Capitulo 03 - Petshop
Olhava em volta e consegui passar mais uma noite vivo, mas tinha que sair daquela árvore e correr sem olhar para trás, correr, mas do que conseguia, mais uma vez contei e eram doze malditos Mortos, a bicicleta que usava nas últimas semanas já estava dando adeus a ela, não ia me arriscar para tentar pegar ela. Olhei para meu peixe, é minha última comida seria minha isca para fugir dali, levei um dia inteiro para pegar ele, mas não adiantava nada comer ele e morrer depois em cima daquela árvore.
Joguei algumas pilhas descarregadas acertando um velho carrinho de cachorro quente, ajeitei minha mochila nas costas e com toda minha força joguei aquele peixe o mais longe que consegui o que chamou atenção da maior parte deles que foram na mesma direção, desci da árvore o mais rápido possível e no meio do processo acabei cortando minha perna, isso era o de menos naquele momento, precisava fugir dali.
Minhas pernas já estavam doendo de tanto correr, de tanto fugir, há dois dias que não comia nada, e a pouca força que ainda me restava, começou a se esvair do meu corpo, desde meus doze anos foi quando perdi meus pais e passei a fugir sozinho neste mundo caótico, maldita hora que tive a brilhante ideia de entrar nesta cidade de merda.
Mesmo sozinho, eu consegui me virar bem nos últimos anos, contudo pensar que em uma cidade no interior do Sul do Brasil deveria nem ter estes malditos monstros, mas já estava difícil fugir deles imagina tentar lutar, precisa de um lugar seguro para passar a noite, quase não sobrevivi à noite anterior, minha sorte foi aquele barulho estranho que afastou alguns dos deles. Quando virei à próxima esquina dei de cara com um hospital, pior lugar para se passar a noite ou dia, Hospitais, Cemitérios, Shoppings Center eram locais cheios deles, quando observei melhor o local, algo parecia diferente, era como se alguém tivesse limpado a entrada, colocadas madeiras nas janelas e não só isso os carros parados faziam uma espécie de corredor.
Observei os prédios menores naquela rua e um deles me chamou atenção, era uma petshop que ficava no final da rua, eu tinha duas opções, me arriscar a ser visto por algum grupo de loucos que estavam ali dentro do hospital ou dar a volta por todo quarteirão até conseguir chegar ali, os demais prédios pareciam ser farmácias, equipamentos médicos e uma casa estranha que de modo algum iria me arriscar lá dentro.
Resolvi me arriscar e caminha mais rente aos prédios do lado oposto da rua do hospital, sempre olhando se ninguém me observava, a luz do dia estava bem fraca, e ao longe eu ouvi novamente o mesmo barulho animalesco, parecia o aviso de alguma fera selvagem que ela havia retornado ao seu território, e aquilo me fez tremer de medo, quando passei na frente de uma pequena loja de conveniências e resolvi entrar nela, por sorte minha lanterna ainda funcionava, fui direto ao fundo da loja vendo se tinha alguma outra entrada fora a que eu passei.
- Graças a Deus está fechada!
Às vezes achava que a loucura já dominava minha mente, pois me pegava falando sozinho vário e várias vezes.
- Manuel e bom você ver se realmente ali estão fechado!
Balancei a fechadura tentando forçar ela, e não se mexeu, observei melhor e aquela porta abria para dentro, com certa dificuldade e quase sem forças puxei um armário pesado é certifiquei que ele ficasse na frente da porta de modo a impedir sua abertura, outra voz me disse que deveria ver se tudo estava limpo e sem andantes. Voltei minha atenção para o interior da lojinha, ela era um grande corredor de quase uns 30 metros, com gôndolas em seus dois lados, quase não havia muito produtos ali, caminhei com calma até a entrada para ter certeza que não havia nenhum andante próximo, com calma olhei naquela bagunça a procura de alguma coisa comestível.
- Tirou a sorte grande Garoto, uma lata de leite em pó, um pacote de clube social, três garrafas de água, uma lata de milho e outro de ervilhas.
Olhei para os enlatados, o primeiro foi o milho e sua validade já tinha três meses, o abrir e sentir aquele aroma delicioso fez minha barriga roncar muito, coloquei alguns caroços na boca para ter certeza que não estava azedo, a pior coisa séria ficar com intoxicação alimentar. Conforme meu corpo relaxava, voltei a sentir uma dor gigantesca em minha perna, que inferno havia esquecido o machucado, quando levantei a barra da calça, a região estava bem vermelha, gastei uma garrafa de água limpando meu ferimento é fazendo um curativo improvisado com a manga velha de uma blusa que tinha, e voltei a me concentrar no meu banquete.
- Manuel morrer de diarreia, seria uma merda literalmente.
Comi aquela lata toda, ainda sentia fome, fiz as contas e com o que havia conseguido ali teria comida para três dias no máximo, misturei o leite em pó e água na lata de milho e mandei para dentro, era melhor isso do que pensar na próxima refeição.
- Amanhã e dia de pegar comida enlatada para cachorro e gato naquela Petshop.
Odiava comer comida de cachorro, sempre passava mal, mas era a única coisa que me manteve vivo por quase um longo ano, suspirei sentindo falta dos meus pais, se eles tivessem ali até comer terra seria algo mais simples e mais saboroso, eles estariam cuidando desta droga de machucado em minha perna, mas não tinha mais ninguém, e não conseguia confiar em outras pessoas. Infelizmente isso não era de hoje, ser humano era um animal que não me dava bem, desde sempre, eles julgavam o próximo sem saber se suas palavras e atitudes estavam ou não machucando o seu semelhante, eu odiava o modo como era tratado na época da escola, como as pessoas me olhavam torto, os comentários, as piadinhas e as humilhações, arrumei um canto para dormir, com lágrimas no rosto, quando tive certeza que nada poderia entrar naquele pequeno depósito apaguei a única luz que tinha que estava em minhas mãos.
Ao longe ouvia os uivos de algum a animal selvagem, aquele barulho ia atrai todos os Zumbis próximos, todos os malditos andantes seriam atraídos por aquele animal idiota. No dia seguinte acordei e não fazia ideia que horas deveriam ser, meu corpo para variar doía tanto, a meses que não sabia o que era uma cama, a semanas que não tomava um banho, que começava a chegar a carne podre, juntei tudo o que tinha e peguei minha mochila. Segurei aquela velha faca para churrasco seu tamanho era até que bom, prendi novamente aquele cano de PVC nos braços, as varias marcas de arranhado e dentes nela era bem evidente.
- Precisava de um novo.
Falei isso para mim mesmo, minha mãe tinha razão àquilo era útil para não ser mordido tão facilmente, senti leves tremores quando terminei de me arrumar e um calor estranho no corpo, mas precisava por meu pequeno plano em ação, era algo simples, se fosse há alguns anos atrás, antes desta merda toda ter começado se não tive sozinho com aquelas vozes.
Abri a porta do depósito com calma e por sorte estava tudo tranquilo, o sol que entrava na pequena loja era bem forte, hoje seria um dia quente, e para ferrar minha vida medíocre os malditos estariam bem na ativa, algo que notei e que nos dias mais frios, Não Mortos se movimentavam menos, dias quentes e de chuva parecia que recarregava a bateria deles, um grupo pequeno daquelas criaturas dava pra se ouvir a poucos metros de distância, pois o "gemido da morte" era algo inconfundível. Tudo indicava que seria fácil de despistar, agora grupos grandes, era como se a porta do inferno fosse aberta, foi um grupo destes que acabou matando meus pais, havia mais de duzentos, não deveria haver mais de Cinco daqueles malditos, nós arredores de Porto Alegre, péssima ideia ter parado ali, péssima ideia confiar nas pessoas.
Fiquei dois dias preso no alto de uma velha torre de água, chorando e sozinho, vi meus pais correrem dizendo para sobreviver enquanto o mar de andantes passou segundos depois abaixo de mim, a fumaça de poeira deixada por eles levou um dia inteiro para sumir da região, o barulho que eles faziam andando era como de uma boiada fugindo no pasto, ou de um veículo desgovernado, dava para sentir o Chão parar de tremer quando sumiram no horizonte.
Depois deste dia passei a ouvir o ambiente a minha volta, silêncio de mais em dias quentes era seguro, barulho ou nuvens de poeira era problema, sentir o chão tremer, significava problemas grande, contudo o maior problema está em dias chuvosos, dias de chuva minha regra pessoal era única e nunca, mas nunca alterava ela, suba no local mais alto possível, caixas e torres de d'água, podem ser arriscadas por conta dos raios, porém a chance de ser acertado por um era quase zero, já a chance de uma Nuvem de Não Mortos chegar é não notar ela está sim era muito alta.
Após ver um maldito andante sem braços andando a uns 100 metros de onde estava corri em direção a petshop, minhas pernas estavam tão moles, que quando me aproximei do meu alvo o ar faltou em meus pulmões, que me apoiei em um poste próximo. Olhei em volta e vi ao longe mais dois malditos andantes se aproximando, eles eram rápidos, já imaginava que se tornaram zumbi em poucos dias, estava fudido, muito fudido, andantes velhos são mais fáceis de derrubar, seu corpo está podre, falta partes e são bem mais lentos.
Contudo aqueles dois malditos eram bem rápidos, tentei entrar na petshop, mas não tinha força para abrir a porta que estava travada, quebrar vidro iria fazer mais barulho e atrair mais ainda aquelas coisa, Não poderia me dar por vencido, não poderia morrer ali naquele lugar esquecido por Deus sem antes lutar, mas não conseguia nem me manter em pé, não conseguia manter minha consciência, maldita lata de milho, se eu desmaiar, não vou sentir, não vou sentir as mordidas dilacerando cada centímetro da minha carne, não vou sentir mais fome, não vou sentir mais nada se eu me deixar ser levado por aqueles malditos, era assim que eu teria meu fim, meu trágico fim. Fechei meus olhos é desistir de lutar, deixei meu corpo cansado adormecer em paz, deixei este mundo para sempre, me sentei exausto no chão e antes de desmaiar para a morte pensei somente em uma coisa que sempre me perguntei nos últimos três nós após a morte deles "Mamãe e Papai, vocês estão me esperando?", nem isso seria algo fácil, pois ouvia varias vozes me pedindo para não desistir, que eles estavam assumindo o controle de tudo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro