retribuiu o beijo de Taehyung. Reconheceu o furor do desejo crescendo entre eles e percebeu que não tinha porque ter se preocupado tanto – a química estava ali, agindo. Seus corpos estavam sendo aquecidos e despertos, expostos ao contato um do outro.
Os dedos de Taehyung passearam pelo cós da calça jeans de Jungkook, roçando a pele lisa logo acima e contornando-o até chegar nos botões. Abriu um por um sem pressa enquanto suas bocas se encaixavam num beijo cada vez mais urgente. Recuavam e se tomavam outra vez, e cada beijo era um embate novo, a pressão dos lábios mais forte, as línguas lubrificando depressa com saliva. Taehyung abriu o zíper da calça de Jungkook e escorregou a palma da mão pelo membro já rígido do maknae.
O gemido de Jungkook foi abafado pelo movimento da boca de Taehyung, que girou para se encaixar na dele. Nunca tinham beijado assim. Estavam definitivamente se engolindo. Não conseguiam se conter, a vontade de chegarem no que estava por vir os descontrolava.
Soltaram-se para respirar e a cabeça de Jungkook encostou na curva entre o ombro e o pescoço de Taehyung. Olhou para baixo, encontrando o volume do membro de Taehyung preenchendo quase toda a parte da frente da boxer, pulsando e umedecendo o tecido. Apertou a coxa do mais velho, os dedos cravando na carne com gana ao sentir Taehyung o chupando no pescoço. Aos beijos e a saliva de Taehyung aqueceram sua pele, cobrindo-a inteira de sucções leves e intermináveis. Jungkook fechava os olhos e exalava. O estímulo dos dedos de Taehyung em seu pênis eram contidos, ele estava mais concentrado em ligá-lo do que em aliviá-lo.
Jungkook fez o mesmo. Chupou o polegar e o passou pelos mamilos de Taehyung, arranhando com os dentes seu peito quente. Sabia que Taehyung era sensível nas coxas, acima dos joelhos e na parte interna, e as apertou e as massageou até senti-lo arquejando em seu ouvido. Taehyung era macio, músculos rígidos sob pele acetinada e morna.
Jungkook lembrou do quanto tinha ficado excitado vendo Taehyung cavalgar mais cedo e, quando percebeu, estava empurrando-o para deitar e virando-o de bruços. Desceu a boxer branca dele, arrancando-a com certa brutalidade, obcecado de desejo, e montou na parte de trás das coxas de Taehyung, admirando-o inteiramente nu só para si.
Ah, merda. As linhas de Taehyung eram tão excitantes... ombros largos, costas delgadas, o bumbum tão, tão maravilhosamente redondinho e firme... uma mistura perfeita e exata de elegância e masculinidade. Jungkook achava que estava descobrindo uma espécie de tara. Realmente ficava muito duro olhando Taehyung de costas. Percorreu as mãos por aquela pele quente, subindo e descendo e explorando tudo que podia, faminto. Taehyung movia-se agoniado de excitação debaixo de si, arfando rouco.
Jungkook o beijou e o lambeu, sugando e mordendo. Apertou e deu tapas na bunda de Taehyung, escutando o mais velho rir por causa de sua empolgação. Esfregou a ereção nele, apertando a glande melada de pré-gozo entre as carnes túrgidas, gemendo abafado só de imaginar Taehyung sentando bem gostoso em si, com aqueles movimentos de sobe e desce que ele mostrou saber fazer tão bem.
"Eu já entendi que você gosta da minha bunda, Jeongguk. Agora me deixe te mostra do que eu gosto em você."
Jungkook se deixou ser afastado e deitado na cama. Taehyung puxou sua calça jeans para baixo junto com a boxer, usando mais força quando as coxas musculosas de Jungkook ofereceram resistência ao tecido. Ambos ficaram completamente nus. Taehyung já estava suando e ofegando, a expressão tomada de luxúria e os olhos escuros quase líquidos, brilhando de tesão.
Taehyung ficou de joelhos sobre o maknae, a ereção tão dura que se erguia orgulhosa diante de seu abdome, a pele rosada esticada ao limite sobre as veias inchadas. Jungkook sempre tinha notado o quanto Taehyung era grande, deliciosamente grande, mas agora, olhando para ele, sentiu um aperto esquisito na base da garganta.
"Não é esse seu tanquinho que você passa horas na academia cultivando", Taehyung disse, sorrindo. Jungkook riu também. "Por mais que eu um dia vá marcá-lo inteiro com chupões."
O sorriso de Jungkook morreu. Caralho. Queria isso. Remexeu-se em expectativa.
"Você sabe o que é, Jungkook?"
