Capítulo 8
"Sufoque esse amor até as veias começarem a estremecer
Um último suspiro até suas lágrimas começarem a murcharem
Como um rio, como um rio..."
O garoto de cabelo ruivo andava pelas ruas como se estivesse em velozes e furiosos. Então não tive nem tempo de raciocinar para onde ia, só chorava, enquanto Sakura me abraçava pelos ombros. Aquela garota gentil que eu sequer conhecia estava me consolando como se fosse uma amiga muito próxima. E mesmo que eu não achasse de bom tom me debulhar em lágrimas na roupa dela, não consegui evitar.
— De-desculpe. — pedi, tentando me esquivar. — Estou dando trabalho, posso ir embora sozinha. Você tem que voltar pra lá.
— Que isso, uma garota em um momento difícil sempre será mais importante pra mim do que qualquer coisa. — ela afagou meus cabelos. — Vou te levar para minha casa e quando estiver mais calma, a gente te devolve. — brincou e eu quase sorri.
A voz dela era agradável e melodiosa, diferente da Ino, que tinha um tom mais hiperativo e firme. Ino... Tornei a chorar com todo meu ser, meu corpo tremia e morri de vergonha por ser vista nesse estado.
— Shii... Vai ficar tudo bem. — cantarolou no meu ouvido. — não notei quando cai no sono no colo da garota, só sei que acordei em uma cama muito macia.
Olhei ao redor e um feixe de luz me alarmou, levantei num ímpeto, botando a cara na janela. Um brilho amarelo se insinuava no horizonte. Desperta, visualizei o local, tentando reconhecer o ambiente. Uma sensação de confusão me acometeu e fui clareando as ideais. Lembrei do que aconteceu, de Naruto me rechaçando novamente. O beijo na Shion, a tal loira deslumbrante, meu coração se entristeceu. Se é que era possível ficar ainda mais triste. Levantei na ponta do pé e sai do quarto, buscando encontrar Sakura para me orientar. Essa devia ser a casa dela, sem dúvidas, eu precisava ir embora. Meus pais devem estar surtando pelo meu sumiço. Foi quando comecei a ouvir vozes e espreitei:
— Sim, tadinha. — era Sakura. — Pelo que imagino, ela devia ser amiga da Ino, a irmã do Naruto. — suspirou pesarosa.
— Eu soube vagamente que ele perdeu a irmã num acidente trágico, porém ninguém comenta do assunto. — o garoto ruivo que deu carona respondeu. — Uma pena, mas não entendo porque Naruto trata mal uma garota tão doce assim. Não faz sentido. — meu coração se comprimiu.
— Sem querer eu ouvi a conversa deles, parece que Naruto sofre por ficar perto dela. Porque Hinata o faz lembrar da irmã, talvez por terem sido muito amigas, não sei ao certo. — coloquei a mão no peito e escorreguei na parede, o sentimento de perda tornando a dar as caras.
Latente em cada fibra do meu ser.
— Mesmo assim, o tanto que essa garota chorou. Meu coração dói só de lembrar. — ele revidou, agradeci internamente pela solidariedade. — Me deu uma vontade de cuidar dela, como Naruto não sentiu o mesmo? Se ela era amiga da irmã?
— Não sei. — Sakura refletiu. — Naruto chegou misterioso, não fala muito sobre ele. Soubemos pela Shion que perdeu a irmã, mas não foi informado detalhes. — Shion, claro, com aquela garota ele desabafava. — De qualquer forma, Naruto parece ter sentimentos pela Hinata. Ouvi algo sobre encontro e como tudo poderia ter sido se... — a frase ficou incompleta.
— ...a irmã dele não tivesse morrido. — o garoto completou.
— É, mais ou menos isso. — Sakura exalou, parecia cansada. — Preciso falar com o Sasuke, ele ainda não veio pra cá. Você pode dar uma olhada na Hinata por mim? Ela pode acordar confusa.
Arregalei os olhos e disparei para o quarto. Não queria que soubessem sobre eu ter ouvido a conversa. Era falta de educação espreitar estranhos, consegui me movimentar com o mínimo de ruído possível e agradeci por ter deixado a porta do jeito que estava. Aberta. Entrei, me jogando na cama fofa, virei de lado e fingi dormir. O garoto ruivo não demorou a botar a cara para dentro do quarto, não vi mas senti sua presença. Até que ele suspirou.
— Parece dormir tranquila, menos mal. — sussurrou e quando já iria fechar a porta eu o interrompi.
— Espere. — pedi ansiosa. — Estou acordada.
— Ah! — ele pareceu desconcertado. — Precisa de algo? Está melhor? — seu tom foi ficando mais urgente.
