9 • Um abismo chama outro abismo
O dia seguinte foi pior do que imaginei que seria.
Acordei de supetão com uma dor de cabeça terrível devido a ressaca. Meu corpo estava molenga, a testa febril, e a minha vontade de ir para a escola era nula. Ainda na noite anterior, atendi ao telefonema de Robert, e dei respostas minimamente básicas e curtas para ele, evitando, obviamente, de falar que escapei de casa — e levei Lucy comigo — para o chalé de Sam Hudson que fica no bosque.
Fixo meus olhos no despertador da minha mesa de cabeceira. O aparelho estagnou no horário 3h00. Seus números vermelhos soando como um julgamento apocalíptico.
Droga! Isso explica porque ele não me acordou. Arrasto-me para fora da cama, à procura de um relógio de pulso. Creio ter trazido um comigo, pois antes de ir embora de Los Angeles, Alfred me presenteou com um. Nunca o usei e deixei-o perdido em meio as roupas da minha mala. Verifico os bolsos de todas as minhas calças, e acabo por achá-lo. Os ponteiros dourados do relógio de pulso marcam 7h35. Preciso estar na escola em vinte e cinco minutos.
Procuro uma camisa limpa no meio do amontoado de roupas sujas no chão do quarto. Se eu não começar a lavar as minhas roupas, logo um monstro irá se formar delas. Escolho uma camiseta preta quase limpa e uma jaqueta jeans, a mesma com a bandeira dos EUA bordada nas costas. Corro para o banheiro, escovo os dentes e lavo o meu rosto apressadamente, a fim de livrar-me da minha face de sonolência. Borrifo perfume pelo meu pescoço e pelo meu cabelo.
Desço as escadas e defronto-me com a casa silenciosa. Silenciosa até demais. Não há nenhum sinal de Lucy.
Sobre a bancada de mármore da cozinha, encontro uma tigela amarela cheia de leite com algum cereal que borbulha sobre a superfície. Noto que está pregado com chiclete na porta da geladeira, em cima dos post-it coloridos com avisos sobre jogar o lixo fora e lavar a louça — bem ao lado de uma foto de Lucy quando bebê, com o rosto sujo de papinha laranja —, um pedaço de folha de caderno com a seguinte sentença:
"Pedi carona para a mãe da Polly para me deixar na escola. Ainda tem um pouco de cereal para você. Vou ensaiar para O Mágico de Oz e vou voltar tarde. Eu serei a Bruxa Boa do Norte, e por isso eu não posso faltar o ensaio.
— Lucy Smith."
Resolvo respondê-la da mesma forma, para que ela veja meu recado quando regressar para casa.
"Vou para a casa de um amigo. Tem macarrão instantâneo, caso fique com fome. Obrigado pelo cereal mas o leite acabou.
— John Walker."
E retornamos para a estaca zero, comunicando-nos através de bilhetes.
Pego a minha mochila, lembrando-me imediatamente que não fiz a minha lição de Química na noite anterior. E hoje é sexta-feira. Talvez, a professora consiga me perdoar por meu pequeno deslize.
• • •
Estou de ressaca e mesmo assim fui para a escola.
No momento em que chego na escola, sou sufocado pelo braço de Billy ao redor de meu pescoço. A cada dia que passa, sinto uma hostilidade tremenda vinda de sua saudação. É como se ele quisesse restringir o fluxo de sangue para o meu cérebro, levando-me à inconsciência. Peter vem mais atrás de nós, bocejando de forma exagerada.
— Ei, gostosão, pensei que mataria aula depois de uma festa de arromba — Billy fala, muito risonho. Os óculos de sol ocultam seus olhos, embora sequer haja qualquer sinal de raios solares. Faz isso para esconder os olhos inchados pela noite mal dormida.
— Como vocês voltaram para casa? — pergunto um tanto desinteressado.
Imediatamente, observo que Billy e Peter ainda estão vestidos com as mesmas roupas da noite anterior.
Esses malditos não estão sofrendo de ressaca?
