Capítulo 7
"Aprendi que é possível seguir em frente,
não importa quanto pareça impossível.
Com o tempo a dor diminui."
Querido John - Nicholas Sparks.
ㅡ Kali? ㅡ a voz de Kabir é baixa e risonha ㅡ Tchalô, Kali, já está na hora de acordar!
Sinto sua mão sacudir levemente meu ombro e solto um resmungo de preguiça. Todo o meu corpo dói!
ㅡ Trouxe chai e bolinhos para vocês, tik. ㅡ abri um só olho e vejo a bandeja ao meu lado da cama ㅡ Só falar em comida que minha esposa acorda, ham…
Sorrio para o rosto tranquilo de Kabir.
Meu marido. Ainda tenho que me acostumar a isso.
ㅡ Chukriá. ㅡ sussurro, já me levantando.
ㅡ Atchá! Coma tudo e volte a dormir depois, precisa se alimentar de forma correta para nosso filho crescer saudável aí dentro.
Kabir se retira do quarto e fecha as portas duplas.
Reparo em cada cantinho do meu novo dormitório, o quarto de Kabir. É o dobro do tamanho do meu antigo, um privilégio por ter nascido homem. A partir de agora dormiremos aqui, juntos, como um casal.
O dia de ontem foi longo e cansativo. Um casamento é sempre movido a muita música e comida, e eu posso dizer que me diverti e dancei como nunca. Os noivos dançando juntos foi o ponto alto da festa, não há quem não tenha dançado também, até baldi e mamadi se renderam a nossa roda; sorrimos e brincamos até que os convidados começaram a ir embora, e então viemos para nossa casa, desfilando pelas ruas sobre um cavalo branco e ornamentado com ouro e tapeçarias finas, com gritos de felicidade de quem nos viu passar.
Nos trancamos no quarto e dormimos em seguida, por cima do lençol, sem trocar de roupa ou tirar as jóias. Para os convidados que ainda estavam hospedados em nossa casa, tivemos nossa noite de núpcias, como todo recém casado, mas na verdade fomos vencidos pelo cansaço de um longo dia.
Termino de beber o chai morno e tomo um banho, com muito cuidado para não esfregar demais a pele e retirar a henna que me cobre os braços, mãos e pés. Enquanto a tinta permanecer em meu corpo estou livre dos afazeres domésticos, ainda serei uma recém casada e minha única obrigação é para com meu marido.
Quando saio do banho encontro baldi sentado na poltrona que fica ao lado da porta do closet. Ele me olha, ainda vestida com meu roupão e uma toalha na cabeça, e sorri tristemente.
ㅡ Baldi? Tudo bem? ㅡ me aproximo e faço o Pronam Mudrá.
ㅡ Ditero beti. ㅡ ele sussurra e se levanta.
Baldi é um homem alto, forte, e tenho que levantar levemente meu rosto para olhar em seus olhos.
ㅡ Está feliz, Kali? ㅡ sua voz é baixa ㅡ Minha menina está feliz?
Sinto meu coração aquecer ao ouvi-lo me chamar de forma carinhosa mais uma vez. Sorrio e sinto uma lágrima solitária escapar de meus olhos lacrimejantes.
ㅡ Tik, baldi, estou muito feliz. ㅡ minto e ele parece não acreditar.
Baldi me conhece melhor do que ninguém. Ele não é como os pais que deixam a filha mulher apenas sob os cuidados da mãe, nem nunca se lamentou por eu não ter nascido um homem. Ele foi um pai presente, brincou de boneca comigo, me ajudou nas lições de casa, cozinhamos juntos, dançamos… ele sempre foi um ótimo pai. E ele me conhece, sempre teve o dom de ler o meu olhar.
ㅡ Por diversas vezes ontem… tive a impressão de que sua mente estava em outro lugar. Você não parecia uma noiva radiante se casando com o grande amor da sua vida.
ㅡ Nahin, baldi, foi o dia do meu casamento! Eu estava com vergonha, com tanta atenção sobre mim, apenas isso. ㅡ sorrio, nervosa ㅡ Minha mente não estava em lugar algum a não ser ali, no meu grande dia.
