Capítulo 29: Renascimento
Estou em um espaço estranho, envolta em uma mistura de escuridão e luz, como se estivesse flutuando entre dois mundos. Fragmentos de vozes ecoam ao meu redor, mas parecem tão distantes, como se o mundo inteiro estivesse a milhas de distância. O peso no meu peito se dissipou, mas uma dor surda ainda persiste - algo que não consigo identificar completamente. Minha mente se perde entre realidade e desconhecido, sem noção exata de onde estou ou do que está acontecendo.
Quando finalmente desperto completamente, a confusão me invade. Estou num hospital; os monitores emitem sons metálicos ao meu redor, e a dor, agora mais real, parece fazer parte de mim. Algo mudou, mas o medo ainda me consome. Onde está Daniel? E minha filha?
O tempo parece congelado aqui. O mundo se move num ritmo diferente, distante de mim. Não consigo me mexer, estou presa apenas ao som dos monitores e a uma sensação de vazio. Então, uma voz familiar me arranca dessa realidade.
- Lana...
É Daniel. Abro os olhos, e lá está ele, ao meu lado, o rosto marcado pela preocupação. Ele parece exausto, mas seu semblante se suaviza ao me ver acordada. Ele se aproxima rapidamente.
- Você me assustou tanto, amor. Eu não sabia o que fazer, mas agora estou aqui.
Tento falar, mas minha voz sai arrastada, difícil de controlar. A dor me consome, mas uma preocupação ainda maior se agita dentro de mim.
- E Nina? - Sussurro, com a garganta seca e a respiração curta.
Ele sorri, embora a tensão seja visível em seu rosto.
- Ela está ótima, Lana. Você não tem ideia de como ela é linda... e está esperando por você, assim como eu.
Ouvir isso é um alívio, como se a dor encontrasse uma válvula de escape. Nina está bem. Pelo menos algo está bem. Isso me dá forças para continuar. Mas o vazio ainda permanece, lembrando-me de tudo o que preciso superar para ser a mãe que Nina merece, a mulher que Daniel merece.
Nos dias seguintes, sou transferida para um quarto comum. A UTI já não é o meu lugar. Estou ansiosa para sair daqui, para voltar à vida, mas a recuperação será mais longa do que imaginei. Daniel está sempre ao meu lado, trazendo Nina e Ana para que passem um tempo comigo. Clara também faz questão de me visitar regularmente, oferecendo sua força e companhia.
Um dia, Daniel entra no quarto com um buquê de flores. Ele está sorrindo, mas seu olhar é mais sério do que de costume. Com um sorriso terno, ele se ajoelha ao meu lado, e o gesto me faz congelar. Não acredito no que vejo - ele segura um anel na mão.
- Lana... - Ele começa, sua voz firme, mas cheia de emoção. - Quer casar comigo?
Sinto uma mistura de surpresa e emoção, e o lugar parece desaparecer por um instante.
- Você está me pedindo em casamento no hospital, Daniel? Não é exatamente o cenário mais romântico.
Ele sorri, mas sua expressão é determinada, quase impaciente.
- Eu sei, mas sei também que, com uma filha, tudo muda. Não precisamos esperar mais, Lana. Quer casar comigo?
A simplicidade da pergunta, quase desconcertante, me faz rir baixinho, mas ao mesmo tempo sinto meu coração aquecer. A resposta já está dentro de mim, esperando o momento certo para sair.
- Claro, Daniel... Eu aceito.
Neste instante, a porta do quarto se abre e todos entram: Clara, Lucas, Ana, os pais de Daniel, e até a médica, sorrindo ao fundo, trazendo ainda mais significado ao momento. No colo de Clara, Nina dorme tranquila, alheia a tudo. Todos começam a aplaudir, celebrando o nosso momento.
A médica interrompe a celebração com um sorriso e uma notícia ainda mais feliz.
- Lana, você teve alta. Está pronta para ir para casa.
Essas palavras são como uma bênção, e sinto o alívio percorrer meu corpo. Finalmente posso sair daqui. Finalmente poderemos ser uma família. O capítulo que sempre sonhei, o capítulo que tanto temi, está finalmente se abrindo para nós.
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