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capítulo cinco.

──── MAS ISSO É O que o Sunoo do passado pensaria, Niki ── o mais velho completou logo em seguida, notando o exato momento em que as sobrancelhas do Nishimura formaram um vinco no meio de sua testa, em completa confusão ──── eu sempre fui orgulhoso demais para aceitar meus próprios sentimentos e, por isso, também não conseguia compreender a pessoa única que Sunghoon é e eu me arrependo profundamente de todas as coisas que já disse sobre ele, porque agora tenho plena certeza de que eu estava errado ── concluiu, juntando os livros que estavam dispostos sobre a mesa de madeira polida e guardando-os em sua mochila desgastada ──── por isso peço que não volte a se referir a Sunghoon dessa maneira. É desrespeitoso e bastante infantil de sua parte.

O Kim estava pronto para se retirar, ansiando o momento em que encontraria com o Park que havia tomado seus pensamentos durante os últimos dias e, então, poderia perguntar a ele como havia se saído na avaliação, já que sabia que os resultados sairiam naquele dia e podia imaginar o quão nervoso Sunghoon estava, já que havia trocado mensagens com o mesmo até a madrugada, mas, antes que pudesse sair dali, sentiu a mão de Niki envolver seu pulso delicadamente, chamando sua atenção.

Sunoo olhou-o por cima do ombro, arqueando a sobrancelha como que em uma autorização silenciosa para que o japonês prosseguisse.

──── você gosta dele? ── seu tom era hesitante e o mais velho notou o leve tremor que tomava conta dos dedos finos de Niki, que ainda lhe tocavam levemente.

Naquele momento, flashes das últimas semanas se passaram pela mente de Sunoo. O sorriso doce de Sunghoon e o som de sua risada, que trazia um formigamento gostoso e bem-vindo ao coração do mais novo. Os olhos brilhantes e sempre tão transparentes, que lhe encaravam com ternura e sinceridade. O jeito espontâneo e até meio atrapalhado que faziam do Park a pessoa mais adorável que Sunoo já havia tido o prazer de conhecer. Os cabelos loiros que movimentavam-se conforme o vento e eram como uma bela moldura para o rosto angelical do mais velho.

Todos os momentos que compartilharam, desde muito antes de Sunghoon lhe implorar por ajuda há duas semanas atrás, como as pequenas provocações, as cantadas sem graça de Sunghoon, suas discussões sem sentido... Tudo parecia certo. Sempre pareceu e, apenas naquele momento, Sunoo percebeu que simplesmente não conseguia imaginar sua vida sem sua dose diária de tudo o que Sunghoon estivesse disposto a lhe proporcionar.

──── sim ── confirmou sem pestanejar, deixando um pequeno sorriso repuxar o canto de seus lábios ──── eu gosto muito.

( . . . )

──── Heeseung ── Sunghoon chamou pelo mais velho, que estava sentado sob a sombra de uma grande árvore localizada no pátio principal da escola, aproveitando o intervalo para concluir sua lição de história. O Lee, mesmo que a contra gosto, ergueu seu olhar na direção da voz que o chamava, segurando um revirar de olhos ao perceber de quem se tratava ──── olha, eu sei que você não gosta de mim e eu também não te julgo por isso ── o mais novo iniciou após um longo suspiro, sentindo-se desconfortável diante do olhar afiado do Lee ──── mas eu tenho motivos para acreditar que toda essa situação com o Sunghoon não passou de um mal entendido e eu realmente quero resolver isso.

──── me dê um bom motivo para acreditar em você ── Heeseung foi curto e grosso em sua resposta, arqueando a sobrancelha no exato momento em que fechou seu caderno, deixando-o de lado sobre a grama verdinha.

──── fazem três dias que o Sunghoon não aparece aqui, nem mesmo para treinar ── o Kim comentou, desviando o olhar brevemente. Mesmo que ainda fosse estranho para si, importava-se com o mais velho mais do que estava disposto a admitir e não queria deixar que a relação que construíram durante as últimas semanas acabasse por causa de um desentendimento bobo ──── eu só queria poder dizer a ele que eu sinto muito por todas as vezes em que eu agi como uma pessoa desprezível. Queria que ele soubesse que eu me arrependo de cada palavra e que eu nunca realmente o odiei. Como eu poderia odiar alguém como ele? É simplesmente impossível ── o Kim, mesmo que sem querer, deixou um pequeno sorriso bobo escapar ao recordar-se do som da risada de Sunghoon.

Heeseung, que ouvia com atenção a cada palavra proferida por Sunoo, sentiu a incontestável sinceridade presente no olhar do mais novo, dando-se por vencido.

──── eu posso te dar o endereço do Sunghoon ── murmurou, colocando-se de pé ──── mas espero não me arrepender disso, Kim.

──── eu garanto que você não irá, Heeseung! ── Sunoo sorriu abertamente, deixando um brilho genuíno de felicidade tomar conta de seus olhos negros.

( . . . )

Com sua destra, Sunoo segurava uma tulipa branca, enquanto, com a canhota, tocava a campainha pertencente a casa de Sunghoon ao mesmo tempo em que batia seu pé contra o concreto da calçada, evidenciando seu nervosismo crescente.

Enquanto observava a fachada bonita da residência, que era tão elegante quanto o coreano havia tantas vezes imaginado, Sunoo sentia suas mãos suarem e seu coração palpitar, chegando a cogitar a possibilidade de sair correndo antes que o loiro aparecesse. Bem, isso não aconteceu já que, segundos depois, a porta foi aberta por um Sunghoon confuso e surpreso, mas tão bonito quanto o habitual, trajando uma bela camiseta azul bebê e uma bermuda preta no meio das coxas.

──── Sunoo? ── seu tom era questionador e seus passos hesitantes ao que ele se aproximava do pequeno portão, abrindo-o apenas o suficiente para que pudesse ficar frente a frente com o mais novo.

──── oi... ── respondeu em um murmúrio ──── sabe, eu 'tava pensando ── Sunoo deixou um riso repleto de nervosismo escapar, desviando brevemente seu olhar ──── é a primeira vez que eu venho a sua casa e, em todas as vezes em que me imaginei bem aqui, parada em frente ao seu portão, nunca pensei que seria para lhe pedir perdão ── comentou com sinceridade, voltando seu olhar para o rosto bonito do loiro, que permanecia em silêncio ──── eu não vou tomar muito do seu tempo, Sunghoon. Só queria mesmo te entregar isso ── em um movimento repleto de timidez, Sunoo estendeu a flor até o alcance de Sunghoon que, embora desconfiado, aceitou ──── uma vez eu li em algum lugar que tulipas brancas podem representar o perdão. Eu também me lembro de ter te ouvido dizer que eram suas flores favoritas.

──── e eu me lembro de te ouvir dizer que nada poderia comprar você ── o mais velho ditou, não mais alto que um sussurro, acariciando com a ponta dos dedos as pétalas delicadas ──── então por que você acha que pode comprar meu perdão dessa maneira?

Sunoo ficou em silêncio durante alguns segundos, encarando Sunghoon com espanto. Seus lábios abriam e fechavam diversas vezes, mas nenhuma resposta boa o suficiente parecia lhe vir a mente. Percebendo isso, Sunghoon prosseguiu.

──── não acho que você tenha consciência do quanto me doeu te ouvir falando daquela forma ── o loiro precisou piscar seus olhos algumas vezes para afastar as lágrimas que ameaçavam se formar por ali ──── embora eu já soubesse que você nunca foi meu maior fã, ouvir você concordar com tudo o que Niki falou naquela manhã me machucou profundamente, Sunoo. Eu já passei por cima do meu orgulho diversas vezes apenas para tentar me aproximar de ti e tudo o que eu recebi em troca foram palavras duras e o seu desprezo constante. Acha que isso é justo? ── Sunghoon questionou, forçando-se a engolir o nó que se formava em sua garganta. Chorar diante dos olhos afiados de Sunoo apenas fariam com que sua humilhação fosse ainda maior.

──── oh, eu devia ter imaginado ── Sunoo riu mais uma vez, embora não houvesse graça alguma naquela situação mas, ao contrário do que Sunghoon imaginava, ele não ria de sua mágoa ou de seu desabafo frustrado. Sunoo riu por que pensava em si mesmo com o ser mais estúpido que já pisou na face da terra ──── eu não acredito que eu apanhei por causa disso ── acabou por divagar em voz alta, chamando a atenção do loiro.

──── apanhou?

──── olha, isso realmente não importa agora ── o Kim esfregou suas têmporas com mais força do que o necessário, realmente estressado ──── eu imagino que você não tenha escutado a conversa toda, hyung, porque, se o tivesse feito, não estaríamos tendo essa conversa agora ── Sunoo estava tão desesperado para resolver aquele mal entendido que acabou nem percebendo a forma como chamou Sunghoon. O mais velho, no entanto, não pôde evitar o sobressalto de seu coração estupidamente apaixonado ──── eu sei que você tem motivos suficientes para desconfiar de tudo o que eu disser, afinal, eu já fui muito filho da puta contigo ── murmurou, criando coragem para voltar a encarar as órbes escuras que encontravam-se fixas em si ──── mas caramba, Sunghoon, eu gosto de você pra caralho e, embora eu não seja tão bom em demonstrar meus sentimentos, acho que 'tá na hora de você saber.

O loiro ouvia atentamente a cada palavra, ao mesmo tempo em que seus dedos brincavam com o caule da flor cheirosa que segurava, precisando de bastante força de vontade para conter um pequeno sorriso que queria escapar pelo canto de seus lábios rosados.

──── 'tá na hora de você saber o quanto eu amo o seu sorriso sacana sempre que faz alguma piada idiota. 'tá na hora de você saber o quanto eu amo a cor do seu cabelo, o som da sua risada, o cheiro do seu perfume, o jeito como você morde o canto dos lábios quando está nervoso... eu só... eu simplesmente amo você ── o de fios rosadinhos ditou em um fôlego só, apertando inconscientemente a barra de sua camiseta, em uma falha tentativa de aliviar sua agitação ──── me desculpe por não poder voltar atrás, Sunghoon. Me desculpe por ter te machucado tantas vezes. Mas peço que me permita ser egoísta apenas uma vez mais ── e, em um ímpeto de coragem, Sunoo deu um passo a frente, tomando a liberdade de segurar a canhota de Sunghoon, acariciando as costas de sua mão delicada com o polegar ──── e te pedir uma segunda chance, Park Sunghoon. E eu juro que, dessa vez, eu irei ser bom para você.

Sunghoon realmente não esperava por nada daquilo, mas jamais ousaria reclamar. Não quando os olhos de Sunoo não lhe deixavam mentir, transparecendo toda a verdade daquela declaração. Diante disso, Sunghoon não hesitou em inclinar-se levemente de súbito na direção do mais novo, unindo seus lábios em plena felicidade. Apesar de toda a euforia presente em ambas as partes, o beijo era lento e calmo, enquanto os garotos aproveitavam para provar um do outro. A mão de Sunghoon, que ainda segurava firmemente a flor delicada, tocou a cintura de Sunoo com leveza, puxando-o para mais perto, enquanto as mãos desta deixavam uma breve carícia nas bochechas coradas do mais velho.

Não demorou muito para que se afastassem em busca de fôlego, e Sunghoon aproveitou o momento de distração do  Kim para sussurrar contra seus lábios macios: ──── isso quer dizer que eu vou, finalmente, poder te pagar um jantar?

[FIM]

meus amores, chegamos ao final de mais uma adaptação, e eu espero de verdade que tenham gostado dela! eu gosto tanto dela que me entristeci realmente dela ser tão curtinha. Mas quero agradecer não a quem acompanhou até aqui, como também - novamente - a autora da fanfic original, que além de muito gentil é uma excelente escritora!: purplethv ! 💜

mas é isso meus xuxus, vejo vocês muito em breve com uma nova estória!

beijocas, nunu! 💋

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