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Capítulo 4

"Sou uma criatura de dor,
pó e amargas saudades.
Há um vazio dentro de mim
onde um dia teve coração."

As Crônicas de Gelo e Fogo -
George R. R. Martin.

A última semana foi cansativa, mas de grande aprendizado para mim. Aprendi muitas coisas com Ananya que levarei o resto da minha vida em meu coração. Por exemplo: o valor que um prato de comida tem para quem sente fome. Pois, vivendo na bolha de rúpias em que vivia, eu nunca pude imaginar o quanto a fome é real na Índia, o quanto dói ver crianças magras e desnutridas comerem apenas um pedaço de pão, e o quanto dói ver no olhar de uma mãe que aquilo foi o melhor que ela pôde fazer naquele dia, mas que ainda assim, não foi o suficiente. 

Ananya ficou viúva cedo, tinha apenas alguns anos de casada, e foi rechaçada por sua família e pela família de seu falecido marido. Viúvas são tidas como algo ruim, ninguém quer conviver com uma. Ela também era rica e acabou vivendo aqui com uma mulher, também viúva, que a encontrou desmaiada e ferida em um beco escuro. Hoje ela vive bem, dentro do possível em um lugar como esse, e ajuda muitas outras mulheres. 

Nos últimos dias entramos em uma rotina agradável, mas muito cansativa, o que me leva a pensar como ela conseguia realizar tantas tarefas sozinha. Acordamos antes do sol nascer e ela vai até a cidade buscar as roupas enquanto eu preparo o desjejum. Lavamos todas as peças antes do almoço e, após a refeição, não há tempo para descanso e retiramos tudo da secadora, e então começa a pior parte: passar e engomar cada parte dos tecidos. No fim do dia a tarefa de entregar as roupas para os clientes é minha, enquanto minha salvadora fica em casa preparando o jantar. 

Hoje foi um dos piores dias para mim. Lavamos as roupas de quatro casas e não tivemos tempo para refeições, mas o pagamento foi generoso e vai nos deixar tranquilas por uns dias. Sinto uma leve pontada abaixo do meu umbigo, resultado do esforço físico das últimas horas, e paro a caminhada para descansar, apoiando as sacolas enormes e pesadas no chão. Olho para o céu escuro e com nuvens pesadas, sem estrelas, e uma brisa suave e gelada toca meu rosto, me arrancando um calafrio. 

Onde será que ele está? Será que vê o mesmo céu nublado que eu? Será que pensou em mim em algum momento desde que foi embora? 

Minha mão vai de forma automática para minha barriga, ainda lisa. Com sete semanas de gravidez ainda não há nenhuma protuberância visível, mas logo terá, e então todos saberão que sou uma desonrada. Sou a vergonha de mamadi e baldi, sou uma mancha para a futura família de Kabir. Tento controlar minhas emoções e volto a caminhada, preciso entregar as roupas antes que a chuva caia e estrague o trabalho do dia inteiro. 

Entrego as encomendas nos endereços indicados para cada pacote e volto rapidamente para a casa de Ananya. O caminho é deserto a esta hora, mas não tenho mais medo, pois aprendi que os ladrões não roubam nesta parte da cidade. Eles preferem roubar no centro de Mumbai, onde há milhares de pessoas ricas perambulando pelas calçadas ao longo de toda a noite. Roubo rápido e fácil. 

ㅡ Ananya! ㅡ chamo assim que passo pela porta e não a vejo no pequeno cômodo ㅡ Ananya!

Tik, tik! Já estou aqui! ㅡ ouço sua voz na porta e sorrio ao ver seus longos cabelos soltos.

Atchá, como fica mais bela com os fios assim! Deverias soltá-los sempre, Nany.

ㅡ Não seja tola, pequena travessa. ㅡ ela ralha com um sorriso no rosto ㅡ Uma viúva não pode deixar os cabelos soltos, posso ser apedrejada por tal absurdo! 

ㅡ Uma regra absurda, isso sim.

Atchá, atchá, vamos esquecer este assunto, ham... entregou tudo?

Tik, estamos oficialmente de folga! ㅡ sorrio animada e lhe dou um abraço apertado.

Por Ganesha, como gosta de abraços, ham. Tchalô, vá tomar seu banho para jantar.

Dou a volta na casa e tomo um longo banho frio. Como todos os dias, deixo as lágrimas lavarem minha alma enquanto a água lava meu corpo, e me sinto um pouco mais leve. Dormimos cedo e saímos cedo para o mercado, hoje irei comprar um novo sari com minhas próprias rupias! 

