O clima no escritório está carregado. Observo o pôr do sol pela janela, enquanto as palavras de Lana ecoam na minha cabeça como uma ferida aberta. A frustração e o arrependimento se entrelaçam, tornando impossível esquecer o que aconteceu. Eu não sei o que fazer para superar a dor de vê-la tão decidida a se afastar de mim. Toda vez que fecho os olhos, a lembrança da sua voz frágil e das lágrimas em seu rosto volta com força total.

"Eu sou uma acompanhante, e isso sempre estará entre nós." Essas palavras martelam na minha mente. Eu sabia dos riscos ao me envolver com Lana, mas não estava preparado para lidar com o peso do passado dela e como ele se insinuava entre nós.

Subitamente, a porta do escritório se abre, e meu irmão, Lucas, entra, me observando com o cenho franzido.

— Cara, o que tá acontecendo? — ele pergunta, surpreso ao ver meu estado abatido.

Suspiro, passo a mão pelos cabelos, tentando organizar os pensamentos. Sabia que ele perceberia algo errado, mas não esperava que surgisse assim, do nada.

— Eu... eu estraguei tudo com a Lana, Lucas — murmuro, sentindo o peso da situação me esmagar.

Ele ergue as sobrancelhas, sem esconder a incredulidade.

— Estragou como, Daniel? E por que você tá com essa cara de quem levou uma surra?

Olho para ele e suspiro, sabendo que preciso desabafar. Explico rapidamente sobre a briga, as palavras duras que escaparam no calor do momento, e como deixei meus ciúmes e inseguranças tomarem conta.

Lucas arregala os olhos e, depois de um instante de silêncio, exclama:

— Daniel, você é um completo idiota! Como assim você deixou que uma ex sua mandasse mensagem e ainda chamou a Lana de... — Ele para, balança a cabeça em desaprovação, visivelmente indignado. — Você tem noção do tamanho da burrada que fez?

Sinto o rosto corar de vergonha e raiva de mim mesmo.

— Eu não sei o que deu em mim, Lucas — admito, em voz baixa. — A raiva tomou conta, agi sem pensar, falei coisas que não sentia. Mas agora... agora acho que perdi a mulher que amo.

Lucas solta um suspiro exasperado, aproxima-se e bate no meu ombro.

— Você só vai perder a Lana se continuar agindo feito um babaca — diz, direto. — Ela já enfrenta muita coisa sozinha, cara. Se você não consegue ser um apoio, então é melhor dar um tempo pra ela respirar. Mas, se realmente a ama, vai ter que pedir desculpas de verdade e entender que o passado dela faz parte de quem ela é.

Fico em silêncio, sentindo cada palavra dele como um tapa na cara. Lucas tem razão. Permiti que meu orgulho e minhas inseguranças interferissem, em vez de confiar em Lana e no que tínhamos.

— Vou tentar — digo, com uma determinação renovada. — Vou fazer o que for preciso para corrigir isso.

Lucas assente, sua expressão suavizando.

— Espero que sim. Mas não adianta prometer se você não estiver disposto a realmente lutar por ela e, mais do que isso, aceitar quem ela é.

Fico ali, em silêncio, absorvendo o peso do conselho de Lucas. Sei que precisarei ser mais forte para reconquistar a confiança de Lana.