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Capítulo 12


Apesar de ser uma mulher vivida, me sentia como uma adolescente no auge da paixão perto do doutor. Eu estava adorando o nosso acordo, ainda mais quando nos pegávamos pelos cantos do barco, impulsionados pela adrenalina de não sermos flagrados.
Ousada, rebolei em seu colo para provocá-lo e fui presenteada com um gemido rouco. Mordi seu lábio inferior depois de interromper o beijo e, em seguida, arrastei minha boca até o seu pescoço.

- Não seja má comigo, capitã! - Sussurrou em meu ouvido, antes de mordiscar minha orelha.

Eu o queria, mas não poderíamos demorar, pois dentro de algumas horas zarparíamos.
Foi então que tive uma ideia.

- Quietinho, doutor. Aproveite seu prêmio por ser um homem incrível. - Sorri de modo sacana sob seus beijos e carícias.

Fui abrindo a sua calça lentamente. A posição em que eu me encontrava dificultava um pouco o processo, mas me atentei em ser cuidadosa. Isso chamou a atenção do meu amante. Seus olhos acinzentados miravam-me atentos, curiosos e carregados de desejo.
Já com membro duro e quente à mostra, passeei o polegar pela glande úmida. Fingi que beijaria a sua boca, entretanto, saí do seu colo e me ajoelhei a sua frente. A glote do médico subiu e desceu ao compreender a minha intenção. Ao curvar a fronte, experimentei o seu sabor passando a língua na cabeça robusta. Fiquei um tempo ali, brinquei até esgotar as possibilidades para enfim escorregar a minha boca ao longo do corpo do membro. Gustavo suspirou de prazer e isso me aguçou a dar o meu melhor. Minha cabeça subiu e desceu. Acelerei gradativamente ao mesmo tempo em que mantinha a pressão com os lábios e a língua, usufruindo da sua deliciosa textura.
Uma das minhas mãos começou a acariciar suas bolas. Os gemidos, embora discretos indicavam que eu estava no caminho certo. Tirei o pênis da boca para masturbá-lo. Eu queria ver o semblante de luxúria daquele homem lindo. Fiquei assim por um tempo, até minha boca salivar de ansiedade para sentir o seu gosto novamente.

Abocanhei um dos testículos, lambi e chupei de leve. Seus gemidos aumentaram e eu subi com a língua, passando pela base até alcançar a glande. De lá, abriguei o membro dentro da minha boca até onde consegui. Meu ritmo retomou a rapidez com o intuito de alcançar o objetivo. Ele tentou me parar quando sentiu que estava próximo de gozar, mas segurei seus punhos e acelerei os movimentos ainda mais. Não demorou para que eu sentisse os jatos quentes e viscosos na boca.
Seus gemidos roucos eram tão gostosos que me impeliram a engolir tudo. Eu nunca tinha feito isso antes. Achei incrível.
Terminei o serviço sem disfarçar o sorriso safado no rosto. Já Gustavo, me encarava ofegante e surpreso.

- Ísis...

- Considere um presente, para acompanhar meu pedido de desculpas.

- Deveríamos brigar com mais frequência. - Brincou, endireitando a coluna.
Me levantei do chão, mas apoiei as mãos sobre o colchão, bem nas laterais de seu corpo.

- Não conte com isso. - Sorri e pisquei. - Recomponha-se, doutor.

Ergui o tronco para me retirar. Enquanto eu atravessava a porta, escutei sua voz.

- Já te vais ? Pensei que continuaria o trabalho. - Mesmo de costas, eu sabia que ele sorria.

- Mais tarde continuaremos. Tenho um barco pra administrar. - Falei sem interromper os meus passos.

*****

Era madrugada e o barco estava a todo vapor a caminho da próxima parada, que aconteceria em algumas horas. Oitos dias se passaram desde o dia em que vi a chamada de vídeo de Gustavo com a filha. No total, quinze dias de viagem.

Na primeira parte da noite fiquei no comandando da cabine. Quando Miguel assumiu o leme, fui para meu quarto a fim de descansar por algumas horas. Eu já imaginava encontrar Gustavo por lá, por isso, abri a porta com cuidado. Eu não queria acordá-lo.
Seus colegas de trabalho pensavam que ele tinha desistido de dormir na rede e escolhido um dos dormitórios quando, na realidade, o homem tinha se empoleirado no meu singelo quartinho. Não que isso me incomodasse, muito pelo contrário, eu gostava da sua presença. Seu espírito era leve, me dava paz e conforto.
Ele não dormia, estava sentado com as costas apoiadas na cabeceira da cama. Tinha em mãos um livro de Luis Fernando Veríssimo, A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto.

- Deve ser um bom livro. - Comentei, desabotoando minha camisa jeans.

- Conhece alguma obra do autor? - Perguntou e eu neguei com a cabeça. - Como sabe que é bom?

- Você ri. - Assim que me livrei da camisa, sentei na cama para tirar os coturnos. - Às vezes até gargalha.

- São crônicas bem-humoradas.

Voltei a ficar de pé para tirar a legging. Sob seu olhar, dobrei a roupa e a depositei sobre um tamborete. Então perguntei:

- Quais são os assuntos que o autor aborda?

- Sobre futebol, literatura, cinema, mulher, as pernas... as pernas de Silvana Mangano... - parou de falar e quando me virei na sua direção, ele me encarava com o semblante abobalhado. Ao se dar conta do próprio comportamento, retomou a fala. - ... aborda também política. Tudo sempre com muito humor.

- Silvana Mangano? Quem é essa?

- Foi uma atriz italiana.

- Hum, italiana e pernuda. Uma boa combinação. - Me ajoelhei na cama e fui engatinhando até estar sobre o seu corpo.

- Ah, mas o gaúcho aqui prefere uma certa acreana pernuda e sua bela bunda. - Suas mãos apertaram as minhas nádegas.

Eu ri e beijei sua boca.
A próxima hora foi intensa, ardente e inflamada de paixão.

*****

Era quase cinco da manhã quando Gustavo e eu saímos do meu quarto. Eu, enrolada em meu robe felpudo, e ele bem-comportado numa calça e camiseta de malha. Sua barriga tinha roncado minutos antes. Também não era para menos, o homem tinha me virado ao avesso com fodas de altíssima qualidade.
Com passos cuidadosos ríamos baixo a caminho da cozinha. Mas ao chegar na soleira que dividia os ambientes, ele enlaçou minha cintura e colou nossas bocas num beijão desentupidor de pia.

- Oh! E não é que você estava certa, Jandi?

Empurrei Gustavo assim que ouvi a voz de Valdete. Ela e Jandira não costumavam começar o trabalho antes das seis horas, mas, para meu azar, aquele dia foi uma exceção. As duas trocaram sorrisos gaiteiros.

- Eu disse que esses dois estavam de treta. Sou velha e conheço as coisas da vida. - Jandira falou sem parar bater a massa de bolo com um fouet.

- Ah, que saudade dos meus trinta e poucos anos! - Valdete suspirou, passando o café.

- Bom dia, meninas. - Gustavo entrou de vez na cozinha como se nada tivesse acontecido.

- Bom dia, doutor. - As duas devolveram o cumprimento ao mesmo tempo.

- O que tem de bom para comer? - Perguntou animado com as mãos na barriga.

- O bolo de coco vai demorar um pouquinho pra ficar pronto, mas vou prensar um pão na chapa agora, - Jandira deixou a tigela de massa de lado e se levantou para começar o preparo da refeição. De um jeito camarada, ela se aproximou dele e cochichou: - com porção extra de queijo para meu médico preferido.

- Pode deixar que faço. Não pare teu trabalho por mim.

- Não, senhor. Fique sentadinho aqui. - Ela o segurou pelo braço e o fez se sentar à mesa. Então voltou a olhar na minha direção, disse: - E você, Ísis? Vai ficar aí parada? Vai querer o que?

Não respondi de imediato. A verdade era que eu estava estupefata. E com vergonha também! Eu confiava na discrição de Valdete, mas morria de medo da língua solta de Jandira. Perguntei-me se eu não estava fazendo um papel de inocente ao pensar que meu caso com o pediatra não era percebido por todos.

- Diga o quer comer e faça companhia ao doutor na mesa, menina. Fiz suco de tucumã agora a pouco. Vai querer?

- Suco de tucumã tá ótimo pra mim. - Respondi baixo, seguindo para o banco ao lado de Gustavo e sem olhar para o rosto de ninguém.

*********

Esses travessões me deixam puta da vida!

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