— Não voltamos — Peter responde por ele. — Caímos de bêbados no chalé, e por um milagre, conseguimos acordar cedo. Mas meus pais pensaram que eu dormir na casa de Billy, e os pais de Billy pensam que ele dormiu na minha casa, e os pais da Rachel pensam que ela dormiu na casa da Karen... A avó da Karen está cuidando dela enquanto os pais estão viajando, mas ela não é o tipo de avó que se importa muito com o que a neta faz. Enfim, todos pensam que somos santos e inocentes. A mentira funcionou muito bem — bocejou outra vez.
— Eu esqueci de fazer o dever de casa. Atividade de Química — confesso, afastando-me de Billy, indo em direção ao meu armário. — Acho que vou para a detenção.
— Ué? Por que não estudou em casa? — Não sei se Billy está olhando para mim ou não, devido aos óculos de sol.
— Porque você me convidou para a sua festinha particular — rosno.
— Não ponha a culpa em mim — Billy levanta as mãos. — Você tinha a liberdade de não ir, Jaw. Eu estou acostumado a fazer esse tipo de coisa tempo todo. Se eu não der uma escapada, a realidade vai me engolir, e eu vou ensandecer.
Passando por nós, no corredor em direção a sala de aula, estão Mary e Lara. Mary não olha para mim em momento algum, evitando olhar-me de qualquer jeito, enquanto Lara, agarrada em seu braço, puxa a amiga levemente, como se estivesse protegendo-a de mim, Billy e Peter, mas principalmente protegendo-a de mim. Mary usa um blusão folgado listrado com as sete cores do arco-íris. Sempre mangas compridas, nunca mangas curtas. Sempre usa meias que cobrem seus joelhos. Ela é um completo mistério.
Assim que as duas somem de nossas vistas, Billy solta um longo silvo, e logo molha os lábios com a ponta da língua.
— Não paro de pensar na Pastorinha — Billy diz.
Engulo em seco, por não estar a espera de um comentário tão repentino — e estranho — vindo de Billy Carson, o garanhão do terceiro ano.
— Por que diabos está nos dizendo isso? — desvio meus olhos, focando-os para dentro da escuridão do meu pequeno armário de metal.
— Não sei. Talvez porque eu goste de um desafio e tanto. — Billy lambe mais uma vez o lábio inferior. — Ontem, ela mostrou que é uma garota audaciosa. Gosto de garotas assim, sabe? Ela é uma fera implorando para ser amansada.
— Mary Marshall? Você está querendo me dizer que está a fim de Mary Marshall? — Peter gargalha, embora eu não ache graça no que Billy disse. — A garota que você apelida de Pastorinha e zomba quando tem vontade?
— É — Billy afirma, ríspido. — Estou muito a fim dela. Por quê?
— Mas e a Karen? — Peter insiste. —Se ela souber...
— Karen não é minha dona, mané!
— Vai sonhando, Billy — falo, sem querer.
— "Sonhando"? Não sou homem de sonhar, Jaw, sou homem de fazer. Por acaso se importa com a Pastorinha?! Está com ciúmes?
Aperto meus punhos com força, trincando meus dentes. Não sei por que estou tão tenso e simplesmente não consigo responder uma pergunta tão ridícula. Por que eu me importaria se Billy e Mary saíssem juntos? Não consigo explicar por que meu coração está tão acelerado, por que minha respiração está entrecortada, ou por que de repente sentir um imenso desejo de afundar os dentes de Carson com meu punho.
— Fiz uma pergunta para você, Jaw. — pergunta Billy. — Está com ciúmes?
— Claro que não. Perdeu o juízo? — sorrio, constrangido com o que acabou de ocorrer dentro de minha mente. — Ciúmes... — desdenho.
— Eu soube que ela nunca namorou antes. Ah, o velho Billy tirou a sorte grande.
Eu quero muito estrangular o Billy. Se ele não parar de falar dessa maneira, vai acabar ficando com um olho roxo!
— E o seu conselho de amigo para mim?
— Eu não dou a mínima, Billy — digo, quase mordendo minha língua.
