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Alternativas

Capítulo com conteúdo sensível.
Esse capítulo não tem nenhum cena forte da Liz, porém explica o estado dela, se vc é sensível a hospitais e câncer, leia com calma.

O cheiro hospitalar entrava nas narinas de Bakugou, enquanto o elevador subia, hora ou outra parando para outras pessoas entrarem. Nas mãos, o loiro carregava uma marmita para Eijirou.

Eram nove da noite e era hora de trocar o acompanhante. Bakugou se via meio morto por dentro, apenas existindo, um tanto quanto alienado de tudo. Enquanto Eijirou surtava e chorava, o alfa permanecia melancólico, com as lágrimas descendo sorrateiras.

Era isso então? Só restava aproveitar o tempo que ela ainda tinha com eles e esperar a morte dela?

Mais um tumor apareceu, dessa vez, no pulmão. E… Não tinha muito o que fazer. A cirurgia era de risco, ela tinha 80% de chances de morrer durante a cirurgia e 92% no pós cirúrgico. Os remédios não mostraram efeito e ainda degradam os pulmões.

Só tinham mais 2 meses com ela, 3 com sorte.

Eijirou se negava, exigindo uma transferência ou algo do tipo. Mas nem os outros hospitais deram diagnósticos diferentes e os internacionais não aceitaram ela, dizendo que realmente não tinha o que fazer, a não ser tentar medicá-la para não sentir dor em sua morte.

Tinha um procedimento, que não agradava os dois, o nome não ficou na mente de Bakugou, mas era um procedimento, que, pelo o que ele entendeu, preparava ela para a morte. Eles iam aplicando remédios menos pesados e adormecendo os órgãos dela aos poucos, até ela entrar em um coma induzido e depois, no dia escolhido pelos dois, eles desligaram os aparelhos antes do pulmão dela parar e ela morrer sufocada.

Obviamente negaram, isso significava ter que escolher o dia da morte dela e isso era cruel demais. Eles queriam manter uma esperança de recuperação, de uma luz no fim do túnel.

Mas parecia que o destino já estava determinado em sua escolha.

A porta metálica se abriu e a figura mórbida de Bakugou saiu, caminhando vagarosamente até a porta do quarto 425. Respirou fundo, sentindo como se a respirada tivesse lhe furado o coração.

Abriu a porta, apenas para se deparar com a cena de Eijirou sentado na cama com a filha, a cabeça dela sobre seu colo, enquanto ele cantava baixinho uma música de ninar e enrolava os cabelos pequenos e lisos em seus dedos.

Ora, muitos não entendem o quão doloroso é ver essa situação. É horrível experimentar o quão fundo, doloroso e gélido é o buraco que se instaura no coração de qualquer pai ao ver sua prole sofrendo.

Não viva e saudável.

Não morta e descansando.

Mas entre ambas, sofrendo, vomitando, chorando e sentindo uma agonia em seu pequeno corpo e não há nada que se possa fazer.

É como a poeira em nossas mãos, não há como segurar e impedir sua partida para fora de suas mãos em direção ao vento e a eternidade.

Os olhos de Eijirou olharam o alfa, que permanecia com com as bolsas roxas embaixo dos olhos, o cabelo bagunçado e o semblante abatido, assim como Eijirou.

O ruivo o olhou triste, esperou de lado, voltando seu olhar a criança.

— Ela dormiu. — Disse, num fio de voz olhando o rosto dela, que se remexia incomodado. Ela estava com uma máscara de oxigênio no rosto, além de toda medicação em seu pequeno bracinho.

— O… cirurgião dos Estados Unidos não pode vir pra cá. — Informou, fechando a porta atrás de si.

— E o da Suiça? — Eijirou questionou.

— Se negou… disse… que o caso dela não tem solução. — Respondeu, engolindo o choro.

— Então… —

— Não, você não vai fazer isso. Existem outros melhores que o Tetsuo, eu vou achar algum melhor que o Tetsuo. — Bakugou disse prontamente.

Quem diria, que depois de tanto afastarem o médico para longe da filha, eles estariam precisando de Tetsuo para aumentar as taxas de sobrevivência da filha.

Tatsuo, apesar de tudo, era um excelente cirurgião e nunca perdeu um paciente numa cirurgia, no pós operatório até aconteceu, mas na mesa de cirurgia, com ele dentro, jamais. Isso aumentava um pouco as chances dela aguentar a cirurgia.

Obviamente, Tetsuo não quis de graça. Só faria se recebesse uma quantia alta em dinheiro

Eles aceitaram, obviamente, apesar da quantia ser muito alta, não importava, gastariam até o último tustão se isso significasse ter os três filhos vivos e bem.

Bakugou, começou a procurar logo outros médicos com um currículo melhor que o de Tetsuo, disposto a pagar quanto fosse para que fossem ao Japão. Óbvio que ele tinha sussa dúvidas quanto a Tetsuo não dava pra acreditar 100% que ele faria tudo direito durante a cirurgia depois de pegar o dinheiro, então tinha que ter alguém, algum médico com um histórico ainda melhor para ajudar nessa situação.

Bakugou respirou fundo, tentando se acalmar e se escorando na porta.

— Eu.. trouxe seu jantar, janta e vai pra casa tomar banho. — Respondeu apenas, colocando a comida em cima do pequeno criado mudo que tinha ali.

— E os meninos? Como eles estão?  — Perguntou. Novamente, eles estavam fazendo rodízio, um dia um trabalhava e um ficava com a filha e vice versa.

— Na mesma… chorando querendo vir aqui ver ela, principalmente o Aki, ele foi o mais difícil de botar pra dormir.— Disse se sentando na poltrona ao lado do criado mudo.

Eijirou suspirou, saindo da cama delicadamente para a filha não acordar, pegou a comida, abriu e caminhou até o alfaz se sentando no colo dele para poder comer.

— Suki… ela tá sofrendo tanto… —  Ele disse num fio de voz. — E-eu não aguento mais ver isso todo dia, v-ver ela cho-chorando, se-sem ar, c-com dor… — As lágrimas pingaram e Bakugou o abraçou por trás, também deixando as lágrimas descerem pelas bochechas.  — A-as… vezes eu penso que seria-a… que seria me-melhir se ela morrese, sabe? E-ela não ia mais sofrer… — Confessou, desabando no colo de Bakugou.

Óbvio que a ideia de perder a cria fazia todas as fibras de seu corpo doerem e se apavorarem, mas, seu lado racional entendia que era melhor a morte do que uma vida como a que ela estava levando. Em uma maca, sem conseguir falar de tanta dor, sem se mexer, se alimentando por sonda e sentindo o pulmão em carne viva.

Morta ela descansaria e não iria mais sofrer.

Mas a existência dela acabaria e nunca mais ele teria um mínimo de contato com a filha e isso também o apavorava.

— E…eu também já pensei nisso.. — Bakugou confessou, abraçando o ruivo. — ma… mas por mais egoísta que seja, eu quero continuar tentando Eiji, e-eu amo tanto ela e-eu não posso deixar ela ir… e-eu não quero. —   Adimitiu, abraçando ele de volta.

— S-suki… não é cruel a gente continuar deixando ela sofrer? —

— Mas também seria cruel… ma-matar ela, quando ela ainda nem está em estado ve-vegetativo. — Ele respondeu. Eijirou fungou.

— E...eu não sei mais o que fazer… po-por mais que a gente tente, nada ajuda ela a melhorar, e-ela só p-pi-piora e… e… eu não aguento mais tanto sofrimento.

[....]

Eijirou entrou em casa, vendo os dois filhos na sala, embrulhados vendo desenho enquanto Mitsuki estava na cozinha, fazendo um suco.

— Papai! — Akihiko exclamou, olhando atento para ele.

— Oi, bebê. — Respondeu, sorrindo fraco para os dois filhos.

— A Liz já tá meio? Ela não vai vir embora não? — Perguntou, correndo até Eijirou.

— Que dia vai me levar lá? Eu quero ver ela! Eu sou o mais veio, tenho que cuida dela! — Katsuo disse, também correndo na direção de Eijirou.

Eijirou olhou os dois, sem saber direito o que falar ou o que responder, ele só queria se deitar em sua cama e ficar abraçado com os outros filhotes. Ele olhou para Mitsuki, que chamava os netos para a cozinha, no intuito de aliviar as perguntas sobre Eijirou, mas os meninos não ouviram e continuaram em volta do pai ômega, que em certo momento apenas sentiu o choro lhe subir a garganta e não conseguiu segurar, começando a chorar e se ajoelhando no chão.

Caiu de joelhos chorando compulsivamente, deixando as crianças sem reação, porque, até então, o casal conseguiu se controlar e não chorar na frente dos outros filhos para não desespera-los.

— Papai… diculpa. — Akihiko pediu, colocando a mão no ombro de Eijirou, com os olhos se enchendo de lágrimas.

Katsuo o olhou, tentando descobrir o que fazer, sem a presença se Bakugou, ele era o alfa da casa, né?

— Calma papai. — Ele pronunciou a única coisa que conseguiu pensar e abraçou Eijirou em seguida, sendo seguido de Akihiko que também abraçou o pai.

— Calma papai, a Liz vai ficar feliz. — Akihiko disse, não sabendo de onde aquela frase estava vindo, mas dizendo mesmo assim. — Ela não vai ficar dodói pra sempre.

— Meninos. — Mitsuki chamou. — O pai de vocês está cansado, que tal deixar ele subir e tomar um bom banho, em? — Sua voz estava um pouco triste, mas ainda sim firme o suficiente para os meninos obedecerem.

— Eu quero cuidar do papai! Ele tá chorando eu tenho que cuida dele! — Katsuo protestou.

— Ele ainda é o adulto da situação, e você, projeto de alfa, ainda é só um filhote, agora vem. —  Ela chamou, e o menino a seguiu para a cozinha, dando espaço para Eijirou se levantar e enjugar as lágrimas.

— Mitsuki… acha que tem como o Masaru ficar com a Liz amanhã? Eu e o suki vamos ir encontrar o Tetsuo.  — Questionou e a mulher o olhou, um pouco assutada.

— Você…

— É, eu vou aceitar a proposta do Tetsuo no final… —

Mitsuki suspirou, um pouco chateada, entendia perfeitamente que no final, fazer aquilo não era nada pra Eijirou, ele era um ômega e sempre faria de tudo pelo bem estar de seus filhotes.

— Claro… eu tenho certeza que ele pode sim. — respondeu.

[...]

A mãozinha pequena tocou delicadamente o rosto de Bakugou, fazendo carinho enquanto os olhos vermelhos o observavam dormir na maca do hospital junto dela.

Os dedinhos perceberam uma parte molhada embaixo dos olhos do loiro.

— Choro… — Liz resmungou, olhando triste ao pai.

Os olhos de Bakugou se abriram levemente com o contato, podendo observar a criança que o encarava. Sentiu o toque da mãozinha dela em sua pele, era um toque frágil e fraco.  Ele olhou a mãozinha dela e beijou de modo triste.

— Bom dia, princesa. —  Ele disse, tentando sorrir um pouco para ela.

A criança inclinou o rosto na direção de Bakugou, sorrindo e ele entendeu o que ela  queria.

Se aproximou do rosto dela, esfregando seu nariz no pequeno dela, a fazendo sorrir e repitir um pouco o ato. Ele costumava dar bom dia sempre assim para ela, principalmente quando ela era menorzinha e ele estranhou um pouco o fato dela se lembrar disso.

— Papa… e-eu quero sa-sai daqui. — Resmungou, a voz baixa e falha, fez ocoração do loiro se partir ainda mais. Nunca se acostumaria com a sua caçula naquela situação.

— Em breve você vai ficar melhor e vai sair, ok? A gente vai voltar pra casa e..

— Não… — resmungou, olhando ele. — a gente sabe que eu nã… não vou melhora, eu te disse no início. —  Ela sussurrou baixinho, olhando o pai enquanto passava a mão no rosto dele, fazendo carinho. — me tira daqui… eu quero ficar com voxes… — Ela pediu, e Bakugou não segurou as lágrimas.

