SUMMERTIME SADNESS
⚠️ cena de sexo um pouco explícita
O tempo, teoricamente, era algo constante. 60 segundos por minuto, 60 minutos por hora, 24 horas por dia, 7 dias por semana e por aí ía. Mas os últimos 2 meses haviam passado como um piscar de olhos. Todos os momentos felizes haviam sido como o bater de asas de um beija flor, mas tão prazerosos quanto achar um oásis no meio do deserto.
Marina Piccola era só um nome de uma praia que coincidentemente eles estavam quando resolveram dar um passo a mais no relacionamento, mas, no final, era simplesmente o nome perfeito para definir a relação de Percy e Annabeth. O refresco diante o calor da costa Italiana.
No entanto, assim como o verão tinha um fim, os seus dias juntos também tinham chegado ao final.
Percy estava dormindo, enquanto Annabeth estava sentada na escrivaninha do quarto dele, sendo iluminada apenas pela luz fraca de uma luminária de estudo. Tinha desistido de dormir após uma série de pesadelos envolvendo o moreno perdendo o avião, notícias de acidente de avião, ele esquecendo as malas, Percy lhe esquecendo.
Eram sonhos que sequer faziam sentido, ela sabia, mas após acordar assustada pela quarta vez, com o coração batendo rápido, tinha a certeza de que não conseguiria dormir novamente. Por isso, após passar uma água no rosto e escovar os dentes, tentava escrever uma carta para que Percy lesse quando estivesse tão longe que seu rosto e a sua voz não passassem de lembranças.
Seu pai dizia que ela havia nascido no século errado, mas Annabeth não podia se importar menos. Gostava da praticidade que a tecnologia lhe oferecia, afinal, sem ela seu contato com Percy seria quase igual a zero, mas havia um charme em cartas que nenhuma mensagem poderia substituir. A caligrafia, a textura do papel em suas mãos e a surpresa de receber uma carta em pleno século XXI.
Desde pequena, pelo menos uma vez por semana, sua avó paterna lhe mandava uma carta — mesmo morando a poucos quarteirões de distância. Não existia nada melhor do que a expectativa do assunto da carta e então se sentir querida pela pessoa que havia enviado. Era naquilo que Annabeth focava enquanto tentava escrever uma carta para quando Percy estivesse ou no avião ou já dentro de seu dormitório na Inglaterra. Além disso, aquilo era um bom jeito de evitar que os seus pensamentos fossem para um lugar onde as lágrimas tivessem vida própria e inundassem não só o seu rosto como também os papéis em cima da escrivaninha de Percy.
— O que você está fazendo aí, Sabidinha? — ela pulou na cadeira com o susto ao ouvir a voz sonolenta e baixa de Percy. Ele estava com o rosto marcado de sono, vestindo somente um short de dormir, mas totalmente coberto por um lençol, mesmo com o calor escaldante daquela época.
— Faz quanto tempo que você está acordado? — Annabeth perguntou tentando mudar de assunto. Tinha certeza de que se comentasse o que estava tentando fazer, Percy acabaria lhe convencendo a contar e estragaria a surpresa. Além disso, as únicas coisas que ela tinha era uma foto e um trecho de Wildest Dreams — Eu te acordei?
— Nada, principessa, eu sonhei que tinha esquecido de trancar a porta, acordei meio assustado e fiquei te olhando. Já te disseram que você fica uma gracinha concentrada?
— Só um certo Cabeça de Algas, conhece? — a piada era uma maneira de, por alguns minutos, esquecer que aquela era definitivamente a última vez que fariam aquilo em muito tempo.
Tinha se preparado para aquele momento, mas parecia que havia sido em vão.
— Não, me conta como ele é — ele estava deitado de lado e mantinha o sorriso em seu rosto, mas em seu olhar havia uma sombra. Como se também tentasse disfarçar o quanto seria dolorosa aquela última noite.
— Bem, ele é um pouquinho mais novo que eu, apesar de ser exatamente 4 centímetros mais alto, é inteligente pra caramba e sempre tenta ver o lado positivo das coisas, o que é um pouquinho irritante e, ah, é simplesmente o cara mais cheiroso que eu conheço na minha vida e eu o odeio por isso — Annabeth começou a enumerar vendo o sorriso dele se aumentar a cada característica e consequentemente o seu também.
— Não se esqueça do bonito — Percy deu uma risada enquanto a observava andar em sua direção.
— Incrivelmente bonito também, obrigada por lembrar, apesar de um pouco convencido — Annabeth se jogou na cama, como se ela fosse sua, fazendo com que o coque mal feito de seu cabelo se desmanchasse e fizesse com que seus cachos se esparramassem no travesseiro. Na visão de Percy, ela estava igual a uma princesa encantada — Acho que alguns dos meninos ainda estão acordados, quer ir lá ficar com eles?
Na noite anterior, os pais de Percy haviam liberado a casa para que os amigos do filho fizessem uma festa de despedida. Havia sido divertido zoar com Percy — raspando a lateral do cabelo dele, além de fazer com que ele respondesse uma série de perguntas constrangedoras e ser jogado na piscina no final — porém tudo tinha um gosto meio agridoce, como se no meio de toda a bagunça, todos lembrassem que aquela era a última vez que fariam aquilo com Percy.
Amizades de escola raramente duravam, principalmente quando um deles estava em outro país.
— Nem, imagina a gente descendo juntos. Passaria 30 anos e a gente ainda não teria paz. Além disso, nem deu tempo da gente ficar juntinho um pouco — por estarem em público e por Annabeth ser um pouco tímida, praticamente a única coisa que os dois fizeram foi trocar olhares ou sentarem um do lado do outro quando todos resolveram assistir um filme, mas nunca algo além disso. No final, quando os outros ou estavam com sono ou concentrados demais no filme, os dois foram furtivamente para o quarto, mas acabaram dormindo antes de fazerem qualquer coisa juntos — Só vou escovar meus dentes primeiro.
— Acho bom — respondeu Annabeth — Porque não vou beijar você antes disso. E aproveite e penteie o cabelo.
— Sim senhora — Percy bateu continência antes de entrar no banheiro.
Enquanto esperava, Annabeth ficou pensando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. O teto dele era pintado como se estivessem debaixo do mar — com ondas cuidadosamente desenhadas para passar aquela sensação — e a loira só conseguia pensar naquela tarde onde tudo havia mudado. Quando havia dado o seu coração para Percy, sem medo ou qualquer coisa do tipo. Havia sido a melhor experiência possível, apesar do pouco tempo que os dois tinham juntos.
Apesar do final iminente, se Annabeth pudesse voltar no tempo, ela faria tudo igualzinho. Não mudaria absolutamente nada. Não era porque algo teria um fim, que ele seria ruim.
Percy não demorou muito no banheiro, voltando poucos minutos depois com o cabelo menos bagunçado do que antes, e se deitando ao lado de Annabeth sem falar nada. As suas mãos faziam um carinho no cabelo dela com cuidado para não embaraçar nos cachos enquanto Annabeth, involuntariamente, o abraçava.
— Qual a sua parte favorita de Oxford? — ela perguntou interrompendo o silêncio confortável que havia se formado.
— Acho que, além da casa da minha vó e os parques, os cenários de Harry Potter. Acho que já fui lá um milhão de vezes, mas iria mais um monte só para me sentir em Hogwarts. Você iria adorar lá — Percy respondeu preguiçosamente, mas sorrindo com a lembrança de suas férias na casa dos avós ou de sua infância que oscilava entre Londres e Oxford. Amava morar na Itália, mas, apesar de não falar muito sobre isso, sentia seu coração aquecer toda vez que pensava na Inglaterra.
— Você vai ser meu guia turístico quando eu for lá — Annabeth olhou em seus olhos apenas para se perder na imensidão verde pela qual era apaixonada.
— Ficaria magoado se você escolhesse outra pessoa — e com um sorriso, Percy lhe deu um selinho acabando pela primeira vez naquela noite a distância dos dois — Eu te amo, Anne, e vou te amar mesmo a 1.401,1 quilômetros de distância, eu sei que não deveria…
Annabeth não o deixou terminar a frase já sabendo o que ele iria dizer. Não precisavam ouvir aquilo, naquela noite.
— Eu sei, porque eu te amo e vou te amar independente de onde você estiver. Mas a gente não precisa falar sobre isso hoje, não agora.
— O que a gente faz então? — os olhos dele brilhavam em expectativa enquanto a observava e então, Annabeth, sem conseguir pensar em outra resposta adequada o beijou.
O primeiro beijo foi leve e delicado, como se os dois estivessem inseguros demais para tentar algo além disso. Mas o segundo foi como se estivessem se encontrado e lembrado quem eram, com quem estavam. Os sete anos de amizade e intimidade aos poucos foram tomando seu lugar, fazendo com que aquele beijo antes quase infantil se tornasse mais intenso ao ponto de arrancar um gemido — não muito alto, mas também não muito baixo — de Percy.
Ela separou os seus lábios dele um pouco apenas para levar o dedo indicador a boca dele e sussurrar:
— Tem mais gente na casa, cuore.
Percy sentiu seu coração acelerar diante do apelido que era nada menos do que o símbolo do amor em todo o mundo. Foi naquele momento que ele percebeu o que estava prestes a fazer, em poucas horas estaria dentro de um avião sem data certa para voltar para a Itália. Queria muito continuar com tudo aquilo, mas jamais se perdoaria caso a última lembrança deles juntos fosse algo que destruiria Annabeth.
Não queria que tudo que eles viveram se resumisse a uma noite errada. Por isso, se obrigou a se afastar o suficiente para olhar completamente nos olhos dela e perguntar:
— Você tem certeza? Quer dizer, a gente não…
— Uma última noite, nós merecemos isso, Percy. Cansei de agir pensando nas consequências. Hoje eu só quero que Oxford, Milão ou qualquer coisa que não for só nós dois se exploda — as mãos dela passavam na nuca dele, deixando-o arrepiado, levemente eletrizado — Nessa noite eu só quero você.
Ela sequer deu a chance para que ele respondesse, unindo suas bocas novamente em um beijo mais apaixonado do que os outros. A sua parte racional implorava para que ela não fizesse aquilo ou tentava listar o porque aquela era uma péssima ideia, mas Annabeth não estava nem aí. Não se importava se na manhã seguinte iria se arrepender ou algo do tipo, a única coisa que valia a pena naquele momento era Percy e somente ele.
Como se aquilo fosse o incentivo que o moreno precisasse, ele se impulsionou contra o corpo dela — com cuidado, mas ousadia ao mesmo tempo. As mãos dela foram em direção ao short de pijama que Percy usava, o retirando, um pouco atrapalhada, se recusando a parar de beijá-lo até que ele não tivesse vestindo nada além de uma cueca box azul escura.
— Isso está um pouco injusto, darling — ele disse em sua língua natal ao mesmo tempo que descia seus lábios para o pescoço, Annabeth definitivamente não sabia o que a deixava mais excitada se eram os beijos que ele dava em seu corpo, demorando apenas para provocá-la ou os apelidos carregados do sotaque britânico — Eu adoro sua camisola, mas não posso ver a hora de tirá-la.
Annabeth deu uma risada que logo em seguida se transformou em um suspiro quando Percy finalmente tirou sua camisola azul e então foi descendo com os lábios até chegar em sua clavícula Era como se o moreno estivesse a marcando com seus beijos que ao mesmo tempo eram leves eram provocativos. Era como se todo o seu corpo reagisse ansiando por mais e mais de Percy.
No entanto, ele se demorava em cada centímetro de pele de Annabeth, a levando ao limite apenas para quando, no futuro, fosse se lembrar daquele momento tivesse o corpo da loira gravado em sua mente, assim como as constelações nos céus e as musas eternizadas nos quadros dos artistas. Queria lembrar de Annabeth gemendo — baixinho para não acordar os outros — de prazer graças a ele, por ele.
Ao mesmo tempo, sentia que todo o resto de sanidade que tinha se perderia ali, naquela cama, graças a Annabeth que sabia claramente como lhe provocar. Conhecia cada ponto fraco, sabia como toca-lo e como lhe ter nas mãos, porém, naquela noite, Percy primeiro queria fazer com que ela entendesse — não só com palavras — mas também com o seu corpo o quanto a amava. Por isso, não deixou que as mãos dela brincassem com o seu membro que já pulsava dolorido em cima do tecido — mesmo que apenas por cima da cueca. Não. Depois ela o recompensaria, mas agora era sua vez.
Com os lábios, ele foi descendo devagar por entre os seios — dando uma atenção especial para cada um, com a boca e com as mãos — abdômen bronzeado devido ao verão italiano até chegar em sua intimidade, retirando a calcinha que ele mesmo havia lhe dado de presente sem nenhuma pressa. Primeiramente com os dedos, Percy a tocava como um artista e sussurrava o quanto a amava e o quanto ela se parecia com a mais linda deusa grega, enquanto a única coisa que Annabeth conseguia responder, ou melhor, implorar era por mais, mais e mais. E então, quando Percy percebeu que Annabeth estava, finalmente chegando ao ápice do prazer, ele substituiu os dedos por sua boca e deixou que Annabeth se derramasse completamente ali.
Ele continuou a estimulando, mesmo após o primeiro orgasmo, antes de tirar a cueca completamente, pegar uma camisinha e, então, mergulhar dentro de Annabeth. A única coisa que ele conseguia dizer era o nome dela, repetidas vezes, antes de novamente chegarem ao ápice, juntos e caírem na cama com os corpos suados e ofegantes.
— Agora é minha vez, cuore — ela disse baixinho antes de prender seu cabelo em um coque rápido e então se ajoelhar entre as pernas dele, quando os dois já voltavam a se olhar com malícia. Daquela vez, seria Annabeth que mostraria, definitivamente e pela última vez, o seu amor por Percy.
E durante toda aquela noite, o amor se tornou algo completamente palpável e prazeroso. Marcando não só os corpos dos dois adolescentes como também suas mentes.
Frank já tinha passado por algumas situações constrangedoras como entrar na sala errada quando o professor já estava na sala, mas não conseguia pensar em uma mais constrangedora do que aquela. A mãe de Percy estava ligando fazia uns 10 minutos e ele acabou sendo o escolhido para acordar o moreno.
Não tinha visto problema nisso, afinal, Percy não era como Jason que tinha o sono pesado e não deveria ser tão difícil acordá-lo. Frank só não contava que ao ligar as luzes veria tanto Percy quanto Annabeth cobertos apenas por um fino lençol.
— O que…? — Percy esfregou os olhos tentando entender onde estava e porque Frank estava tão sem graça, então olhou para o lado e viu Annabeth puxando o lençol para si como se quisesse sumir no meio daquele pedaço de pano — Ah, nós caímos no sono.
— Sua mãe está te ligando, faz meia hora — Frank se virou de costas completamente constrangido e jogou o celular do moreno na cama, enquanto Percy tentava segurar a gargalhada e Annabeth olhava para ele como se pudesse matá-lo apenas com o olhar — Poxa cara, da próxima vez, tranca a porta.
— Pode deixar — Percy gritou quando Frank fechou a porta, recebendo um tapa da loira — Bom dia, darling.
— Você não começa, Perseus, agora eu não sei onde vou me enfiar a minha cara quando for ver eles, eu definitivamente te odeio — Annabeth enfiou o rosto na curva do pescoço dele, sentindo seu corpo queimar de vergonha — Eu te odeio, muito.
— Odeia nada, você me ama isso sim — Percy lhe deu um beijo na testa, mas sentindo seu peito se apertar diante o que viria em pouco tempo. Não estava pronto para a despedida, apesar de saber que não tinha outra opção além dela.
— Você é um convencido — ela se levantou e pegou sua camisola, indo em direção ao banheiro e sendo seguida por Perseus. Tentava agir com naturalidade, pegando a sua escova de dente vermelha que ficava ao lado da dele. Observando os seus cremes de cabelo na prateleira do banheiro, sua toalha junto da dele. Suas vidas ligadas por aquele último momento antes do fim.
Annabeth não queria pensar sobre como estaria quando tivesse que tirar tudo dali, sem a presença de Percy — mesmo que cada detalhe daquele quarto gritasse seu nome.
— Errado, sou o seu convencido — Percy respondeu recebendo nada além de uma revirada de olhos da loira e então um meio sorriso. Sim, até que o seu avião decolasse ele era completamente e somente dela.
Ela terminou de escovar os dentes praticamente no mesmo momento que ele e, por isso, eles voltaram para o seu quarto juntos. Percy abraçando-a e ela retribuindo torcendo para que não tropeçassem em seus próprios pés. Os dois queriam que o tempo se arrastasse, mas parecia que infelizmente acontecia o contrário. Cada segundo que tinham juntos parecia ser roubado.
Annabeth se soltou do abraço e se jogou no puff azul que Percy mantinha em sua cama, enquanto o moreno sentava na beirada da cama.
— Então, esse é o fim? — a loira perguntou com a voz embargada, sentindo as lágrimas acumularem em seus olhos.
— Acho que sim — a voz de Percy não passava de um sussurro dolorido, como se um tom mais alto fosse destruí-los ainda mais. Queria dizer que não, que daria tudo certo e que o amor deles superaria qualquer empecilho, mas nem ele e nem Annabeth acreditavam naquilo.
Ela olhava para cima tentando não deixar com que suas lágrimas escorressem por seu rosto. Precisava pensar e chorar, mas não conseguiria fazer isso com Percy ao seu lado. Precisava de um tempo, antes que tudo se acabasse verdadeiramente, por isso, limpou os olhos e se levantou.
— Eu preciso ir embora — ela disse enquanto procurava sua mochila para trocar de roupa e enfim ir embora — Você precisa terminar de arrumar as suas coisas e ligar para sua mãe.
— Te vejo no aeroporto? — Percy sabia que era perda de tempo tentar impedir Annabeth de ir embora, ela precisava de um tempo e, no final, ele também precisava, assim como também precisava de uma despedida depois do fim.
— Claro — Annabeth terminou de vestir seu vestido e abraçou Percy com a mochila nas costas, sabendo o que ele estava pensando — É uma promessa, Cabeça de Algas, eu vou estar lá antes de você ir, eu só preciso terminar de resolver algumas coisas.
Ele assentiu apertando-a ainda mais em um abraço e então beijar sua testa antes de deixá-la ir. Sabia que aquele não era realmente o fim, mas não significava que não estava doendo. Ele só percebeu que estava chorando quando Annabeth enxugou suas lágrimas sussurrando baixinho que voltaria logo.
— Você não vai usar a porta? — Percy perguntou sorrindo um pouco ao ver Annabeth jogar a sua mochila do lado de fora e sentar com as pernas para fora da janela.
— Nem, não estou afim de lidar com os nossos amigos não, vou deixar para você esse BO — ela disse pulando para fora da janela como havia feito várias vezes e como provavelmente não faria nunca mais.
Perceber aquilo que antes era corriqueiro, mas que a partir daquele dia deixariam de existir doía mais do que eles poderiam colocar em palavras, por isso, Annabeth não olhou para trás nem mesmo quando Percy sussurrou um traíra ou quando seu peito se apertou enquanto ela se afastava cada vez mais da casa dele. Não poderia fraquejar naquele momento, deixar com que o coração tomasse o controle mais uma vez.
Precisava ser racional, por isso, não pensou no rosto choroso de Percy quando virou a esquina deixando para trás a casa onde havia passado a noite.
Sozinho, o moreno terminou de arrumar suas coisas. Ouviu as zoeiras dos amigos, sozinho. Fechou a casa, sozinho, antes de se encontrar com seus pais e ir em direção a Nápoles. Ele estava fazendo tudo no automático, porém com um sentimento agridoce. Estava realizando o seu maior sonho, mas deixar tudo o que tinha — família, amigos, Annabeth — parecia demais. Doloroso demais. Complicado demais.
Oxford sempre havia sido seu maior sonho, mas enquanto seu pai dirigia em direção ao aeroporto de Nápoles, Percy pensava se realmente valia a pena. Existiam faculdades boas perto da sua cidade e ele não precisaria se desfazer de tudo que havia construído, mas já era tarde demais para desistir. Já estava feito e, agora, só podia torcer para não se arrepender no futuro.
Alguns de seus amigos já estavam no aeroporto quando ele chegou, mas Annabeth não. Percy sabia que ela havia prometido, mas não conseguia controlar a ansiedade de não vê-la ali. Queria poder lhe beijar uma última vez, lhe dizer que, apesar da distância, ele ainda a amaria. Não existia uma opção que não fosse amar Annabeth Chase. Queria poder se despedir dela, sem controlar seus sentimentos, sentindo tudo na máxima intensidade, mas ela não estava ali.
O tempo foi passando rápido demais até que ele foi chamado para a fila de embarque e Annabeth ainda não tinha chegado. Seu coração estava se partindo em pedaços já tentando aceitar que ela não iria vir, quando ouviu a voz dela ressoar pelas paredes do aeroporto. Durante alguns segundos, Percy pensou que sua mente estava apenas imaginando coisas, mas quando se virou para trás percebeu apenas um furacão loiro correndo em sua direção.
Foi tudo tão rápido, que o cérebro de Percy só conseguiu captar quando Annabeth já estava o abraçando forte e ele não conseguindo fazer nada além de retribuir.
— Me desculpa, me desculpa mesmo, eu tentei te escrever uma coisa, mas acabei perdendo a hora. Eu fiquei com tanto medo de não chegar a tempo, me perdoa. Eu sou péssima, meu Deus — ela falava tão rápido que as palavras se embolavam e Percy quase não conseguia entender o que Annabeth falava. Involuntariamente, ele apertou com um pouco de força, apenas para ter a certeza de que ela era real mesmo, antes de sair um pouco do abraço.
— Anne, está tudo bem, você está aqui agora — ele sussurrou enquanto tirava uma mecha do rosto dela e a colocava atrás da orelha.
— Era para a gente ter uma despedida bonitinha, com nós dois chorando — Annabeth deu uma risada fraca ao perceber que os dois já choravam — Quer dizer, chorando mais, mas eu enrolei tentando expressar com palavras o que eu sinto por você, mas a única coisa que eu consigo te dizer é que eu te amo. Te amo mesmo e espero que Oxford seja mais do que você sonhou, porque você merece. Eu não sei mais o que falar, porque você me faz ficar feito uma boba apaixonada que não sabe nem como construir uma frase.
Os dois deram uma risada baixa antes de se beijarem, pois nenhuma palavra caberia ali. Não existiam palavras que transmitisse maior sentimento do que aquele beijo. Durante poucos minutos, mesmo com seus amigos gritando e comemorando, parecia que Percy e Annabeth não faziam mais parte do mundo, construindo uma nova e curta realidade perfeita. Não era a despedida perfeita, mas para os dois bastava.
Quando eles se separaram, ofegantes e envergonhados, ouviram o anúncio do voo de Percy. Infelizmente seu tempo havia acabado mais rápido do que haviam planejado.
— Eu acho que preciso ir — ele disse sem se afastar completamente de Annabeth que não conseguiu dizer nada além de assentir, tentando segurar as lágrimas.
— É só uma pequena distração para quando você estiver no avião — Annabeth tirou do seu bolso de trás, uma carta, um pouco amassada e entregou para ele.
Antes de realmente ir embora, ele lhe roubou um último selinho e sussurrou um eu te amo, tendo a certeza de que não eram só palavras. E então, quando Percy finalmente foi para o portão de embarque, mesmo tendo a certeza de que Annabeth estaria ali o observando, ele não olhou para trás.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro