Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝖎𝖎. Your Best Pure-Blood Girl


╭──────────────────╮






É onze de setembro, o raro sol londrino infiltrou-se pelas vidraças da estação King's Cross quando, nas passarelas cinzentas, uma jovem e alta mulher atraía os olhares curiosos conforme caminhava em seus saltos lustrosos, exibindo um vestido exalando a quantidade de ouro reunida nos cofres de Gringotes enquanto é acompanhada por uma adolescente que parecia poucos anos mais nova, o tom escuro de seus cachos rivalizando com o prateado nos fios da que seguia, cujas feições poderiam ser até mesmo consideradas bonitas se não fosse pela carranca aprofundando-se a cada passo mais próximo da plataforma.

Observadas de longe, era possível tomá-las como opostos, provavelmente uma amiga que acompanhava a outra numa viagem pela quantidade de malas no carrinho empurrado pela mais nova, incapazes de notar como as duas compartilhavam o mesmo nariz de botão, uma característica marcando-as como irmãs diante das claras diferenças.

─ Se continuar assim, ─ Gesticulou Narcissa, o anel adornado por diamantes brilhou no dedo anelar.─ irá assustar as crianças mais novas.

Ursa estalou a língua, parando em frente a linha divisória entre duas plataformas, por um momento os olhos cinzentos analisaram um grupo de turistas barulhentos que se aproximava.

─ Duvido que fosse ficar feliz se estivesse presa à Sirius.

Narcissa apenas estica os lábios rosados num sorriso educado, o mesmo que entregava para seus adversários antes de subir em sua vassoura no campo de quadribol, o disfarce perfeito de um óbvio comentário venenoso. Um dia, Ursa pensara que sua irmã não era uma cobra como o resto dos sonserinos, mas, sim, uma flor de pétalas impressionantes, uma bela armadilha para atraí-los e matá-los com um único toque. E desde então, sem perceber, Narcissa lhe dá todas as provas de que está completamente certa.

Ursa aumenta o aperto e já empurrando o carrinho sendo seguida por Narcissa. Um casal risonho com os olhos brilhando de amor passam pela dupla de irmãs, suas risadas fundindo-se com as vozes altas que aproximavam-se. Ninguém percebe o desaparecimento repentino da mulher deslumbrante ou da adolescente carrancuda, sem saber sobre a plataforma bruxa que há escondida na estação.

Uma locomotiva vermelha a vapor aguardava. Naquela hora da manhã, a fumaça ainda é espessa o suficiente para cobrir quase completamente as cabeças das poucas pessoas que caminhavam e conversavam, a maioria sendo crianças que ainda possuíam a gordura do início da infância nas feições e adultos que mal conseguiam conter a própria ansiedade, enquanto o miado incomodado dos gatos juntava-se aos piados das corujas, igualmente descontentes com o som das malas pesadas sendo arrastada pelo piso. 

Ursa espreitou o olhar, procurando por cabelos estilizados num corte na altura das orelhas, não expressando nada além de descontentamento ao não encontrar sua amiga mais fiel, Bessie Parkinson.

Na noite anterior, enfrentara os olhares duros de Orion Black com o desejo de capturar os papéis e uma pena para uma rápida carta, informando o horário que chegaria na plataforma, afim de irem juntas à procura de uma boa cabine durante toda a viagem. E, ainda assim, Bessie honraria a própria tradição de sempre chegar faltando poucos minutos para a saída.

─ Não é uma pena de morte, sabia?─ Narcissa confidencia, a voz baixa atraindo a atenção da adolescente.

Ursa teceu uma expressão descrente.

Entendia que casamento e as míseras insinuações que o acompanharam sempre fora o sonho de Narcissa, apesar da mesma possuir notas impecáveis que a deixariam seguir qualquer carreira no mundo bruxo, principalmente no Ministério. Era óbvio que este é sonho de sua irmã, por mais arcaico que soasse, e era um praticamente um milagre que se encaixasse com a realidade de uma mulher pertencente a alta sociedade. E, mesmo que não fosse o sonho idealizado de Ursa ou de Bellatrix, é objetivo que deveriam atingir se não quisesse ser consumida pelas chamas da tapeçaria. Então, Bellatrix é uma Lestrange e Ursa deveria ser qualquer sobrenome, todos menos o Black, vindo justamente de Sirius.

Estar presa à Sirius Black é muito pior do que receber o beijo de um dementador, é o que quer berrar enquanto agarra os ombros de Narcissa. É praticamente um pedido estrondoso para que seja empurrada à um limbo de insignificância social após esforçar-se tanto para alcançar a reputação que sustenta pelos círculos puro-sangue.

Ursa seria basicamente a amante tola de um imbecil puro-sangue ainda mais tolo. E tal constatação revirou seu estômago.

─ Você só pode estar brincando.─ Murmura, entredentes, os olhos cinzentos expondo sua revolta.

Narcissa, em resposta, apenas inclinou-se para acariciar o pêlo branco da gatinha Lyra, a qual nem sequer importou-se com a balbúrdia ao seu redor, continuando a descansar sobre o couro marrom da mala, próxima às letras douradas com as inicias da adolescente que pertencia.

─ Não seja tão impaciente, Ursa.

Sob a luz ainda suavemente dourada do sol matutino, Narcissa é etérea, uma explosão silenciosa de uma mulher moldada para pertencer à classe mais alta, cuja elegância é entrelaçada a cada mísero pedaço de pele, delicada da cabeça aos pés, mesmo que seu sorriso estivesse tão frio, sutilmente pincelado por uma crueldade apenas vista naqueles com o sobrenome Black, os abençoados pelos deuses.

─ Soa exatamente como nossa mãe.─ Ursa comentou com um revirar de olhos, lembrando-se das mesmas palavras que ouvira tantas vezes escapando dos lábios de Druella, sempre disparando escárnio em sua direção.

Algum menininho gritou, acenando para os pais pela janela da cabine, fingindo que a locomotiva estava movendo-se. Narcissa o fitou por um momento, os olhos frios viajando pela plataforma, onde puro-sangues, mestiços e nascidos-trouxas misturavam-se como as belas e pequenas crianças sem o conhecimento do mundo cruel que as cerca ou a consciência das forças sombrias que estavam erguendo-se naquele mesmo instante.

─ Nossa mãe comete muitos erros, ─ Há uma pausa, pequena e quase imperceptível, mas é o bastante para olhos grandes, sempre gentis, repletos de dor atacarem sua mente.─ mas também há acertos. É difícil entendê-la, mas ela deseja o nosso melhor.

─ O nosso melhor?─ Ursa zomba. O olhar de Narcissa endurece.─ Como me empurrar para um traidor de sangue sem pensar duas vezes é o melhor?

Dizer que Druella comete erros é eufemismo, principalmente relacionado às suas filhas, as quais exibia como diamantes pelos bailes e reuniões familiares, desesperada por um olhar de Pollux Black ou uma bênção de Irma Black, qualquer coisa que provasse que seu papel não é permanecer bonitinha em sua mansão por nunca ter conseguido entregar um homem nos braços de Cygnus. E, para sua fúria, suas filhas poderiam ser as beldades, semideusas entre os mortais, que atraíam olhares como se fossem ímãs, no entanto continuariam a ser apenas mulheres. Peças que serviam para aumentar a influência através de casamentos, facilmente dispensáveis. Elas nunca seriam líderes da casa Black ou sequer chegariam perto.

Então, punira cada uma das crianças que teve de uma forma diferente. Bellatrix recebera dolorosas punições quando errara, feitiços sendo gritados na beira da mesa do jantar e sua dor explodindo. Narcissa possuía sua dieta controlada ao ponto que se cometesse um deslize, Druella ordenava que fosse retirado suas refeições por dias inteiros, tornando-a uma coisinha magra e frágil demais para ser uma artilheira decente. E Ursa é julgada, constante e imparável, uma menina insuficiente para um objetivo ainda maior, merecendo os olhares de desdém acompanhados por um tom ácido e cruel vindos de Druella.

É difícil entendê-la, pois acolhe seus erros como seus maiores prêmios enquanto seus acertos são dispensados numa lixeira, esquecidos nas areias do tempo.