Por mais que tentasse manter a esperança, não dava, não tinha escapatória para aquilo, Bakugou podia sentir com seu lado alfa. E como último ato de pai alfa, ele não permitiria que os últimos dias da vida dela fossem tristes e melancólicos.

— Liz… lembra que a gente ia ir pra Disney de Tokyo antes de você ficar dodói? — Perguntou.

— Humrum. —

— Eu vou te levar, você nunca foi e… vive pedindo pra ir, eu vou te levar. —  A criança sorriu, o máximo que conseguia

— Eu….posso? Mesmo… assim?—

— Pode, claro que pode, eu vou dar um jeito de levar você, eu prometo. —  Ele jurou.

— de… mi-mindinho?—

Ele sorriu entre as lágrimas, essas que não percebeu terem saído, e segurou o mundinho dela com seu mindinho.

— De mindinho. —

[...]

Duas semanas depois

Bakugou consegui no final trazer ela para casa. Depois de duas semanas, e de desembolsar um bom dinheiro, ele conseguiu preparar o quarto dela para tudo que ela precisasse, além de uma enfermeira.

Naquele momento, o loiro estava arrumando o soro dela, enquanto os outros dois filhos estavam sentados na beirada da cama da irmã, conversando com ela e tentando ao máximo uma aproximação.

— Porque ela tem que fica de cadeira de rodas? — Akihiko perguntou, olhando para Bakugou.

— Ela tá fraca demais pra andar, só isso. —  Respondeu, ajeitando tudo.

Faltava mais três semanas para a cirurgia dela, e mais um mês para a data prevista que ela ainda sobreviveria, e no momento, como o prometido, Bakugou estava ajeitando os últimos detalhes da avigem dela a Disney.

— Ela vai ir de cadeira de rodas pra lá?— Katsuo perguntou.

— Sim. — Bakugou respondeu, terminando de ajeitar tudo e pegando a filha no colo, a colocando na cadeira de rodas.

Os cabelos dela voltaram a cair por causa dos medicamentos, o que obrigou ela a usar novamente a faixa que Eijirou tinha lhe dado e ela não desgrudava daqueles faixa por nada neste mundo.

— A… gente vai amanhã? — Ela perguntou, sua voz falha e fraquinha como sempre.

— Humrum, nós vamos amanhã e vamos comprar um monte de bichinhos pra você. — Ele respondeu.

— A gente vai em montanha russa? — Katsuo perguntou, se inclinando na cama e olhando o pai.

— Em montanha russa não só ver os personagens e passear, noqximo.brinwuedos leves que a Liz possa ir. —

— Vou ver o Stitch? — Ela perguntou, olhando para Bakugou.

— Se você quiser, a gente vai sim. —  Ele respondeu.

— Possu… ir com o vestido da Lilo? — Perguntou manhosa, olhando pro pai.

— Claro que pode, vou larvar ele e passar hoje mesmo pra você. — Respondeu, terminando de colocar o oxigênio na parte de trás da cadeira de rodas.

— Posso ir de pirata? — Akihiko questionou.

— Pode sim

— E eu posso i com a roupa do pantera negra? — Katsuo questionou, levemente empolgado.

— Pode também, se deixem em cima da cama para eu poder lavar e secar. Agora chamem o papai de vocês pra me ajudar a descer a Liz pelas escadas. —  Os dois meninos acenaram um sim e desceram as escadas correndo, para chamarem Eijirou.

— Hoje a gente vai ficar lá no quintal. — Informou doce para a filha, passando a mão levemente pelos cabelos dela, acariciando.

— Que bom...papa, e...eu gosto de ficar lá fora.

•••••••••••••••
Curtinho, eu sei, mas os próximos três caps, e últimos, serão maiores.
Bom, era pra ter mais um plot mais eu tirei. Na primeira versão, o Eijirou transaria com o Tetsuo em troca da cirurgia e acabaria grávido e afins
Mas eu decidi retirar isso pra não ficar tão pesado assim para vocês lerem.

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