Annabeth estava assustada. Ok, talvez isso fosse um eufemismo, porque ela estava prestes a vomitar de nervoso desde a hora que havia recebido um telefonema de Jason dizendo ele estava indo para o hospital após seu marido desmaiar no meio da rua. Estava tão desesperada que sequer havia conseguido ligar o carro do tanto que tremia, tendo que ligar para Piper para ajudá-la. Ao mesmo tempo que tentava se convencer de que não era algo grave, ficava pensando que as pessoas não desmaiavam se tudo estivesse bem.

Depois de mais de hora que havia chegado ao hospital, ela foi encaminhada para o consultório de uma cardiologista e desde então não entendia muito bem o que estava acontecendo e nem conseguia entender o que a médica a sua frente falava. Seu foco estava completamente em Percy que estava sentado na cadeira ao seu lado, pálido e com a expressão de cansaço.

— Senhora Jackson, você está compreendendo? — a médica de cabelos escuros a olhava com empatia e um pouco de pena. Annabeth estava tão desorientada que sequer conseguia entender o que ela falava. Suas mãos estavam entrelaçadas com a de Percy como se a qualquer momento ela fosse o perder. Como se sua vida, e a dele também, dependessem somente daquele toque.

Ela sabia que tinha algo de errado com Percy, mas o moreno se recusava a ir em um médico dizendo que era apenas o cansaço do dia a dia e do trabalho intenso. No entanto, agora ele estava sentado ao lado dela, em um consultório ouvindo palavras complicadas e assustadoras.

— Senhora Jackson? — a médica repetiu novamente percebendo que os dois estavam em transe e provavelmente não tinham entendido o que ela havia falado.

Havia um monte de exames espalhados em sua mesa — inclusive alguns que ele tinha feito fazia poucos dias para conseguir voltar para academia — alguns estavam riscados com marca texto e as sobrancelhas da mulher de jaleco estavam franzidas como se ela enxergasse o que estava errado e quão mal era, mas não pudesse mostrar completamente. Tudo aquilo fazia com que a loira quisesse sair correndo dali, torcendo para que a ignorância acabasse fazendo com que tudo ficasse bem.

— Me desculpe, a senhora pode repetir, por favor? — Annabeth piscou demoradamente se lembrando onde estava e que precisava enfrentar a realidade, independente do quão assustadora ela era. A loira se virou para Percy apenas para se arrepender em seguida, os olhos dele estavam marejados como se ele tivesse ouvido e entendido claramente o que a médica havia falado. Na mesma hora, seu coração se partiu em vários pedaços antes mesmo de saber sobre o que se tratava.

— Claro, querida — sua voz era calma como a de uma mãe acalmando o filho após uma queda — O que seu marido tem chama, miocardite dilatada — um nome grande demais para ser uma coisa boa, Annabeth pensou sentindo seu sangue gelar e sua cabeça doer. Aquilo não podia acontecer. Não com Percy. Não quando eles finalmente estavam juntos e tentando ter um bebê — O coração é um músculo e para funcionar certinho, ele não pode nem estar flácido e nem rígido — a médica pegou uma maquete de um coração saudável, igual as imagens dos livros de biologia do Ensino Médio e então pegou outra maquete que mostrava que a cavidade inferior do lado esquerdo estava visivelmente maior do que o da outra maquete — O músculo do ventrículo esquerdo do Senhor Jackson, está assim, mais dilatado que o normal e isso dificulta o bombeamento do sangue...

A médica continuou falando, explicando com calma e paciência, o que era aquela doença de nome tão difícil, mas Annabeth simplesmente desligou. Ela devia ter percebido as pequenas coisas e ter o arrastado para um hospital mesmo quando ele não queria, mas ao invés disso, tinha zoado o cansaço dele, brigado quando ele colocava mais travesseiros na cama dizendo que era para tentar dormir melhor. Tinha ignorado todos os sinais e agora Percy, seu Cabeças de Algas, estava doente.

E de algo no coração ainda. Não existiam doenças leves quando se estavam em um consultório de uma cardiologista. Sua mente a manipulava dizendo coisas que ela se recusava a acreditar, mas não conseguia evitar de pensar. Ela poderia vomitar a qualquer momento. Ela tentava segurar as lágrimas ao mesmo tempo que tentava entender o que a médica explicava. Era em vão.

— Quanto tempo eu tenho? — Percy perguntou com a voz embargada e baixinha, interrompendo a médica e fazendo com Annabeth desabasse, soltando a mão do marido e colocando-a em seu rosto enquanto chorava alto.