Capítulo 13 - "Aquela Coisa"
"As crianças não nascem com um sentido de identidade unificada; ele se desenvolve de várias fontes e experiências."
Aquela sala enorme que existia dentro da minha mente era "meu refúgio mental" para tentar fugir da realidade e de mim mesmo às vezes, quanto mais olhava em volta mais me sentia familiar ali dentro. Existiam diversas portas, mas entre elas uma me chamava muita atenção, uma grande porta branca que estava entre aberta e dela conseguia ouvir o JP conversando com alguém.
— Quer sair? - Aquela voz era alegre e tão familiar que me fez sorrir.
Virei para a direção da voz que havia me feito àquela simples pergunta, ele me olhava sorrindo e caminhei na sua direção e o abracei, o calor vindo de seus braços era algo que gostava muito, não sabia explicar o porquê de gostar tanto daquele gesto tão simples é que me trazia tanta alegria.
— Vejo que está bem Manu.
— E porque não estaria Emanuel?
— Que legal que desta vez conseguiu se lembrar de mim.
Disse o garoto de sardas no rosto e olhos azuis claros, seus cabelos eram levemente cacheados e de um tom cinza, o que era bem diferente dos meus cabelos escuros, ele deveria ser pouca coisa mais alto do que eu, mas mesmo assim não tinha como negar que eu o conhecia a tanto tempo.
— Não me lembro de tudo, mas só de ver seus olhos brilhantes me trouxe uma sessão tão boa após ouvir sua voz.
Emanuel era um garoto que deveria ter quase a minha idade, não, ele era tipo um irmão mais velho me sentia bem protegido com ele, que não pensei muito e acabei abraçando, aquele minha pequena reação me fez ter alguns "flashes" de memórias que não entendia tão bem, contudo saber que Emanuel estava ali tão próximo a mim me deixava menos preocupado. Com ele ao meu lado passei a observar melhor tudo, não demorou muito ate um homem na casa dos trinta e poucos anos cruzar ela.
— Realmente você estava certo garoto sardento!
Aquele homem com um olhar penetrante falou assim que cruzou aquela enorme porta e ela se fechou atrás dele, seu corpo alto e levemente musculoso me dava certo "medo", seus cabelos eram bem mais claro que o de Emanuel chegando bem próximo a um tom de branco, as duas longas cicatrizes que cruzavam parte de seu rosto faziam o seus olhos da mesma cor de Emanuel se destacar bastante.
— Vai La ver se to na esquina queixo quadrado.
Não me contive com o que ele me disse e acabei dando risada do que ouvi, a falta de respeito que ele tinha com alguém mais velho me fez rir e bastante dele, já ele não pareceu se importar muito com Emanuel disse ou com minha reação, já que a sua foi simplesmente passar por nos dois e bagunçar meus cabelos.
— O que se lembra de mim Manu?
— Não muito, somente seu nome. – Esta foi minha resposta a sua pergunta.
— Mas você sabe bem quem somos ne Manu?
— Você e o Samuel, ou seria outra pessoal que eu não saiba?
Olhava para Emanuel sem entender muito bem sua pergunta, eu sabia quem eu era, um garoto que havia perdido os pais, era algo trágico e simples, também sabia que conhecia aquele lugar e os dois ali comigo, não fazia a mínima ideia como cheguei ali e de onde eu os conhecia, mas sabia que os conhecia que eram pessoas de extrema confiança e importância para mim, entretanto não fazia ideia de explicar o relacionamento que existia entre nos três.
— Esta criança não faz ideia do que esta acontecendo ou de quem somos ou ate mesmo onde estamos.
Uma mulher disse isso, olhava para ela e para a porta atrás dela, o que parecia ser um quarto, caminhei na sua direção tentando ver melhor aquele cômodo mais fui impedido por ela que me olhou com certa cara de nojo, como se eu estivesse sujo.
— Não de importância a esta maluca ou a outra que ela diz servir, elas sabem que não podem fazer nada contra você ou qualquer um de nos quatro.
Olhei em volta e contei que tirando aquela mulher éramos três pessoas e não quatro como o Samuel acabou de afirmar, Emanuel me olhava é acabou rindo da minha expressão de confusa pelo o que ela disse a mim é a situação somente ficou pior quando ele notou o modo como eu olhava para ele, quando meu amigo começou me explicar melhor toda aquela situação, consegui entender tudo o que ele me dizia com muito mais clareza.
Agora que me olhava no espelho após ter dormido por quase três dias quando o JP me trouxe de volta para o Hotel, sempre achei que falava sozinho, que os momentos que eram um branco enorme na minha memória era algum medo que tive dos zumbis, mas depois daquela conversa consegui entender muita coisa sobre mim, sobre minha mente, é foi durante o meu "sono" que finalmente consegui conversar com todos eles, todas as "pessoas que habitavam em mim".
Os dias seguintes após ter acordado Samuel me deixou a par de tudo, sobre o irmão do JP e suas amigas, sendo sincero tive uma ponta de ciúmes em saber que aquele garoto maluco era quem era, tentei convencer meus outros de falar com o Kauã sobre as informações que eu tinha, mas todos eles concordaram que precisava ainda conversar com outra parte minha que dormia, que em poucas semanas isso seria possível já que ela agora não tentava controlar a todos dentro de meu corpo e nem tentava manter minha mente apagada o tempo todo.
Conforme os dias se passaram descobri que uma um Mar de Zumbis estava bem próximo da cidade, na hora que ouvi aquilo empurrei Emanuel, não queria mais correr risco, não queria ver aquelas coisas chegando e mais uma vez levando as pessoas que gostava embora, o medo de perder Kauã e JP era enorme de mais é não queria saber de nada relacionado a tudo aquilo.
— Você não pode ficar se escondendo para sempre Manu, uma hora terá que voltar, uma hora terá que enfrentar tudo aquilo.
Samuel me disse assim que empurrei meu amigo para fora, o cenário onde estávamos mudou conforme meu medo aumentou, de uma sala convidativa passou a ser algo aleatório, escadas e portas surgindo de todos os lados, pelo teto e paredes, varias e varias portas abertas, eu não fazia mais ideia qual delas era a porta principal, qual delas deveria sair, nem Samuel fazia ideia do que estava acontecendo ali, mas com tempo entendemos que algumas portas já existiam dentro daquele lugar, já que aquela mulher que não gostava muito de mim e "Aquela Coisa" saíram de portas diferentes e também tinham a mesma expressão do que Samuel e eu, levou algum tempo subindo e descendo escadas ate que Emanuel apareceu de uma porta, sua expressão que deveria ser amigável continuava a mesma com um sorriso acolhedor.
— Samuel! Estão querendo falar com você vem aqui rápido.
Meu amigo disse a ele, Samuel somente olhou serio sem entender porque a expressão do Emanuel não mudou em nada ao contrario só deixou aquele homem com um olhar desconfiado do que ele havia nos dito há poucos instantes, talvez ele ainda esteja com raiva por termos feito ele de "escravo" a alguns dias atrás. Assim que chegamos próxima aquela porta principal vi Emanuel fazer o mesmo o que havia feito é o empurrou para fora dali e fechou a porta trancando ela por dentro.
— Não sabia que isso era possível. – Disse a ele surpreso.
— Nem eu sei se isso vai manter ele La fora por muito tempo.
— Não me olha assim Manu, o JP queria me por pra fazer trabalho braçal e eu não quero, ele só sabe dar ordens e não me deixa nunca fazer as coisas legais.
Também não estava nenhum a pouco de fazer nenhum trabalho braçal nos próximos dias então, só devíamos evitar a volta do Samuel, durante alguns dias deu muito certo nosso plano que aos poucos o local voltou a sua forma original e a porta que passamos a proteger acabou sumindo, e isso era sinal que o Samuel estava muito mais no controle de tudo do que pensávamos, quando ele apareceu de uma grande porta grande dupla com uma expressão tão seria que deixou nos dois paralisados diante dele.
— Foram quase cinco dias, você sabe muito bem que eu não gosto de ficar la fora muito tempo seu demônio de cara pintada, seu sardento de merda, você é um cretino de merda sabia.
— Não fica bravo com ele Samuel!
— Não tente defender ele, este cretino sabia o que estava fazendo o tempo todo, e isso era um plano nosso pra deixar aquela garota longe do controle, você deveria ser o único há ficar tanto tempo assim fora daqui, seu corpo não aquenta a mim por muito tempo, você acha que voltei por quê?
— Você sabia disso Emanuel? – Perguntei cruzando meus braços a ele que tinha um sorriso amarelo em seu rosto.
— Depois de você eu sou único que pode ficar por mais tempo no comando, acho que meu tempo máximo que fiquei foi de dois meses, o cara quadrada, pode ficar só uma semana, a idiota que esta nos escutando atrás da porta somente três horas, já a "mestra" dela, no máximo trinta minutos e a megera fica quieta por semanas, e Aquela coisa nunca a vi saindo, nem sabemos se ela pode fazer isso.
Olhei surpreso para ele, pois aquela informação eu ainda não tinha, achava que todos podiam sair a qualquer momento e fazer o que desejam, mas quando pensei em falar com eles sobre o assunto senti meu corpo ser puxado para fora.
...
— Manu?
Assim que me situei melhor ali do lado de fora vi JP que estava balançando sua mão diante do meu rosto, meu corpo parecia um pouco diferente, sentia mais leve, mas isso sumiu quando notei dor vindo à minha coluna e mãos, o quanto o Samuel trabalhou nos últimos dias.
— Oi JP! – Falei abraçando ele que não esperava por aquilo.
— Nossa resolveu aparecer depois que os trabalhos acabaram? Ou só veio porque hoje e dia de chocolate?
— Nem me lembrava dos chocolates... Emanuel também não.
— Imaginei isso, mas não querendo te deixa com medo, agora não e hora pra isso.
Ouvi a voz de Kauã que me olhava um pouco preocupado, ele me deu um beijo na testa e saiu do quarto me deixando sozinho com JP e Bruno, não questionei nem ele e nem o JP que ficou ali comigo e o morimbudo, olha pra ele e esperava que aquela garota ficasse quieta e não tentasse fazer nada com ele como ela havia feito com o amigo dele, ela de algum modo havia feito que as células deles morrerem, assim ele virou uma daquelas coisas, naquele maldito dia não havia entendido nada do que estava acontecendo, ate apagar e meus amigos me contarem tudo.
Andei na direção da grande janela que tinha no quarto e vi toda a rua, muita coisa estava diferente, mas era bem família, era como se a mente de Samuel tivesse fazendo um upload de tudo e me explicando cada coisa que havia mudado ali, quando toquei no vidro dela daquela janela ouvi o barulho que fez meu corpo todo se tremer, não sabia exatamente o que era aquele sentimento, mas tudo dizia que precisava ir ate ele, precisava cuidar de tudo ali, ainda mais após ouvir a voz do Kauã vinda do radio.
"Você não vai acreditar, mas as desgraçadas tiveram um filhote e estão vindo em nossa direção"
Quando olhei para o JP, aquele homem enorme diante de mim estava tremendo, suas mãos tremerem de medo, era a primeira vez que via aquele tipo de reação vinda dele, o cara que acreditava cegamente que não tinha medo de nada estava apavorado, não somente ele mas o tom de voz do Kauã era puro medo, tudo o que estava acontecendo ali estava deixando todos com muito medo, pela primeira vez senti um cheiro muito diferente no ar, e um voz bestial dentro de mim me disse em alto e bom som.
— Manuel me desculpe, mas não poso deixar nada acontecer com este corpo, se ele for destruído por aquele gatos super crescidos todos nosso morremos!
▪️▪️▪️
Quando eu vi aquela coisa brigando com Samuel é o arremessando outro lado da sala, tudo começou a mudar, as demais portas sumiram, ficando somente um grande portão metálico todo retorcido é fechado. Ele olhou para mim e mostrou uma boca enorme cheia de dententes que mais pareciam uma serra, olhei para onde Samuel estava e seu corpo sendo preso por metal retorcido.
Aquela coisa ficou mais nervosa ainda com a demora de obter uma resposta de Manu, ele me segurou pelo braço me levando diante daquele imenso portão enferrujado diante de nós dois.
— Di...Ga
— Ele não vai me ouvir e você sabe disso.
— Eles... Eles... Medo...
Um cheiro forte invadiu minhas narinas, eu não sabia o que era aquele cheio, mas aquilo estava deixando "Aquela Coisa" maluca de raiva e desesperada para sair é tomar o controle.
— Quanto... Tempo eu tenho?
— Eu não sei, mas se você sair sabe que o corpo dele vai mudar é isso vai deixar ele diferente, muito diferente.
— Não quero machucar ele...
Sua voz saia muito cansada, as palavras saiam com dificuldade e com pausa entre elas, aquele cosia não poderia sair, não com aquele corpo frágil do Manu, a sua saída iria mexer e muito com a genética dele.
O portão diante de nós começou a se abrir com calma e vi suas garras saírem e no instante seguinte puxarem Manu para dentro é jogando ele na direção do Samuel, quando olhei novamente ele havia sumido e o portão se fechou diante de nós.
Não vai esquecer de dar aquela 🌟
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro