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Boa leitura, comentemmm
Ao longo da última semana do ano, Claire começou a prestar mais atenção na personalidade do marido. Não que ela não soubesse como ele era, mas reparou de uma forma mais crítica.
– Claire, vá botar nossa comida. – Mandou, sem nem olhá-la. O irmão dele estava lá e Jonh a estava tratando como uma empregada.
– Venham para a sala de jantar em dez minutos. – Falou e saiu. Uma súbita sensação de humilhação percorreu pelo seu corpo. Piorou quando ela constatou que se contestar uma vírgula do que o esposo dissesse, quando estivessem sozinhos ele iria brigar. Era certo ter esse medo? Pensou. As palavras da filha ecoaram em sua mente, mas ela tratou de espantá-las.
– Essa comida está um pouco salgada, mas dá para comer. – Comentou o visitante, Antony, e Claire esperou para ver se o marido iria defendê-la, mas ele concordou com o irmão.
– Oh, desculpem-me. Na próxima eu prometo que a comida estará perfeita. – falou sorrindo e se afastou dos dois e viu Anne descer as escadas. Ela notou o estado da mãe e lhe perguntou se estava tudo bem. – Tudo bem. Você quer que eu traga seu almoço? Vou colocar o meu agora.
– Eu iria colocar agora, mas tudo bem.
– Não, temos visita e eu acho melhor você não ir lá. Venho já. – Anne ficou esperando em uma das cadeiras da entrada da casa. Achava elas o charme da casa. – Aqui, está um pouco salgada, mas dá pra comer mesmo assim.
Anne assentiu, comendo a primeira colherada do risoto e simplesmente o achou perfeito. Nada de salgado.
– Mãe, essa comida está divina! Quem falou que estava ruim?
– Seu tio Antony. Ele apenas comentou que estava com muito sal. – Anne revirou os olhos, odiava Antony.
– Idiota. Falou pelo simples fato de ser um babaca mal amado.
– Anne, por favor, sem nomes feios nas refeições. O seu pai concordou, então deve estar mesmo. – Anne quis falar que “Claro, homens sempre vão concordar com homens. Babacas.”, mas se conteve e se limitou a revirar os olhos.
Mas o fato era que Claire realmente estava se incomodando com o jeito bruto do marido.
Na manhã do dia 31 de dezembro, Linn acordou tarde e com muita fome. Era um sábado e ela á tinha confirmado presença em uma festa em que Mike a tinha convidado. Ele nem precisou insistir tanto visto que ela não queria mesmo ficar sozinha naquele dia.
Decidiu ir comprar uma roupa mais apresentável para mais tarde. Foi no shopping depois de tomar um bom banho e comer um ótimo café da manhã.
Fazia um tempo que ela não caprichava na comida, apenas comia o que tinha. Mal comia. Era horrível a sensação de ter fome e não querer comer para alguém que amava comer.
Por isso, ao acordar um pouco mais disposta, ela decidiu sair um pouco da fossa em que tinha se encontrado a muitas semanas.
Ao chegar no shopping, foi ver várias lojas e pesquisar os preços. Ela estava mais tranquila financeiramente, mas sempre foi uma pessoa econômica.
Quando estava entrando na próxima loja, de longe, viu alguém muito familiar. De cabelos longos e loiros e uma calça um pouco folgada e de sapatilhas. Estreitou os olhos para ver melhor e confirmou que era Anne quando a mesma a encarou.
Se olharam por alguns segundos e Linn percebeu que todos os sentimentos estavam ali, firmes, mas os colocou para o fundo do coração e quebrou o contato visual, entrando na loja.
Olhava os casacos quando subiu a cabeça e tomou um susto ao ver dois olhos a observando de perto. A quanto tempo Anne estava ali?
– Puta que pariu, que susto! – falou, botando a mão no peito.
– Desculpa… oi.
– Oi. – Mudou de lugar, fingindo olhar as roupas. Tentava disfarçar o nervosismo. – Tudo bem?
– Estou indo, e você?
– Bem. Está sozinha?
– Minha mãe está em outra loja, eu vim te ver…
– Por que? Queria ver o estrago que fez? – soltou a mágoa que estava sentindo, mas se arrependeu ao ver a expressão da mulher a sua frente.
– Eu não estou melhor que você, acredite. – Linn assentiu, não querendo continuar aquela conversa. – eu não queria que você me odiasse…
– Eu não odeio você. Mas a ferida ainda tá muito aberta, eu não vou conseguir ser tão gentil assim com você. Sinto muito.
– Tudo bem. Posso te ajudar a escolher roupa? Tenho alguns minutos…
Linn ponderou o quão errado aquela ideia daria, mas aceitou. Estava realmente indecisa entre algumas blusas.
– Essa combina bastante com você. Mas essa… apesar de não ser muito o seu estilo, é muito bonita e daria um lindo contraste com a sua pele. – era uma blusa de manga comprida, ombro a ombro vermelha.
– Eu vou experimentar as duas e essa jogger aqui. Você vai me esperar? – Anne não podia, mas disse que estaria do lado de fora e que queria vê-la vestida com a tal blusa. Inventaria uma desculpa para a mãe depois. O importante ali era ficar o máximo que podia com Linn.
Só ela sabia a saudade que estava sentindo.
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