─ Ursa, você precisa...

─ De algum noivo decente? Um que não ande com mestiços e traidores de sangue? Ou que vá ser encontrado por aí beijando uma sangue-ruim?─ Ursa fala, o tom alto atraindo os olhares assustados daqueles que conheciam o mundo bruxo o suficiente para entender o significado de tais palavras.─ Ótimo, irmã! Pois também acredito que é isso que preciso, uma pena que nossa mãe ache o mínimo um problema!

Narcissa suspirou, olhando ao redor, imitando uma desculpa silenciosa conforme estica a mão, agarrando o braço de Ursa, puxando-a para perto, onde poderia fitá-la de perto com uma espécie de repreensão, parecida demais com a imagem da própria mãe para ser capaz de acalmar a raiva estridente no peito da Black mais nova.

Ursa não é sua responsabilidade, nunca fora e jamais será. Ela é a pequena criatura selvagem de sua mãe. A menininha de olhos esfumaçados de Andromeda, e depois do que acontecera cinco anos atrás, fora acolhida por Bellatrix para ser seu monstrinho. Mas não de Narcissa. Nunca pertenceu realmente a Narcissa, apesar de sempre estar atenta nas arquibancadas durante as partidas de quadribol, seguindo-a pelos corredores e esforçando-se para ser uma versão agradável de si mesma diante de Lucius Malfoy, pois sabia que sua irmã mais velha estava perdidamente apaixonada por ele.

No entanto, com Bellatrix assumindo a posição de senhora na mansão Lestrange, viu-se acolhendo Ursa. Mesmo ocupada com os preparativos de seu casamento e da mudança definitiva para a mansão Malfoy ao final do ano, Narcissa aproximou-se de sua irmã mais nova, guiando-a para os testes dos mais diversos doces e tecidos que serviriam para o vestido, além da troca de mantos. E presenciou vislumbres daquela menina que correu atrás do expresso com a mão esticada, desejando alcançar a única irmã que lhe mostrara carinho dentro da família Black em vez daquela cobra venenosa criada pela natureza espinhosa de sua irmã mais velha.

Pelo que parecia, é sua vez de tomar Ursa como protegida e impedi-la de cometer erros ao invés de incentivar aquela veia de insanidade presente em todos os Black.

─ Você não é uma tola, Ursa, então pare de agir como uma.

A adolescente de cabelos revoltos separou os lábios, pronta para destroçá-la com a faca afiada que é sua língua. No entanto, Narcissa já estava focada num ponto atrás de Ursa pela forma que organizara a postura, abandonando a feição imitadora de Druella e assumindo mais uma vez a imagem da donzela prateada que é admirada.

─ Olá, Severus.

Ursa piscou, o brilho enfurecido desaparecendo e um sorriso já morava nos seus lábios quando virou-se para o garoto atrás de si. Não mais a cobra feroz. E, sim, a típica garota puro-sangue que poderia ser chamada de fútil e arrogante pelas costas ao ostentar tão caras quanto aquelas.

Severus parecia desconfortável no suéter escuro e jeans que parecia ter sido manchado por café próximo da barra. Muito mais alto do que nas lembranças de Narcissa. Na última vez que vira Severus Snape, estava no terceiro ano e era o garotinho de ombros encolhidos caminhando atrás de Ursa, como se a garota fosse a estrela que guiava um pescador numa noite turbulenta nos mares.

Não havia grandes mudanças em sua aparência. O mesmo nariz grande e curvo. Aparência pálida e roupas escuras levemente desleixadas. Fala ainda mansa. Cabelos escuros nos ombros, oleosos.

Apesar que...

Narcissa inclinou a cabeça, forçando a mente na procura de uma Ursa de bochechas vermelhas e ira transformando-a uma versão menor de Bellatrix enquanto discursava que faria Sirius e seu grupinho de patetas se arrepender de terem tocado em Severus. Se não estava enganada, no dia seguinte, Ursa desfilou pelos corredores com os braços entrelaçados aos de um Severus Snape sem seus tão falados fios oleosos e roupas vindas diretamente da mesma boutique favorecida pelos Rosier na Itália bruxa. E pelo que parecia, Severus continuava utilizando os mesmos produtos ou os usou tempo bastante para diminuir a oleosidade dos cabelos.