Vamos em uma viagem de trem para visitar o Ganges. Nosso rio sagrado! Onde nossos pecados podem ser purificados e perdoados por Ganga, a deusa que desceu do céu para habitar no rio. O caminho é longo, então compramos pani puri para o café da manhã dentro do vagão. 

ㅡ Kali. ㅡ Ananya diz após limpar a boca com um guardanapo de papel ㅡ Com quantas semanas está? 

ㅡ Estou com quase oito semanas. 

ㅡ E não irá procurar pelo pai do bebê? ㅡ ela sussurra.

ㅡ Não. ㅡ sussurro de volta.

ㅡ Por quê, Kali? Ham? O pai tem o direito de saber que terá um filho!

Olho para a janela e vejo as árvores passando como borrões diante dos meus olhos. Sinto um sabor amargo na boca antes de falar.

ㅡ Era Holi quando o vi pela primeira vez. - sorrio amargamente ㅡ O Festival das Cores. A vitória do bem contra o mal. Comemoramos o fim das monções de inverno e início da primavera... Era um dia feliz, Nany! ㅡ viro meu rosto e olho em seus olhos ㅡ O dia em que todos podiam ir às ruas e brincar e cantar, sem distinção de casta, raça ou gênero. Era Holi! ㅡ limpo uma lágrima que escapa e sufoco um soluço ㅡ O dia mais colorido do ano... Somente coisas boas acontecem neste dia, não é? 

Ananya segura firme minhas mãos, me dando forças para continuar contando a loucura que é minha vida.

ㅡ Eu estava brincando de pega com Kabir quando esbarrei em alguém. Era ele. ㅡ engulo em seco ao lembrar do brilho que seus olhos azuis tinham ㅡ O homem que arrancaria minha incrível vida de mim apenas com um sorriso torto. Claro que a culpa não foi só dele, eu quis... e como quis. ㅡ esclareço ao sentir o aperto das mãos de Ananya em mim ㅡ Ficamos amigos na primavera, quando ele me enviou uma mensagem pelo Instagram. Veja bem, minha família era muito tradicional, mas meus pais sempre apoiaram o avanço da tecnologia na Índia. Eu até poderia fazer faculdade! Então eu tinha permissão para usar redes sociais, sempre com moderação. 

ㅡ Não precisa me contar tudo, meu bem. ㅡ Nany diz pesarosa.

Tik, eu preciso desabafar. ㅡ respiro fundo e volto a olhar para a janela ㅡ Trocamos número de telefones e passamos a conversar todos os dias. Ele me contava tudo sobre sua vida guiada pelos pais. Eram médicos e tinham uma rede de hospitais nos Estados Unidos, e estavam ali em missão humanitária, viajando por alguns países da Ásia com a intenção de montar hospitais de campanha com voluntários do mundo inteiro. Tão nobres, eu pensava. ㅡ reviro os olhos e sinto as lágrimas descerem livremente por meu rosto ㅡ No verão eu já estava completamente apaixonada por ele... E eu achava que havia encontrado o homem da minha vida! Suas falas e olhares eram tão doces e intensos que eu me vi caindo cada vez mais dentro do precipício azul que eram seus olhos. E eu me entreguei... ㅡ engasgo com meu choro ㅡ De corpo e alma

ㅡ Ah, minha pequena! ㅡ Nany me abraça enquanto choro copiosamente em seu ombro. 

ㅡ Eu sonhava que meus pais concordariam em me casar com um estrangeiro! Eu sonhava com ele montando um cavalo branco no dia do nosso casamento, Nany! ㅡ ela me abraça cada vez mais forte ㅡ Ele me prometia uma vida de Maharani, e eu acreditei. ㅡ respiro lentamente, tentando me controlar ㅡ Foram noites maravilhosas ao seu lado, em que eu me sentia amada e venerada por suas mãos e lábios.

Olho para Ananya e vejo seu rosto corar ao ouvir minhas ousadas palavras.

ㅡ Eu era apenas uma menina de 17 anos, Nany.

Tik, tik, eu sei. ㅡ ela sussurra.

ㅡ E, então, o verão acabou. ㅡ uma onda de raiva passa por todo meu corpo, me fazendo estremecer ㅡ E com ele o meu sonho. Foi nosso primeiro e último verão. ㅡ solto uma risada amarga ㅡ Era outono quando ele me abandonou sem olhar para trás.

Um silêncio pesado se instala entre nós por um longo período enquanto nossas mentes viajam em pensamentos. As árvores ficam menos aglomeradas conforme o trem se aproxima da estação e algumas pessoas começam a se levantar para pegar as bagagens nos compartimentos acima de nossas cabines. 

ㅡ Mas você foi atrás dele? Tentou contato? ㅡ a voz de Ananya é apenas um sussurro, seu olhar ainda perdido na janela ao meu lado.

ㅡ Nany... eu tentei de tudo, fiz tudo que estava ao meu alcance! Mas não irei tentar mais. Nunca mais. Ele foi embora, me excluiu de sua vida e espero nunca mais vê-lo.

ㅡ Entendo, claro que entendo. ㅡ ela fica pensativa, fazendo círculos em meu braço ㅡ Vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo.

Sei que o que passa na cabeça dela, pois é o mesmo que atormenta minhas noites de insônia. Como viúva, Ananya já sofre preconceito de qualquer um ao seu redor... Sustentando uma desonrada com uma criança, será mil vezes pior. As pessoas irão querer apedrejá-la na rua, queimar sua casa, e até coisas muito piores. Olho para a mulher quem têm sido minha coluna nos últimos dias e vejo quão frágil é, mas também a vejo como uma rocha, capaz de enfrentar qualquer um por uma desconhecida.

ㅡ Eu nunca esquecerei de tudo que estás fazendo por mim. ㅡ digo com a voz embargada ㅡ Nunca, Nany! Serei eternamente grata! 

Nahin, isso não é nada. Tenho sorte de tê-la encontrado, minha vida precisava mesmo de uma aventura, tik

Rimos juntas da nossa situação e descemos de braços juntos quando o trem finalmente para na estação. 

O Rio Ganges é um dos maiores de toda a Ásia, além de sagrado ele é de suma importância para o nosso país, pois ajuda na fertilização de toda a Índia... mas ele exala um odor que não é nada agradável, o que me faz querer vomitar diversas vezes enquanto jogamos flores nas águas e preparamos o barco com frutas e especiarias para a deusa Ganga.

Passeamos por toda a escadaria a beira do rio, algumas pessoas olham para nossos braços dados com caretas de nojo e repreensão, mas a grande maioria sequer olham para nós. Alguns estrangeiros nos cumprimentam com acenos de cabeça, outros até arriscam um “namastê”, o que me faz pensar em como seria bom que todos olhassem para o sari branco de Ananya e não a vissem como um mau presságio, que não trocassem de calçada quando ela passasse. É tão triste que essa tradição esteja enraizada em nossa sociedade, que seja visto como algo tão normal... são mulheres que perderam seus maridos e, de repente, são abandonadas pelas famílias sem ter para onde ir, sem ter como se sustentar. 

Ananya é uma sobrevivente, e tenho orgulho de estar ao seu lado neste momento.

Compramos temperos, flores e muitos legumes; alguns saris e sandálias confortáveis para o trabalho, e guardamos o restante do dinheiro para comprar grãos e carvão no mercado próximo de casa. A viagem de volta parece passar mais rápido enquanto cochilamos apoiadas uma na outra. Caminhamos alegremente da estação até em casa, conversando sobre tudo que vimos e combinando de irmos ao templo na próxima semana. 

É quando eu vejo um carro preto, de luxo, parado alguns metros à minha frente. Eu reconheceria este modelo importado em qualquer lugar. O carro de baldi.

Não tenho tempo para pensar em correr, pois a porta traseira se abre rapidamente e Aarav Akshay, meu pai, salta do carro e anda diretamente até mim. Ananya parece entender a situação pois, em um pulo, se coloca a minha frente para me proteger. Baldi estaca no lugar ao ver meu olhar assustado, atrás de uma viúva, e seus olhos viram duas fendas enquanto tenta entender a situação. Ele me olha dos pés a cabeça, reparando em cada detalhe: de meu sari remendado, até o meu rosto sujo e empoeirado da caminhada sobre o chão de barro. 

ㅡ Kali. ㅡ sua voz grossa é baixa, e soa como uma pergunta.

Namastê, senhor. ㅡ Nany dá um passo à frente e abaixa a cabeça ㅡ O senhor pode nos dar licença?

Baldi fulmina a mulher com os olhos, mas Ananya devolve o olhar, sem medo.

ㅡ Saia de perto da minha filha. ㅡ ele diz calmamente, mas sei que é apenas encenação.

ㅡ Ela não quer falar com o senhor, não percebe? 

