Capítulo 2 🥀
Wenne
O dia do casamento chegou; dois dias depois da minha chegada ao castelo. Fiquei no meu quarto nesses dias, lendo pelo Kindle, sem me importar de fazer sala no jantar para ninguém. Sentia-me muito desconfortável naquela casa. Dormi mal e tive medo de ficar com olheiras no casamento — não queria me casar, mas isso não significa que eu queira sair feia nas fotos que tirariam.
O vestido chegou ao meu quarto logo cedo, sendo trazido por um monte de mulheres vestindo o mesmo uniforme. Elas anunciaram que me ajudariam a me preparar para o casamento e que Arystan pediu para avisar que meu pais já estavam na cidade.
Menos de duas horas depois, eu estava de banho tomado e com uma maquiagem delicada. Meus cabelos loiro-dourados foram presos por grampos, e o penteado combinou muito com o meu rosto. Agradeci a todas elas quando saíram para me deixar colocar o vestido sozinha, a meu pedido.
Logo em seguida, minha mãe entrou com Don, e eu não pude mais segurar a droga das lágrimas que quiseram sair desde que deixei a minha casa. Don abraçou minhas pernas e minha mãe, a lateral do meu corpo, tentando não bagunçar meu cabelo.
— Minha filha, não chora, a maquiagem está perfeita! — Ela tirou um lenço da bolsa para mim e um para si mesma.
— Eu queria entrar com você na igreja, mas o papai falou que era ele que iria.
— Está tudo bem, meu rapaz. Você pode ficar perto de mim no altar, o que acha? Senti muito a sua falta... — Afaguei os cabelos cheios de gel do meu garotinho de cinco anos.
— Claro que não pode! No altar, só serão vocês dois! Sabia que tem uma igreja aqui no castelo?
— Não sabia, mamãe. — Fui até o saco preto, onde o vestido estava embalado, e pedi para minha mãe segurá-lo enquanto eu abria o zíper.
Assim que o vestido foi revelado, soltei um arquejo e mordi os lábios. Era perfeito, como se tivessem entrado na minha mente e descoberto do que eu gostava. O vestido era branco, simples, apertado na cintura e rodado do quadril para baixo, e o busto tinha um decote profundo e mangas que caiam nos ombros.
— Filha, você ainda não tinha visto seu próprio vestido?
— Eu não faço muita questão desse casamento, mamãe. — Peguei o vestido, sem olhar mais para ele, e o vesti, tentando ignorar tudo e me concentrar em não chorar mais. Ninguém merecia minhas lágrimas e saber o quanto eu estava sofrendo por esse casamento de fachada.
— Oh, minha filha, espero que não fale essas coisas na frente do seu marido! — Anastasia Lansky olhava para os lados como se alguém estivesse nos observando. Eu não tinha achado nenhuma câmera no lugar, e sabia muito bem onde eram os esconderijos mais comuns e os mais incomuns de se esconder uma câmera.
— Tivemos um confronto, mãe, e posso dizer que não nos demos muito bem. — Virei-me para ela fechar o zíper do vestido nas costas.
— Não posso crer, Wenne! O que você disse para ele?
— O seu marido é bonito? — Don perguntou, olhando os aparelhos que continuavam intocados na mesa.
— Ainda não somos marido e mulher, querido.
— Não foi essa a pergunta que ele fez, filha — minha mãe sussurrou atrás de mim, com humor. Ela já tinha visto Arystan e só estava me provocando.
— Você é o rapaz mais lindo deste mundo, Don.
— Obrigado. — Ele sorriu e depois segurou minha mão para a gente descer assim que fiquei pronta.
Meu pai nos esperava ao pé da escada, com Mandy ao seu lado, que segurava um véu e o entregou à minha mãe para colocar na minha cabeça. O véu tampava parte do meu rosto, mas consegui acompanhá-los sem cair no chão. Andamos um bom caminho até chegar à porta da igreja — era realmente irônico ter uma igreja dentro de uma organização mafiosa, mas ela estava ali —, e todos que estavam nela ficaram de pé.
Minha mãe se afastou com meu irmão e segurei o braço do meu pai, que não se apoiava na bengala. Havia poucas pessoas na igreja — alguns parentes meus estavam presentes e uma mulher que eu não conhecia. Ela não ficou muito tempo olhando para mim, pois logo se virou para o altar, onde Arystan me esperava com um terno a postura impecáveis.
O semblante sério e rigoroso de Arystan me lembrou da senhora que estava sentada no lado contrário ao do pessoal da minha família. Ela usava branco, e só por isso já me senti na defensiva; talvez fosse algum tipo de afronta.
Meu pai me deixou no altar com Arystan e foi para o seu lugar. O padre começou a falar e falar todas aquelas coisas que os casais prestavam atenção, mas ignorei tudo. Estava incomodada, nervosa e ansiosa de uma maneira negativa. Arystan me olhava — podia sentir isso — e minha orelha queimava. Quando chegou a hora do aceito, ele não demorou um segundo para responder e colocar a aliança belíssima no meu dedo.
Já na minha vez, eu hesitei e olhei para minha mãe, que parecia não respirar enquanto esperava. Don sorriu, fazendo um joinha para mim; ele acreditava que eu iria ficar bem e que estava no casamento mais feliz da vida de sua irmã. Sorri para ele também e finalmente me virei para dizer sim. Arystan pareceu soltar a respiração também, deixando-me colocar a aliança em seu dedo.
— Pode beijar a noiva.
Não me movi um milímetro quando Arystan — agora meu marido — se aproximou de mim e levantou o véu, revelando o meu olhar, que não lhe dava nenhuma indicação do que eu estava pensando. Ele lambeu os lábios desenhados antes de inclinar a cabeça e me beijar, e fechei os olhos involuntariamente. A mão de Arystan pegou a minha e a colocou em seu peito, onde pude perceber que o coração estava acelerado.
Desfiz-me do beijo, antes que ele enfiasse a língua na minha boca na frente do padre e de toda a minha família, e viramo-nos para sair da igreja. Antes, porém, Arystan me levou até a senhora com um conjunto caro e branco. Ela se afastou um passo quando ele se aproximou, mas, mesmo assim, Arystan pegou sua mão com delicadeza.
— Madre, esta é Wenne Lansky Costello, minha mulher — ele disse, com um sotaque encantador.
— Você sabe que não concordo com essa porcaria. — A senhora puxou a mão de volta e continuou carrancuda, sem olhar para mim direito.
— Madre, sempre disse que ficaria feliz quando eu me casasse.
— Por amor, Arys! Não por causa dessa merda de obrigação! Ele já se foi, figlio, você pode largar tudo isso e vir comigo.
— A senhora sabe muito bem que as coisas não funcionam assim. É uma honra estar no lugar de papà. — Ele não a olhava mais com carinho; parecia ontem, quando falou comigo sobre eu não ter sido adestrada.
— Esse casamento não tem e nunca terá a minha benção.
— A signora não precisa ficar para o jantar então. — Arystan se virou para ir embora, ainda segurando minha mão, mas fomos parados quando sua mãe segurou a minha outra, que estava livre.
— Mi dispiace, tesoro, non meritavi di passare tutto questo a causa di due vecchi idioti.
— Vamos, Wenne. — Arystan me puxou, com certa força que a mãe foi obrigada a me soltar, e seguimos, apressados, para fora da igreja.
— O que sua mãe disse? Eu não entendi uma palavra.
— Nada que valha a pena repetir. Precisamos trocar você para o almoço. A não ser que não se incomode em ficar com este vestido. — Ele olhou para mim e para meu decote rapidamente quando começamos a subir as escadas.
— Eu tenho um vestido pós-casamento?
— Você tem. Está no nosso quarto.
Não questionei e nem reclamei, pois sabia que não iria dormir no outro quarto para sempre. A única coisa que eu ainda não entendia era a gente ter feito o caminho inteiro da igreja até seu quarto de mãos dadas.
Ele me deixou sozinha e disse que iria ao seu escritório para pegar seu celular enquanto eu me trocava. O quarto dele estava bastante gelado por causa do ar-condicionado, e a cama era grande o bastante para caber nós dois sem precisar que fiquemos grudados um no outro. Havia duas portas de closet; em uma delas, estava escrito o meu nome, com letras feitas de ferro e pintado de dourado.
Impressionante que as minhas roupas e mais algumas outras novas estavam ali, além de um monte de sapatos que eu não lembrava que tinha e muitas lingeries em mais de duas gavetas. Eu soltei um suspiro ruidoso quando vi que a maioria era fio dental. Que homem insolente do caralho!
Encontrei o vestido tubinho branco, que ia quase até os joelhos, pendurado em um cabide e o vesti rapidamente, colocando o de casamento em uma poltrona que tinha ali perto. Quando estava tirando os grampos do cabelo, Arystan entrou no quarto, chamando-me. Ele falava o meu primeiro nome com tanta naturalidade que até parecia que tínhamos intimidade e que nos conhecíamos há mais tempo.
— Está pronta? — Ele parou na porta do closet quando me viu, olhando-me de cima a baixo. — Ficou perfeito em você, como eu imaginava. O tamanho está certo?
Virei-me de frente para ele, com os olhos apertados. Arystan queria sorrir, mas estava se segurando. O vestido coube perfeitamente, e o infeliz via isso com os próprios olhos.
— Na verdade, está um pouco apertado. — Segurei o braço que ele me estendeu para irmos jantar.
— Sei exatamente onde está apertado. — Arystan inclina a cabeça para a região das minhas costas e eu desfiro um tapa em seu braço, sem pensar direito. Ele se volta para mim com as sobrancelhas erguidas, e seu semblante me diz que não acredita no que acabei de fazer.
— Eu também gosto de bater, Wenne. Mas, acredite, a minha mão é bem mais pesada que a sua. Espero que goste de sentar a ponto de não me provocar.
Calei-me pela primeira vez desde que cheguei aqui. Não pensei em nada para dizer naquele momento e tentei não demonstrar nas minhas feições o meu constrangimento ao me imaginar de bruços em seu colo, recebendo o seu castigo.
Passei o almoço em silêncio. A senhora Costello mais velha não estava presente; devia ter ido embora. Ela era a única com quem eu realmente queria conversar daquela mesa. Nem Don estava presente; aparentemente, tinha encontrado outra criança e estava brincando de espada na cozinha ao mesmo tempo que os funcionários tentavam alimentar as feras e cuidar deles enquanto os adultos interagiam.
Tinha um homem mais velho na mesa que conversou quase o tempo todo com Arystan. Ele se sentou do seu outro lado, de frente para mim, e falavam de negócios na hora da refeição e no dia do nosso casamento. Nem poderia reclamar, pois, além de saber que as coisas funcionavam assim, esse casamento não me interessava a ponto de reclamar por coisas assim.
Se fosse em outras circunstâncias, eu com certeza chamaria a atenção dos dois.
— Wenne — Arystan me chamou de repente e levantei os olhos do meu prato. — Quero te apresentar ao meu conselheiro, Matteo Denaro.
O homem se levantou para vir até a mim, e eu prendi a respiração. Aquele nome eu conhecia. Ele era o mafioso mais procurado do mundo. Ele era o cara que já tinha cometido todos os tipos de delitos existentes. Enjoava-me saber que justo este homem era o conselheiro do meu... Marido.
— É uma satisfação conhecê-la, senhora. — Ele segurou minha mão, e a puxei antes que beijasse o torso com aquela boca asquerosa e aquela barba grande e grisalha. — Ficamos felizes por honrar o pacto.
— Estamos falando do diabo?
— O que disse? — O homem, que já tinha se virado para voltar ao seu lugar, virou-se para mim novamente.
— Wenne — Arystan sussurrou, chamando a minha atenção, mas ignorei e continuei encarando o homem. Por sorte, a mesa estava animada com conversas e ninguém nos ouvia.
— Quando fala “pacto”, parece que estamos falando do diabo.
