Terceiro capítulo
Eric segurava o celular com a mão trêmula, apontando a lanterna para a garotinha com sua camisa e a mulher com o pé de cabras. Os dedos gelados de Danielle apertavam o antebraço do rapaz, e a respiração pesada da loira transmitia o medo que lhe dominava por completo. Com os olhos arregalados e atentos, ele puxou o máximo de ar para dentro de seus pulmões, sentindo vergonha e raiva de si por também sentir medo.
— Eu acho melhor vocês me devolverem essa camisa ou... — A voz imponente do rapaz saiu grave, contrariando seus ombros rígidos e o suor frio que lhe molhava as mãos.
— Ou? — A mulher riu. Ela passou a mão livre sobre o cabelo da menina — Lilith, por favor...
A menininha se virou para a mãe com um bico desapontado, as sobrancelhas arqueadas mostravam a decepção em seu rosto, mas o olhar sereno da mulher para a menina foi o suficiente para que a garotinha se virasse para Eric e jogasse a camisa em direção a ele. Franzindo a testa, o rapaz estranhou o quão fácil foi aquilo. Era só falar grosso? — ele pensou consigo, e um sorriso tranquilizador brotou em seu rosto. Eric se abaixou e pegou a camisa com um esticar de braços, se vestindo, e então voltou para a mesma posição de antes.
— Vocês deviam sair do nosso caminho. — Ele continuou com a voz firme e o semblante duro — Eu não quero machucar ninguém...
— Machucar?
A gargalhada da mulher ecoou pela gruta, ela o olhou com desprezo, e balançou a cabeça em negação. A mulher caminhou lentamente em direção aos caixotes.
— É vocês que estão no meu caminho. — A voz despreocupada dela causou calafrios nos dois — Com licença.
Eric e Danielle assistiam em silêncio o caminhar sensual da estranha, paralisados pelo misto sentimento de receio e curiosidade, permaneceram onde estavam, enquanto a mulher parava diante dois caixotes e usava o pé de cabra para abrir uma das tampas. Eric fez menção de seguir para a saída, dando-se por satisfeito de achar ter intimidado a desconhecida, mas a mulher pigarreou, e então ele parou e se virou de volta para ela, arqueando uma sobrancelha.
— Sabe de uma coisa. — A voz dela ecoou pela gruta — Você parece um homem. Não é, mas parece...
Num movimento despreocupado a mulher soltou o pé de cabras, apoiando-o num dos caixotes. Balançando a cabeça levemente, inspencionou o que quer que tivesse dentro da caixa aberta, e num movimento lento apoiou as mãos na lateral da caixa, suspirando lentamente.
— E isso quase me faz gostar de você... Mas...
Rapidamente, a mulher puxou uma espingarda de dentro da caixa. Ela girou o corpo em direção ao casal ao mesmo tempo que destravou a arma e apertou o gatilho. O som do disparo se misturou com o grito de Eric quando um buraco se abriu abaixo de deu joelho, e o sangue voou para o ar enquanto o seu corpo voava para o chão, batendo violentamente a cabeça contra o solo rochoso. Sua visão ficou turva, e a sua voz falhou em sair de sua garganta, calando o seu grito agonizante.
Cobrindo a boca com as duas mãos e deixando as lágrimas escaparem pelos olhos arregalados, Danielle olhou de Eric para a estranha armada, que naquele momento mirava em sua direção. A menininha, na porta da gruta, gargalhava ao ver aquela cena.
— Fique de joelhos. — O sorriso maligno no rosto da mulher fez com que Danielle sentisse o corpo inteiro tremer. — Por favor.
1. Alternativas Danielle:
A) Obedecer a mulher
B) Tentar correr dali
ALTERNATIVA ESCOLHIDA: B
No acampamento, Amanda e Alice estavam lado a lado, a mais velha com a mão estendida para Pedro. O rapaz olhava para ela com o semblante preocupado, e Rafael, de braços cruzados, olhava para ele fixamente, aguardando o posicionamento do namorado.
— Eu... — Pedro gaguejou — É melhor irmos... — Ele se virou para Rafael.
— O quê? — Rafael bravejou.
— Rafa... A gente para em algum lugar e comemora... Aqui não parece ser um bom...
— Cala a merda da sua boca! — Rafael estendeu a mão para frente, impedindo Pedro de se aproximar — O Eric tinha razão!
Pedro se calou, incrédulo com o que o namorado havia dito. Rafael se virou para a uma barraca montada e a chutou violentamente, e então com movimentos brutos desmontou a barraca e a enrolou de forma desajeitada até ser o suficiente para colocá-la de volta na mochila de Pedro. Amanda e Alice olhavam para aquilo sem se mover de seus lugares, assustadas com a reação agressiva do rapaz, e Pedro, receoso, deu um passo em direção a Rafael.
— O que vocês estão esperando? — Rafael gritou, jogando a mochila para Pedro — Podem ir!
Em passos pesados, Rafael levantou poeira até chegar em uma sacola e pegou a primeira garrafa que suas mãos encontraram. Ele xingou num sussurro por ver o corote em mãos, mas num balançar de ombros abriu e bebeu todo o líquido em dois goles, caminhando rumo à caixinha de som e ligando em uma música aleatória. Rafael fez uma careta com a ardência da bebida em sua garganta, e balançou a cabeça para espantar o amargor, enquanto Pedro assistia aquilo abraçando a mochila com as mãos. A angústia crescente em seu peito lhe doía, e Pedro sentia os olhos enchendo-se de lágrimas.
— Rafa... — Ele tentou. — Lindo...?
— Vai embora. Inferno! — Rafael gritou, já com outra garrafa na mão — Vocês podem ir! Eu curto o meu aniversário com o Eric e a Dani... Vocês podem voltar!
— Mas...
— Vai a merda, Pedro. Você tá livre! Solteiro! Vai logo! — Rafael riu irônico.
Pedro deu mais um passo em direção a Rafael, mas parou hesitante quando Amanda segurou o seu braço, e ele se virou para ela com tristeza em seu rosto.
— Vamos... Por favor... — Amanda também continha o choro.
Pedro se soltou das mãos de Amanda e foi de volta para a trilha. A mais velha olhou para Pedro se afastando, e depois para Alice, que assistia em silêncio Rafael beber e dançar sozinho. Amanda, dominada pela irracionalidade da raiva pelo que havia presenciado, caminhou até o rapaz dançando, e ao chegar perto, ele endureceu os ombros e a encarou com fúria. Amanda se esforçou para devolver o mesmo olhar para ele, e então cuspiu no chão fazendo uma careta raivosa.
— Feliz aniversário, cuzão!
Amanda voltou em passos duros e pegou sua mochila no chão, deu as mãos para Alice e as duas apressaram os passos para alcançar Pedro.
A escuridão da noite trazia dificuldade para seguir pela trilha irregular, então era difícil para as duas irmãs alcançarem o rapaz que ia na frente em passos rápidos, quase correndo.
— Pedro... Espera... — Alice tentou, com uma voz chorosa.
Os três já estavam longe o suficiente do acampamento para não conseguirem mais ouvir a música que Rafael colocou para tocar. Pedro vários passos na frente das irmãs, e elas se apressado em tentar alcançá-lo.
— Pedro... — Amanda implorou.
Pedro continuou ignorando os chamados das duas, e continuou adiante, em passos largos. Ele não se importava com a escuridão que o impedia de ver por onde pisava, e então um som metálico ecoou abruptamente no momento em que algo lhe cravou na perna. Pedro gritou de dor e caiu de costas contra o solo terroso, com o metal enferrujado pressionando a sua perna e abrindo cortes profundos, criando uma mistura entre o rubro do sangue e o branco do osso à mostra, que se quebrou com o impacto da boca de lobo se fechando.
— Pedro! — Amanda gritou.
Outro som metálico. O da corrente se esticando. Sem dar tempo para reações, Pedro foi puxado pela armadilha para fora da trilha, sendo engolido pela mata e desaparecendo do campo de vista de Amanda e Alice.
— Socorro! — O grito agudo de dor do rapaz se espalhou por todas as direções.
Amanda não deu tempo para pensar e, num impulso, correu. Alice olhou em choque para a mais velha desaparecendo em meio ao mato, mas seguiu sua irmã. Usando os braços para afastar os galhos secos de seu rosto, Amanda ia velozmente atrás de Pedro, numa tentativa desesperada de alcançar o rapaz, enquanto Alice corria com dificuldades atrás de Amanda, perdendo-a de vista vez ou outra.
Pedro gritava de dor enquanto a armadilha lhe dilacerava a perna, puxando-o violentamente pelo chão rumo ao desconhecido. Os seus dedos já estavam em carne, com a sua tentativa de se segurar em qualquer coisa que o impedisse de continuar a ser arrastado, e os arranhões pelos braços, costas e lateral do rosto lhe ardiam tanto quanto a sua perna. O seu corpo todo doía, e os gritos já não mais saíam. Pedro se engasgava com a própria saliva, e já lhe faltava forças para resistir. Ele deixou ser levado pela corrente.
Amanda sentia o diafragma contraindo, mas ela mantinha o ritmo de sua corrida, mesmo já lhe faltando forças nas pernas e fôlego em seus pulmões. Ela conseguia ver Pedro poucos metros adiante, com uma boca de lobo cravada em sua perna e a corrente o puxando. O desespero tomava conta de Amanda, mas ela continuava, e já se via se aproximando do rapaz... faltava pouco para alcançá-lo.
Logo atrás Alice tentava acompanhar o ritmo de Amanda, mas cada vez mais via sua irmã se distanciando. Ela focou em apressar os seus passos para alcançar Amanda, mas não conseguia ir muito mais rápido. Perdendo o ritmo da corrida, Alice tentou um desvio, pulando por um tronco, mas o chão coberto por folhas grandes escondia o enorme buraco aberto em meio à mata, e com um pisar em falso, a caçula sentiu o corpo em queda livre. Com um grito agudo e um movimento instintivo, esticou os braços para a terra úmida evitando bater com seu corpo contra o fundo do buraco. A garota respirou fundo ao conseguir agarrar-se na borda do buraco, mas o desespero lhe arrepiou a espinha quando sentiu o peso do corpo em seus braços finos e o suor em suas mãos fazendo com que ela lentamente escorregasse para baixo.
— Não! — A voz de Alice saiu rouca, em total desespero.
Amanda ouviu o grito de Alice, e girou o corpo para trás, procurando a origem do grito de sua irmã em meio à mata fechada. Tudo o que ela avistou foram as mãos pequenas da caçula, metros atrás.
2. Alternativas Amanda:
A) Continuar atrás de Pedro
B) Voltar e ajudar Alice
ALTERNATIVA ESCOLHIDA: B
RESULTADO DOS DADOS
1) 63%
Eric — Atributo Social (40% para sucesso). FALHOU em tentar intimidar a mulher.
2) 82%
Pedro — Atributo Social (40% para sucesso) FALHOU em tentar convencer Rafael.
3) 64%
Amanda — Atributo Físico (80% para sucesso). CONSEGUIU manter o ritmo.
Alice — Atributo Físico (40% para sucesso). FALHOU em manter o ritmo.
NOTAS DO AUTOR:
Como podem perceber, os lances de dados são fatores tão importantes quanto as escolhas dos leitores! Mesmo decidindo por Pedro tentar convencer o namorado, Rafael não foi receptivo com a decisão e isso foi o motivo pelo qual ele permaneceu no acampamento. O mesmo para Eric, mesmo que sublime, conseguir intimidar a mulher traria consequências diferentes do que o que aconteceu com eles na gruta.
Quanto o terceiro lance de dado... Ele não precisou da decisão dos leitores, pois não considerei um ímpasse que as irmãs tentassem ajudar Pedro, mas o fato de Alice não conseguir acompanhar Amanda foi determinante para o que aconteceu. Então, neste capítulo, escolher é importante, mas torcer pelos dados também! Agora, mais do que nunca, suas decisões trarão consequências [que podem ser] fatais para nossos personagens!
Gostaria de saber o que acharam deste capítulo. O feedback é essencial para entender onde estão os erros e acertos, e saber das opiniões e expectativas também são importantes para entender melhor o rumo que seguiremos com esta história! É um livro aberto, por mais que eu tenha o controle sobre as palavras, os acontecimentos ainda são abstratos... Por isso agradeço à todos que estão acompanhando! A experiência está sendo incrível para mim.
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