— Estou, só preciso falar com meus pais e ir embora. — expliquei, tentando não soar mal agradecida. — Obrigada pela ajuda.
— Não precisa agradecer. — respondeu solicito. Sua silhueta parcamente iluminada pela luz do corredor. — Sakura falou com sua mãe, ela ligou pelo seu celular e disse que você está bem. Explicou que você dormiu enquanto assistiam filme, sua mãe pareceu aliviada por você ter saído de casa. Ainda que escondido. — um quê de ironia enfeitou sua voz.
Eu ri, pela primeira vez em dias, o som foi estranho aos meus próprios ouvidos.
— Olha, consegui te fazer sorrir. — refletiu e fiquei acanhada.
Sorte que o quarto estava todo escuro, assim o garoto não podia ver meu rosto vermelho.
— Eu não sei seu nome. — divaguei, mudando de assunto.
— É verdade, meu nome é Gaara. — afirmou, assenti na escuridão.
— Preciso ir embora. — tornei a me expressar.
— Claro, te levamos. — respondeu amistoso. — Mas toma café com a gente antes. Eu... Posso acender a luz? — perguntou reticente. — É estranho conversar sem poder te ver.
Novamente me peguei rindo.
— Pode sim.
— Haja luz. — brincou, quando a claridade cegou meus olhos. — Uau. — ele franziu a testa, admirado com alguma coisa que viu em mim.
Poxa, eu devia estar com a cara toda inchada e vermelha do choro e do sono. Ele, em contrapartida, era bonito, incrivelmente bonito.
— Eu... Hã... Não devo estar muito apresentável. — gaguejei desconfortável.
— Que isso, você é muito linda. — respondeu do nada e suas bochechas ficaram levemente da cor do cabelo. — Quer dizer, vou chamar a Sakura. — o garoto disparou pelo corredor.
Acabei rindo de novo.
Ele achava garotas com cara de pós-choro bonitas? Que adorável.
Não demorou muito e a garota linda apareceu na porta, a essa altura eu já tinha lavado o rosto. Por incrível que pareça, entretanto, não estava com a cara toda borrada de maquiagem. Sakura limpou enquanto eu dormia? Só podia ser, do contrário eu estaria parecendo um panda!
— A bela adormecida acordou. — gracejou vindo até mim. — Espero que meu irmão não tenha te assustado muito. E, claro, que não fique brava por eu ter limpado seu rosto. Não é bom para a pele dormir maquiada. — ela fez uma careta cômica e adivinhem? Eu sorri mais uma vez.
Caramba, aqueles dois me fizeram rir sem nem se esforçarem.
— Obrigada pela gentileza e desculpe por ter estragado seus planos. — foi minha vez de fazer uma careta de remorso.
— Que isso, garota. — Sakura deu um tapinha leve na minha mão. — As mulheres precisam se unir. Você acha que te deixaria naquele estado sozinha? Jamais. — e ela já estava em pé. — Agora bora tomar um café bem forte, vou pegar algumas roupas minhas para você se trocar. Tá um pouco frio lá fora. — descontraiu, eu corei feito um inferno.
— Não quero incomodar. — me ouvi dizer.
— Você não vai incomodar, deixa de neura. — Sakura remexia no guarda-roupa freneticamente. — Caramba, nada meu vai servir em você. Eu sou muito magrela e você é muito gostosa, não vai dar certo. Se importa em vestir uma roupa do Gaara? —, esfriou um pouco de madrugada e você pode sentir a diferença quando sair desse quarto. — minhas bochechas queimaram com força. Ela precisava ser tão direta e espontânea? Me fazia lembrar da Ino.
— Não precisa se incomodar, de verdade. Eu já estou indo embora. — expliquei, levantando. — Obrigada por tudo, mas não posso dar mais trabalho do que já dei. — me curvei em agradecimento, bem no momento que o garoto ruivo apontava na porta.
E, bem, eu estava com uma blusa de alcinha e meus peitos... Como vou dizer? São bem avantajados? Levantei constrangida, o garoto desviou os olhos, agora o rosto todo estava da cor do cabelo. Eu também estava vermelha a ponto de sentir minha cara queimando. Sakura gargalhou alto.
— Gaara, controla o coração. — ainda ria e por isso sua voz soou meio anasalada. — Vou pegar uma roupa sua, pode ser? Esfriou e não sei se minhas roupas de magrela vão servir na Hinata. — ponderou, o garoto me deu uma olhadela desconfiada e assentiu, envergonhado.
— Cla-claro. — gaguejou. — Vou esperar lá embaixo. — e saiu rapidamente.
— Meu irmão tá fascinado por você. Que eu faço agora? — arregalei os olhos. — Ele é tão bebê ainda, vai fazer dezoito mês que vem. Nunca se interessou por nenhuma amiga minha antes, mas eu acho que as coisas mudaram.
Então eles eram irmãos?
Meu constrangimento aumentava a medida que as palavras saiam da boca da Sakura. Eu só queria ir para casa, me enfiar no meu quarto novamente. Meu porto seguro, mas eles foram tão gentis comigo. O mínimo que eu podia fazer era agradecer a hospitalidade tomando café da manhã. Aliás, ao pensar em comida, meu estômago roncou alto. Eu não tinha comido nada desde sabe-se lá quando.
Sakura deu uma risadinha abafada, pegando-me pela mão.
— Vamos fuçar o quarto do Gaara atrás de uma roupa que te sirva. Depois a gente mata quem tá matando a gente. — brincou e foi impossível não rir.
Aquela garota era uma fofa.
Mais tranquila, aliás, pude sentir a mudança na temperatura. Assim como Sakura informou, minha pele arrepiou com o vento que entrava pelas frestas das janelas. Mesmo que eu fosse de carro, de Uber, Táxi ou qualquer outra coisa. Seria melhor estar vestindo algo mais apropriado mesmo. Notei agora que abusei um pouco, eu não era assim. Essas roupas não combinavam comigo, constatei que me sentiria melhor em um jeans e uma blusa de moletom.
— Seu irmão não se importará de que eu pegue algo dele? — perguntei reticente.
— Relaxa, já disse que ele está encantado por você. — respondeu displicente. — Na realidade, penso que meu irmão agradecerá por poder olhar para você sem sentir as bochechas esquentaram. Se é que me entende. — ela piscou pra mim.
— Estou muito escandalosa? — me reprimi por tentar ser o que não sou.
Em minha defesa, eu desejava apenas chamar a atenção do Naruto.
— Miga, você tá um arraso. — elogiou. — Sério, minha preocupação maior é o frio mesmo. Nosso aquecedor está com problemas. — assenti, ouvindo com atenção — Gaara que lute se não conseguir lidar com um pouco de pele.
Eu ri.
— Obrigada. — agradeci sem jeito.
— Você queria chamar a atenção do Naruto, estou certa? — Sakura me olhou de lado e fiz que sim com a cabeça, sem ter porque mentir. — Olha, não seja o que você não é por homem nenhum nesse mundo. Se não se sente bem, seja você mesma. Ele tem que te querer pelo que é, e considerando o que presenciei, Naruto não está muito bem das ideias. Qualquer homem cairia babando se te visse com essa sainha de couro.
— Você é tão objetiva. — divaguei em um tom de constrangimento.
— Só estou sendo sincera, você é linda e parece ser especial. Não conheço Naruto muito bem, ele é novato, chegou pela Shion. Que não é lá muito minha amiga, então sei pouca coisa sobre ele. — explicou, anuí com um menear de cabeça. — Se quiser desabafar, se precisar de um ombro amigo. Pode me chamar, tá bom?
— Obrigada, de verdade. — tornei a agradecer, comovida. — É meio complicado.
— Eu percebi, mas não fica triste por isso. Naruto vai cair em si, se quiser eu posso te ajudar no que quer que esteja planejando. — nesse ponto ela já fuçava o guarda-roupa do quarto masculino, que presumi ser do Gaara.
— Eu só queria contatar o padrinho dele, contar sobre o que aconteceu. Não sei se Naruto fez isso, ele precisa de algum apoio, ainda que não aceite o meu. — desabafei, ela suspirou.
Olhando nos meus olhos. Pegou minha mão e me vi reprimindo novas lágrimas.
— Eu posso te ajudar com esse objetivo. E, de verdade, se precisar de uma amiga... Sei que acabamos de nos conhecer, só que pode contar comigo. — envolvi seu pescoço abruptamente, num misto de ousadia e desespero.
Achei que ela fosse me afastar, ao invés disso, Sakura me abraçou de volta.
— Tá tudo bem, gatinha. — afagou meus cabelos.
O celular dela tocou, interrompendo meu momento de carência afetiva. Afastei-me envergonhada, com os olhos pinicando.
— Pode atender, não quero atrapalhar.
— Meu namorado não consegue ficar algumas horas longe de mim, parece um grude! — exclamou aceitando a ligação. — Oi.
Desviei o olhar para dar privacidade a eles, quando Sakura começou a elevar o tom de voz. Franzi o cenho.
— Você não pode trazer ele pra cá, tá doido? — berrou. — Não importa, leva pra casa dele, ou para a da... — ela me olhou, acrescentando misteriosamente: — Namorada dele. Isso, eu tenho visitas, não vai dar certo.