ㅡ Kali… ㅡ ele se aproxima e engulo em seco ㅡ Conheço seu coração desde que o ouvi, pela primeira vez, dentro da barriga de Nivedita. Da mesma forma como conheço o de Kabir.
Meu corpo gela com o tom de voz comedido que ele usa, seus olhos como duas fendas me examinando.
ㅡ Sei que ele faria qualquer coisa por você.
ㅡ Baldi, o que está insinuando? ㅡ minha voz soa magoada e ele levanta as duas mãos, em sinal de paz.
ㅡ Só um pensamento que passou por minha cabeça...
ㅡ Pois guarde-o para você. ㅡ a voz de Kabir é alta e dura.
Olho para trás e o vejo na porta, com um semblante bravo. Ele anda calmamente em minha direção e me puxa para trás de si.
ㅡ Aarav, se for para ter pessoas transitando por meu quarto, enquanto ainda estou em núpcias, terei de ir para outra cidade. ㅡ ele diz, encarando baldi de forma séria ㅡ Não perturbe minha esposa em nosso quarto, respeite nosso leito conjugal, assim como sempre respeitei o seu e de Nivedita.
Um longo silêncio se instala enquanto os homens se encaram, e é o suficiente para me fazer correr para o banheiro e vomitar tudo que comi.
ㅡ Olha o que você fez! ㅡ Kabir exclama atrás de mim ㅡ Sua filha está grávida de seu neto e, nem assim, vocês a deixam em paz. ㅡ sussurra com dentes trincados.
Sento-me no chão do banheiro e tento controlar a respiração. Baldi me olha da porta, com olhos arrependidos e semblante triste.
ㅡ Eu sei que vocês se amam. ㅡ ele diz com a voz suave ㅡ Mas também sei que não é amor carnal, e sim fraternal… vocês cresceram juntos, na mesma casa…
ㅡ E nos apaixonamos, baldi. ㅡ o interrompo com lágrimas nos olhos ㅡ Are baba, por que não acredita em nós?
ㅡ Porque sou o pai de vocês. ㅡ uma lágrima escorre por seu rosto e ele a limpa com raiva ㅡ Sei que estão mentindo, mas não posso mais fazer nada. Agora vocês pertencem um ao outro, independente de como isso tenha começado. Não há mais saída.
ㅡ Não queremos uma saída. ㅡ Kabir diz ㅡ Queremos apenas andar, lado a lado, pelo caminho de nossas vidas. Sem interrupções, atalhos ou saídas. Queremos apenas encontrar a felicidade juntos, baldi.
ㅡ Pois que assim seja. ㅡ Baldi nos olha enquanto Kabir me ajuda a levantar e escovar os dentes ㅡ Apenas… ㅡ ele parece pensar antes de continuar ㅡ lembrem-se de uma coisa: vocês viverão o resto da vida juntos, e nascerá uma criança que os unirá ainda mais em poucos meses… acham mesmo que podem enganar o amor? Que o amor de homem e mulher, o desejo… não chegará até vocês?
ㅡ Baldi, quantas vezes…
ㅡ Chega, Aarav. ㅡ Kabir me corta e se aproxima de baldi ㅡ Se retire agora do meu quarto. Minha esposa não está em condições de ficar ouvindo suas loucuras fantasiosas. Nos amamos e teremos um filho, é essa a história. Ponto final.
Baldi sai com passadas duras e bate a porta com força. Kabir solta um suspiro exasperado e puxa os cabelos com uma das mãos, enquanto se apoia na parede com a outra. Fico em silêncio, pois nunca o vi tão nervoso assim. Apenas me aproximo e o abraço por trás, fechando minhas mãos com força em sua camisa e apoiando minha cabeça em suas costas.
ㅡ Acha que ele pode levar isso adiante? ㅡ sussurro ㅡ Acha que ele contaria isso ao sacerdote?
ㅡ Nahin. ㅡ Kabir responde rapidamente e apoia suas mãos nas minhas ㅡ Se ele fizer isso agora será condenado junto conosco, pois também mentiu e omitiu, casando você grávida.
Ficamos em silêncio, apenas abraçados, enquanto nossas respirações entram em sincronia.
ㅡ Kabir…
ㅡ Ham…
ㅡ Sobre o que baldi disse…
ㅡ Kali. ㅡ ele se vira de frente para mim e segura meu rosto entre suas mãos ㅡ Eu nunca tocaria em você, nunca. Eu te respeito acima de qualquer coisa e qualquer um.
ㅡ Tik, eu sei. Eu só… ㅡ sinto meu rosto esquentar de vergonha ㅡ Baldi tem razão, nós viveremos juntos o resto da vida. ㅡ olho para o teto e solto um suspiro ㅡ E se, algum dia, sentirmos desejo um pelo outro? Se algum dia, realmente, o amor chegar para nós? O que faremos?
Kabir sorri lentamente e examina cada parte de meu rosto, e me sinto uma boba por estar levantando essa questão. Ele nunca se apaixonaria por mim.
ㅡ Baguan Kelie, Kali! ㅡ ele diz, entre risos ㅡ Acha mesmo que um dia Parvati irá nos abençoar desta forma? Nahin, não seja boba. Você já amou uma pessoa e provou do fel que é o amor, acha mesmo que irá se apaixonar novamente algum dia?
ㅡ Tik, tem razão. ㅡ sorrio mais aliviada ㅡ Meu coração nunca mais será capaz de amar.
ㅡ Tik, tik... e eu também não quero provar desta experiência, ainda mais com você, Kali! Que Krishna me proteja da sua beleza!
Rio da sua reação e nos afastamos, mas vejo um olhar estranho no rosto de Kabir, que logo me dá as costas e sai do banheiro. Ao vê-lo indo em direção ao quarto uma sensação estranha toma conta de mim. Mas… e se…
Não. Não, não e não.
Baldi está enganado, não há a menor possibilidade de nos apaixonarmos. Seremos apenas os pais desse bebê, nada mais que isso.
♡♡
Com passar das semanas o meu relacionamento com baldi foi ficando mais estável. Após um mês ele já sorria para mim, e até me chamou para passear na empresa, ao seu lado e de Kabir, em um dia de trabalho. Eu já conhecia os funcionários, pois cresci vendo seus rostos de longe, enquanto meus pais participavam de coquetéis, mas desta vez pude conversar com eles, saber seus nomes e sobre suas famílias. Passei boa parte do dia de setor em setor, cumprimentando o máximo de pessoas possíveis, e tenho quase certeza de que me saí muito bem para o meu primeiro tour como uma senhora casada.
Agora eu era respeitada por ser a Sra. Akshay, esposa de Kabir Akshay. Tinha total liberdade de andar pela empresa sozinha sem que alguém me chamasse a atenção.
No dia seguinte fui ao mercado, também sozinha. Que sensação maravilhosa! Uma liberdade, de certa forma, muito bem vinda. E por várias vezes desde então venho saindo sozinha. Ao templo, mercado, joalheria, e uma loja de bebês. O primeiro presente para meu bebê é uma manta de seda, nas cores branco e dourado, que combinam com um par de meias e uma touca. Kabir literalmente chorou quando viu.
Ele tem sido um pai super protetor e atencioso, me mimando com doces e salgados temperados todos os dias. Prepara banhos de banheira perfumados para mim e recebo massagem nos pés antes de dormir.
ㅡ Meu filho não poderá dizer que não mimei sua mamadi desde o primeiro dia de casados, tik. ㅡ disse uma certa noite após eu lhe dizer que não precisava fazer isso ㅡ Faço isso por amor, Maharani, quero ser o melhor pai do mundo.
Tenho a certeza de que sem Kabir eu estaria na rua da amargura.
Neste momento, ao olhar seu rosto concentrado em uma revista onde está escrito, em letras gigantes: "Como acalmar a cólica do bebê?", vejo que ele realmente será o melhor pai do mundo. Estamos na sala de espera do hospital, esperando meu nome ser chamado para realizarmos a minha primeira ultrassonografia, e pegar o resultado da sexagem fetal do exame de sangue, colhido em minha casa ontem, que poderá revelar o sexo do bebê. Kabir não dormiu a noite inteira, tamanha sua ansiedade para o dia de hoje, e balança sua perna freneticamente enquanto seus olhos passeiam atentamente pelas folhas em suas mãos.
A cena me arranca uma risada que chama sua atenção.
ㅡ O que houve? ㅡ seus olhos vão diretamente para minha barriga.
ㅡ Nahin. ㅡ sorrio e pego a revista, colocando no cesto ao meu lado ㅡ A senhora que entrou antes de mim já saiu, já devem me chamar.
ㅡ Atchá! Está preparada?
ㅡ Tik, estou. E você?
ㅡ Não vejo a hora! ㅡ diz e arregala levemente os olhos.
Quando a médica chama meu nome já estamos sozinhos no setor de obstetrícia. Kabir pagou um valor alto para sermos os últimos e manter nosso nome em sigilo absoluto, portanto há apenas a obstetra conosco na sala de exames.
Minhas medidas não mudaram muito; poucos centímetros foram acrescentados ao meu quadril, que está maior, pois minha barriga começou a aparecer e a ficar levemente arredondada logo abaixo do meu umbigo.
O gel aplicado em meu baixo ventre é frio, e me faz soltar uma risada de nervoso. Kabir segura minha mão, mas mantém seus olhos fixos na tela de computador escura, sua expressão demonstrando o quanto espera por este momento. E então um chiado toma conta do ambiente, com uma pulsação firme e rápida aumentando gradativamente. O coração. Tão rápido, tão forte… tão vivo. E me sinto o ser mais abençoado de toda a Índia ao ver uma coisinha minúscula na tela, se mexendo, enquanto a médica tira medidas e faz anotações no computador.
ㅡ Atchá, está tudo ótimo com o bebê dos senhores! ㅡ a doutora exclama com os olhos ainda na tela ㅡ Está vendo aqui? É a cabeça, aqui está o coração, e olha só essa mãozinha que não para um segundo! ㅡ ela aponta com o dedo o borrão na tela ㅡ É meio confuso ainda, mas no próximo exame já poderemos realizar em 3D, então será mais fácil de distinguir o rosto e os membros do feto.
ㅡ Tik, chukriá! ㅡ Kabir limpa as lágrimas e sorri para mim ㅡ Obrigada por este presente maravilhoso, Kali!
ㅡ Atchá! ㅡ sussurro, emocionada.
ㅡ Você está com 14 semanas e 5 dias, é o equivalente a 3 meses e meio, mais ou menos, pois a ultrassom pode enganar de acordo com o tamanho do útero e do feto. ㅡ a médica diz e me ajuda a levantar da maca ㅡ Sua barriga começará a crescer a partir de agora, e você poderá sentir dores no quadril e coluna, mas é tudo normal, ham.
ㅡ Tik, ficarei de olho. ㅡ Kabir responde, enquanto me ajuda a dar as voltas do sari em meu corpo ㅡ E então, o resultado do exame saiu, doutora?
ㅡ Tik, está aqui em minhas mãos. ㅡ ela sorri e abana um envelope com a mão ㅡ Podem sentar.
Nos sentamos diante da mesa e pego o envelope com as mãos trêmulas. Kabir se remexe, ansioso, e lê junto comigo o cabeçalho onde contém meu nome, idade, data de nascimento...
ㅡ É uma menina. ㅡ ouço seu sussurro maravilhado ao meu lado, e meus olhos pulam os parágrafos com termos médicos e técnicos, indo diretamente para uma linha única, em negrito, onde diz: XX (Feminino).
ㅡ É uma menina, Kabir! ㅡ exclamo em meio às lágrimas e sorriso ㅡ É uma menina!
ㅡ Tik! ㅡ ele sorri e, num ato impensado, me puxa e cola seus lábios nos meus, se afastando em seguida ㅡ É a nossa Niyati! Nossa Niyati, nosso tesouro! Nosso destino!
O toque dura apenas um segundo, e é o bastante para congelar todo o meu corpo enquanto ele divaga, em êxtase, que teremos uma filha.
Uma menina… nossa menina.
E ele me beijou.
Kabir. Me. Beijou. Are baba!!!
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