ㅡ Você não responde por ela, maldita

Baldi! ㅡ grito e fico ao lado de Nany ㅡ Suniedy, não fale assim com ela!

Baguan Kelie, Kali! ㅡ ele esbraveja ㅡ O que pensa que estás fazendo? Por quê sumiu de casa todos esses dias?

ㅡ O quê? 

ㅡ Coloquei toda a segurança atrás de você todo esse tempo, e você estava escondida aqui, neste buraco? ㅡ ele se aproxima de mim e coloca as duas mãos em meu rosto ㅡ Estás bem, minha luz? Ham? Fizeram algo com você?

Ananya me olha confusa, e tenho certeza que minha expressão é a mesma.

Baldi... ㅡ engulo em seco ㅡ O que mamadi lhe disse?

Nivedita não soube explicar como você desapareceu, disse apenas que sumiu sem levar nada, nem seu celular... ㅡ baldi me abraça apertado e solta um longo suspiro ㅡ Ah, luz da minha casa, eu e Kabir ficamos loucos de tanta preocupação! Que susto nos deu!

Baldi...

ㅡ Venha, ㅡ ele me interrompe e começa a me puxar ㅡ vamos para casa. Você precisa dar uma boa explicação para tudo isso.

Baldi... Nany... ela cuidou de mim, me ajudou...

Olho para trás e vejo a mulher me olhando, paralisada no mesmo lugar. Baldi para e se vira para Ananya.

ㅡ Irei lhe recompensar, senhora. ㅡ ele diz e abaixa a cabeça em sinal de respeito ㅡ Chukriá.

Então ele me arrasta para dentro do carro e partimos no mesmo instante. O caminho é rápido e sinto que vou vomitar a qualquer instante. Baldi me abraça o tempo inteiro e faz carinho em minha cabeça, dizendo o quanto está aliviado por me ter em seus braços novamente.

Por que mamadi mentiu? Por que esconder a minha gravidez de baldi? Que loucura ela quis inventar? 

Não tenho muito tempo para buscar respostas, pois logo já estamos descendo do carro e entramos rapidamente na casa onde nasci e cresci.

ㅡ Nivedita! Kabir! ㅡ baldi grita assim que abre as portas ㅡ Corram aqui!

Kabir é o primeiro a aparecer, no alto da escada, seu rosto abatido logo se transforma ao me ver parada ali. Ele desce os degraus, pulando de dois em dois, e corre até mim, me prendendo em um abraço de urso que me tira do chão.

ㅡ Kali, Kali, Kali! ㅡ ele diz com o rosto em meu pescoço ㅡ Are baba, que susto nos deu! O que houve? Onde esteve todo este tempo?

Não tenho tempo de responder pois meu corpo congela quando vejo mamadi parada no meio da sala, me olhando com olhos arregalados e com punhos fechados.

Mami... ㅡ sussurro com medo e dou um passo atrás.

Ela não se move, apenas me olha em silêncio. Baldi se põe a minha frente, quebrando nosso contato visual, e passa a encarar a esposa.

ㅡ Não está feliz em rever sua filha, Nivedita? ㅡ sua voz é dura.

ㅡ Ela lhe disse o motivo de ter ido embora? ㅡ a voz de mamadi é cortante.

ㅡ Ainda não, eu a trouxe de volta para que ela conte a todos nós juntos. Há algo errado nisso? 

Nahin, marido. ㅡ ela o encara com o queixo elevado ㅡ Vamos ver o que sua preciosa filha tem a nos dizer.

Todos estranham a reação de Nivedita, mas eu entendo o que ela está fazendo. Respiro fundo várias vezes enquanto baldi encara sua esposa, ainda sem entender sua reação. 

Baldi.

Ele se vira para mim e seu olhar fica mais suave.

ㅡ O que mamadi quer dizer é que eu tive um motivo muito sério para fugir. ㅡ engulo em seco e olho para os homens da minha vida ㅡ Espero que o senhor me perdoe, e que ainda me ame, depois de saber o que fiz. 

ㅡ Eu sempre irei lhe amar, minha luz...

ㅡ Lembre-se disso nos próximos segundos. ㅡ sorrio amargamente ㅡ Estou grávida.

Ver o brilho de amor se apagar nos olhos de meu baldi dói mais do que eu poderia imaginar.


Desculpem a demora, estava com um bloqueio horrível! A partir de agora as postagens voltam ao normal.

Capítulo não revisado, se acharem algum erro podem sinalizar.

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