─ Você não me respondeu, ─ Ursa Black comentou, afastando-se do abraço que dera no garoto, aparentando ser mais jovial.─ pensei que viria com aquela...

─ Tive alguns problemas com minha mala.─ Cortou Severus rapidamente. A forma que Ursa enrugou o nariz e crispou os lábios entregou de quem falaria, incluindo as ofensas que soltaria sem qualquer traço de arrependimento.─ Não... foi nada com ela.

Ela?

Ursa ergueu uma sobrancelha, surpresa.

Evans na língua de Severus sempre foi Lily. Nunca sangue-ruim, aberração ruiva ou a irritante sabe-tudo. Até mesmo quando Ursa sibilava ofensas para a garota ruiva numa provocação óbvia. Lily era Lily. Nunca ela.

Em algum momento das férias, a relação de amizade e sentimentos não correspondidos entre Severus e Evans adquiriram tons ainda mais amargos pela forma afiada que foi interrompida. Ursa não saberia dizer se considerava de fato um lapso de consciência ou apenas uma rusga inútil que era resolvida por desculpas ridiculamente sentimentais no fim de semana de Hogsmeade.

─ Espero que seus problemas tenham se resolvido.─ Narcissa disse, suave. E virou-se para sua irmã mais nova, esticando uma mão que primeiro parecia hesitante até alcançar a bochecha de Ursa, onde acariciou.─ Estarei indo, já que está em boas mãos.

Ursa sorriu e deu uma cotovelada nas costelas de Severus, travessa. Eles se encararam e o garoto estava sorrindo, como o confidente que era.

Narcissa os olhou por um momento, considerando enviar uma carta à Ursa. Havia um motivo pelo qual apaixonar-se por alguém que já amava outra pessoa não era recomendado por ninguém são.

─ Severus, ─ A mulher de cabelos loiros chamou, recuando um passo.─ Lucius estará esperando sua presença em nosso casamento, então o verei em breve...

─ Certo...─ Murmurou o garoto, incerto do que deveria responder quando Narcissa já parecia certa que o teria em uma das fileiras do casório.

─ Diga à Lucius para não ser um idiota.

Narcissa parou, sopesando as palavras ditas por Ursa e deu de ombros.

─ Acho que é impossível.

Ursa riu, divertida.

Severus observou a interação com curiosidade. Pelo que sabia, Narcissa é a irmã que Ursa menos tinha contato, apesar de ser mais próxima em questão de idade. Enquanto em Hogwarts, ambas mal se falavam. Sempre sentadas próximas e dividindo o mesmo círculo de amizades ou Ursa frequentando todos os treinos de quadribol para apoiá-la silenciosamente da mesma forma que agora faz com Regulus Black, seu primo mais novo. Mas agora... Elas soavam como as histórias que Lily contava sobre a época que não havia tantas rachaduras em seu relacionamento com Petunia.

Narcissa sorriu, afastando-se completamente em direção a barreira mágica, atraindo olhares arregalados e encantados. É fácil perder o sobrenome que mulher carregava por conta dos cabelos loiros, mas momentos como aquele tornavam-se mais do que óbvios o sangue correndo pelas veias de Narcissa. Apenas um Black teria uma beleza impecável a ser exibida tão facilmente. Se é um presente dos deuses, ninguém saberia dizer, apenas é uma verdade absoluta que nubla suas mentes.

Um cotovelo encostou suavemente nas costelas e Severus desviou o olhar, focando-se em Ursa.

Ursa que atraia os mesmos encantados com seus cachos loiro-escuro e olhos esfumaçados, o rosto aristocrata que se destacava na multidão como uma pérola em meio ao mar acompanhado pela postura firme e inabalável que a fazia parecer a mais confiante entre as garotas de Hogwarts que geralmente mantinham os ombros curvados inconscientemente. Ursa que honrava a casa Black em cada mísero detalhe. Ursa que, nas sombras, liderava a sonserina como se fosse apenas uma mera peça de marionetes que guiava.