Sem me responder, Matteo olhou para Arystan, que apertava os olhos com os dedos. Parecendo notar o desconforto na cabeceira, a mesa foi ficando silenciosa, e Arystan se levantou, saindo da mesa. Matteo entendeu que era para lhe seguir, deixou a mesa sem olhar para trás.
Meu pai me olhava do seu lugar, com um questionamento pairando em seu semblante. Minha mãe me questionava ao meu lado, mas eu só dei de ombros e voltei a comer.
Quando todos terminaram de comer os seus capangas apareceram para enviar todos de volta para casa, já que o anfitrião não estava mais presente. Abracei meus pais e fiquei muito tempo com Don no colo, beijando seu rosto e memorizando cada detalhe — dos fios de cabelo até a ponta dos sapatos chiques que ele usou para o casamento. Repeti que o amava diversas vezes; ele só ria e não reclamava. Don era um irmãozinho incrivelmente adorável.
Quando fiquei sozinha, fui para o quarto e tomei um banho na banheira branca — a única cor naquele espaço de pisos negros. Sequei meus cabelos com um secador que achei no banheiro enorme, que foi abastecido com muitos produtos de beleza femininos — incluindo uma quantidade exagerada de absorventes — e passei um creme nas olheiras, saindo do cômodo em seguida, vestida com um roupão, e seguindo até o closet para colocar um pijama de seda, o qual era novo e exatamente do meu número.
Apressei-me para fora do closet quando ouvi um barulho de algo caindo. Arystan estava entrando no quarto e recolhia o celular do chão. Ele estava com um copo de bebida na outra mão, fazendo com alguns pingos caíssem no carpete.
— Ei, o que aconteceu?
— Se você me quer morto, me mate com as próprias mãos. Vai ser bem mais atrativo ver o seu rosto nos meus últimos minutos de vida.
Não levei aquilo como um elogio, nem pensei por muito tempo naquela frase; ele parecia meio bêbado, e sei que falei merda para quem não devia na mesa de jantar. Fui até o banheiro, a fim de pegar uma toalha molhada para passar no carpete e não manchá-lo, mas, quando Arystan viu eu me abaixar, tirou o pano das minhas mãos.
— Deixe que eu faço isso. É o dia do seu casamento, vá se deitar ou... sei lá.
Ele mesmo limpou o chão e depois foi bebendo para o banheiro. O celular ficou na cabeceira, e não parou de vibrar e apitar nem por um segundo. Deitei-me com a última leitura do Kindle aberta e retomei-a. Mas, quando ele saiu do banho com apenas uma toalha enrolada na cintura, parei de olhar para a tela e mirei o homem que atravessava o quarto em direção ao closet.
Não sei se fez de propósito, mas deixou a porta aberta, permitindo-me ver que, lá dentro, tirou a toalha da cintura, exibindo seu corpo nu banhado pela luz fraca do ambiente. Arystan estava de costas, e eu não pude deixar de babar ao ver seu bumbum firme, suas costas largas e seus músculos. Depois de abrir algumas gavetas, pegou uma cueca preta e a vestiu antes de se virar e voltar para o quarto.
Apressadamente, virei-me para o aparelho, fingindo ler. Mas parece que desliguei a tela sem querer, então dei de cara com o vazio negro e meu rosto de besta encarando a tela.
— Não sabia que você tinha visão de raio-x e conseguia enxergar as palavras com a tela desligada.
— É que eu estava quase dormindo, sabe!
— É o seu dia, então o que disser eu vou acreditar. — Ele se sentou na cama e desligou o abajur do seu lado, fazendo com que o quarto ficasse totalmente no escuro.
— Obrigada.
— Ou fingir que acredito — diz um segundo depois.
Penso que vai me obrigar a consumar o casamento, mas tudo fica em silêncio e ninguém se mexe mais depois que coloco o tablet no lugar. Fecho os olhos e os abro diversas vezes, um tanto nervosa. Estou de costas para ele, mas sei que está de frente para mim, pois sinto sua respiração na minha nuca.
Ele está muito perto.
A posição em que estou começa a me incomodar horas depois. Ainda não ouvi sua respiração pesada ou um ronco indicando que ele já está no décimo sono, por isso me controlo para não me virar. Quando estico a perna para frente, eu quase caio da cama de tão perto da beirada que estou, então me arrasto para trás, tentando não mexer muito a cama. Mas de nada adiantou, pois eu acabei colando meu corpo no dele, fazendo Arystan soltar um suspiro.
Entendendo como um convite, sua mão logo agarra meu quadril e ele força o dele na minha bunda. Arregalo os olhos quando o sinto totalmente duro entre as minhas nádegas, e Arystan começa a se esfregar em mim.
— Arystan. — Eu ofego, sem conseguir dizer mais nada. Nem para ele parar nem para continuar. Meu corpo responde à carícia explícita, e minha boceta começa a latejar.
— É virgem, Wenne? Hein? Responda logo!
— Se não fosse, teria quebrado o acordo, não é? — respondo, em um suspiro, pois ele continua a esfregar sua ereção com força nas minhas nádegas, seus dedos amassando o short fino do pijama como se ele quisesse rasgá-lo.
— Possivelmente.
— Então... É isso. E você, quebrou o acordo?
— Você sabe que isso não funciona para a outra parte.
— A parte dos machos escrotos, né? — Eu que estava me esfregando nele agora. Meu Deus, como isso aconteceu?
— Estou casado agora. Sou um homem fiel. — Arystan esgueira uma mão por baixo do meu corpo, puxando-me mais para ele. A mão atrevida apalpa meus seios, e eu fecho os olhos.
— Hmmm... E você espera que eu acredite?
— Sou um homem de palavra, Wenne Costello.
— Quero ver até onde essas palavras vão chegar. E se sua assistente está incluída nelas.
— Esse cheiro é mais maravilhoso do que eu pensava.
— Que cheiro?
— Do seu ciúme.
— Idiota! — Eu me afasto na mesma hora e me viro, o que faz Arystan esticar a mão para trás e ligar o abajur do seu lado da cabeceira, fazendo com que uma luz mais fraca ilumine apenas parte da cama.
— O que aconteceu? Não gostou de Mandy? Ela te tratou mal? — Ele não parecia com raiva ou rir, apenas me fitava enquanto o seu volume formava uma barraca na cueca.
— Na verdade, não. — Dei de ombros, enrolando nos dedos uma mecha do meu cabelo.
— Então...?
— É que vocês parecem íntimos... O que já rolou entre vocês?
— Direta. Pelo menos gosto disso em você. — Ergo os olhos para os deles, e Arystan ri. — Eu quis dizer sobre a sua personalidade impulsiva.
— Sou pior do que pensa.
— Eu não duvido. E, se me lembro bem, a única coisa que rolou entre mim e Mandy foram alguns amassos.
— Entre um homem e uma mulher, ambos solteiros, rolou só alguns amassos? Eu tenho cara de idiota por acaso?
— Nem um pouco. A primeira coisa que pensei quando te vi foi que não era nada como uma mulher idiota e ingênua. E, a propósito, eu não fico com uma pessoa com quem não role uma atração minimamente física, o suficiente para eu levá-la para a cama. O que não aconteceu comigo e com Mandy. Então, em vez de torná-la mais um caso, viramos uma espécie de amigos e a contratei como minha assistente.
— Ela foi iniciada mesmo sendo uma mulher?
— A iniciação foi diferente, mas ela teve que provar seu valor e sua lealdade, sim.
— Hum — resmunguei e virei de costas para ele, puxando o lençol até meus ombros.
— O que foi agora?
— Como espera que eu fique com um homem que já teve todas as experiências sexuais na vida, enquanto eu não tive nenhuma?
— Converse virada pra mim, por favor. — Eu não me viro, mas ele continua: — Eu não tive todas as experiências sexuais existentes. Dou minha palavra. Mas sou um homem de 35 anos que vive em um meio em que... Você sabe... tem mulher caindo em cima pra todo lado, então foi inevitável eu, como homem, pensar em acordo ou que me casaria tão cedo.
— Cedo? Você tem 35 anos, pelo que eu soube. — Viro-me para ele novamente, e Arystan não demonstra nada. Ele também é bom em esconder as coisas.
— Somos casados, Wenne, você vai ficar comigo. Você já é a minha mulher. Pode passar a vida toda incomodada com as experiências que tive no passado – e que não pretendo ter mais, já que vou estar dormindo com minha esposa na mesma cama toda noite – ou pode ignorar tudo e deixar que eu te dê todas as suas experiências.
— Eu quero confessar algo já que estamos sendo sinceros... Eu pensei que teria todas as experiências de um relacionamento: conhecer, flertar, passear, dar uns amassos, namorar, noivar e só então casar.
— Você tem 25 anos, sabia que um dia iria se casar comigo, nunca pensou em me conhecer?
— Eu nunca aceitei a ideia de que iria me casar por causa de um acordo entre máfias, Arystan. — Revirei os olhos, bufando. — E o que você acha que iria acontecer se eu entrasse em contato querendo te conhecer?
— Provavelmente eu diria não. Queria prolongar esse noivado o maior tempo possível, não queria compromisso, pois isso tiraria o foco do meu trabalho. Porém, eu não fiquei relutante em me casar quando meu pai morreu, pois sei qual é o meu dever. Nasci sendo treinado como sentinela e para sentar na cadeira central algum dia.
— Quanta sinceridade.
— Desculpe se fui sincero demais.
— Não, está tudo bem. Os seus casos não tiraram o seu foco? — Eu pego seu olhar no ar e não o deixo desviar.
— Esse seu comportamento não combina com a sua imagem que conheci, de alguém segura de si.
— Eu sou segura...
Ele me interrompe com um dedo nos meus lábios.
— Então, ouça-me e deixe o passado no passado. Sei que você tem noção de que é a sua obrigação e o seu dever estar aqui. Sei que não foi criada como uma sentinela, mas que cresceu nesse meio e viu e ouviu demais também. Sabendo disso, não vamos fugir desse casamento até que um de nós morra, então eu espero muito que a gente se dê bem. Apesar de madre pensar mal de mim, não sou igual ao meu pai. Não quero que você seja uma mulher submissa, mas preciso que me respeite na frente das pessoas. — Induziu-me a assentir, então o fiz, de má vontade, fazendo-o sorrir de lado e aproximar o rosto do meu. — E nós sabemos que uma hora ou outra vamos ter que consumar o casamento. Eu necessito que seja agora, mas não vou te forçar. Desde que não me provoque.
Engoli em seco, sentindo suas palavras no meu baixo ventre.
— Em nenhum momento eu te provoquei.
— Sei... Então, deite-se e vá dormir. Eu estou sem sono e acho que vou até meu escritório para ler alguns relatórios que chegaram mais cedo.
Ele faz menção de desligar o abajur e se levantar, mas eu me sento rapidamente.
— Vou ficar sozinha aqui?
— Tem medo do bicho papão? Está segura agora, Wenne, pode dormir com as luzes acesas.
— Mas hoje foi o nosso casamento.
— O mesmo que você não queria que tivesse acontecido? — Ele debochou, erguendo uma sobrancelha enquanto ficava de pé e me encarava. Não estava mais com a barraca em pé, mas ainda dava para ver o contorno grosso preenchendo muito bem a cueca. — Meu rosto está aqui em cima, Wenne.
— Não quer dizer que eu queira dormir sozinha na noite do meu casamento. — Fecho a cara e me jogo nos travesseiros de novo. Nunca fui de fazer pirraça ou beicinho, mas era realmente um dia importante e que provavelmente eu iria me lembrar pelo resto da vida. Se ele não dormisse comigo, seria uma lembrança melancólica.
Arystan demorou a decidir, permanecendo em pé me olhando enquanto eu fingia cutucar a cutícula imaginária das minhas unhas.
— Você é pior do que os homens com quem trabalho. — Ele se deitou e apagou a luz de novo.
— Aposto que não são tão atraentes quanto eu.
— Não são. Eles não têm uma bela bunda como a sua.
Eu fico vermelha no escuro e sem palavras novamente. Pelo visto, isso vai ser algo recorrente enquanto ele continuar me dizendo coisas do tipo.
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