Capítulo 18
A cólica naquela manhã não me deixou fazer nada, eu estava um caco. Comigo era assim, aparentemente eu não era uma garota normal. Do tipo que sente dor antes da menstruação e sim quando está quase acabando. Era o quarto dia, ou seja, provavelmente amanhã eu já estaria livre daquele infortúnio. Tsunade fez um chá de buscopan para mim, enquanto Naruto me enchia de chocolates. Todo fofo, perguntando sem parar se podia fazer algo mais. Fiz que não, já havia tomado remédio, agora era aguentar e esperar passar.
Infelizmente, haviam os panfletos para entregar e mais ensaio para as músicas que escolhemos. Só que eu estava péssima, ficamos de continuar quando eu estivesse melhor. Enquanto os meninos se encarregaram dos panfletos, pois Naruto quis ficar comigo.
— Se precisar de alguma coisa é só pedir, querida. — Tsunade informou, antes de deixar o quarto.
— Obrigada, mas não quero incomodar ainda mais do que já incomodei. — fui sincera, ela estava sendo muito gentil comigo.
— Imagina, você é da família agora. Não faça cerimônia, se ficar envergonhada peça ao Naruto. Ele fará qualquer coisa por você. — Tsunade sorriu, piscando para mim.
Naruto balançou a cabeça efusivamente em concordância.
— Isso. — garantiu alguns segundos depois.
Forcei um sorriso agradecido para eles e me enrolei feito uma bola na cama, sentindo os braços de Naruto em volta de mim.
— Tem certeza de que não posso fazer nada? — perguntou, acariciando meus cabelos.
— Está tudo bem, já vai passar. — resmunguei, sem querer preocupá-lo.
Ele beijou meus cabelos, girei meu corpo, ficando de frente para Naruto.
— Quer fazer algo? Assistir alguma coisa? — ele parecia aflito.
Assenti, de modo que decidimos por uma série, afinal, eu precisava me distrair com algo que não fosse um monstro devorando meu útero.
Escolhemos Julie and The Phantoms, eu havia começado e não terminei. Então Naruto colocou tudo de novo, mesmo já tendo assistido. Aconcheguei-me perto dele, Naruto encostou na cabeceira da cama, envolvendo-me pela cintura. Ele estava tão quentinho, que seu calor amenizou a dor no meu baixo ventre. Praticamente maratonamos a série, comendo pipoca e, quando dei por mim, já não tinha mais dor. Portanto, passei a apreciar ainda mais aquele momento singelo. Quando acabou a temporada, decidi tomar um banho e ele foi pegar algo mais substancioso para comermos. Tsunade e Jiraiya tinham saído, eles pareciam querer deixar-nos a sós. Eu não estava com muita fome, tanto que praticamente não toquei na comida. Apesar de estar uma delícia, ao contrário de Naruto, que colocou tudo pra dentro. Decidindo tomar um banho rápido após, o que eu protestei. Alegando que não era bom tomar banho logo depois de comer. Sabem como é.
— Só vou molhar o corpo, não se preocupe. — deixou um beijo na minha testa, pegou uma toalha limpa, roupas e entrou no banheiro.
Mordi o lábio, decidindo dar privacidade a ele. Afinal, como eu mesmo disse, era horrível se trocar no banheiro. Sai do quarto e fui tomar um ar na varanda, a noite já caia e o céu lotado de estrelas estava lindo. Peguei o celular e mandei mensagem no grupo das meninas, não tinha mais falado com Gaara. E, como meus pais não eram muito de tecnologia, cabia à Hanabi dar notícias minhas a eles. Mandei um áudio dizendo que estava bem, ensaiando bastante, mas que hoje excepcionalmente não fiz nada. Porque a cólica quase me matou. Sakura logo respondeu, perguntando se Naruto e eu avançamos. Contei que dependia o que ela queria dizer com "avançamos", achei que tinha dado tempo suficiente para Naruto se trocar. Avisei que mandava mensagem mais tarde e voltei para o quarto. Só para meu queixo ir ao chão com a cena que presenciei.
Naruto estava enxugando os cabelos, virado contra a porta aberta, a tatuagem de dragão cobria quase toda a extensão das costas. Senti uma fisgada no coração ao me lembrar da primeira vez que a vi, ainda não cicatrizada. Não era uma boa lembrança, mas ali, observando seus músculos se movimentarem enquanto ele enxugava os cabelos. Não dei muita bola e logo afastei o pensamento ruim de quando o vi beijando Shion. Pois praticamente precisei limpar a baba que escorria pelo meu queixo. Fiquei imóvel, apenas observando. Ele se virou repentinamente para pegar alguma coisa na cama e me viu. Meu rosto queimou de vergonha, abri a boca para falar alguma coisa. Só que nada saiu. Naruto sorriu para mim e veio em minha direção, a visão realmente era gloriosa.
Ele era a coisa mais linda que meus olhos já viram.
— Te procurei quando saí do banheiro, aonde foi? — quis saber, sem se dar conta do meu estado de agitação.
— Fui tomar um ar na varanda. — respondi, agradecendo pela minha voz soar firme.
Apesar do meu nervosismo.
Naruto envolveu minha cintura, puxando meu corpo para si. Hesitei por um instante, visualizando sua pele dourada. Ele cheirava a loção pós barba e menta. Era bom, tudo em Naruto chamava minha atenção. Ele inclinou-se para beijar minha boca, adiantei-me para corresponder. O toque do celular, entretanto, impediu a ação. Naruto se afastou um segundo, pensativo, mas acabou ignorando o barulho e me beijando de vez. Só que não dava para se concentrar, porque o bendito celular continuava tocando aos berros. Ele suspirou e foi até o aparelho, franziu a testa antes de atender.
— Nagato? — ouviu por um instante e sua expressão foi ficando carregada. — Onde estão? Chamaram a polícia? — fiquei preocupada e me aproximei. — Estamos indo. — e desligou.
— O que houve? — questionei, vendo Naruto passar uma camiseta azul pela cabeça e calçar o tênis apressado.
— Os caras encontraram uma garotinha aparentemente abandonada, ela parece estar ferida e está se escondendo deles. Deve estar com medo, eles chamaram a polícia, mas estão com receio de perder a garota ou de assustá-la ainda mais. — foi dizendo, atropelando as palavras. — Vou ligar pra Karin.
Karin era a assistente social que trabalhava no orfanato.
— Eu vou com você. — corri para acompanhá-lo e rapidamente estávamos em movimento.
Fomos com o carro da Tsunade, que estava na garagem. Com isso em questão de minutos estávamos na localidade que Nagato informou. Foi tão rápido que não deu tempo de conversar durante o trajeto e Naruto estava um pouco ansioso. Achei que não cabia nenhum comentário naquele período. De longe avistamos a cabeleireira vermelha do Nagato e o tom mais puxado para laranja de Yahiko. Konan, a namorada dele, não estava à vista. Talvez não estivesse com o namorado naquela noite. Naruto estacionou e saltamos do carro, fomos até os garotos. Que estavam parados como em uma espécie de vigília.
— O que houve? — Naruto perguntou, alcançando os dois.
— Íamos comer e encontramos essa garotinha sentada na guia. — Nagato explicou por alto. — Conseguimos que ela se acalmasse, Konan, na verdade. Mas quando chegamos muito perto ela surta e sai correndo. Acho que não gosta de garotos.
Naruto assentiu, após a indicação de onde estavam seguimos para lá. Achei que seria melhor eu me aproximar sorrateiramente, afinal, sou menina. A polícia ainda não chegara e ninguém sabia o que fazer com a garota. Foi uma surpresa para nós que ela corresse em direção ao Naruto e pulasse em seu pescoço, assim que o viu de longe.
— Maninho! — exclamou assustada. — Pensei que você não ia voltar.
Naruto hesitou, antes de enlaçar o corpinho magro da garotinha. E, quando nossos olhares se cruzaram meu coração disparou. A garotinha era pequena e magra, não parecia ter mais que oito anos. Era loira e tinha olhos pálidos e azuis, assim como os olhos da Ino.
— Ei, calma. — Naruto sussurrou para ela. — Precisamos sair da rua, está frio aqui fora.
A garota se afastou abruptamente, olhando bem para o rosto dele.
— Você não é meu irmão. — e tornou a chorar, mas não se afastou de Naruto. — Ele não vai voltar mais, não é?
Konan estava agachada e se levantou, percebendo que sua ajuda fora útil. Sorriu para Yahiko e o pegou pela mão.
— Não, eu não sou. — Naruto explicou, fitando o rostinho dela. — Mas vou te ajudar, sabe onde estão seus pais? Podemos te levar de volta para sua casa. — afirmou com um tom de voz baixo e amoroso.
— Não! — ela gritou e quis se desvencilhar dos braços do Naruto. — Não quero voltar… — as palavras soaram engroladas por causa do choro e pela pouca idade.
Faltava um pouquinho de dicção.
Com algum custo, conseguimos acalmá-la e optamos por levá-la para a casa do Naruto. Enquanto Karin chegava, ela informaria o que seria feito e notificaria as autoridades. Pois, pelo visto, pensaram que se tratava de um trote. Já que nenhuma viatura da polícia apareceu no local.
Era óbvio que a menina tinha um irmão, mas não sabíamos onde estava. Porém, com certeza ele parecia com Naruto. Porque rapidamente ele conseguiu a confiança dela, que logo adormeceu encostada em seu ombro. Devia estar cansada de perambular pelas ruas, tinha as roupas sujas também, além de algumas marcas arroxeadas pelos braços. Aquela menina nitidamente foi agredida, restava saber por quem.
Eu estava com tudo planejado para minha volta para casa. Só não imaginava que aquela garotinha alteraria todos os nossos planos.
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Mores, tem mais um capítulo porque se eu não postasse eu ia acabar modificando o Plot. Decidi que rumo a história vai tomar e espero que vocês gostem!
Os próximos capítulos trarão emoções e explicações sobre a garotinha misteriosa ❤️
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