• • •
A professora de Química fica irritada comigo, e como castigo pelo meu equívoco em esquecer de fazer minha lição, passa-me mais dever de casa. Posso ver Jake sorrir de minha miséria, enquanto Mary, mantém os olhos focados em seu caderno, ignorando-me.
— Acredito que seja um rapaz inteligente, Sr. John, mas é muito preguiçoso, e eu não tolero pessoas preguiçosas — a professora dá sua palavra final.
Após o quarto sinal, busco refugiar-me em uma sala de aula qualquer, completamente vazia, a fim de escapar da desinteressante aula de Economia Doméstica, e de tentar amenizar meu sono. Parece que a qualquer instante meus olhos irão se fechar e não vão abrir mais. Agradeço imensamente por Susan e Robert terem saído da cidade, assim todas as minhas sessões com a psicóloga, que também é a minha madrasta, foram adiadas. Se bem que eu já não frequentava as tais sessões mesmo.
Apanho a minha mochila e tiro de dentro dela, meu walkman com os fios do fone enrolados nele. Ponho a fita cassete dos Scorpions. Com os fones posicionados sobre minhas orelhas, coloco a música no último volume, bloqueando qualquer tipo de som externo.
Em algum instante, entre as faixas Always Somewhere e Still Loving You com altíssimos teores sentimentais, a música que antes era minha fuga, tornou-se uma válvula para que as lembranças com Bonnie inundassem a minha mente como uma correnteza cruel e avassaladora.
Bonnie e seus cabelos presos em um laço vermelho. Bonnie e eu, dentro do carro dela. Ela, extremamente radiante com a minha jaqueta do time de basquete. Eu, estático como uma estátua, não conseguindo mover um músculo diante da beleza dela. A fumaça do cigarro, preso de forma delicada entre os magérrimos dedos indicador e médio, dançava no teto do carro. Bonnie agitava os ombros, remexendo-se ao som do toca-fitas.
— Adoro essa música — girava o botão redondo do toca-fitas, aumentando o volume.
Seus lábios moviam-se ao som da música. Oh, sua voz igualava-se ao mito da sereia que levava os marujos para o fundo do oceano, e Bonnie estava levando-me para uma jornada desvairada.
Sentia-me hipnotizado por ela. Somente conseguia prestar atenção em sua boca carnuda que imitava a música no toca-fitas. Bonnie Tyler e eu éramos do segundo ano do Ensino Médio. Namorávamos escondido, desfrutando do juvenil amor proibido. Bonnie era um ano mais nova do que eu, todavia, parecia que era mais experiente, desinibida, ousada e inteligente do que a maioria das garotas. Era tida por todos como a aluna-modelo, a filha perfeita, a garota que amava algodão-doce e o estilo dos anos cinquenta. Mas somente eu conhecia seu verdadeiro lado.
— Quer? — ofereceu-me o cigarro com manchas de batom.
— Isso não dá câncer de pulmão?! — indaguei em minha ingenuidade, perante o contemplado proibido.
— Bom, a gente vai morrer de qualquer maneira, não é mesmo?
Tímido, aceitei. E quase engasguei-me com a fumaça e com o chiclete que mastigava em questão. Novamente, tocou nos botões do toca-fitas, desligando-o. Fitava-me com um brilho estranho nos olhos.
— Vi seu jogo, amor. Torci como louca por você. — tocou a minha mão, fechando-a em um aperto, com louvor sentir a temperatura da pele de Bonnie... tão quente quanto um vulcão. — Sabe que sou louca por você, não sabe?
— Eu te amo, Bonnie — disse com pressa, muita pressa.
Não deveria ter dito aquela frase tão comprometedora. Naquele momento, desejei que juras tresloucadas de amor saíssem dos lábios sedutores dela. Mas ela não respondeu-me de volta. Apenas sorriu, muito divertida, como se o que tivesse acabado de falar a piada mais engraçada do mundo. Eu era o seu bichinho de estimação. O namoradinho idiota.
— Me beije, garotão. — pendeu a cabeça de lado. — De uma forma que eu nunca esquecerei.
Beijei-a. Nossos beijos misturando-se, ganhando o sabor dos cigarros e de chiclete de menta. E eu pensei que seria somente minha. Minha para sempre.
Eu fui um idiota.
Sinto um fio molhado escapar do meu olho, percorrendo a lateral do meu rosto. Rapidamente, passo a mão sobre a minha face, enxugando-a.
Bonnie... Por quê?
Eu não lhe dei tudo?
Meu coração, minha alma? O que mais você queria?
Bonnie...
Toda a loucura da paixão ardente que sentir por ela, se desfez naquele dia tão incomum, que destruiu-me por completo, denotando meu declínio como homem. Não consegui juntar os cacos e tampouco almejo ser reconstruído outra vez.
Ah, Bonnie...
Desperto de meu frenesi, com a face corada da garota à minha frente, cujos dedos não param de tocar o meu ombro. Mary Marshall olha-me estupefata, desviando os olhos dos meus. Morde os lábios, desconcertada. É a primeira vez que nossos olhares se chocam, desde ontem à noite, quando de forma protetora, Mary tomou as dores de Lucy.
Os cabelos loiros despenteados, repletos de pequenas presilhas coloridas em formatos de joaninhas. Seus olhos castanhos examinam-me, curiosos, magnéticos, por pouco quase não consigo desviar-me desta linha de visão tão peculiar. Ajeito-me na cadeira, puxando o fone, fazendo cessar a música.
— O que quer? — Minha voz sai rouca, ácida, impaciente. Detesto ser incomodado, ainda mais por uma pessoa que insiste em manter sempre um sorriso sereno no rosto.
— O horário já tocou.
— E daí? — percebo como seus dedos apertam a alça da mochila. Dessa vez, acho, deixei-a constrangida.
— E daí que a próxima aula é L. Inglesa, e compartilhamos também essa aula juntos, e não seria nada legal matar essa aula, justo quando vamos finalmente ler sobre 1984, de George Orwell. E é uma tremenda coincidência que estejamos no ano de 1984. Sabia que o verdadeiro nome dele era Eric Arthur Blair?
— Obrigado por sua estúpida preocupação. Mas eu sei me virar sozinho, está bem? — coço os meus olhos.
— Por que tem que ser tão grosso? — ela diz, mostrando irritação. — Fiquei preocupada contigo, depois que vi que você não entregou seu dever de Química, ou achou que eu não iria notar isso?!
— Por que você tem que ser tão metida, Mary?
— Não consigo ficar quieta quando vejo que alguma coisa possivelmente dará errado. Você tem o poder de trazer a desordem consigo, John. Posso considerá-lo como um pequeno ponto caótico no Universo.
— Se está se referindo ao que aconteceu ontem...
— Sim, é por causa de ontem. E fique sabendo que fui dormir irritada e foi tudo por culpa sua! Você levou a Lucy para um lugar terrível, com pessoas ainda mais terríveis!
— Lucy bebeu por acidente. Foi um acidente! Você fala como se a gente tivesse amarrado ela e a forçado a beber. Billy não sabia que haviam colocado cerveja preta em uma garrafa de Coca-Cola.
— Ainda assim, não deixa ser um ato de irresponsabilidade gigantesco. Sei que você está acostumado a quebrar regras e a agir de forma estúpida, mas, John, eu só peço encarecidamente que você perceba o que está fazendo com a sua vida antes que seja tarde demais. É muito fácil se perder pelo caminho e não conseguir mais voltar. A porta larga é tentadora, e poucos conseguem encontrar a porta estreita.
— Nossa, que belo ensinamento. Deveria tê-lo guardado para domingo à noite.
— Que imaturo! Não sei porque eu ainda tento avisá-lo.
— E o que você vai fazer, Mary? Vai riscar o meu nome do seu bloquinho dos milagres?
Ela arregala os olhos, completamente em choque, olhando-me pasma como se eu tivesse falado a pior e a mais horrível de todas as ofensas.
— Você é um paspalho, John! Mas não se preocupe, ainda estarei orando por você, porque é isso que é o certo a ser feito. Orar por nossos inimigos. É o que eu aprendi e é o que farei.
Sou o inimigo dela agora? Ela vira-se em direção à porta, porém antes de partir, ainda fala mais uma coisa para mim.
— Lembre-se, John, um abismo chama outro abismo⁹.
Mary vai embora, deixando-me sozinho.
Ela é como uma abelha petulante, zanzando perto do meu ouvido. Afasto-me o mais rápido possível dela, ainda enxugando meus olhos marejados. Droga!
• • •
Encontro Rachel no refeitório, junto a Karen, ambas com o semblante soturno, escondendo os olhos por trás das escuras lentes dos óculos de sol, porque certamente dormiram mal. Em uma das mãos de Rachel, há uma luva rendada preta e nesta mesma mão segurava uma garrafa de Pepsi®, dando de vez em quando, pequenas sucções no canudo. Prendeu o cabelo em um lado, o que não o impediu de continuar eriçado. Karen mantinha um frasco com pílulas amarelas perto dela, ingerindo-as por minuto sempre acompanhada por um copo d'água. Logo mais, Peter surgiu, sentando-se perto de Karen, que não tinha a melhor das expressões.
Sinto um braço repousado em meu pescoço (novamente, ainda acho que ele queira me estrangular), e quando olho para a minha destra, foco em Billy, que abre um sorriso largo para mim. Empurra-me sutilmente até a mesa, e enfim, nos reunimos com os outros.
Não há nenhum lanche sobre a mesa, e creio que nenhum de nós esteja realmente disposto a comer algo. Ainda estamos de ressaca, pelo visto. Rachel lança um sorrisinho discreto para mim, mas não retribuo, e sequer entendo por que ela sorriu para mim.
Mary passa perto de nossa mesa, junto a Lara e o tal do Jake. Os amigos dela carregam em suas bandejas caixinhas de leite e sanduíches, exceto ela, que carrega na bandeja um único prato de gelatina verde, acredito que ela só coma isso. Mary olha para cada um de nós, e como se tivesse feito um rápido julgamento mental, balança a cabeça em uma negativa persistente. O trio abandona o refeitório, para a minha grande sorte, que estou rezando para não ter de vê-los durante todo o resto do dia. Da semana. Do mês!
— Detesto esses três — Rachel diz, de repente, quebrando o silêncio na nossa mesa. — Mas de todos eles, odeio muito mais a Mary! Santa Mary Marshall!
— Acreditam que assim que entramos na escola, ela teve a cara de pau de querer nos dar lição de moral? — Karen bufou, tomando outra vez, as pílulas. — Tão santinha, tão boazinha... Ela me dá náuseas.
— O que é isso que você tanto toma, Karen? — Peter indaga.
— São comprimidos para enxaqueca. — Karen fala, com a boca cheia de pílulas. — Estou com uma dor de cabeça dos infernos.
— Mary precisa parar de pegar no nosso pé. Quem ela pensa que é? Está sempre com esse ares de boa samaritana. — Rachel tira os óculos escuros, revelando os olhos avermelhados pela noite mal dormida. — O que vocês acham de darmos uma lição na Pastorinha? Poxa, ela quase estragou a nossa festinha ontem e fora que vive nos atazanando na escola com suas pregações descabidas. Alguém precisa parar essa maluca!
— Fogo com fogo. Gostei. — Billy desfere um sorriso malicioso.
Não estou gostando do rumo que essa conversa está indo. Fogo com fogo e o mundo acabará em cinzas.
— E no que estão pensando? — entro na conversa, minha voz falhando.
— Ah, é só uma brincadeirinha boba. — Rachel morde a ponta do canudo. — Será como um aprendizado para ela.
Os lábios avermelhados de Rachel repuxam-se nos cantos, tão largos e diabólicos que eu poderia facilmente que eu poderia julgá-los como o sorriso de uma bruxa das historinhas infantis.
E eu me arrependeria por participar daquilo.
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💫Nota 9: referência ao versículo bíblico encontrado em Salmos 42:7.
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