Capítulo 9
"E eu tentei me aproximar
E você só se afastava
Agora sou eu que não quero mais
É tarde demais..."
Os meninos enfiaram Naruto dentro da banheira de roupa e tudo, ele ficou lá, semi-apagado. Então me coloquei ao seu lado, aguardando que voltasse à razão e me chutasse. Já esperava por isso, mas, dessa vez eu não choraria feito uma criança idiota. Eu o confrontaria, doa a quem doesse.
Infelizmente ou felizmente, as palavras incoerentes que deixavam seus lábios vez ou outra, acabavam com toda minha resolução de ficar longe dele:
— Hinata, eu… — murmurava de olhos fechados. Os cabelos um pouco mais escuros devido a água realçavam os traços bonitos do seu rosto.
Ele era muito lindo.
— Eu tô aqui. — respondi, baixo, tocando sua pele molhada.
Sakura veio com uma garrafa de café, mais bolinhos de arroz e dispôs no balcão do banheiro. Ali tudo era uma ostentação, a casa toda para falar a verdade. Não pegava mal comer naquele banheiro chique.
— Sei que não vai sair daí enquanto ele não estiver bem, porém, sei também que está com fome. Por isso, come um pouco, tá bom? — assenti, ela sorriu para mim. — E… só não o deixe pisar em você, não importa o motivo. Não é saudável.
Concordei, era sensato. Não deixá-lo pisar em mim, repeti. Até onde eu deveria ir em consideração à minha amizade com Ino? Ela me perdoaria se não conseguisse resgatá-lo?
Suspirei.
— Obrigada, Sakura.
— Não por isso, gatinha. — ela afagou meu braço e saiu.
Botei café numa xícara, experimentei, constatando que estava forte e quase sem açúcar. Do jeito que eu gostava, imediatamente pensei em fazer Naruto beber um pouco. Quem sabe assim a bebedeira dele melhorasse mais rápido. Portanto, enfiei o café praticamente goela abaixo, segurando seu queixo para não afogá-lo no café quente. Ele tomou, ainda que resmungando, e pouco a pouco sua expressão passou a ficar mais desperta.
— Eu não devia me preocupar em estar de roupa dentro da banheira de um lugar que não conheço? — divagou, aguardei que se orientasse e me visse ali.
Eu comi três bolinhos enquanto o observava entre a inconsciência da bebida e a lucidez do café. Em uma desses momentos, Naruto murmurou algo como: "Me desculpe por eu ser um babaca." Quase achei graça, mas nada estava bem entre nós.
Nada estava bem no geral, nunca voltaria a ser como antigamente. O buraco no meu peito, quero dizer. Contudo, antes que eu pudesse formular uma resposta, alguém bateu na porta e fui atender. Era Gaara.
— Você está bem? — perguntou, seus olhos me fitando com curiosidade e genuína preocupação. Suas sardas fofas recalçadas pelo leve rubor da pele.
Uma graça.
— Estou… Eu só… — hesitei. — não nos conhecíamos para que eu me jogasse em seu pescoço também.
— Não tem que dizer. — respondeu compreensivo. — Precisa de algo?
— Não, está tudo bem. — informei agradecida.
Ele passou os olhos por mim e notou o molhado na minha roupa. Naruto se debateu feito um afogado, me ensopando toda no processo. Não só a mim, mas os meninos já deviam ter se trocado a essa altura do campeonato Gaara mesmo vestia outro moletom, diferente do que estava antes. Esse era escuro, contrastando com seus cabelos ruivos e o rosado de sua pele.
— Você tá molhada e está frio. — observou, crispando os lábios. — Vem que eu te empresto outra roupa.
— Não precisa. — neguei. Eles já tinham feito muito por mim. — Sério, estou bem. — garanti.
Gaara sorriu.
— O aquecedor da casa está com defeito, melhor trocar de roupa de verdade. Ou pode ficar gripada. — insistiu, balancei a cabeça em negação.
Ouvi um pigarro soar atrás de mim, Naruto se remexeu na banheira. Parecendo… incomodado?
— Quer que eu saia para vocês flertarem mais à vontade? — sua voz soou baixa e grave, perfeitamente audível.
Ele voltou, afinal.
— Larga de ser babaca, alguém tem de saber como tratar uma garota. Coisa que você não sabe. — Gaara cuspiu, me surpreendi.
— Tem razão. — Naruto concordou, amuado. — Tem razão, você sabe, eu não. Você é melhor que eu, Gaara. — retrucou com um quê de ironia enfeitando sua voz.
— Você está melhor? — decidi ignorar a acidez em seu tom e o sarcasmo que modulava cada palavra.
— Sim, agora me deixa, nada mudou entre nós. — retrucou, saindo da banheira.
A água moldou a camiseta em seu tórax definido e por um instante me vi perdida ali. Voltei à razão rapidamente, não pisar em mim… Murmurei em pensamento.
— O que? — me ouvi perguntar.
— Provavelmente minha "namorada" — fez aspas com os indicadores — me largou, eu não tenho para onde ir, minha irmã morreu. Meus pais também estão mortos, meu padrinho não retorna minhas chamadas e… — fez uma pausa, coçando o queixo, como se refletisse. — Se chama isso de estar melhor, então eu estou — e sorriu ironicamente — Bom, pelo menos não levarei ninguém para o buraco comigo.
Meus olhos pinicaram, ficando gordos de água de uma hora para outra.
— Você é um babaca e eu prefiro você mil vezes quando está bêbado sabia? — explodi — Estou aqui esperando que acorde, para poder conversar civilizadamente. Para pedir que vá a um psicólogo, porque está agindo feito um doido desvairado. E como retribuí? Com ignorância e palavras ofensivas. Quer saber? — agora definitivamente eu estava berrando. — Vá se ferrar! Vá se ferrar, Naruto. Nada justifica o modo como vem agindo, como tem me tratado. A garota que só quer te ajudar, ficar ao seu lado nesse momento difícil. Você é um otário e eu estou deixando de ser uma agora. A partir de hoje, se quer se afundar, como disse. Se afunde. Fiz o que podia. Não vou mais correr atrás de você feito uma idiota, não mais estenderei minha mão, não mais te oferecerei minha amizade. Não vou mais oferecer nada a você, porque a pior coisa que o ser humano pode fazer é devolver com ingratidão um gesto de amizade. Você não é o que pensei ser. Ótimo, agora vejo com clareza e objetividade por baixo da sua máscara de bom moço arrependido. Você queria me afastar? Parabéns, conseguiu, espero que esteja feliz com isso. Amargue sua solidão, é só isso o que você terá. — corri para longe, chorando descontroladamente.
Mesmo que não quisesse mais demonstrar fraqueza na frente dele. Foi mais forte que eu.
Não analisei a expressão do Naruto, apenas ouvi passos me seguindo. De repente, braços masculinos me abraçaram por trás. Por um instante me iludi pensando ser Naruto. Mas, obviamente, não era ele.
Claro que não.
— Calma… — era a voz grave e ao mesmo tempo suave do Gaara.
Ele me apertou contra si, girei o corpo para ficar de frente para o garoto que tentava me confortar. Afundando a cabeça em seu peito. Ousei levantar o olhar por um instante, observando por um vão livre que Naruto me encarava de longe, com lágrimas nos olhos.
Não vou mais me iludir com essas lágrimas de crocodilo. Afirmei a mim mesma.
Chega, Naruto. Eu cansei de você.
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Tururu...
Gente, obrigada por todas as mensagens de apoio que recebi. Mds, recebi mensagem em tudo que é lugar hahaha obrigada mesmo. Me senti querida.
Sobre a fanfic, o próximo pode demorar um pouco porque eu tô enrolada com trabalho e vida pessoal. Além disso, agora meio que as coisas novamente vão mudar e eu preciso organizar os acontecimentos para não deixar furos.
Choque de realidade? Teremos a partir desse capítulo. Narutinho vai voltar a si? Teremos Gaahina? Saberemos nos próximos capítulos!
Se puderem, sigam a playlist da fanfic no Spotify, tem músicas bem legais e que representam os personagens em si. O link tá no meu perfil ❤️
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