Capítulo 11.
Lory.
Sorri torto com suas palavras, não sabendo muito bem o que deveria fazer.
Tudo está acontecendo muito rápido.
- Desce daí, Lory. - Dilan pediu, com olhos esperançosos. Engoli em seco, pulando do armário. Eu ainda podia sentir o olhar do menino de pele escura sobre mim.
Din me segurou com força, me colocando no chão. - Obrigado - Me virei para olhar o garoto novamente. - Quem é você e como me conhece? - Respirei fundo, tentando controlar a adrenalina em minhas veias.
Ele desceu dos armários rapidamente, chegando perto de mim. Dei passos para trás, me assustando com seu sorriso estranho.
- Me chamo Peter Constant. E não se preocupe, sou inofensivo. - Ele esticou a mão com um sorriso amigável. Encarei sua mão e depois seu rosto.
- Você pode ser inofensivo, mas eu não sou. - Escutei Din rindo discretamente atrás de mim. - Quem te deu permissão para me pintar? - Cruzei os braços, o fitando seriamente.
- E-e - Ele se embolou nas palavras. - Eu não pensei nisso. - O mesmo baixou a mão.
- Então isso é contra as regras! Eu ganhei! - Emily gritou atrás de nós. Logo depois a voz de Benjamin foi escutada, ele tentava acalmá-la.
- Coitada - O garoto negro voltou a falar. Sua voz era sincera e não parecia que ele estava debochando dela. - Podemos conversar? - Peter apontou para mim.
- Sobre o quê? - Perguntei. - Eu não dei permissão para você fazer nada com a minha imagem. Como você pode simplesmente fazer um quadro meu? Você por acaso é um stalker? - Senti os braços de Dilan ao redor de minha cintura, me deixando tonta.
- Vamos embora. - Falou em meu ouvido, me apertando com suavidade. Virei meu rosto para vê-lo melhor.
- Eu resolvo isso. - Me afastei de seu toque, mesmo querendo senti-lo mais. Molhei os lábios, tentando me recompor. - Eu aceito seu pedido. - O garoto a nossa frente sorriu.
...*...*...
Definitivamente isso não foi uma boa ideia. Mexi meus pés debaixo da mesa, me sentindo muito desconfortável. Meus olhos correram para o menino de cabelos castanhos, e globos avelãs que me fitava intensamente. Seus braços continuavam cruzados e sua expressão séria por causa da minha decisão. Sorri para Dilan, que se apoiou na parede, que estava atrás dele, e mordeu os lábios.
Merda.
- E-então - Comecei, limpando a garganta. - , você está me falando que me encontrou por uma rede social e descobriu que eu estudava na sua escola, então tirou fotos minhas e fez um quadro? - Sorri torto, não sabendo como fazer aquilo soar menos estranho. Minha voz estava presa na garganta.
- Não! - Ele riu de maneira divertida - Eu estava procurando pessoas para usar de molde, queria aprimorar minha habilidade pintando pessoas, e então, encontrei seu Instagram. Devo falar que me apaixonei por seus traços leves, porém selvagens. - Suas palavras me fizeram corar e desviar o olhar. Nunca pensei que outro menino além do Dilan falaria isso para mim.
- O-obrigado? - Não sabia muito bem se aquilo era um elogio. - Porém eu não gostei disso. Isso é bem estranho. - Brinquei com meus dedos por cima da mesa.
O cheiro de café encheu minhas narinas, me fazendo relaxar. Não sei como não conhecia esse lugar. Uma cafeteria nova na cidade. O lugar tem cores claras, que eu amei. É um ambiente leve que conquistou meu coração na primeira vez que vi.
O silêncio reinou com minha declaração. Encarei, pela janela, Becca e Tessa que estavam no estacionamento daquele lugar. As duas brincavam de fazer cócegas uma na outra, e Tessa quase caiu do capô do carro. Me segurei para não rir.
- Oh - Foi tudo que o garoto disse depois de um tempo. Dilan riu discretamente. - Eu não pensei que isso poderia ser um problema. - A luz, que entrava pelas janelas, batia em sua pele negra, a deixando brilhante. - Eu não queria que isso acontecesse. Sabe, eu só queria pintar você. - Ele colocou as mãos sobre a mesa, mostrando as várias machas de tinta que tinham nelas. - Desistirei da bolsa da faculdade que ganhei por causa da competição. Seria uma coisa digna que minha Deusa, Lady GaGa, faria. - Escutei Dilan soltar uma exclamação com suas palavras. Logo a memória de Din me contando como Stephan gostava da Lady GaGa encheu meus pensamentos.
Acho que Din pensou a mesma coisa.
- Não - Afirmei com rapidez. Ambos me olharam confusos. Engoli em seco por causa do nervosismo. - E-eu achei isso muito estranho, de verdade. Mas você provavelmente se esforçou muito para ganhar, e eu não vou fazer você perder essa chance. - Seus olhos brilharam. - Parabéns por ter ganhado - Declarei sustentado seu olhar. - Mas não quero mais que você me pinte. Dessa vez eu fui boazinha, mas eu não serei assim se tiver próxima vez. - Minhas palavras fizeram seus ombros ficarem tensos, e seus dedos se entrelaçarem. - Você provavelmente não sabe disso, mas eu luto boxe desde que me entendo por gente. Se eu souber que você é um stalker, não ficarei quieta.
Um vento forte bateu em meu rosto, fazendo meus cabelos voarem.
- Vamos, Din - Me levantei, minha barriga roncava de fome.
- Espera. - Sua voz era baixa. - fale para sua amiga que não pode vir, que sinto muito. Nunca quis deixar ninguém triste. - Suas palavras eram sinceras e gentis. Assenti, fitando seu sorriso suave.
Molhei os lábios, meus olhos correram para o quadro que estava ao seu lado. - Ficou muito bom - Apontei. - Porém meu nariz é mais fino. - Ri, ficando ao lado de Din, saindo daquela cafeitaria e deixando o menino para trás, com um sorriso feliz no rosto.
O pôr do sol nos recebeu com sua beleza. O raios solares faziam linhas amarelas no céu, que se juntavam a imensidão laranja. Empurrei o ombro do garoto ao meu lado, sentindo seu tênis, que estava em meu pé, bastante folgado.
- Você está irritado? - Indaguei fitando o estacionamento. Dilan me olhou por alguns segundos, negando com a cabeça. - Então por que está tão calado? - Coloquei meu dedo indicador em sua bochecha, o fazendo abrir um sorriso.
- Não tem muito o que falar. - Mordi os lábios, percebendo como sua bochecha era gorda. Tentei com todas as forças não fazer aquilo, mas foi inevitável. Din soltou um murmúrio quando puxei sua pele. - Que coisa, Lory - Comentou rindo. Ri junto a ele, observando sua pele, onde apertei, vermelha.
As coisas andam bem. Sinto que estou mais próxima dele.
Isso é muito bom.
Dilan.
Ao chegarmos onde estavam nossos carros, me deparei com Tess e Becca se beijando. Elas estavam no capô do carro da menina de cabelos azuis. Tess segurava seu rosto com carinho.
Foi impossível não me sentir estranho com aquilo. Tessa o superou tão rápido, mas afinal, ele que pediu isso.
Gostaria de poder cumprir com minha promessa também. Seguir em frente.
Vou fazer isso. Agora eu sei que consigo. Encarei a menina ao meu lado com o rosto vermelho. Ela rapidamente virou o rosto, ficando extremamente corada. Me pergunto se ela já beijou muitas pessoas mesmo.
Não quero ser egoísta, mas espero que não.
Lembro-me de como chorava quando pensava que ela estava seguindo em frente sem mim, e então, eu apenas ia para alguma festa, bebia e me esquecia de tudo. Porém, ao chegar em casa de manhã, tudo voltava.
Um ciclo vícioso que estava me quebrando.
Ela procurou meus olhos, um lugar para manter o olhar fixo. Admirei seus olhos castanhos, e depois seus lábios mais vermelhos que o normal. Eu daria tudo para beijá-los novamente.
Desde o lago essa necessidade só está crescendo. O jeito que ela estava determinada, a maneira que aquelas palavras, que me livraram das minhas correntes, saíram de sua boca, foi incrível, foi tão importante e impactante para mim.
- Você sente vergonha ao ver pessoas se beijando? - Perguntei involuntariamente, fazendo suas bochechas corarem violentamente. Seus lábios tremerem, e ela apontou para mim, abrindo e fechando a boca em busca de algo para falar.
Ri com isso, e mestra pisou de maneira forte em meu pé. Um murmuro involuntário saiu de meus lábios.
- Merda, Lory - Ela caminhou de maneira rápida até meu carro, passando por mim e pelas meninas sem falar nada. A observei pelo parabrisa, a pegando mordendo os lábios e murmurando algo.
Um sorriso se esboçou em meus lábios.
- Por que vocês não namoram logo? - Tess comentou, chamando minha antenção. - Ela já sabe de tudo agora, não é? - Assenti sem perceber - Então, pronto. - Ambas pularam do capô, sorrindo uma para outra.
- Eu concordo com a minha garota. Se comam. - A menina de cabelos azuis falou. Tentei não ficar envergonhado com sua fala, mas foi em vão. - Olha que bonitinho, ele está corado. - Apontou, de maneira zombadora. Apressei o passo e entrei no carro quente. Puxando o ar com força.
- Que coisa - Murmurei ligando o ar. O vento gelado bateu em minhas bochechas que ardiam, aliviando a sensação.
- Tudo bem? - A voz suave de Lory fez meu corpo estremecer. Por um minuto me esqueci que ela estava aqui dentro.
- T-tudo. - Engoli em seco, estalando o pescoço. Pude sentir seus olhos sobre mim, mas não tive coragem de encará-la.
Coragem, coragem.
- Eu estou bem - A fitei, tentando cumprir o que falei para mim mesmo. Não ter medo. - Graças a você. - Espremi os lábios quando as palavras escaparam de minha boca.
Mas é verdade. Tudo que ela me falou naquele lago, foram um choque para mim. Eu precisava daquilo.
Eu preciso dela.
As meninas entraram no carro de Becca. Já estava pronto para dar partida quando uma pessoa bateu na minha janela. Soltei um palavrão pelo susto.
Com a respiração acelerada, encarei o menino de pele escura. Ele tinha um sorriso amigável nos lábios.
Merda.
Abaixei a janela devagar, tentando não me estressar ao olhá-lo.
- O que foi? - A pergunta saiu mais ríspida que o esperado. Seu sorriso ficou fraco, me lembrando do de Stephan.
- A-ah - Sua voz tremeu. - E-eu queria saber se vocês poderiam me dar uma corona, não vou conseguir voltar a pé. - Fitei a menina silênciosa ao meu lado. Ela o encarou com certa hostilidade, eu amo quando seus olhos ficam assim.
Meu coração disparou quando pensei nela na cafeitaria. Já fazia um tempo que não a via tão ameaçadora.
- Destrava a porta dos passageiros - Ordenou com a voz baixa. Engoli em seco, não sabendo se era uma boa ideia, porém fiz o que foi mandado.
- Como você é teimosa. - Afirmei, tirando um sorriso suave de seus lábios.
- Eu sei - Sussurrou de volta. E foi minha vez de sorrir.
Em silêncio, comecei a dirigir. Eu pretendia a trazer para a inauguração dessa cafeitaria, mas o cara atrás de nós fez isso primeiro. Esse menino é estranho, mas ainda tenho que descobrir se é um estranho bom ou ruim.
Farei isso.
- Quantos anos você tem? - O encarei pelo retrovisor. Seus ombros se mexeram de maneira desconfortável, mostrando como ele estava se sentindo.
- D-dezesseis - Lory soltou uma exclamação.
- Eu sou mais velha. - Afirmou, estufando o peito. Me perguntei se ela estava mesmo se vangloriando por ser mais velha. Voltei a olhar a pista, não evitando de sorrir.
- Tem dezessete? - Foi a vez dele de perguntar. Mestra concordou com um sorriso vitorioso nos lábios vermelhos.
Fitei seu cabelo bagunçado, sentindo vontade de toca-los novamente. Sempre é assim quando o fios dela estão desengrenhados.
O silêncio reinou sobre o lugar. Admirei a pintura sobre seu colo. Como os traços dele podem ser tão parecidos com o de Stephan?
Não consigo parar de compara-los.
Não sei se é pelo sorriso sincero, ou pelos olhos brilhantes. Eu realmente não sei, mas quero conhecê-lo melhor. Pode ser louco, mas sinto Step nele.
- Como você imagina os anjos? - Indaguei sem perceber. Essa pergunta anda rondando minha cabeça desde que ele morreu.
Stephan acreditava que os anjos eram negros, assim como esse garoto que me encara paralisado.
- E-eu não sei. - Revelou, me deixando decepcionado. Tentei não deixar isso transparecer, porém, sou muito ruim em esconder como me sinto. - Desculpa se o deixei decepcionado com essa resposta. - Respondeu ao meu pensamento.
Lory me fitou com as sobrancelhas juntas, como se estivesse pensando em algo. Seus globos se arregalaram quando ela fitou o menino pelo retrovisor.
- Você sabe desenhar anjos? - Fiquei confuso por causa da expectativa em seu rosto atraente e bonito.
- Sei. Eu amo desenha-los. Foram as primeiras coisas que desenhei em minha vida. - Sua afirmação fez meu coração tremer. A lembrança de todos os desenhos de Stephan rasgados invadiu minha mente, causando uma enorme dor em meu peito.
Eu adoraria poder vê-los novamente.
- Me passa seu número - Pisquei, com seu pedido.
- Lory, você nem conhece ele - Minha indignação era transparente em minha voz. Seus olhos se voltaram para mim com chamas, engoli em seco.
- Relaxa - Foi tudo o que disse, antes de entregar seu celular para o menino e voltar para seu lugar, sorrindo de maneira discreta. - Obrigado - Sussurrou para ele.
Travei o maxilar, não gostando dessa ideia. Ela não escuta ninguém, essa teimosia atraente às vezes me irrita.
Lory segurava o celular contra o corpo com os olhos brilhantes. O que ela está aprontando?
Esse pensamento me deixou preocupado.
"Você sente vergonha ao ver pessoas se beijando?"
Esse foi o capítulo 11! Testei uma coisa nova nesse cap, por isso ele foi menor.
Espero que tenham gostado ♥️
Muito obrigado por tudo e amo vocês ♥️
Próximo capítulo quarta.
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