Prestei atenção contra minha vontade, o diálogo continuou:
— Não dá? Tá, tá, vou perguntar se tudo bem e te aviso, tchau. — e desligou.
— Problemas? — insinuei.
— Escuta, Hina. — Sakura me olhou e foi despejando tudo aos borbotões: — Naruto está muito bêbado, não fala coisa com coisa. Além de murmurar seu nome sem parar. — ela riu de leve — Shion ficou fula da vida porque ele encheu a cara sem dar atenção pra ela. Depois que ficou bêbado começou a chamar por você. — meu coração se alvoroçou. — Sasuke tá com ele no carro e não tem para onde levá-lo, nenhum hotel aceitará um bêbado. Não sabemos aonde Naruto mora e a prima do Toneri sumiu de raiva. Se Sasuke levá-lo para a casa dele o irmão vai expulsar os dois, ou seja, só tem aqui e...
— Tudo bem! — exclamei alto e rápido demais. — Eu já vou indo, Naruto não quer minha presença. Deixou isso bem claro quando nos vimos, então eu vou embora e vocês cuidam dele. — a quem eu queria enganar?
Eu mesma pretendia cuidar do Naruto.
— Não, você é minha hóspede mais importante. Se for embora assim eu não vou aceitar. — retrucou birrenta.
— Tudo bem, eu fico. — resignei-me.
Eu era uma trouxa. O cara me esculachou e eu ainda desejava vê-lo? Me preocupava? O quão otária eu ainda seria nessa vida?
Resumindo, vesti um moletom branco do Gaara que ficou completamente justo em mim. Acomodou, contudo, minha bunda grande e meus peitos, como Sakura insinuou. Olhei no espelho e estava bonita, no estilo Hinata de ser. Mas estava. Tanto que quando desci, ansiosa, pelas escadas. Gaara me olhou dos pés a cabeça e corou. Tá ok, ele era fofo. Mais novo que eu, é verdade, no entanto continuava sendo uma graça.
— Ficou uma belezura sua roupa nela, não é? — Sakura provocou.
— Aham. — o garoto concordou, em seguida mordeu o lábio, como que se reprimindo por ter falado aquilo.
Achei graça, ainda que não conseguisse me concentrar em nada mais que Naruto bêbado chegando. Parte de mim queria ter esperança de que ele sentiu remorso por me tratar daquele jeito horrível. A outra parte, a sensata, queria mais é ficar longe dele. Como Naruto queria. Eu não sabia qual falaria mais alto.
— Desculpe ter pegado sua roupa, prometo devolver limpa o mais rápido possível. — apressei-me em dizer, olhando para o garoto de cabelo vermelho.
— Que isso, não precisa se preocupar. — afirmou, focando os olhos verdes nos meus.
— Tudo bem, obrigada. — só me restava agradecer então.
Nesse instante a porta irrompeu, um garoto moreno entrou, apoiando um contraste loiro. Naruto. Meu coração deu um pulo, começando a dançar frevo dentro de mim.
— O bêbado tá aqui e é pesado, me ajuda Gaara. — o garoto ruivo correu para acudi-lo, levantei-me num átimo e o alcancei.
Vendo o estado de Naruto, tive certeza. Eu precisava falar com o único que podia ajudá-lo. Ainda bem que agora eu tinha o apoio da Sakura.
— Naruto... — sussurrei, temendo que ele me chutasse ali na frente de todos.
Só que, para minha surpresa, ele não o fez. Seus olhos encontraram os meus... Estremeci por dentro quando sorriu para mim.
— Um anjo. — balbuciou de um jeito engrolado. — Meu anjo?
Pronto, toda a raiva que eu sentia meio que se dissipou no ar em um piscar de olhos.
O anjo em questão era eu?
___
Avisos:
Esse capítulo foi dividido em dois porque ficaria muito grande ao meu ver. Posto a continuação assim que adiantar o próximo.
Outra coisa, mores, eu já deixei claro de todas as formas possíveis que não escrevo hentai. Cenas hot, não é meu estilo, então essa fanfic não vai ter isso, ok? Nem essa nem as outras que foram e que virão. Tô começando a receber novamente uma enxurrada de comentários pedindo hentai nas minhas histórias e tô voltando a ficar desanimada com fanfics. Talvez sejam novos leitores que começaram a me acompanhar agora após as minhas divulgações. Enfim.
Por favor, olhem a classificação lá na sinopse, não tem para maiores de 18 anos. Então não vai ter hentai. Obrigada e desculpe qualquer coisa.
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