O maknae molhou os lábios, sorvendo a respiração entre os dentes. Taehyung apoiou uma mão ao lado de sua cabeça e se aproximou. Jungkook olhou depressa para baixo – para o local onde suas ereções se comprimiram entre as peles trêmulas de suas barrigas. Ah, ele adorava isso... tão colados, tão quentes...
Taehyung encaixou a coxa entre as de Jungkook, as separando e deixando o peso do próprio corpo apertar o maknae, então oscilou os quadris de leve, atritando as ereções e arrancando suspiros do mais novo. Taehyung mordeu o lábio, encarando Jungkook como se quisesse fodê-lo com tanta força até virá-lo do avesso.
Jungkook gemeu.
"Aham. Exatamente isso", Taehyung moveu os quadris em círculos e levou a mão até ambas as ereções, estimulando-as. Jungkook estava tão excitado que revirou os olhos ao sentir os dedos do hyung deslizando por suas peles pulsantes cobertas de pré-gozo. "Você geme tão manhoso, Jungkook, tão delicioso, eu preciso ouvir isso enquanto...", a expressão de Taehyung oscilou entre desejo e desespero. Os ombros dele tremiam enquanto masturbava Jungkook devagar, ele parecia fora de si percorrendo o olhar vidrado por Jungkook inteiro, a ereção pulsando com força, clamando e expelindo pré-gozo sem parar, e Jungkook soube, sem precisarem dizer nada, o que viria a seguir.
Taehyung estava alucinado de vontade. Engolia em seco, ajeitava-se sobre Jungkook numa agonia, os quadris movimentando-se inconscientemente num vai e vêm discreto entre as virilhas do maknae, o peito expandia e contraia como se não conseguisse puxar ar o suficiente. Uma das mãos apertava a coxa de Jungkook, abrindo-o mais para si, a outra cravava fundo os lençóis.
O tempo todo, Jungkook achou que seria ele a tomar as rédeas da situação, já que Taehyung não falava muito sobre o assunto. Chegou até mesmo a desconfiar que estava bem mais ansioso para transar do que o mais velho. Acreditou tanto nisso que, quando percebeu o quanto Taehyung estava louco para meter, teve um choque de realidade e travou.
E então, uma onda de adrenalina o deixou sem ar. Taehyung estava fora de si de vontade de fodê-lo. Caralho, sim.
"Jeongguk, cadê o..."
Jungkook estava esticando o braço para agarrar o lubrificante na gaveta antes mesmo que Taehyung terminasse a frase. O tubinho deslizou entre suas mãos incertas, a respiração de ambos dobrou de intensidade enquanto Taehyung o abria e se preparava, as testas coladas e as peles pulsando como se fossem desgrudar do corpo. Os quadris de Jungkook deram um solavanco involuntário para trás quando os dedos lubrificados de Taehyung circularam sua entrada e eles se olharam em expectativa.
"Desculpa", Taehyung disse depressa, "Eu devia ter avisado..."
"Taehyung, não é melhor de costas?"
"Hã?"
"Sei lá, não é sempre de costas que as pessoas fazem?"
"Foda-se as pessoas, Jeongguk, eu quero olhar pra você."
Assustado, excitado, Jungkook assentiu. Percebeu que estava rilhando os dentes de tensão quando sentiu o maxilar doer de tanto que o contraia, e tragou o ar com dificuldade no instante em que sentiu a glande de Taehyung começar a forçá-lo. Cravou as unhas nos ombros do mais velho e pressionou-o para cima. Taehyung remexeu-se inquieto, a pele inteira coberta de suor.
"Espera, vai devagar."
"Estou indo devagar, Jeongguk..."
"Você não devia... fazer alguma coisa antes?", Jungkook apoiou-se nos cotovelos e mais uma vez seu olhar arregalado encontrou o pau vigoroso de Taehyung. Sua garganta fechou. Podia ser inexperiente na prática, mas lera bastante da teoria para saber que devia se acostumar com pequenas invasões antes da que ia de fato castigá-lo.
Taehyung passou a mão pelos cabelos e jogou-os para trás, impaciente. As bochechas estavam coradas, a boca vermelha e ainda inchada pelos beijos de instantes atrás, as mechas douradas do cabelo úmidas de suor. Jungkook queria pular tudo aquilo e ir para a parte em que suas peles se atritavam pegando fogo e eles gemiam e gozavam juntos, mas não existia uma forma de ter uma primeira vez sem traumas. Era o desconhecido e nenhum dos dois sabia o que fazer exatamente.
"Esquece", o maknae disse depressa, voltando a relaxar sobre os lençóis. Sentia todos os músculos do corpo contraídos e estava admirado com o fato de que, apesar do nervosismo, permanecia excitado demais. Só de olhar para Taehyung prestes a perder as estribeiras de tanto tesão, seu pau fisgava e estremecimentos incômodos se espalhavam por toda sua pélvis até embaixo.
Taehyung deitou-se sobre Jungkook outra vez, levando uma mão até a virilha do maknae. Eles se olharam, a sensação nova de intimidade latente era estranha, nunca estiveram tão perto um do outro, tão colados, prestes a trocar fluidos e sensações intensas compartilhadas. Quando os dedos de Taehyung resvalaram pelo períneo de Jungkook, ele se preparou para o pior, mas uma sensação esquisita o invadiu. Uma ardência suave e uma pressão estranha.
"Não quero machucar você", Taehyung murmurou. "Isso dói?"
"Não", Jungkook soltou o ar numa risada curta, então chiou quando sentiu a ardência aumentar e o incômodo crescer. Merda, se isso era só os dedos de Taehyung, ele não queria pensar no que...
"Rela...xa, Jeong...guk", a voz de Taehyung quebrou as palavras em arquejos. Ele estava se esforçando o máximo que podia para não ir rápido demais. "Você vai me esmagar se não relaxar."
Jungkook arregalou os olhos, indignado.
"Eu não sei como relaxar o meu cu Taehyung!", esbravejou. Queria rir e ao mesmo tempo socar alguma coisa.
"Aish", Taehyung retirou os dedos mais rápido do que deveria e Jungkook arfou com o desconforto, mas então engoliu em seco ao ver o mais velho se afastando. "Não sei o que estou fazendo aqui."
"Não, espera, eu não quis dizer isso!"
Pronto. Maravilha. Estava tudo acabado. Um desastre completo.
Mas para o choque de Jungkook, Taehyung não levantou da cama. Ele deitou de bruços, o rosto virado para o maknae, respirando muito rápido. Jungkook o olhou, o rosto pegando fogo, entendendo devagar o que Taehyung estava fazendo.
"Anda logo, Jeongguk. Isso você sabe como se faz."
Ele estava...?
"Tae..."
"Pelo amor de Deus, eu preciso transar com você, não importa como vai ser, só faz, Jeongguk, ou vou explodir, não estou nem brincando."
Jungkook procurou o tubo de lubrificante pelas dobras do lençol e o espremeu em si afoitamente, os olhos comendo Taehyung de costas. Arquejaram alto de euforia, Taehyung esfregava a ereção no colchão, a boca aberta e a expressão nublada de desejo. O movimento era erótico demais e Jungkook xingou baixinho. Posicionou-se sobre as coxas de Taehyung, segurando-o pelos quadris. Deslizou os dedos por suas costas, querendo-o tanto que mal podia acreditar que ia fazer isso. Lambuzou os dedos de lubrificante e os deslizou por entre as nádegas firmes do outro, mas Taehyung chiou e remexeu-se embaixo de si.
"Não sei como as pessoas aguentam essa ladainha toda", reclamou. "Não quero isso, Jeongguk, vai doer de qualquer forma."
Jungkook não estava raciocinando. O tesão comprimia cada nervo de seu corpo. Guiou a ereção para a entrada de Taehyung, respirando uma grande quantidade de ar pela boca aberta e, mesmo assim, quando começou a empurrar a glande pelo ânus estreito, achou que ia ter um colapso. Entendeu imediatamente o sufoco que Taehyung tinha passado consigo.
Era absurdamente difícil e fechado de entrar e o fato de que estava excitado demais, sensível e a ponto de gozar só tornava tudo ainda mais difícil. Forçava a glande e a sensação era dolorida e prazerosa ao mesmo tempo, deixando-o zonzo. Ele recuou e respirou fundo. Apoiou uma mão no colchão e, inclinando-se por cima das costas de Taehyung, deslizou um dedo por dentro dele. Taehyung não protestou, mas não parava quieto um segundo, puxando os lençóis, circulando os quadris no colchão, empurrando a testa no travesseiro.
Uma infinidade de coisas passou pela cabeça de Jungkook e, no entanto, não conseguiu executar nenhuma delas. Devia masturbar Taehyung para distrai-lo. Mas suas ações não tinham coordenação, só instinto. Arrastou os lábios pelo pescoço de Taehyung, respirando seu cheiro suave misturado ao suor. Beijou sua nuca, sugando-a devagar no ritmo em que o penetrava. Não estava pensando, só fazendo. Não queria pensar, só senti-lo.
Murmurou coisas sem sentido, a voz carregada de afeto e desejo, a boca tocando a pele febril de Taehyung em selos e leves sucções. Apertou sua nuca, encaixando a palma na curvatura aveludada, os dedos pressionando a pele latente do pescoço do mais velho.
Devagar, muito lentamente, sentiu que a pressão de Taehyung em volta de seus dedos diminuía. Movendo-se com cuidado, guiou o próprio pau para o meio das nádegas dele e começou a invadi-lo. A resistência foi infinitamente menor e, apesar de ainda ser apertado como o inferno, Taehyung o estava aceitando.
"Aish, ssss, ah... Jeongguk-ah", ele chiou, contorcendo-se sob o maknae. Jungkook percebeu o corpo inteiro de Taehyung retesar e a respiração engasgar de dor. Retirou-se e deixou que Taehyung se acalmasse. Sua ereção doía por estar sendo tão estimulada, mas ele se concentrou apenas em Taehyung. Fechou os olhos, a testa encostada na nuca do mais velho, e respirou.
Devagar, avançaram numa agonia sufocante. Jungkook avançava e recuava, sem a menor ideia se estava fazendo certo ou não. Taehyung chiava de dor, mas o desejo os fazia queimar e prosseguir. Quando Jungkook se deu conta, estava totalmente dentro, pulsando e sendo deliciosamente comprimido pelo interior quente e apertado de Taehyung. Apoiou-se nos antebraços e olhou para baixo. Completamente encaixado.
Seu pau pulsava com força, prestes a estourar. Taehyung não mais resfolegava de dor – ele gemia baixinho, ciente da latência de Jungkook dentro de si.
O ar foi expelido pelos pulmões de Jungkook numa só lufada. Caralho, puta que pariu, isso era o paraíso. Teve que fechar os olhos e jogar a cabeça para trás, as unhas quase rasgando os lençóis, as veias e os tendões saltando por baixo da pele no esforço de não gozar naquele exato segundo.
Começou a investir devagar, não só porque ainda era desconfortável para Taehyung, mas porque estava realmente no limite. A menor fricção o fez gemer, derretendo de satisfação.
"Ah, Taehyungie, é bom demais", chiou. "Eu... eu não vou... conseguir..."
"Não, Jeongguk...", Taehyung ordenou, olhando-o sério por cima do ombro. Jungkook o encarou, mortificado de prazer.
Tarde demais.
Deixou escapar uma lamúria de frustração ao se desfazer num orgasmo rápido e incontido dentro de Taehyung. Gozou de olhos abertos, decepcionado e extasiado ao mesmo tempo, incapaz de reter as sensações.
Não podia acreditar nisso. Tinha mesmo gozado em dois minutos, como quando se masturbava às pressas no meio do banho?
Jungkook estava em chamas, mas já não era de tesão. A vergonha o queimava inteiro, fazendo até mesmo seus olhos arderem. Não estava acostumado com esse sentimento de fracasso e sinceramente o odiava. Queria muito socar alguma coisa, mas tudo que fez foi levantar da cama e entrar no banheiro. Trancou a porta e ligou o chuveiro no jato máximo para que o chiado da água infiltrasse em sua mente e abafasse tudo ao redor.
Enfiou-se debaixo do fluxo forte e abaixou a cabeça nos azulejos gelados. Sua mente estava um caos. Sentiu lágrimas quentes se misturando à torrente de água que descia por seu rosto e queixo. Abriu a boca tragando o ar com força. Demorou o máximo que pôde, esperando que, quando saísse Taehyung estivesse dormindo, mas para seu total alívio, quase quarenta minutos depois, ao terminar o banho, nem mesmo encontrou Taehyung no quarto.
2.
O quarto estava todo revirado, as roupas deles espalhadas pelo chão, os travesseiros embolavam-se ao pé da cama, os lençóis tinham sido arrancados do colchão no meio do sexo. Se é que podia chamar aquilo de sexo. Jungkook procurou sua calça jeans pela bagunça, mas não a encontrou. Acabou pegando outra na mala, enfiou um moletom preto com uma estampa de chamas alaranjadas nas mangas, puxou o capuz para cima e saiu do quarto. Verificou o celular enquanto descia o elevador em direção à recepção. Viu que Taehyung lhe enviara uma mensagem uns vinte minutos atrás.
[Tae]
Fui comprar pizza
Vc me dá muita fome
:)
O smile. Era o Taehyung de sempre, aéreo e gentil. Ele nem ao menos estava aborrecido e Jungkook se deu conta de que provavelmente Taehyung nem tinha percebido o quanto Jungkook estava triste. Claro, o maknae nem deu tempo para isso. Talvez Taehyung achasse que só estava envergonhado por terem transado, não por ter sido uma merda.
Jungkook atravessou o saguão do hotel e saiu para as ruas. O ar estava bom, fresco e salgado, grudando no céu da boca como algodão doce. Andou a esmo até encontrar a direção da praia e enfim desceu para a areia escura que cercava toda a ilha vulcânica de Jeju, as Timberlands afundando nas camadas fofas. Sentou ali mesmo, sozinho e no escuro, e respirou o mar.
Sentiu o celular vibrar no bolso e o olhou.
[Tae]
Gukkie, vc não vai acreditar no que eu encontrei aqui na loja de conveniência
Eles têm a edição especial de Naruto
Aquela que eu perdi na mudança, lembra?
Está coberta de poeira kkkkk
Estamos mesmo no fim do mundo
Você quer refrigerante ou cerveja?
Jungkook ficou olhando para as mensagens, o peito doendo de afeto. Era tão fácil amar Taehyung. Ele não estava mesmo nem um pouco chateado.
[Você]
Refrigerante
Tae... eu não estou no hotel
[Tae]
Onde vc está?
[Você]
Na praia
É só vir andando numa linha reta a partir do hotel
[Tae]
Na direção da lua?
Jungkook olhou para cima. A lua estava mesmo bem diante de si, grande, prateada e redonda. Ele sorriu. A forma como Taehyung via o mundo... nunca ia se cansar de se surpreender com isso.
[Você]
É... na direção da lua
Jungkook não teve que esperar muito. Alguns minutos depois, viu uma sombra cortar a areia e em seguida Taehyung sentou ao seu lado, tão perto que seus joelhos se imprensaram. Cruzou as pernas, colocou a caixa de pizza no colo e entregou para o maknae a latinha de coca-cola. Apesar da vontade irresistível de olhar para Taehyung, Jungkook não o fez. Estava envergonhado demais.
"Você comprou?", o mais novo perguntou, vagando o olhar pela caixa e pizza, pelos rasgos na calça jeans de Taehyung (que, agora ele percebia, era a sua, por isso não a tinha encontrado no quarto), pela areia e pelo mar, menos para onde realmente deveria.
"O quê?", Taehyung falou de boca cheia, já enfiando um pedaço de pizza pela boca.
"O mangá."
"Ah, aham", mastigou. "Deixei no hotel."
Jungkook começou a comer também. Não sentia fome, mas assim ocupava a boca e o tempo.
"Jin hyung me mandou uma mensagem", Tae disse entre um engolir e outro. Jungkook aproveitou que o mais velho estava concentrado na tarefa de devorar a pizza e o olhou de esguelha. Taehyung mastigava sem parar, as bochechas cheias e os olhos arregalados de apetite. "Ele disse que está aqui e... perguntou se queremos almoçar com ele amanhã."
"Jin hyung", Jungkook repetiu. "E o que você respondeu?"
Taehyung deu de ombros e, inesperadamente, riu.
"Não acho que vamos sair do hotel pelos próximos dias."
O estômago de Jungkook revirou. Ele forçou o pedaço e pizza goela abaixo e ela desceu feito cimento. O silêncio ficou tão pesado que Taehyung parou de mastigar e o encarou.
"O que? O que foi?"
"Taehyung, não é possível que ainda esteja pensando que vamos fazer de novo!"
Taehyung piscou. A mão que segurava o pedaço de pizza foi descendo como uma flor murchando. O bocado que ele mastigava ficou parado no interior de uma bochecha inflada, os olhos muito abertos.
"Nós... não vamos? Você não gostou? Eu... Porque?"
Jungkook enfim cravou os olhos nos de Taehyung, sem acreditar. Viu a dúvida perpassando o rosto expressivo, e depois a culpa.
Mas não era possível que estivesse achando que tinha feito algo errado! Não podia ser.
"Se eu não gostei?", a voz de Jungkook era baixa e cortante. "Taehyung, foi tão bom que eu acabei com tudo antes mesmo da gente começar, o que você me diz disso?"
"Nada", Taehyung voltou a digerir a pizza tranquilamente. "Foi nossa primeira vez, Jeongguk, o que você esperava? Perfeição? Mais de duas horas ininterruptas de sexo? Eu teria gozado bem mais rápido que você se trocássemos as posições. É estímulo demais de uma só vez, é normal não ter controle."
Jungkook ficou de boca aberta.
"Mas eu...", todos os argumentos que tinha evaporaram e acabou fechando a boca e olhando para a lua. Ele não esperava perfeição. Mas acontece que ele.... esperava. Então se deu conta de que nem tinha pensado no que Taehyung estava sentindo quando o largou na cama e se trancou no banheiro. Tinha sido a primeira vez dele também e sequer perguntou se ele tinha se sentido bem ou não. "Tae, você gostou?"
"Foi bem melhor do que eu esperava."
Céus, o que ele esperava?
"Isso não pode ser verdade", Jungkook o encarou admirado.
"É porque você está pensando na parte técnica", Taehyung parou de mastigar e se concentrou nas palavras, passando a língua pelos lábios vermelhos. "Mas mesmo que eu tivesse outras experiências para comparar, o que não é o caso, ainda sim teria sido bom, porque é você, Jeon Jeongguk, e eu queria isso demais. Então, nem parecia que era real. Ainda não consigo acreditar. Não existe uma forma de ser ruim, Gukkie, porque não tem a ver com técnica ou experiência, são as sensações, e eu senti tantas que achei que ia morrer."
Jungkook ia sufocar. Com certeza ia sufocar, o coração batendo tão depressa que rugia em seu peito.
"Ah, mas se você quer saber os detalhes físicos... ainda está doendo para o inferno", Taehyung riu e deu de ombros.
O sorriso dele era sincero. Tão sincero e puro como tudo em Taehyung.
E foi isso que fez Jungkook desmoronar.
Ele simplesmente explodiu.
As emoções, a culpa que vinha reprimindo desde que Taehyung lera a cartinha que escrevera para Jimin, todos os sorrisos trocados com Taehyung, desde o primeiro àquele ali, o último, os sentimentos se embolavam e acumulavam em sua garganta depressa demais, uma avalanche.
Jungkook abriu a boca para responder, mas o que saiu foi um arquejo. Os olhos encheram de lágrimas quentes e ele tentou fixar Taehyung apesar disso, tentou o máximo que pôde dizer para ele que sentia muito por ter falhado, mas sentia uma mistura estranha de dor e afeto no peito.
"Porque você...?", Taehyung afastou a caixa de pizza para a areia e se virou para Jungkook, entendendo lhufas. "Jungkook, porque está chorando? Eu não quis dizer que você me machucou, não é nada demais, eu já sabia que ia ser assim!"
"Por favor, não faça mais isso, hyung", passou as costas da mão pelos olhos para limpá-los, mas mais lágrimas vieram.
"Isso o quê?", Taehyung abaixou a cabeça para tentar olhar Jungkook por baixo da franja comprida do mais novo.
"Não quero só rir com você. Você passou por coisas muito difíceis e eu nem tive a chance de te ajudar, isso foi tão ruim, ainda é, por favor, não faça mais isso, eu posso lidar com a pressão do que fazemos, não me importo se meu corpo doí quando chego no limite da exaustão, mas não posso suportar ver você sofrendo e não poder ajudar. Eu queria ter tido a oportunidade de chorar com você, hyung, e você não me deu isso porque achou que eu não queria, que eu não me importava, que eu só gostava do prazer que você podia me dar, mas não é verdade, hyung. E quanto mais eu tentava consertar e te dizer que eu quero mais, que eu quero tudo, mais as coisas ficavam confusas. Mas não importa o que vai acontecer, se vamos fazer isso ou não, só não me afaste, me deixe rir e chorar com você."
A boca de Taehyung repuxou para baixo numa careta de tristeza quando Jungkook se calou abruptamente, arquejando em soluços. Passou um braço pelo ombro do maknae e o trouxe para si. Encaixaram a testa na curva do pescoço um do outro, ouvindo o ruído manso das ondas quebrando na praia deserta. Taehyung deslizou os lábios pela pele quentinha de Jungkook antes de murmurar, a voz embargada:
"Então chore comigo agora."
3.
A noite sempre foi longa demais para eles. Por causa dos shows, por causa do cansaço que se instalava em seus ossos e os mantinha ligados, porque a noite era o momento para sair pela cidade e ser livre, porque à noite todas as coisas proibidas são permitidas.
Jungkook e Taehyung tiveram uma noite muito longa.
Ainda de moletom, as barrigas cheias de pizza e refrigerante, os dentes escovados e com a luz do quarto apagada, Jungkook e Taehyung deitaram na cama, enfiaram os fones de ouvido e ouviram música no celular. Não falaram uma única palavra. Pela primeira vez desde que podiam se lembrar, fizeram só o que tinham vontade, e o que eles realmente queriam era apenas respirar o ar um do outro em silêncio, os corpos encostados sem o menor espaço entre eles.
Queriam ser taekook, e mais nada. Com letras minúsculas e simples.
Jungkook enfiou as mãos nos bolsos do moletom, o capuz puxado por cima da cabeça, os olhos fechados enquanto escutava a própria voz percorrendo a melodia de Begin, seu solo. Sentia o calor de Taehyung ao lado, deitado de bruços, um braço envolvendo seu peito e a mão descansando em cima de sua cabeça, o rosto enterrado na curva do pescoço do maknae. Encaixados, confortavelmente encaixados.
Ficaram tão parados, tão concentrados em só estarem daquele jeito, que aos poucos as batidas de seus corações entraram em sincronia. As respirações ficaram suaves. As temperaturas corporais se igualaram.
Pegaram no sono e acordaram, mas não se moveram, com exceção do momento em que Taehyung despertou, ergueu o rosto do casulo quente do pescoço de Jungkook e roçou os lábios no do maknae. Jungkook correspondeu preguiçosamente, ainda imerso em sonhos. O beijo tinha gosto de sono e mescalina. Nenhum dos dois fazia a menor ideia de que horas eram, a noite era apenas noite, com a lua e as estrelas e o céu negro lá fora.
Os dedos de Taehyung puxaram delicadamente o capuz do moletom de Jungkook para trás, encontrando as mechas sedosas do cabelo escuro e entremeando-as. Trocaram selos curtos, longos, provaram as respirações quentes um do outro numa lentidão doce. Poderiam estar sonhando. Não importava. Parecia mesmo um sonho, tomara que fosse.
As bocas se tocaram superficialmente, esticando aquele momento como um primeiro beijo inocente. Um dos fones de Jungkook caiu quando Taehyung se ajeitou melhor sobre ele, apoiando uma perna entre suas coxas, os peitos colados. A mão de Jungkook vagou frouxa pela lateral do moletom de Taehyung, procurando o contato da pele morna por baixo. Deixou os lábios vulneráveis para o hyung explorar – nunca tinham se beijado assim, tão entregues, sem nem ao menos se importar se toda aquela lentidão de lábios úmidos e quentes despertava suas ereções pouco a pouco.
Beijaram-se por uma, duas horas, uma noite inteira.
Dormiram outra vez, sonharam juntos e acordaram novamente. E se beijaram mais. Cada vez que as línguas se provavam, havia um novo sabor. E, ao mesmo tempo, era o mesmo de sempre. Taehyung reconhecia o gosto do garoto que beijava desde que podia se lembrar e Jungkook seguia os movimentos familiares da língua que o ensinara que beijar bem não tem nada a ver com experiência.
Nenhuma outra boca no mundo era capaz de despertar tantas sensações em Jungkook quanto a de Taehyung, mesmo que só ficasse parada numa linha macia e desfrutável. Nenhum outro cheiro no universo anestesiava os sentidos de Taehyung como o perfume suave de leite que a pele de Jungkook naturalmente possuía.
E isso tudo, de algum modo, tinha a ver com o fato de que, quando se beijavam, era o melhor beijo que já tinham provado.
Já era o fim da madrugada quando despertaram pela última vez. O ar ainda tinha o cheiro puro do fim da noite, depois que todas as coisas proibidas foram perdoadas. Taehyung coçou os olhos e viu o rosto sereno de Jungkook, a pele clara salpicada de pintas tão pequenas que eram como respingos cuidadosamente deixados numa tela branca. Ele respirava através da boca levemente entreaberta, o som da paz.
Com todo cuidado do mundo para não acordá-lo, Taehyung procurou o próprio celular no bolso. Eram cinco horas da manhã em ponto. Afastou-se de Jungkook devagar e virou no colchão para olhar através das portas de vidro da varanda. Viu o mar e o horizonte se fundindo num único tom de azul luminoso, e pensou que essa podia ser secretamente sua cor favorita na vida. Azul. Não o azul profundo de um céu de verão, nem o azul escuro do início da noite.
O primeiro azul do dia. Aquele azul de cinco horas da manhã, que vinha depois da escuridão das quatro horas da manhã, quando Taehyung sempre chorava e Jimin vinha secar suas lágrimas.
Olhou de novo para Jungkook. A luz azul das cinco horas da manhã caia sobre o maknae, transformando sua pele cor de leite em algo etéreo. Ele não parecia real, era como uma pintura, um sonho recém sonhado.
A garganta de Taehyung fechou quando foi invadido por uma certeza esmagadora.
Jungkook era a resposta.
Todo aquele tempo. Ficou tão preso na dor, na culpa e no medo do julgamento dos outros que não percebeu. Para Taehyung, por muitos e muitos meses, a noite sempre acabava às quatro horas da manhã. Esse era o fim da linha. Onde não havia esperança.
Existia apenas Jimin o mantendo em pé no silêncio da escuridão.
Taehyung ficara paralisado ali, nas 4h da manhã.
Agora, enfim avançava. Sem dor, sem lágrimas ruins, a luz azul e pura das cinco horas da manhã veio, expurgando toda a noite sem fim. E, junto com ela, havia Jungkook. Dormindo à distância de um esticar de mão...
"Tae?", Jungkook despertou ao sentir os dedos de Taehyung tocando seu rosto. O maknae piscou, sonolento, e eles se olharam sob a claridade opaca e azul. "Que horas são?"
"Cinco da manhã."
Jungkook umedeceu os lábios e fechou os olhos, ainda zonzo de sono. Taehyung, por outro lado, estava muito acordado. Algo fervia em seu peito, a vontade de se expressar de algum modo, de extravasar tudo que estava explodindo em seu peito, fazer Jungkook entender e sentir, mas Taehyung não era bom em se expressar com palavras. As pessoas sempre entendiam errado, ou sequer entendiam.
"Jeongguk, eu...", Tae começou, mas empacou. O maknae abriu os olhos e o fitou pacificamente. Tão lindo. Jungkook era tão preciosamente lindo.
Então, de repente, Taehyung teve uma ideia. A expectativa de que desse certo o ligou no 220v.
Deslizou pela cama depressa e revirou a mochila. Encontrou a máquina fotográfica, verificou a bateria. Estava cheia.
"Gukkie, levante. Vamos!"
Jungkook fez um bico de contrariedade.
"O que? Porque?"
"Venha, vamos tirar fotos!"
"Essa hora, Tae?"
"Sim, tem que ser agora!"
"Porque?", Jungkook coçou os olhos.
"Porque está azul! Ainda é esse azul!"
"Hyun..."
"Daqui a pouco o sol nasce e não vai mais ser azul! Jungkook, levante agora!"
Jungkook sentou na cama, zonzo. Taehyung o puxou pelo pulso e o maknae cambaleou pelo quarto, confuso.
"Tae, me deixe pelo menos lavar o rosto e escovar os dentes..."
"Não dá tempo!", Taehyung calçou os tênis e empurrou os de Jungkook contra seu peito. "Rápido!"
Jungkook enfiou os pés com meias nas Timberlands e Taehyung já o estava puxando pelo corredor do hotel em direção aos elevadores. Enquanto desciam, regulou o foco e a exposição da câmera. Queria captar aquela luz, exatamente aquela luz, o mais próximo possível do real. Tinha que ser aquele azul.
Saíram na garagem, Taehyung ligou o carro e dirigiu depressa pelas ruas desertas da cidade até a praia. Era uma praia diferente da que tinham ido na noite anterior. Em vez da areia escura, havia rochas. Ela brilhavam viscosas, recém molhadas pelas ondas. O mar era escuro, de um azul profundo e enigmático. Taehyung e Jungkook equilibraram-se sobre as pedras e o mais velho começou a disparar as fotos, algumas delas capturando um Jungkook quieto, capuz sobre a cabeça, os cabelos escuros cobrindo os olhos sonolentos. Só a linha macia da boca e o maxilar anguloso ficavam de fora, a pele cor de leite delicadamente tingida de azul pálido. Taehyung estava explodindo de excitação.
"Tae, me deixa ver", Jungkook pediu.
Taehyung se aproximou dele e deslizou o dedo pelo painel da câmera, passando as fotos para que Jungkook visse. Eram lindas. Todas azuis. Um azul inocente.
"Azul Jungkook", Tae murmurou. "Eu queria captar essa cor."
"Azul o que?"
"Azul Jungkook", Tae repetiu, envergonhado, mas olhou o maknae nos olhos. "Você estava dormindo e parecia tão... assim. Como esse azul."
Jungkook piscou. Olhou para o céu e então outra vez para as fotos, em seguida encarou Taehyung.
"Eu queria dizer", Tae emendou, agitado, "que eu gosto dessa cor porque me lembra você. Não, não é isso que quero dizer, eu...", ele molhou os lábios, angustiado, e pareceu desistir por um instante. "Mas é tão raro conseguir capturar esse céu, e muda tão rápido, ele só existe às cinco horas da manhã, eu descobri isso hoje! Veja, Gukkie, está sumindo..."
Taehyung olhou triste para o céu. O sol começava a se erguer no horizonte bem devagar, aos poucos a tonalidade azul pura ia mesclando-se ao dourado alvo do sol. O mundo ia mudando, as cores se acendendo. Era bonito.
"Dura só alguns minutos", Tae disse, voltando a olhar as fotos no visor da câmera. Parecia orgulhoso de si mesmo. "Eu consegui. É você."
Jungkook pegou a câmera das mãos de Taehyung e reviu as fotos. Quanto mais as olhava, mas era inundado de sensações, a ponto de seu peito parecer prestes a rachar. A luz, o enquadramento, o modo como Taehyung conseguia emoldurar numa foto sensações, sentimentos... ele viu a si mesmo parado sobre as pedras, parecendo raro e intocável sob o céu azul secreto. Tae tinha razão. Havia algo naquele azul. Era diferente de todos os outros azuis. Tornava tudo etéreo e único.
"É assim que você me vê, Tae?"
"Sim."
Jungkook sorriu. Entregou a câmera para Taehyung e o envolveu num abraço. Encostou o queixo no ombro do mais velho, que permaneceu imóvel, deixando-se ser abraçado. Jungkook fechou os olhos e sentiu o coração de Taehyung disparando no peito quente.
"Vamos voltar para o quarto?", a boca de Jungkook tocou a lateral do pescoço de Taehyung.
Taehyung assentiu e eles voltaram calados para o carro. Atravessaram o saguão do hotel e subiram no elevador imersos em silêncio, parecia que tinham feito uma grande declaração, confessado algo importante demais e agora esperavam as sensações sedimentarem.
Sentiam um ciclo se fechando, outro começando.
Uma nova certeza se instalando, nascendo com o dia lá fora.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro