Deslocado
Bom, enquanto eu dei uma travada com Rivais (não estou satisfeita com a escrita), vou escrever algumas oneshots aqui sobre esse shipp maravilhoso.
Só deixando claro, as histórias não vão ter nada a ver uma com a outra, beleza?
Boa leitura! ♡
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Tetsutetsu se sentia deixado de lado.
Certo, ele jamais admitiria isto, pois não considera nada másculo esse sentimento negativo, porém, quando via os dois caras que começou a namorar recentemente andando juntos por aí e flertando entre si, ele começava a se sentir abandonado e deslocado, como se não pertencesse àquele relacionamento. Sabia que o contato com eles era um pouco complicado por conta de suas classes serem diferentes, os intervalos muito curtos e o treino para heróis ser constante, mas poxa, gostava muito deles e não queria simplesmente ser esquecido.
Contudo, era inevitável aquele tipo de coisa acontecer, então apenas fingia que seus sentimentos não existiam e continuava suportando aquele esquecimento, imaginando que talvez estivesse sendo um estorvo ao casal Kiribaku, como uma pedra no caminho da dupla mais perfeita da U.A.
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— Ótima defesa, bro! — gritou do canto da quadra, incentivando seu namorado ao vê-lo resistir às explosões do loiro.
Estavam em uma das quadras de treinamento. Geralmente era um dos únicos lugares onde ficavam juntos, pois todos ali gostavam de manter um treino intensivo todos os dias, não tendo tanto tempo assim para conversa.
— Valeu! — o ruivo respondeu com um sorriso radiante formado por seus dentinhos pontiagudos. Logo este voltou sua atenção ao loiro que vinha com outra explosão em sua direção.
Era o último treino do dia. Tetsu estava cansado por ter batalhado contra os dois antes e agora prosseguia observando a luta, admirado por todo empenho que tinham em tornarem-se mais fortes. Era másculo. Simplesmente muito másculo.
Minutos depois, quais foram cheios de explosões barulhentas, gritos incessantes com a frase "morra" por parte de Bakugou, altas provocações e elogios por parte de Kirishima e um silêncio – que vez ou outra alternava para elogios aos ataques dos namorados – por parte do platinado, a última luta enfim terminou.
Loiro e ruivo estavam suados e machucados, mas nada disso poderia acabar com o sorriso de satisfação em suas faces. Bom, quase imperceptível em Bakugou, mas ainda assim, era um sorriso. Tetsutetsu também sorria, porém, um pouco mais desanimado que os outros dois, pois já era hora de retornar ao seu dormitório na ala designada à turma B. Queria passar um pouco mais de tempo com seus amados, só que também não gostaria de atrapalha-los ou coisa do tipo, então talvez se distanciar um pouco fosse uma boa escolha, tanto que voltou a usar a palavra bro para se referir ao namorado ruivo.
— Ei, Tetsu — ouviu Eijirou chamá-lo — Quer ir pro meu quarto depois que passarmos na enfermaria?
— Ah, não bro. Estou meio cansado, sabe? — coçou a nuca envergonhado por mentir. Sabia muito bem que se dissesse não querer atrapalha-los, aquilo soaria estranho e ambos poderiam ficar irritados — Preciso ir. — e saiu apressado.
Kirishima franziu o cenho inconformado. Fazia um tempo que se sentia incomodado com a forma qual era chamado pelo platinado, que após o início do relacionamento o chamava pelo apelido Eiji. Adorou tal apelido desde a primeira vez que o ouviu sair da boca de Tetsu, mas agora já não tinha mais tal prazer. Era estranho, como se estivesse se afastando...
Olhou para Katsuki, que também pareceu alarmado com a saída do platinado. O loiro não demonstrava, mas tinha um enorme apego ao Tetsu, só não costumava demonstrar muito, ou por falta de tempo, ou pelas escapadas que o platinado dava quando tentava se aproximar de uma forma mais íntima.
— Que porra deu nele? — indagou. Não gostou daquela reação, não parecia genuína.
— Não sei... — o ruivo disse, cerrando os punhos frustrado — Ele não me chama mais de Eiji...
Bakugou engoliu em seco ao ouvir a voz melancólica. Se aproximou, tocando o ombro do namorado com delicadeza.
— Vamos resolver isso. — soltou um sorriso ladino. Não gostava da angústia de Kirishima diante desta situação, muito menos da forma distante que o platinado vinha os tratando. Pretendia resolver aquilo de uma vez por todas.
●●●
Após terem ido na enfermaria e curado seus ferimentos com a velha Recovery girl, partiram para os dormitórios da turma B e foram direto até o de Tetsu. Eijirou concordou, hesitante, de que era melhor esclarecerem toda a situação antes de tirarem conclusões precipitas.
O sol tinha acabado de se pôr, então os estudantes daquela classe já estavam pelas redondezas do edifício. Felizmente, não houve nenhuma dificuldade até chegarem ao seu destino.
— Abre essa porta, cabeça de ferro — Bakugou bradou, batendo na porta impaciente.
— Suki, eu acho que ele não está... — disse, sua frase se perdeu assim que ouviu a porta sendo destrancada e aberta, revelando o platinado coberto pela escuridão do quarto.
— Bakugou, bro? O-o fazem aqui? — questionou, parecendo um tanto nervoso devido ao seu tom de voz.
— Viemos ver se tá tudo certo. — o loiro explica — Cê anda estranho pra caralho.
— É? Foi mal, eu vou melhorar caras, prometo! — forçou sua voz a soar alegre e começou a fechar a porta.
— Não tão rápido. — Katsuki rosnou, segurando a porta e tentando enxergar o rosto do outro — Por que não ligou a porra da luz?
— Esqueci. — tentou fechar a porta novamente, mas o loiro foi persistente. Kirishima ao seu lado sem saber exatamente o que fazer, apenas observando a situação se desenrolar. Tinha coisas para perguntar ao namorado platinado, mas deixaria que Katsuki resolvesse aquilo, apenas intervindo quando fosse necessário.
— Liga a luz. — mandou.
— Pra quê? Sem necessidade, bro.
— Liga a porra da luz. — disse entredentes, soando mais ameaçador.
— Bro, que fixação é essa por luz?
— Tsc. — estalou a língua, atingindo o limite da impaciência e entrando no quarto a força, quase sendo contido pelo platinado, mas conseguindo alcançar o interruptor a tempo. Olhou para Tetsu e confirmou sua teoria. Seus olhos estavam inchados e seu nariz vermelho, o rosto um pouco molhado, provavelmente, pelas lágrimas terem saído recentemente.
— E-eu posso explicar... — tentou arranjar alguma desculpa decente, alternando sua visão entre ruivo e loiro que o fitavam com certo espanto.
— Por que tá chorando, amor? — a voz doce e preocupada de Kirishima soou. Não se conteve em usar aquele apelido carinhoso para se referir ao platinado em um momento que lhe parecia delicado — Foi algo que fizemos?
— N-não. Chorando? Não é choro, só... suor... masculino? — nem soube o que dizer. — Não se preocupem, tá? Podem ir curtir um ao outro, eu sei que estão loucos para se pegarem. — ele ri, mas não há graça alguma em sua risada. Os outros dois lhe encaravam sérios.
— Para de rir, desgraçado. — rosnou odioso. A mágoa instalando-se em seu peito junto a preocupação. — Nos pegarmos? Esqueceu que você é nosso namorado também porra?
— É, Tetsu, nós também queremos sua presença. Por isso te chamamos! — Kirishima explicou, seu peito doía e as lágrimas ameaçavam sair de seus olhos. Odiava profundamente ver alguém chorando, o que fazia-o chorar junto — Agora me explica o porquê de estar chorando, vai. — se aproximou, o platinado dando um passo para trás receoso.
A ação de Tetsu não passou despercebida aos orbes de Eijirou, o que lhe deixou mais entristecido. Seu namorado estava se afastando de si?
Tetsutetsu suspirou. Deveria abrir o jogo logo, eles provavelmente concordariam, ele imaginava.
— Desculpe, bro... — engoliu em seco ao ver a expressão magoada de Kirishima ao lhe chamar tão secamente de bro — Eu não tô afim de atrapalhar o relacionamento de vocês, sabem? Vocês são muito bons juntos e estão sempre grudados um no outro. Eu sinto que sou só alguém intrometido que está estragando o brilho e potencial que vocês têm como casal e dupla, então é melhor eu ficar de fora... não acham? — sorriu desanimado, esperando que os outros dois respondessem em concordância, pois ao seu ver aquela era a realidade. Era dolorosa, mas estava ali. Pretendia trancar seus sentimentos em seu coração se aquilo fosse beneficiar seus amados.
— Cê só falou merda, filho da puta — Katsuki falou depois de um tempo embasbacado com a informação. Se aproximou, fazendo menção de atacar o platinado, que por instinto, ativou sua individualidade e tornou sua pele metálica, porém, foi em vão, pois o loiro não o explodiu nem nada do tipo, apenas puxou-o para um abraço forte e apertado. Estava tão puto com cada palavra que o platinado disse, mas jamais o machucaria de graça justo naquele momento. Queria ao menos agora demonstrar seu afeto pelo rapaz. — Cê não tá atrapalhando porra nenhuma, seu merda desgraçado.
Desativou sua individualidade, sentindo seu peito doer, mas ao mesmo tempo, aquele abraço apertado amenizava a situação.
— Exatamente, você não atrapalha em nada, Tetsu. Nós somos bros, mas acima de tudo, namorados, então não fica achando que tá interrompendo nada, tudo bem? — Eijirou se juntou ao abraço, lágrimas já caindo. Era bem sensível, ainda mais quando se tratava de seus amados. Não queria que o platinado se sentisse horrível daquela forma.
Tetsutetsu ficou sem palavras. Apenas envolveu os dois de volta em seus braços e aproveitou o calor do abraço. Tantas palavras recheadas de carinho que recebeu... se sentia sujo por ter duvidado dos dois daquela forma.
●●●
— Escolhe algo bom né porra — Bakugou resmungou. Estava deitado no colo do platinado que se encontrava sentado no chão, Kirishima estava ao lado de Tetsu, rindo dos resmungos do namorado loiro.
O clima já estava um pouco mais descontraído após longos minutos de conversa e consolo para com Tetsutetsu. Explicaram que dariam um jeito de arranjar mais tempo para se reunirem, para poderem ter mais momentos juntos e um mal-entendido como esse não voltasse a acontecer.
— "Sex Education" que tal? — o platinado sugeriu, apontando para o catálogo da Netflix na TV. Planejavam assistir alguma coisa juntos para aproveitarem a noite de sexta-feira, então melhor coisa que encontraram foi assistir alguma série que parecesse interessante. — Parece legal!
— Fala isso pelo nome, né safado. — Katsuki provocou, recebendo uma resposta inesperada.
— Olha, como um homem, não vou mentir. O nome me atraiu bastante, sabe... — coçou a nuca um pouco envergonhado, mas ainda sim mantendo uma pose máscula.
— Achei legal também, a descrição é bacana. — Eijirou declarou.
— Outro safado.
— Olha o sujo falando do mal lavado. — Kirishima devolveu a provocação, fazendo o platinado rir do silêncio que Katsuki fez.
— Pelo menos eu admito, desgraçados. — rosnou, tentando esconder a vergonha — Agora começa essa porra aí logo, vai.
E com isto, deram início a série.
Tetsutetsu nunca imaginou que aquilo terminaria daquela forma, ao passo que estava profundamente agradecido pelo voto de confiança que seus namorados lhe deram. O asseguraram de que não era estorvo nenhum ao relacionamento e aquilo lhe deixava tão contente que às vezes risos escapavam com a lembrança.
Estava longe de seus planos originais de que a situação fosse se tornar tão boa e nunca esteve tão feliz de ter seus planos de se afastar pelo bem de seus amados sendo arruinados pelos mesmos.
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