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24 - Forgive me

⚠️Dica da autora: ler o capítulo com essa música aí em cima, juro, vcs não vão se arrepender (Can You Hold Me - NF ft. Britt Nicole)⚠️

   — Rey, você está bem? — Michonne perguntou pela terceira vez antes de saírem para a festa na casa de Deanna, e mais uma vez, Reyna apenas assentiu com a cabeça, acomodando Julian nos braços.

   A verdade era que Reyna não estava nada bem. Ela não parava de pensar no que seu irmão dissera a ela. A mulher não estava triste, mas ela tinha a sensação de que sempre soube que era uma pessoa horrível, mas foi apenas quando teve que ouvir de seu próprio irmão, que esse conhecimento se firmou em sua mente, e sentia raiva de si mesma por nunca ter percebido o quão estragada podia ser. Ela mal conhecia a si própria.

   — Vamos? — Michonne apertou seu ombro levemente, sorrindo para a amiga.

   Reyna não sorriu de volta, mas balançou a cabeça suavemente. No fim ela aceitara ir para a festa, depois de muita insistência de Rick. Ela queria realmente ocupar a cabeça com algo, e não ir até uma festa para ter olhares desconfiados de todos os moradores sobre si. Ela e Daryl eram os mais observados e evitados daquela comunidade, e eram considerados por alguns como "selvagens".

   Outro detalhe que os deixava mais afastados era o costume de conviver com outras pessoas, de ser gentil ou amigável com outra pessoa, coisas que eles nunca aprenderam e nunca tiveram a chance de ver com os próprios olhos. Tudo o que sabiam no passado era: quanto mais quietos, menos problemas, quanto mais rudes, menos pessoas em volta perguntando o que acontecia para terem tantos hematomas espalhados pelo corpo, e quanto mais guardassem os sentimentos para si, mais fortes seriam para viver com os pesadelos que os assombravam todos os dias.

   Reyna caminhou ao lado de Michonne e Rick até a casa de Deanna. Julian estava animado em seu colo. Brincava com Judith nos braços de Rick todo momento, mas nem isso conseguia arrancar um mísero sorriso do rosto da Dixon. Ela se sentia sozinha, apesar de estar rodeada por sua família, se sentia solitária por não ter seu irmão por perto, convivendo bem com ela, apenas com algumas brigas sem noção que todo irmão tinha. A verdade era que se Reyna não o tinha por perto, então não teria nada. Daryl era tudo o que restara da pequena parte feliz de seu passado.

   — Não precisa ir se não quiser. — Michonne tentou confortá-la novamente. Reyna cogitou a ideia, mas então olhou para Rick encarando-a sugestivamente. Seus olhos azuis transmitiam confiança, e apenas por ele, ela fez um esforço para continuar o caminho até a festa.

   — Sejam bem-vindos. — disse Deanna, sorridente, para o grupo.

   Um a um foi entrando. Reyna foi por último, pensando várias e várias vezes que poderia virar as costas e voltar até a casa, mas não o fez, apenas por conta de Rick. Não que ele fosse ficar chateado com ela, mas sim porque ele estava tentando de tudo para fazê-la ficar melhor. Reyna devia isso a ele, além do fato de finalmente ter confessado a ele e a ela mesma que o amava.

   — Venha aqui. — Rick sussurrou a ela. Reyna caminhou até ele, e sentiu o braço do homem em seus ombros. Ela aconchegou seu corpo no dele, e ficou parada ali por alguns segundos. — Eu serei seu apoio. — disse a mesma frase que Reyna havia dito dias antes de encontrarem Aaron.

   Ela olhou nos olhos do homem, procurando pelo conforto que sempre sentia quando encarava as orbes azuis de Rick. Ele a puxou para mais perto e depositou um leve beijo em sua testa. Reyna se sentiu mais leve apenas com esse gesto, mas mesmo assim ainda percebia um leve incômodo em seu coração por não ter seu irmão por perto.

   A festa continuou, e como já não era surpresa, Reyna se fechou mais que o normal quando viu a quantidade de pessoas em sua volta. Julian não saía de seus braços, assim como ela não deixava que ninguém se aproximasse do pequeno, exatamente como fazia quando o achara junto com Daryl.

   — Curtindo a festa? — Noah perguntou. Reyna estava afastada de todos, olhando as pessoas ao redor. Ela olhou para o garoto. — Sei como se sente. — completou, ironicamente.

   Reyna não respondeu, apenas continuou observando a todos, até parar seus olhos em Rick, conversando animadamente com Jessie. Naquele momento, quando viu nos olhos do líder a admiração pela beleza da mulher delicada em sua frente, ela sentiu que aquele universo em que estava, com pessoas rindo, curtindo a vida com quem amavam ao lado umas das outras, não era feito para ela. A mulher se virou para Noah.

   — Pode segurá-lo? — perguntou ela, estendendo Julian para o garoto.

   — Claro. — Ele respondeu, ajeitando o pequeno nos braços. Reyna se virou rapidamente na direção da porta da frente. — Aonde vai? — perguntou. Reyna se virou uma última vez.

   — Isso não é para mim. — disse simplesmente antes de sair, sem que ninguém percebesse, pela porta.

   Quando estava do lado de fora, olhou por uma das janelas o interior da casa, e viu Rick ainda entretido com uma conversa com Jessie. A mesma admiração no olhar. Ela não o culpava. Jessie era realmente uma mulher que chamava a atenção e despertava em qualquer um o instinto protetor, por conta de sua delicadeza nos movimentos e na forma de ser e agir.

   Reyna desviou o olhar, e olhou para a rua escura por conta da noite, iluminada apenas pela luz opaca da lua. Lá ela viu Daryl, olhando para a casa, sentindo a mesma coisa que ela. Aquele universo não foi feito para eles. De que adiantaria ao menos tentar, se iriam continuar com a essência que seu passado lhes deixou?

   Daryl desviou seu olhar para sua irmã, e acompanhou seus passos enquanto se aproximava. Ele não disse nada, apenas começou a andar lado a lado com ela de volta para casa. Era bom ter sua irmã ao seu lado, nem que fosse apenas em silêncio. Ele queria dizer alguma coisa, e quando finalmente se sentiu pronto, a porta de uma das casas se abriu, revelando Aaron, sorrindo na direção dos dois.

   — Achei que estaria na tal festa. — disse Daryl.

   — Tenho a desculpa do tornozelo de Eric para não ir, graças a Deus. — disse ele, e novamente sorriu para os dois. — Por que não vêm jantar conosco? O espaguete está ótimo.

   Reyna olhou para o irmão, como se perguntasse o próximo passo a ser seguido. O Dixon lançou um aceno com a cabeça a ela, e caminhou até o interior da casa de Aaron, com a mais nova em seu encalço. O homem os direcionou até a sala de jantar, onde Eric já se encontrava na mesa. Ele sorriu quando viu os convidados, e indicou as cadeiras em frente à dele. Os irmãos se sentaram hesitantes, e esperaram que Aaron servisse uma boa quantidade de espaguete para cada um.

   Os Dixons atacaram a comida com seu jeito costumeiro de agir. Os anfitriões os olharam assustados no começo, mas logo perceberam que os dois em sua frente não se importavam com nenhum tipo de impressão de outras pessoas, e os admiraram por isso. Aaron tinha cada vez mais certeza de que havia escolhido as pessoas certas para ajudá-lo.

   — Então, o que acharam do espaguete? — Eric perguntou, com um sorriso no rosto, quando viu que os irmãos já haviam acabado de comer. Ambos responderam com um grunhido e um aceno de cabeça. — Sabem, vocês podiam tentar achar mais alguns ingredientes quando saírem, gosto de cozinhar nas horas vagas... — Ele começou, mas Aaron o interrompeu com um leve gesto. — Você ainda não contou a eles, huh? — perguntou. Aaron negou.

   — Contou o que? — Daryl perguntou.

   — Poderiam vir comigo, por favor? — Aaron se levantou.

   Ele guiou os Dixons até a garagem, e lá encontraram várias peças soltas do que já fora algumas motocicletas. Reyna foi a primeira a se aproximar de algumas peças, e se lembrou da época em que Daryl conseguiu comprar a primeira moto. Ele a ensinou tudo o que sabia, e Reyna sempre a usava quando podia, ou até ficava na garupa quando seu irmão a deixava acompanhá-lo, até que ela conseguisse ter a própria motocicleta.

   — Achei todas elas pelo caminho quando saía para procurar pessoas. — Aaron começou. — Nunca soube como concertar uma moto de verdade, então sempre pegava todas as peças possíveis.

   Daryl caminhou até o outro lado da garagem, e viu as figuras de duas motocicletas cobertas com um pano escuro. Ele levantou o tecido pelo menos para conseguir ver um dos veículos por baixo, e uma pequena lembrança de quando ensinara Reyna a concertar uma moto se fez presente em sua mente. Ele olhou para a irmã, e viu em seus olhos a admiração por todas as peças.

   — Sabem por que Deanna ainda não deu uma função para os dois? — A voz de Aaron o fez desviar a atenção.

   — Não. — Ele respondeu.

   — Porque eu tinha a função perfeita para ambos. — O homem encarou os olhos dos irmãos. — Queria que vocês fossem os novos recrutadores de Alexandria. — Aaron continuou. — Não posso mais deixar Eric se arriscar.

   — E pode deixar que nos arrisquemos? — Reyna perguntou, olhando fixamente para a figura de Aaron.

   — Sim. — respondeu ele simplesmente. — Sim, porque vocês sabem o que fazem. — Reyna olhou rapidamente para o irmão antes de prender sua atenção em Aaron novamente. — Daryl sabe muito bem diferenciar as pessoas boas das ruins, e Reyna é brilhante quando se trata de cautela e silêncio. — Ele sorriu. — Além de que posso perceber o quão desconfortáveis ficam aqui dentro. O lugar de vocês é fora desses portões; livres para fazer o que bem entendem, ao mesmo tempo que estariam cuidando para que nenhuma pessoa ruim ameaçasse Alexandria. — Os irmãos tinham total atenção no homem. — Ninguém melhor do que vocês dois para que isso possa ser feito.

(...)

Reyna e Daryl estavam finalmente voltando para casa, após aceitarem o pedido de Aaron. Eles caminhavam em silêncio. Reyna estava mais à frente, com o olhar preso ao chão, os passos leves mas ao mesmo tempo tencionados. Ela queria mais que tudo conversar com seu irmão, mas achou que ainda não era a hora certa. Já Daryl a encarava, e percebeu que precisava conversar com ela. Eles precisavam, finalmente, conversar sobre aquele dia.

— Rey. — Ele chamou, e viu a irmã parar, quase em frente à casa onde o grupo estava instalado. Ela apenas virou a cabeça, mostrando que estava ouvindo. — Problemas de caça. — A frase fez com que a Dixon soltasse um suspiro.

— Se for pedir desculpas, não é necessário. — disse ela, ainda de costas. — Você estava certo. Sou uma merda como pessoa, e pior ainda como uma irmã. — Ela se virou. — Eu não enxergava isso, mas enxergo agora.

It feels like a tear in my heart
(Isso parece como um rasgo em meu coração)

Like a part of me missing
(Como uma parte de mim faltando

And I just can't feel it
(Eu simplesmente não consigo sentir)

I've tried
(Eu tenho tentado)

— Sabe que não é sobre isso que quero falar. — disse Daryl. Reyna mordeu o lábio, sabendo que finalmente o momento havia chegado. Ela queria apenas correr para os braços do irmão e envolvê-lo em um abraço apertado, mas ainda não podia.

— Eu sei...

When I'm in your arms
(Quando estou em seus braços)

I don't wanna be nowhere else
(Eu não quero estar em nenhum outro lugar)

Take me from the dark
(Me leve da escuridão)

I ain't gonna make it myself
(Eu não conseguirei fazer isso sozinho)

— Sei que não senti o que você sentiu. — Daryl começou novamente. — Mas, sei que você poderia ter nos mostrado. Eu só quero saber o porquê de ter fugido. Sem gritos, sem stress dessa vez. — Reyna hesitou antes de falar.

— Eu senti medo. — Ela não tinha coragem para olhar nos olhos de seu irmão. — Estava delirando. Eu pensei apenas em mim naquela hora. Pensei que não conseguiria ver a dor em seus olhos, e fui covarde o bastante para não pensar no lado de vocês. — Daryl, por outro lado, estava com o olhar fixo na irmã.

— Você chegou a nos procurar quando... quando viu que viveria? — perguntou. Essa era a pergunta que mais martelava em sua cabeça. Era o que ele mais queria saber, e quando viu Reyna negando com a cabeça, sentiu seu coração se apertar. — Por quê? — Reyna finalmente o olhou, mostrando as lágrimas presas em seus olhos, e por esse motivo, Daryl quis chorar.

Put your arms around me
(Coloque seus braços em volta de mim)

Let your love surround me
(Deixe seu amor me cercar)

I am lost
(Eu estou pedido)

If I ain't got you, I ain't got nothing at all
(Se eu não tenho você, eu não tenho nada)

— Porque eu ainda sinto que algo ruim pode acontecer. — Ela respondeu, lutando para que nenhuma lágrima escapasse. — Não sou mais como antes. Existe algo dentro de mim. Não sei o que é, e tenho medo de que eu ainda possa descobrir. — Uma lágrima escorreu. Daryl queria fazê-la parar de falar, mas não conseguiu. Ele precisava saber. — Tenho medo, porque ao contrário de você ou Merle, eu sou covarde, você estava certo quando disse. — Daryl não conteve uma lágrima dessa vez. — Você estava com total razão. Sempre esteve. — Sua voz começava a ficar embargada pelo choro. — Sou uma pessoa horrível. Uma pessoa fodida de todas as maneiras possíveis. Sou pior que os walkers do outro lado do muro, pior que a situação atual do mundo. — Ela não continha mais as lágrimas agora, assim como Daryl. — Droga, sou até mesmo pior que nosso maldito pai.

Can you hold me?
(Você pode me envolver?)

Can you hold me?
(Você pode me envolver?)

Can you hold me in your arms?
(Você pode me envolver em seus braços?)

A última simples frase de Reyna fez Daryl sentir uma raiva absurda de si mesmo por ter comparado sua irmã ao seu pai monstruoso. Em um impulso, ele deu passos largos na direção da mais nova e a puxou pelos ombros, abraçando-a fortemente. As lágrimas rolavam em seus olhos sem controle, e quando sentiu Reyna envolver sua cintura, apertou mais sua irmã contra seu corpo, finalmente sentindo o peso do mundo se esvair de suas costas. Ele sentiu vontade de sorrir, apenas por estar envolvendo sua irmã, finalmente, depois de tanto tempo.

Ele transmitia todo o amor que sentia por ela naquele simples abraço. Reyna desistira de controlar as lágrimas há um bom tempo, e apenas se deixou levar pela sensação de total conforto com o abraço de seu irmão. Ela não sentia isso há tanto tempo, que quando ele a puxou, se assustou com o alívio que sentiu. Nem com Rick conseguiria sentir o mesmo, porque Daryl era a pessoa mais importante em sua vida. Se não tivesse seu irmão ao seu lado, não seria a verdadeira Reyna Dixon que sempre fora.

Feels like I don't even know me
(Parece que nem mesmo me conheço)

Gotta have you, gotta see you
(Preciso lhe ter, preciso lhe ver)

You're the only thing that I ever think about
(Você é a única coisa que sempre penso)

The only one that I can't live without
(A única coisa que não consigo viver sem)

Daryl se separou de sua irmã minimamente, apenas para conseguir enxergar seu rosto. Reyna fixou o olhar nos olhos de seu irmão. Ela ergueu as mãos e afastou o cabelo já grande de Daryl de seus olhos, e posicionou as mãos em seu rosto, sorrindo verdadeiramente por finalmente ter seu irmão por perto. As lágrimas eram presentes nos olhos de ambos, mas os sorrisos também.

— Nunca, eu disse nunca, se compare a um monstro como aquele. Entendeu? Nunca. — disse Daryl, recebendo um aceno positivo por parte de sua irmã.

— Me perdoe. — Reyna sussurrou, encarando os olhos de seu irmão.

— Droga, estamos parecendo dois maricas. — Daryl comentou, soltando uma risada em seguida.

Can you hold me?
(Você pode me envolver?)

Can you hold me?
(Você pode me envolver?)

Can you hold me in your arms?
(Você pode me envolver em seus braços?)

Reyna puxou seu irmão dessa vez, e apertou seu pescoço, sentindo-o envolver sua cintura. Eles haviam deixado o "Orgulho Dixon" de lado, e estavam finalmente deixando que um absorvesse a dor do outro. Eles se amavam. Eram o exemplo de irmãos que todos deveriam ter. Fariam de tudo um pelo outro, nem que esse "tudo" tivesse que ser se afastar. — Coisa que eles menos fariam a partir daquele momento.

Eles se separaram novamente, e dessa vez Daryl ergueu as mãos para o rosto da irmã. Ele analisou os fios soltos da franja, que ela sempre gostara de deixar quando prendia o cabelo em sua tão adorada trança. Ele passou delicadamente os dedos em cada mexa, para em seguida segurar o rosto da irmã mais nova e depositar um leve beijo em sua testa. Reyna fechou os olhos, apenas se deixando ser vulnerável, sob os cuidados do irmão mais velho.

— Eu amo você, minha irmã. — disse ele, fazendo-a sorrir novamente.

— Me perdoe. — Ela repetiu. Daryl apoiou a cabeça da irmã em seu peito, acariciando levemente seu rosto. — Eu amo você.

Can you hold me in your arms?
(Você pode me envolver em seus braços?)




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Autora: VOLTEI RAPIDINHO IHUUULLL! gente esse é um dos meu capítulos FAVORITOS, juro, sou two apaixonadinha nele, espero mto que vcs tenham gostado tbm!!!

Não vou me estender muito, então só peço pra que me digam o que estão achando da história, podem comentar muuuitooo no capítulo, eu amo ver os comentários de vcs, e não esqueçam tbm da estrelinha

Bjin procêis♥️

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