Ursa que o acolheu como amigo confidente, apesar de vê-lo próximo a uma nascida-trouxa e consciente que ele não passava de um mestiço sem grandes riquezas. Se Severus é alguém visto na sonserina com algum respeito, o motivo fora Ursa. Ela o apresentou para seus amigos e o fez se sentir parte de algo que somente o pertencia pela primeira vez na vida.

─ Vamos, Prince.─ Ela falou, apreciando seu sobrenome materno, os olhos cinzentos com um brilho malicioso, lembrava-o de Bellatrix em seus piores dias.─ Tenho algo a fazer.

Ursa deu um passo para o lado, alcançando Lyra e acolhendo-a seus braços, aceitando o ronronar junto da carícia gatuna enquanto Severus colocava suas malas em cima das da garota, empurrando o carrinho para perto da locomotiva, onde bastou apenas arquear de sobrancelhas para o aluno lufano mais próximo e os dois sonserinos já estavam suas cabines com suas malas em seus devidos lugares sem uma gota de suor manchando as roupas ao contrário do pobre menino que ofegava quando correu para o corredor, assustado com a presença de Ursa.


⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯ㅤ ✸   ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯

Esta é a sua última chance, garoto.─ Walburga falara em frente a locomotiva, as roupas pretas elegantes e um coque firme deixavam-a mais parecida com Minerva McGonagall do que qualquer uma.

E, fitando as feições rígidas da própria mãe, Sirius Orion Black decidiu que deveria pedir desculpas a sua professora de Transfiguração pela ofensa imensa.

Ninguém deveria ser comparada com Walburga Black. É cruel demais, quase tão pior quanto ser comparada com Ursa Black que achava muitíssimo engraçado quando alguém era atingido por um balaço nos jogos de quadribol, principalmente se fosse James. Ela costumava gargalhar até ficar com as bochechas vermelhas e sem ar.

Nesses momentos, Sirius costumava puxar o canto de "Ursa, nossa vadia cobra" que era recitado por todos os grifinórios em plenos pulmões, às vezes sendo acompanhados por um punhado de lufanos e corvinos. Era um ótimo meio para deixar a sonserina ainda mais amarga e infelizmente um ótimo motivo para retaliações.

É realmente uma droga para Ursa que nenhum de seus planos visando causar sofrimento tenham o alcançado e, mesmo que tivessem, Sirius continuaria com o canto enquanto estiverem nos terrenos de Hogwarts ou até mais, dependendo se acabassem tropeçando no caminho um do outro após a formatura.

Ele já se imaginava cantarolando "Ursa, nossa rainha vadia" e o olhar mortífero da garota, a luta óbvia contra os próprios impulsos para não acabar matando-o e condenando si mesma a uma eternidade em Azkaban.

O pensamento fora engraçado o bastante para fazer seus lábios repuxarem num sorriso divertido. Ainda lembrava-se do dia posterior ao baile que terminou com uma pegadinha hilária formulada por Sirius e James, mesmo que o Potter não pudesse estar presente na ocasião, a forma que o branco apossou-se das feições de Ursa quando Walburga anunciou em meio à milhares membros das mais diversas famílias puro-sangue que Sirius Black e Ursa Black são noivos foi incrível.

O horror no olhar que ela lançou a ele, como se Sirius fosse seu pior pesadelo encarnado o fazia rir sem controle.

É uma bênção que aquele noivado seja uma maldição para Ursa. Finalmente surgiu uma oportunidade de desestabilizar o castelo de metal que Ursa construiu nas masmorras e Sirius não iria desperdiçá-la tão facilmente.

Entre os berros ameaçadores por ter obrigado Walburga a fazê-lo se juntar com uma das filhas de Druella e os constantes comentários ácidos de Orion, Sirius perdeu os últimos dias com planos. Ideias de pegadinhas. Qualquer coisa que fosse boa suficiente para arruinar todo resquício de humor que possa ter sobrado em Ursa.

Não sabe o quanto me custou esse acordo.─ Continuou, o maxilar tenso e dedos ─ Não desperdice.

Ao seu lado, Regulus Black mantinha os olhos nos trilhos, as roupas bem passadas e sapatos lustrosos, o anel com uma imagem de uma cobra poderia ser vista nos dedos, uma clara indicação da casa que pertencia em Hogwarts.
A imagem clara de um filho perfeito. O filhinho da mamãe, o garoto de ouro.

O completo oposto de seu irmão mais velho. Eles poderiam ter o mesmo rosto com maçãs altas e afiadas, até mesmo os olhos marcantes.

Mas não eram iguais, nunca seriam.

É uma verdade imutável.

─ Tudo bem!─ James Potter anunciou, arrancando Sirius dos próprios pensamentos.─ Eu decidi que esse vai ser meu ano!

─ Por que você finalmente não vai levar um fora da Lily todos os dias?─ Remus perguntou, o tom duvidoso junto de um arquear de sobrancelha descrente.

James apontou um dedo em sua direção, parecendo verdadeiramente desapontado com o amigo por ter falhado na adivinhação.

─ Perto! Mas não!

Pelo olhar que Remus lançou para o Potter, o rapaz de cabelos castanhos não sabia se deveria ficar aliviado ou preocupado por James ter escolhido abandonar seu principal objetivo anual: conquistar Lily Evans. Haviam se passado cinco anos e fora engraçado nos primeiros anos em que James Potter estava enfrentando a puberdade, a voz afinando ridiculamente quando ia falar com Lily nos jantares. Mas agora, Lily havia aprimorado seus xingamentos ao ponto de quase soar como Ursa Black se estivesse com raiva suficiente no ano anterior e poderia realmente machucar James agora.

─ Esse ano, a Taça de Quadribol será da Grifinória!

Sirius riu, batendo palmas.

─ Parabéns, Pontas! Trocou um sonho impossível por outro!

Remus acertou Sirius com o cotovelo, olhando-o feio antes de se voltar para James que continuava de pé.

─ Você sabe que Annie tá no time da Corvinal, não é?

─ Somos amigos, ela não vai ficar triste quando eu a fizer comer poeira!

─ Você é artilheiro.─ Remus viu-se destacando, o olhar espreito.

─ E daí?─ James piscou e ofereceu um sorriso convencido.─ Eu sou incrível como artilheiro e seria ainda mais como apanhador.

─ Esse é o espírito, Pontas!

─ Sirius, não dê bola pra ele!

─ Só estou apoiando um amigo!

Remus estava fitando-o de uma forma que indicava que o chutaria se continuasse alimentando o ego descomunal de James por mais tempo. Sirius esticou um sorriso, o mesmo que costumava entregar quando queria se livrar de alguma detenção. Mas pelo que parecia, seu método infalível funcionava só com as monitoras, nunca com Aluado.

─ Rabicho não está demorando demais?─ James perguntou, jogando-se nos bancos, com as pernas cruzadas sobre o estofado macio. Os dedos já enfiados nos fios bagunçando-os.

─ Talvez a velha tenha ido longe demais.─ Sirius Black deu de ombros.

Não era mistério que a senhora responsável pelo carrinho de doces era rápida nos pés enquanto Peter era lento demais com seu costume de andar tropeçando nas próprias pernas. É por isso que geralmente quem ia atrás dos doces para a viagem é Sirius ou James, mas naquele ano, Peter se ofereceu com as bochechas rosadas deixando claro que aproveitaria a chance para ter algum vislumbre de sua paixão secreta nos vagões.

Sirius lembrou-se de incomodar Remus para saber quem é a sortuda que roubou o coração do pequeno Rabicho, já que James não conseguiu tirar nada do próprio Peter que quase chorou de tanto gaguejar.

Já tinha a imagem de uma garotinha baixinha de sorriso doce, provavelmente lufana. E estava pronto para iniciar o plano de juntá-los junto de James, mesmo que o Potter não fosse ser de grande ajuda, sabe, levando em conta sua vida amorosa.

─ Estamos quase chegando....─ Remus comenta, o rosto franzido.─ E Rabicho ainda não chegou.

─ Você acha que...

─ Ah, merda!

James, cujo rosto estava virado para as vidraças da cabine, mal conseguiu tirar a varinha dos bolsos quando a porta abriu-se violentamente e alguém fora empurrado contra o piso.

Era Peter Pettigrew choramingando com os braços carregando as ditas guloseimas que fora em busca. E atrás dele, sustentando um sorriso que não poderia ser nada além do que maligno com as mãos, há Ursa Black ao lado de Evan Rosier.

Vadia cobra. E a principal vadia da vadia cobra.

─ Sua vadia, o que fez com ele?─ Disse Sirius, de pé com a varinha no punho ao lado de James.

Ursa revirou os olhos, nem um pouco incomodada com as varinhas apontadas para si e chutou o pé de Peter fazendo o rapaz soltar um guinchado assustado. Rosier soltou uma risada divertida, como se Sirius tivesse dito alguma piada.

─ Olha pra ele, Orion. Você acha que ele estaria inteiro se eu tivesse colocado as mãos nele?

─ O que você quer, Black?─ James soltou, cuidadosamente evitar pisar nas pernas e braços de Peter que ainda tremia, apesar de parecer estar se acalmando sob as palavras de Remus.

Ursa o ignorou, como sempre costumava. O único traidor de sangue que Ursa dedicava sua atenção é Sirius, e ele não sabia se deveria estar agradecido por isso, não quando uma sombra cobriu os olhos esfumaçados da garota sonserina ao prender sua atenção no Black grifinório.

─ Só queria avisar que é melhor você se controlar, Orion, ou vou...

─ Ou o que?─ Ursa torceu o nariz com a interrupção.─ Vai fazer o Ranhoso esfregar aquele cabelo cheio de óleo em mim?

─ Não me teste.

Sirius sorriu, os caninos afiados aparecendo.

─ Sirius...─ Remus soltou em tom de aviso.

Por sua vez, o grifinório Black deu de ombros, provavelmente Ursa estava certa. Nada de bom acontecia quando a vadia cobra é provocada e a prova estava nos últimos anos quando uma lufana chamada Carrie Wood ousou xingá-la, apenas para permanecer na enfermaria por semanas após ser atingida por um feitiço misterioso que a deixou sem qualquer noção de espaço e tempo. Ninguém nunca poderia provar que fora Ursa, mas Carrie encolhia-se toda vez que via a sonserina.

Só que ainda assim...

─ Não tenho medo de você, Ur.

─ É um erro comum.

Ursa pareceu analisá-lo por um momento, os olhos passeando pelas calças justas e camisa estampando uma banda claramente trouxa.

Ela inclinou a cabeça para o lado, um cacho escorregou pela pele pálida e se alojou na clavícula, algo na forma que esticou os lábios num sorriso cheio de caninos perigosamente afiados como os dele lhe dizia que o pegou acompanhando o movimento com os olhos.

E Sirius viu-se querendo socá-la para arrancar aquele sorrisinho convencido de seu rosto. Mas Ursa mal se importou com a óbvia violência surgindo nas orbes azuis-cinzentas do rapaz.

─ Mas eles aprendem, uma hora ou outra.

Ursa moveu um ombro, dando-lhe as costas, como se não tivesse arrastado um rapaz que claramente é centímetros mais baixo e uma completa bagunça sobre os pés por diversos vagões ao lado de Evan Rosier, mal se importando com o hematoma que certamente surgiria onde havia acertado-o com um chute.

─ Vejo vocês em Hogwarts, escória.

Evan a acompanhou, erguendo o dedo do meio para os ditos marotos antes de desaparecer entre os vagões.

Peter ainda choramingando sobre Evan ter o ameaçado para saber qual vagão estavam enquanto Remus franzia o cenho, preocupado com o amigo, desfazendo uma embalagem de sapos de chocolate para tentar acalmá-lo.

James torceu o nariz, irritadiço, e lançou um olhar significativa para Sirius.

Pois, Ursa Black esquecia-se que não há como mexer nos Marotos e não arcar com as consequências.

Parecia que já era o momento para pôr em prática o que cuidadosamente planejou e Ursa não saberia nem mesmo o que a atingiu quando chegasse a hora.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro