POV Ana Carla

- Que merda,amiga.- Exclamou Rebeca grampeando a caixa de madeira onde minha escultura ia ser guardada antes de ser transportada para o local da minha exposição.

Suspirei ajeitando a fibra para colocar embaixo.

- No fim foi bom eu ter aceito o convite para o evento.- falei.- Se eu não tivesse vindo sabe lá quando Otávio ia arrumar coragem para me contar.

Rebeca assentiu.

- E como você vai fazer? Não existe outra forma de erguer a empresa sem envolver o Robert?

Só de ouvir o nome dele meu estômago se agitou.

- Eu pedi uma auditoria urgente.- falei vendo Edward Cullen entrar no ateliê.- Mas o advogados já me adiantaram que Giovanna roubou milhões da conta... Robert é o único que talvez vá me ajudar sem cobrar o cache e eu ainda vou ter que colocar dinheiro pessoal nisso, nenhum fotógrafo, maquiador, RP vai trabalhar de graça... e ainda tem as locações...

Rebeca franziu o cenho.

- Nunu não entraria nessa?

Eu já tinha pensado nisso.

- Não, ele precisou voltar para Seoul.

- Por que?

- Ele tem 32 anos, amiga. - falei vendo ela ficar confusa.- Ele precisa se alistar no exército, chegou na idade limite.

- E vocês dois?

Dei de ombros.

- Somos mais amigos do que qualquer outra coisa, Rebeca.- e era verdade.

Amizade colorida talvez fosse o termo correto.

Ela suspirou.

- Então... quando você vai falar com o Robert? Precisa que eu ligue para ele?

Fiz que não.

- Acho que o elemento surpresa é a minha melhor opção.

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Foi impossível não ficar nervosa ao estacionar meu carro em frente a casa que já tinha sido minha.

Uma parte de mim estava curiosa para saber por que ele continuava ali, mas eu não iria perguntar.

Desci do carro, ignorando o fotógrafo nada sutil do outro lado da rua e arrisquei a senha numérica que eu ainda lembrava.

Não faria mal eu entrar no quintal, ne?

O jardim continuava do jeito que me lembrava com algumas baixas nas plantas a esquerda, próxima ao portão da garagem.

Estava tudo apagado e por conta da noite escura eu quase tropecei duas vezes nas pedrinhas.

Joguei minhas tranças para trás do ombro jurando mentalmente que mataria minha tia por estar me forçando a fazer aquilo e toquei a campanhia.

Era quarta.

Se tudo estivesse como antes, era noite de futebol e ele estava com Bobby na edícula...

- Deixa que eu abro!- disse uma voz feminina vinda de dentro da casa.

Cinco quilos pesaram dentro de mim quando a porta foi aberta e uma mulher loura, alta e com nariz de rinoplastia apareceu diante de mim.

- Oi...- ela disse me analisando.- Como passou do portão?

Ergui uma sobrancelha, olhando-a de baixo para cima.

- Eu tenho a senha.- falei segurando a alça da minha bolsa.- Onde está o Robert?

À loura cruzou os braços.

- Quem pergunta?- quis saber.

Dessa vez eu rolei meus olhos.

Não queria ser prepotente, mas era meio impossível alguém do meio hollywoodiano não me conhecer.

E a magrela a minha frente com certeza era do mundo da moda... Ou tentava ser...

Mas antes que eu pudesse cogitar responder...

- Suki? Quem é amor?

Ela saiu da frente, me dando visão de Michael na porta da cozinha, quando me viu ele arregalou os olhos.

- Ana?- perguntou fazendo a queridinha me olhar muito mais arregalada do que ele.

- Oi...

- Mike o que está acontecendo?

Robert apareceu atrás de Michael, olhando com o cenho franzido do assessor, segurando uma garrafa de cerveja.

Garrafa essa que foi ao chão assim que nossos olhos se encontraram.

- Ana?

- Oi, Robert...

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