Capitulo 01 - O vírus NM
ANO TRÊS DA ERA Z
Sempre soube que está história de usar um remédio aerossol era um grande erro, mas ninguém deu atenção a um Biomédico brasileiro, ainda mais após as loucuras que o governo brasileiro disse ao mundo sobre tratamentos via retal, tomar a merda de cloroquina ou o alho milagroso. Foram longos os anos do curso de medicina, mas nunca tive um bom tato com pessoas, gostava de ficar dentro de laboratórios, e por isso posso dizer com certeza "Nunca existiu tratamento precoce".
Única coisa deste inferno todo, minha maior felicidade foi ver o presidente em rede nacional virando um "andante" é depois tentar devorar aqueles políticos idiotas que o seguiam. Confesso que fiquei extremamente feliz, mas após isso o Brasil e o mundo entraram em um caos único. Semanas após o "Anti—Covid" ter sido dispersado na atmosfera ele de algum modo entrou em contato com "alguma bactéria" que vivia na troposfera do planeta, ou no pior cenário esta sempre foi a natureza do "remédio milagroso" que acabou fazendo com que a cura de uma Doença se tornasse o maior causador da destruição da Humanidade este novo patógeno passou a ser conhecido como "Non Mortuin", que traduzido para o português ficou conhecido como "Não morto", exatamente isso que você pensou, a humanidade criou um patógeno que transforma qualquer criatura viva em um Zumbi, não falo que somente os humanos foram infectados, toda forma de vida terrestre do Planeta passou a carregar este patógeno que atingiu em massa os Mamíferos, a contaminação se dava pelo ar, o "vírus—NM" fica incubado durante toda a vida do hospedeiro (no caso de primatas) e somente após sua morte que ele toma conta do seu organismo através da medula espinhal trazendo os mortos a vida, e de bônus com uma sede e uma fome insaciável por carne.
Minha única esperança era chegar ao estremo Sul do continente, na Patagônia Argentina, noite nos últimos meses que os Andantes evitavam regiões mais frias, em dias mais frios eles quase não se movimentavam, levei meses evitando cidades populosas ate conseguir finalmente sair do estado de São Paulo, mesmo em uma longa viajem, meu instinto de investigar as diversas mutações do vírus me faziam ficar atento a algo novo e isso acabou por atrasar meu plano.
Durante todo caminho até o Paraná, conheci pessoas boas e loucas, passei um tempo com eles tentei até convencer algumas pessoas de seguir comigo, mas sempre ouvira recusas, e os poucos que consegui convencer não eram tão cuidadosos, não sabiam se limitar a observar e infelizmente acabaram virando um andante.
Eu estava tão distraído chegando a uma cidade chamada "Colombo", as plantas quase cobriam por completo aquela gigantesca placa, e não notei quando um pequeno grupo de andantes se aproximava a poucos metros de onde eu estava parado, somente ouvi o barulho de um corpo caindo, me virei assustado é notei um rapaz moreno que usava um facão preto com uma lâmina que deveria ter quase um metrô de comprimento. Seu cabelo encaracolado amarrados em um coque improvisado, em menos de um minuto ele sozinho derrubou os outros andantes decapitando suas cabeças, de forma rápida e silenciosa.
— Cara qual seu problema! - ele me disse balançando aquele facão com algo preto que deveria ser sangue apodrecido dos Andantes.
— Estou indo muito bem desde que cheguei aqui! -Falei me levantando certa cautela.
Meu "novo amigo" olhava para seu braço e para aquele céu nublado, deveria ser próximo às 16h da tarde, porém por ser inverno no país os dias eram mais curtos e as noite mais longas, o seu olhar de preocupado me irritava de um certo modo, mas também tinha um brilho peculiar algo, que não via a anos.
— Vamos logo, está vindo chuva e anoitecendo!
— Ótimo preciso de um banho.
Falei isso e vi sua expressão mudar para raiva, ele caminha a passos rápidos em minha direção me encarando com aquele seu olhar penetrante.
— Você tem duas opções, uma vem comigo e vive está noite, dois fica aqui e as Onças Zumbis te comem vivo.
Nesta hora que ele disse que tinham felinos selvagens minha expressão de surpresa deve ter sido bem marcante por ele novamente mudou a expressão em seu rosto e sorriu, minha dificuldade de sair de São Paulo não foram somente os andantes, mais sim a grande concentração de cães zumbis, eles davam muito trabalho em vista dos Andantes, imagina uma onça zumbi andando pela noite nesta cidade que estava quase que tomada por sua mata nativa que havia na região.
— Vamos, me chamo Kauã e você? -perguntei seguindo—o de perto é olhando ao redor.
— Me chamo JP.
Foi a última coisa que ele me disse conforme acelerava seus passos, nossa caminhada foi um pouco longa, e quase no último trecho dela tivemos que correr por conta da chuva que começou a cair. "Fiquei bem surpreso ao ver um prédio não muito grande, mas o que me chamou atenção de verdade era o nome que ainda existia na faixa que estava parcialmente dominada por algumas plantas POLÍCIA CIVIL" na parte mais alta da faixa, e DEIC. Ele me olhava um tanto quanto orgulhoso por chegarmos ao seu refúgio.
Nunca em minha vida me imaginei escondendo dentro de uma delegacia, já havia me refugiado em igrejas, museus é até mesmo um necrotério, mas uma Delegacia a última que passei próxima, tinha alguns Andantes militares, que evitei chamar a atenção deles.
O local era bem organizado, suas janelas não tinham madeiras como na maioria dos lugares que me escondia à entrada do estacionamento até o prédio, havia corredores de carros e móveis, o que dificultaria a aproximação dos Andantes pelo seu único portão de aço que tinha a abertura suficiente para uma pessoa, a porta principal estava bem reforçada e do mesmo modo que o portão somente uma pessoa passaria por vez após soltar um pequeno tapume de um pouco mais de 1 metro e meio, tudo foi pensando para ajudar um humano entrar fácil Andantes.
Quando por fim passei pela porta meu anfitrião a fechou, usando uma grossa barra de ferro ele fez isso com tanta facilidade demonstrando que já vivia naquele local a um longo tempo e fazia aquilo diariamente. Ele seguiu para mais adentro daquela delegacia, parte do caminho era uma escuridão quase que total, quando por fim chegamos a um local que havia alguns lampiões é vários tochas apagadas, que ele foi acendendo uma a uma até que o local se iluminou quase que por completo, minha surpresa se tornou maior ao notar que aquela era um corredor largo com pouco mais de 10 metros de uma parede a outra, a sala se estendia por mais uns 30 ou 40 metros até chegar a uma única porta que aparentava ser de ferro, quando olhei melhor em volta vi 4 celas de um lado e mais duas do outro, além de uma sala que não havia portas.
— Bem—vindo! -Ele disse isso se soltando da mochila que carregava e do facão.
— Olha se você quiser sobreviver aqui em Colombo e só ouvir o que te falo. -Somenye o observava como todo aquele local.
— É verdade você disse que desejava tomar banho, aqui por sorte economizando temos água nos chuveiros, porém você deve ter percebido que a temperatura tem caído nos últimos dias e ela está gelada... Deixa suas coisas aí, prometo que não vou lhe comer no meio da noite. - Ele disse isso e senti minhas bochechas ficarem quentes, não sei por que minha mente levou isso para o lado mais malicioso da coisa.
— Este e seu refúgio? Seu castelo JP? -perguntei deixando minha mochila sobre uma mesa, ali tinha comida para os próximos três dias além de água e alguns antibióticos que havia pegado na última cidade, além da minha katana que usava.
Meu "novo amigo" gostava de vangloriar do que havia feito ali naquela delegacia, de como havia deixado ela muito mais segura do que antes da Nova Era, olhei sorrindo agora ele que pegou dois grandes caldeirões e me pediu ajudar para colocar água nele e aquecer, entrei na área que era onde os presos tomavam banho, e me surpreendi ao ver o que se parecia ser uma banheira, a coloração dos azulejos nela era bem diferente dos que existiam ali.
— Para que uma banheira deste tamanho? -deixei escapar curioso.
— Quando vi morar aqui nesta delegacia não estava sozinho e na época pensamos em fazer algo para nós dois. -ele disse com uma voz ressentida e com certa tristeza.
— Sinto muito, não queria ser indelicado. -falei isso olhando para ele que sorriu.
— Isso já tem um ano e meio acho, havíamos encontrado está Delegacia é nesta cidade só tem vários andantes, então resolvemos ficar, mesmo após a morte do meu marido não queria mais partir. - Fiquei surpreso como ele falava tranquilamente de sua sexualidade comigo.
— Tenho uma história mais trágica que a sua, nunca me dei ao luxo de viver um grande amor, sempre fui um idiota aficionado ao meu trabalho, e veja onde a humanidade parou com sua arrogância.
Conforme esperava a água para nosso banho ficar quente, JP me mostrou um pouco mais seu castelo, descobri que ele antes deste caos todo havia se formado em Engenharia Mecatrônica, isso explicava como ele conseguia fazer funcionar os dois freezers que tinham naquele lugar somente com bateria de carros, ele me confessou que a rua da delegacia e as demais em volta deveriam fazer parte de uma área de comércio da cidade, ele no último ano aos poucos foi matando alguns Andantes e passou a trazer o que precisava para seu castelo. Questionei-o se sempre era assim com estranhos, trazendo eles até onde morava é contando tudo, ele olhou em meus olhos e disse que era fazia de distinguir pessoas com maldade no coração ou idiotas como Eu, não me senti ofendido com o que ele disse ao contrário acabei rindo, o que pegou ele de surpresa.
Dentro daquela delegacia se tinha basicamente tudo, água, comida, remédios em uma quantidade enorme, armas de fogo, porém aprendi que elas eram rápidas, mas somente serviam para atrair ainda mais Andantes. Eu havia apreendido isso da pior forma possível, foi assim que perdi dois "amigos de trabalho", e foi neste dia que peguei uma Katana de um dos mortos, confesso que de início foi difícil manusear ela, porém agora não a perco de vista tão facilmente.
JP gostava de falar, eu o entendia, visto que eu não via nenhum humano vivo a quase um mês, evitava sempre que possível ficar próximo a algum, porém não nego que quando encontrava alguém gostava de saber mais da pessoa e de como era sua vida antes da Nova Era. Meu novo amigo foi interrompido quando escutamos um barulho, algo similar a um ronco, não de um motor de carro ou de alguém dormindo, este barulho era bestial como se uma fera maligna indicasse que estava viva.
JP me fez sinal para seguir ele, o vi pegando seu facão, e mais duas pistola, a preocupação em seu olhar era evidente, fiz o mesmo que ele pegando minha Katana, porém o que me deixo surpreso foi que ele me entregou duas armas.
— Espero que não tenha o dedo "mole" e só use isso em último caso.
Sua voz saiu como um sussurro peguei as duas armas e coloquei uma de cada lado da minha cintura, garantido que não caísse tão fácil, caminhos em direção a entrada, mas ao invés de sair ou se aproximar da porta, ele fechou a entrada que dava para o corredor, e na sequência o vi puxar uma pequena escada metálica que dava para um alçapão no tento.
A subida foi fácil é quando dei conta estávamos no teto da delegacia, ele andava ali meio abaixando como se tentasse evitar ser visto, conforme andávamos o barulho de ronco se tornou um pouco mais forte e estava misturado com som similar de ossos sendo quebrados, JP pegou um binóculo é olho procurando algo na direção que vinha aquele som.
— Ali, a uns duzentos metros próximos às ruínas da igreja.
Peguei os binóculos, primeiro foi a surpresa de ele ter visão noturna, ele realmente havia conseguido muita coisa boa naquela cidade, segundo é a maior de todas as surpresas, foi ver dois animais atacando, não eles não atacam simplesmente, estavam a devorar os Andantes que ali existiam.
— Aquilo é...
— Um casal de onças! - Ele me disse orgulho.
— Elas são zumbis? - Perguntei ainda incrédulo, voltando a observar elas.
— Mais ou menos, elas apareceram aqui tem pouco mais de seis meses, a primeira vez que eu as vi, estavam vivas, hoje elas é uma coisa diferente, não são seres vivos, mas também não aparentam ser zumbis, viu o modo que elas se movimentam?
Realmente eu já havia visto alguns animais zumbis, é aqueles dois felinos não se pareciam com eles, não pareciam estar mortos, tentando se rastejar atrás de "carne fresca", de algum modo o corpo delas haviam se adaptado ao vírus, elas tinham movimento ágil, é lentamente estavam devorando aquele corpo.
Seria possível que o organismo delas havia desenvolvido algum tipo de "cura" para o vírus NM, aquela cidadezinha estava se demonstrando bem peculiar, fiquei tão vidrado, não estava alucinado, queria poder ter uma amostra de sangue ou de tecido delas, mas sair daquela delegacia seria um convite a morte, porém a possibilidade de uma cura para todo aquele caos era algo que minha mente não conseguia parar de pensar.
— Kauã? Senhor olhos claros, vamos antes que aquela água transforme meu castelo em uma sauna.
Olhei para sua não que repousava sobre meu ombro tentando chamar minha atenção, e só agora observei que ali havia uma tatuagem do que parecia ser um garoto segurando balões, segui olhando e observado melhor as tatuagens que existiam em seus braços até que nossos olhares se cruzaram, quando isso aconteceu ele tirou sua mão rapidamente e segurou ambas as mãos na altura do seu peito, o havia de algum modo deixado ele constrangido.
Realmente quando descemos a água já estava borbulhando dentro daqueles caldeirões enormes, JP pediu minha ajuda e me jogou um grosso pano, ele me disse que eu poderia misturar a água e tomar um banho de caneca ou poderia fazer o mesmo que ele e se jogar dentro de sua enorme banheira, somente o observaram e não disse nada.
Antes do tão sonhado banho ele me disse para acompanhar ele, queria me mostrar uma coisa antes, fiz o que ele pediu e o vi abrir um armário que estava escrito na porta "materiais de limpeza", e mais uma vez aquele cara havia me surpreendeu.
— Nós devemos ter quase a mesma altura, não sei se o gosto para roupa vai ser o mesmo, mas pode escolher o que quiser aí dentro.
— Roupas limpas! - Falei esboçando um sorriso, aquilo era um luxo.
Não sabia há quanto tempo não usava uma cueca limpa e nova, somente dei uma olha por cima é além de uma cueca vermelha peguei um short deste que jogadores de futebol utilizavam uma camisa regata. Quando foi a última vez que usei roupas tão confortáveis? Não fazia mínima ideia, vi um par de havaianas e não pensei duas vezes e já fui tirando a bota que usava de qualquer modo, eu parecia uma criança que havia ganhado uma fantasia do Homem Aranha e queria usar ela o mais rápido possível.
Quando terminei de tirar aquela bota infernal olhei em volta procurando o JP, mas não o vi, única coisa que notei ali foi uma toalha dobrada e acima dela tinha creme dental e uma escova de dente novinha. Será que meus dentes estavam tão amarelados assim.
Voltei para a área de chuveiros e observei ele sentado dentro daquela banheira com uma tolha de rosto cobrindo sua cabeça, e ao fundo ouvia uma música tão baixa, suas roupas que ele usava estavam no chão próximo à entrada.
Vi próximo não chuveiro o caldeirão que ainda soltava vapor, olhei melhor e ele estava pela metade com água quente, não pensei muito é virei o restante daquela água na banheira, e no monstro seguinte me despi por completo, é entrei do lado oposto à onde ele estava sentado.
— MEU DEUS! COMO ISSO E BOM.
— Só não grita, assim vai acordar os mortos!
Ele me disse isso o que me fez rir do que havia me dito, a toalha que ele me deu a usou de apoio para minha cabeça é relaxei meu corpo totalmente, senhor Deus como algo simples assim era magnífico. Minhas vistas aos poucos se sentiam tão pesada que acabei cochilando ali mesmo, nunca me sentiu tão calmo e seguro, como me senti ali dentro daquela delegacia.
Acordei assustado com o barulho da água caindo próximo, olhei para frente e vi o JP se levantar, seu corpo tinha algumas tatuagens e estava em forma, ele quase não tinha pelos, conforme meu olhar foi descendo para aquele corpo que emergia d'água, nossa ele tinha um corpo lindo e um membro um pouco avantajado. Ele me olhou sorrindo e se virou pegando uma toalha e se secando, desviei meu olhar quando ele percebeu que eu o encarava, após isso não conseguia mais olhar JP em seus olhos naquela noite.
Nossa me olhei de cima abaixo, vendo que não tinha um corpo feio, eu estava na casa dos meus 40 anos, cabelos pretos um pouco grandes, com uma barba igualmente grande e com pelos no peito e abdômen, não era magrelo, mas tinha um corpo na medida. Porém não havia como negar que JP era um moreno gostoso com um sorriso que me deixava paralisado
KAUÃ
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J.P
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