EVERYBODY TALKS
Quem havia dito que a faculdade era a melhor fase da vida, provavelmente estava bêbado ou drogado — ou os dois quem sabe. Annabeth havia sonhado em ser uma universitária durante todo o Ensino Médio, mas tudo estava sendo como um balde de água fria. O Istituto Marangoni era fisicamente lindo, além de ser o início de vários estilistas de sucesso como Domenico Dolce.
A Annabeth do Ensino Médio achava que amaria tudo aquilo, criar roupas, ser uma estilista de sucesso, mas a Annabeth universitária simplesmente odiava tudo. No início, achava que era apenas a realidade tomando o lugar da expectativa, mas quanto mais passava o tempo, mais ela se frustrava e quanto mais conversava com seus amigos, mais percebia que o problema era em si mesmo.
Eles brincavam que queriam trancar a faculdade, mas era diferente. Dava para ver que apesar do cansaço, eles amavam o seu curso e amavam a experiência que a faculdade lhe trazia. Annabeth, no entanto, só se sentia frustrada.
Naquele momento, estava tentando estudar para Design de Superfície enquanto Percy estava jogado em sua cama. Desde novembro de 2014, os dois estavam tentando manter a amizade, apesar da estranheza dos meses separados. Quando os dois estavam de bom humor ou descansados funcionava, conseguiam fingir até que finalmente se tornasse natural, mas quando estavam de mau humor ou cansados, tudo parecia ter voltado ao estranho normal.
Annabeth estava prestes a desistir de tudo aquilo, afinal, a inconstância a machucava mais do que o fim se fosse realmente falar a verdade, porém, tudo mudou quando Piper resolveu que queria não só ela, como também Percy, em sua festa de aniversário que seria em Madri.
Um ano mais nova que o resto da turma, a morena havia convencido seus pais a alugarem um hotel inteiro — o Madrepérola Hotel — apenas para abrigar seus amigos nos dez dias de festa, apenas porque só se fazia 18 anos uma vez na vida. Teria sido perfeito se ela não tivesse simplesmente decidido que Percy e Annabeth ficariam no mesmo quarto e só com uma cama ainda por cima.
Ela simplesmente poderia brigar com Piper, mas de nada adiantaria, afinal, qualquer coisa que fosse contra as ideias da morena ela simplesmente ignorava, pois não queria passar raiva na semana do seu aniversário. Além disso, a loira não achava que aquilo seria um problema.
Bem, ela achava isso antes da primeira festa que não seria nada menos do que a virada do ano. Annabeth não achava que Percy tinha parado de ficar com outras pessoas quando eles terminaram, o moreno era lindo e sabia disso, o resto era consequência, mas vê-lo beijar outra pessoa quando deu meia noite, doeu mais do que ela imaginava.
Talvez fosse por isso que ela tinha resolvido beijar um cara que, claramente, estava dando em cima dela — e se arrependendo logo em seguida. Sequer conseguiu curtir o resto da festa, mesmo sabendo que não tinha direito algum de estar chateada, mas, para evitar estragar a festa dos outros, quando deu 00:30, Annabeth foi para o seu quarto. Naquela noite, quando Percy chegou perto das sete horas, ele dormiu no sofá.
Sabia que provavelmente estava exagerando, mas não queria lidar com aquilo, simplesmente porque não conseguia explicar nem porque estava se sentindo assim. Por isso, começou a tentar se afastar aos poucos, evitando ficar perto dele nas festas — o que às vezes era ruim, pois ela era obrigada a interagir com estranhos quando Percy resolvia ficar com os amigos do Ensino Médio — indo embora cedo ou tarde demais apenas para não estar acordada ou lidar com ele acordado. O que era para ser dez dias maravilhosos, acabou se tornando uma montanha tão íngreme que era quase impossível de se rolar a pedra para além dela.
Na verdade, se fosse sincera, Annabeth diria que aquela pedra — chamada ciúmes e a estranheza — estava soterrando-a todos os dias. Era uma situação chata, mas ela também não tinha vontade nenhuma de arriscar. Por isso, continuava dormindo no sofá quando Percy chegava primeiro ou fingindo na cama quando ele chegava tarde, meio mole e sujo de batom.
Queria ser desapegada nesse nível, mas odiava não poder se jogar de cabeça no coração da pessoa. Amava beijar apaixonada, dormir de conchinha, se perder e então se encontrar no abraço da pessoa amada, mas já tinha desistido de procurar aquilo se contentando a alguns flertes sem futuro e teias de aranha na boca.
Já era dia seis — faltando apenas quatro dias para o fim daquela semana caótica — quando os dois finalmente se encontraram. Annabeth, estava toda molhada e cheia de tinta saindo da festa assim que a chuva havia engrossado enquanto Percy saía do quarto de umas das amigas da Piper, com a blusa vestida do avesso e o cabelo desgrenhado, com uma blusa de frio jogada no braço. De todos os clichês, talvez ficarem presos em um elevador fosse simplesmente o pior naquele momento — e olha que os dois estavam vivendo o: ai meu Deus, só tem uma cama aqui.
Aparentemente, por causa da chuva, a energia havia caído no bairro inteiro e o gerador do hotel estava com defeito, por isso, não tinha nem hora para eles saírem dali. Cansada, Annabeth simplesmente se sentou no chão e, mesmo tendo um espaço imenso, Percy se sentou ao seu lado, encostando sua perna na dela.
— Uma libra por seus pensamentos — ele disse quando o celular de Annabeth acabou a bateria e ela não teria como fugir da conversa, mas a loira sequer respondeu — O que você tem?
— Nada — Annabeth respondeu sem nem mesmo olhar para o moreno.
— Annezinha do meu coração, eu te conheço faz quase uma década, me conta o que aconteceu pra você está estranha desse jeito? — Percy encostou sua mão na bochecha dela, mas a única resposta que recebeu foi uma encarada e então uma revirada de olho.
— Eu to molhada com frio e presa aqui, Percy — ela disse como se fosse óbvio, balançando até os ombros para confirmar o que havia dito.
— Eu não estou falando sobre isso — o moreno passou as mãos no cabelo, deixando-o ainda mais bagunçado — Você está estranha desde a primeira festa, foi algo que eu fiz?
Teoricamente sim, mas, ao mesmo tempo, Percy não tinha culpa de suas reações e, muito menos, por Annabeth não conseguir lidar com suas próprias confusões sem se afastar ou ficar estranha. Não jogaria aquilo em cima dele, até porque nem fazia muito sentido. Quando conseguisse lidar, ela voltava ao normal, mas naquele momento, precisava de um espaço.
— Eu não estou estranha e você não fez nada — involuntariamente, ela revirou os olhos cansada daquela conversa — Você está vendo coisa onde não tem.
— Então, porque você não dorme na mesma cama comigo, fingindo que está dormindo quando eu chego, ou finge que não me conhece nas festas? Eu juro que estou tentando te entender, mas está complicado. To quase desistindo de tentar, sabe? — ele confessou já sentindo a raiva subir para sua cabeça, não percebendo o olhar de Annabeth fixado na marca de unha em seu pescoço. Desde que haviam chegado no hotel, Percy estava tentando se abrir com Annabeth, tentar restaurar a amizade, porém parecia que só ele estava disposto.
E uma amizade em que só um fazia questão era algo complicado de se manter.
— E porque não desiste? — Annabeth se arrependeu logo que terminou falar. Não queria dizer aquilo, principalmente porque sabia que não era culpa dele, mas a irritação que estava sentindo com as perguntas, o frio e o escuro daquele elevador fizeram com que as palavras simplesmente saíssem antes que ela pudesse pensar melhor.
— Acho que vou mesmo — ele respondeu se arrastando para longe dela.
— Ótimo — a loira não quis dar o braço a torcer, preferindo manter seu orgulho do que tentar explicar o que de fato estava acontecendo.
— Ótimo — Percy enfiou o fone de ouvido, colocando I Knew You Were Trouble no máximo quase fazendo a loira rir e jogando sua blusa de frio para ela.
Durante a meia hora que ficaram presos, nenhum dos dois ousaram falar nada, Percy com seu fone e Annabeth de olhos fechados, os dois se ignoravam completamente e quando finalmente conseguiram sair do elevador cada um foi para um canto. Naquela noite, Percy não voltou para o quarto.
No oitavo dia de festa, já consumida pela culpa, Annabeth falou que estava o evitando, porque estava com ciúmes — mesmo sabendo que não tinha direito, contou que se sentia mal por se sentir assim — afinal, não queria mais ficar com Percy, mas era estranho vê-lo com outras pessoas — e o moreno disse, com cuidado e delicadeza, que ele estava solteiro naquele momento. Os dois concordaram que era mil vezes mais simples quando eram mais novos. Depois daquilo, ela tentou ficar mais perto dele nas festas e ele não ficava com outras pessoas na frente dela, não era a melhor coisa do mundo, mas, pelo menos o problema do início tinha sido resolvido. A partir daquela noite, a cama não era mais um problema.
Já no dia do aniversário de Piper — 10 de janeiro — quando somente os amigos mais íntimos da morena e a sua família estavam no hotel, eles se beijaram em um jogo de verdade ou consequência — obviamente sugerido pela Mclean — como no início do relacionamento deles na adolescência e perceberam que realmente só queriam a amizade um do outro. Simplesmente não encaixava mais, era estranho e levemente constrangedor. Algo além da amizade não funcionava mais.
Por isso, naquele momento, Percy estava deitado em sua cama ouvindo-a reclamar da faculdade. Pelo menos uma vez a cada 5 meses, em um fim de semana ou feriado, ou o moreno ou a loira iam um para casa do outro e ficavam ali conversando bobeira.
— Eu definitivamente não nasci para fazer faculdade — Annabeth jogou sua cabeça nos livros a sua frente — Odeio essa matéria. Odeio o Istituto Marangoni. Odeio. Odeio.
Eles já tinham tido aquela conversa mais de uma vez, por isso, Percy não sugeriu que ela trancasse a faculdade — ela diria que tinha gastado dinheiro demais ali para sair sem um diploma — ou que fizesse algo que realmente amasse — porque mexer com coisa de papelaria não dava dinheiro — apenas se levantou e virou a cadeira dela para que pudesse olhar em seus olhos.
— Ei, para um pouco, você está estudando seguido já faz umas 5 horas e já tá completamente cansada. Além disso, tem um britânico aqui na sua cama chorando por atenção — dito isso, Percy fez um biquinho digno de Flynn Rider e fazendo com que Annabeth não se aguentasse e começasse a rir. Era tão bom ter uma sensação de normalidade com ele depois de tanto tempo que ela nem se incomodou com ele atrapalhando seu momento de estudo.
— Mas até agora eu não consegui entender nada dessa budega e me recuso a aturar a chata da professora Drew ano que vem — ao contrário de Percy e Jason, Annabeth nunca se importou tanto em ser a melhor da turma. Seus pais nunca haviam cobrado isso e acabava que ela não se importava tanto para querer competir pela maior nota da sala, como Percy e Jason faziam, o máximo que Annabeth fazia era para não ficar de recuperação final e jamais cabular aula, pois tinha pavor de ir para detenção ou para sala de algum coordenador.
Mas, daquela vez, ela estava virando noite estudando para não pegar — mais uma — DP. Estava sonhando em se formar para então ficar completamente perdida sobre o que faria da vida.
— E você não vai, gatinha, é uma promessa, ok? — ele disse, pegando as mãos dela e dando um beijo nelas, da mesma forma que fazia quando eram mais novos. Algumas coisas simplesmente não mudavam com o tempo.
— Você não pode me prometer isso — Annabeth revirou os olhos, tentando, em vão, prender seu cabelo inteiro. Em um surto, após conseguir tirar exatamente a nota que precisava para passar em uma matéria que odiava, ela cortou seu cabelo na altura do queixo. No momento, ele já estava quase chegando no ombro, mas continuava um pouco difícil de prendê-lo. Porém, no geral, Annabeth tinha gostado muito.
E Percy tinha amado ainda mais as mechas azuis que ela tinha feito no interior de seu cabelo. Da primeira vez que tinha visto, ainda por uma ligação de vídeo, ele não tinha conseguido ter outra reação a não ser gritar: MEU DEUS, VOCÊ ESTÁ COM O CABELO AZUL. E quando eles se viram novamente, com Annabeth de cabelos curtos após uns 4 meses, Percy não conseguiu não gritar no aeroporto: MEU DEUS, VOCÊ CONTINUA COM O CABELO AZUL.
Era como se aquela cor tivesse dando mais vida a sua melhor amiga, um ar de felicidade mesmo quando ela estava infeliz com absolutamente tudo em Milão e, mesmo sabendo que tinha possibilidade de voltar para Capri e ter o apoio dos pais com qualquer coisa que quisesse fazer, Annabeth preferia ficar ali. Percy simplesmente não entendia, primeiro porque cursar Relações Públicas e então montar uma empresa no ramo de eventos sempre foi o seu grande sonho e segundo, ele preferia muito mais curtir a jornada do que ficar padecendo em um lugar que odiava.
Mas Annabeth era diferente, levemente complicada e, pelo bem da amizade, ele havia desistido de tentar entendê-la.
— Eu posso sim, sabe porque? — ele esperou a loira responder segurando a risada e fechando o livro dela para então ver o título — Porque, amore mio, eu sou o rei do Design de Superfície.
— Você é um idiota, isso sim — Annabeth revirou os olhos, mas desistiu de ficar sentada naquela cadeira, preferindo se deitar ao lado de Percy de barriga para cima focando na infiltração que tinha no teto, como se ela fosse sumir a qualquer momento.
Desde que havia começado a morar sozinha, após Silena ter ido morar em uma república para conter gastos, ela precisava chamar um encanador ou algo do tipo, mas procrastinava até mesmo nisso, deixando para depois e morrendo de raiva quando percebia que a infiltração do seu quarto estava aumentando.
— Errado, padawan, eu sou o seu idiota — Percy piscou um de seus olhos exageradamente e se jogou ao lado de Annabeth — Agora me conta, você vai no casamento da Nancy Bobofit lá em Roma?
Aquela mulherzinha tinha feito um inferno na vida tanto de Percy quanto de Annabeth durante todo o fundamental e Ensino Médio. O autocontrole e o domínio próprio que a loira teve que ter durante todos aqueles anos para não meter a mão na cara daquela ruiva era surpreendente. E agora, após anos sem se ver, ela a convidava para o seu casamento — e o pior, ela e Percy haviam sido os únicos ex colegas dela que haviam sido convidados.
Annabeth nem tinha acreditado quando sua mãe havia te ligado para avisar sobre, precisou ver com seus próprios olhos — em uma chamada de vídeo — para acreditar que não havia sido um engano. Ela tinha certeza que Nancy tinha a convidado apenas para ostentar o casamento de luxo, o vestido brega que havia escolhido e o marido que era tão podre quanto ela.
— Nem se me pagarem, não quero ver a cara daquela lá tão cedo, porque? — Annabeth não estava conseguindo entender tamanho interesse de Percy em Nancy. Os dois se odiavam completamente, de um nível que fazia com que o ranço que as duas sentiam uma da outra não passasse apenas de uma antipatia, porém o moreno simplesmente não parava de falar nesse tal casamento.
— Eu ia te chamar para ir como a minha namorada — se não conhecesse bem ele, provavelmente se assustaria com esse tipo de comentário, mas Percy era o rei das ideias sem juízo e dos comentários sem noção.
Ele lembrava muito o Alex de Simplesmente Acontece e ela só podia torcer para que não fosse tão complicada quanto a Rosie. Bem, pelo menos não tinha um bebê na jogada.
— E a Rachel? — Annabeth perguntou tentando se lembrar dos nomes das pessoas com que Percy se relacionava, felizmente, o ciúmes de antes havia sumido, o que fazia com que o moreno pudesse conversar até mesmo sobre isso com ela.
— Vai ter uma exposição de arte no mesmo dia — ele balançou os ombros como se não importasse tanto e realmente não se importava. A ruiva era um amor e eles eram amigos antes de transformar aquilo em uma amizade colorida sem compromissos, mas levá-la para sua cidade natal era um passo grande demais que nenhum dos dois queria dar.
Aparentemente, ela era afim do filho do mecânico de confiança de seu pai — algo complicado demais para que Rachel lidasse ao mesmo tempo que desafiava seu pai cursando artes plásticas — e usava Percy como um estepe e o moreno simplesmente não ligava para isso. Era algo bom para os dois.
— A chata do cabelo rosa horroroso? Calipso, né? — essa, Annabeth teve o desprazer de conhecer, afinal, era absurdamente chata e inconveniente. Jamais perdoaria Percy por ter apresentado as duas.
— Se tornou rolo fixo de um jornalista — Graças a Deus, Percy pensou, afinal ela às vezes agia como se fosse sua namorada mesmo quando ele não tinha interesse nenhum nisso, além disso, o tal jornalista de New York parecia ser gente boa.
— Nico? — ela arriscou a dizer o nome do primo dele que havia tido uma queda no moreno na adolescência.
— Aparentemente não sou mais o tipo dele, inclusive ele está para casar, sabia? Vamos, Annabeth, por favor, aceita ser minha namorada — Percy se colocou de joelhos, ainda na cama, com as mãos juntas, implorando para que ela aceitasse aquele pedido, mesmo que fosse só de mentira.
— Então eu fui sua última opção? Só por isso, eu não vou — Annabeth se virou para o lado contrário que ele estava, fingindo não escutar enquanto ele pedia várias vezes por favor, por favor.
— Me ajude, Annabeth Chase, você é a minha única esperança — ele pulou para fora da cama e pegou um funko da Princesa Leia que ficava na pequena estante dela e afinou a voz enquanto falava a famosa frase da segunda série favorita dos dois, perdendo apenas para Harry Potter.
— E o que eu ganharia com isso? — Annabeth perguntou já sabendo que se arrependeria, pois Percy estava a convencendo. Ele sempre acabava conseguindo fazer ela entrar nas latadas que armava. Era incrível e assustador
— Além do prazer de poder me beijar novamente? — Percy respondeu enquanto mordia os lábios exageradamente, fingindo ser sexy. Mas só fingindo, porque quando o moreno realmente queria, meu Deus, ele realmente fazia valer a pena.
— Além disso, Percy, preciso de algo a mais para gastar meu precioso tempo para aturar aquela purgante de rato — preguiçosamente, Annabeth se levantou e foi em direção ao seu guarda roupa procurando algum vestido de gala que havia comprado de Silena quando ela resolveu vender mais da metade das suas roupas de gala e de grife para ajudar os pais. A meta seria devolver para a morena depois, mas duvidava que ela acharia ruim se Annabeth usasse um em algum momento, afinal, a loira também se recusava a comprar algo apenas para usar no casamento daquela spray de cheetos.
— Imagina a cara dela vendo que nós dois sobrevivemos firmes e fortes mesmo com a distância e somos bem sucedidos na faculdade dos nossos sonhos — Percy chegou por trás dela, gesticulando como se tivesse mostrando a perspectiva dele em um quadro branco.
— A gente terminou faz uns 3 anos, Percy, e eu to quase surtando de vez e trancando meu curso — ela disse finalmente achando o vestido cinza que queria.
— Mas ela não sabe disso — o moreno sussurrou no ouvido dela e pelo tom de voz dele, Annabeth soube que ele estava sorrindo e realmente era muito difícil da Nancy saber, afinal, os dois eram extremamente low profile e ainda tinham bloqueado ela em todas suas redes sociais apenas para evitar situações estressantes.
— Gosto de como você pensa, Perseus — a ideia de parecer uma pessoa bem sucedida, mesmo que fosse uma mentira, para aquela que sempre havia duvidado de si era boa demais para que a loira negasse.
— Então isso é um sim? — Percy simplesmente estava como maior sorriso que ela tinha visto em muito tempo, lembrando até mesmo o Gato de Cheshire e sabia que também deveria estar daquele jeito.
— Sim, Perseus Jackson, eu aceito ser sua namorada de mentira — dito isso, ela se jogou em cima dele em um abraço que fez os dois se desequilibraram e caírem na cama gargalhando. Talvez aquela não fosse uma má ideia.
Annabeth queria se bater e bater em Percy por causa daquela ideia ridícula, mas antes precisava lidar com a multidão de gente olhando para o moreno — que naquele momento fazia o papel de seu namorado — ajoelhado em seus pés enquanto segurava uma aliança de papel.
Tudo estava sendo maravilhoso, o vestido cinza de Silena havia servido perfeitamente, deixando ela com uma aparência de deusa grega e, de acordo com Percy, com o risco de ser expulsa do evento por estar mais bonita que a noiva.
Era engraçado fingir um namoro com o moreno, pois parecia uma amostra grátis de algo que poderia ter acontecido, mas deu errado. Eles fingiam não pensar que poderiam estar daquele jeito de verdade, ignorando as borboletas no estômago e o quanto seus corpos encaixavam um no outro. Naquele momento, precisavam fingir um namoro, mas também fingirem que não queriam estar daquele jeito novamente.
Talvez fosse apenas saudosismo, afinal, da última vez que haviam se beijado — alguns anos atrás — não sentiam nada além de amizade, mas agora, enquanto o peso da aliança de Sally descansava na mão esquerda de Annabeth, os dois pensavam como seria se aquela realmente fosse a realidade.
Se aproveitaram de cada detalhe do casamento, zoando de tudo e todos, mas principalmente de Nancy cujo vestido mais parecia um pedaço de bolo de festa infantil. Ostentavam um relacionamento de mentira e seguravam a gargalhada quando alguém realmente acreditava.
Tudo estava indo bem, até que Annabeth decidiu entrar na pequena multidão de mulheres para pegar o buquê e, por algum motivo, conseguir pegar apenas para se virar e ver Percy ajoelhado lhe pedindo em casamento com uma aliança feita de guardanapo.
— To começando a ficar preocupado — ele deu uma risada quando Annabeth demorou a respondê-lo. Ela poderia simplesmente negar, afirmando que aquela brincadeira estava indo longe demais, mas sabia muito bem o que ele esta a pensando: vamos dar mais um motivo para falarem.
Nenhum dos dois moravam mais em Capri e também não tinham contato praticamente nenhum com as pessoas dali, uma baguncinha a mais não faria tão mal assim, além disso, só se vive uma vez, certo?
Foi com esse pensamento que Annabeth disse sim, eu aceito me casar com você, Cabeça de Algas antes de beijá-lo ao som de aplausos e gritos. E de olhos fechados, os dois, naquele momento, fingiram que aquela era realmente a sua realidade.
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