Você é meu, só aceita
Ela adorava cuidar de Luck de vez em quando, ele era fofinho e gostava de ficar abraçado nela como um macaquinho, quentinho e muito cheiroso depois do banho que eles tomaram juntos. Não se importava em ficar nua com o filhote de olhos avermelhados, ele era jovem demais para pensar em qualquer coisa além de brincar com seus brinquedos de borracha.
Jericho e Anna pediram para que viesse e ela não pensou duas vezes antes de dizer sim. Adorava ver aqueles dois juntos, eram o casal mais lindo da Reserva, claro, depois dela e Noble, ele só precisava admitir.
— Espero que quando você for um macho adulto seja do tipo bem charmoso, mas ao mesmo tempo fofo e honrado, como seu pai — Luck a encarava com intensidade enquanto ela murmurava palavras próximas de seu rostinho. Ele era uma miniatura perfeita de Jericho. O que ela mais admirava eram os olhos, mas disso todos já estavam cansados de saber. — Dorme, bebezinho...
— Não sou um bebê — ele retrucou, fazendo-a rir baixinho.
— Você é sim, meu bebê!
Ela derrubou ele no sofá e fez cócegas nas costelas dele, fazendo com que o filhote risse bem alto, justamente na hora que seus pais chegavam.
— Uau — Kaira se afastou dele, mas ofegou um pouco quando Luck saltou em suas costas, envolvendo seu pescoço com os braços e a barriga com as pernas. Ele era mesmo um primata que amava abraços fortes. — Vocês chegaram cedo!
— Eu estou cansada — Anna sorriu e caminhou até os dois, fazendo carinho na cabeça do filho. — Às vezes meus dias com os filhotes Novas Espécies são bem agitados e agora há tantos deles, são fofos, mas você sabe como é, teve aula com eles quando era pequena.
Kaira assentiu, lembrando-se de como suas aulas eram legais e engraçadas, mas Salvation e Forest nunca davam paz para a Anna, além de que Noble e Kismet viviam subindo nos armários e pulando nas mesas. Ela era a mais comportada e ainda assim era uma bagunceira de primeira.
Admirava a professora e seu bom humor, ela provavelmente teria pirado no lugar dela.
— Você é uma boa pessoa, Anna — sorriu para a mulher, segurando a mão dela com força. — Obrigada por nos ensinar sempre.
— É o que eu amo fazer.
Jericho pegou Luck e jogou o filhote para cima, arrancando risadas dele e posteriormente das duas. Era uma cena muito amorosa, ela gostava muito daquela família.
— Vou colocar ele na cama e te levo para casa, Kaira.
— Espera — segurou o braço dele, sorrindo sem graça. Estava na hora de fazer seu pedido. — Eu quero te pedir uma coisa.
— Qualquer coisa, pequena.
Ela respirou fundo e se jogou no sofá, apertou os dedos e quando olhou para cima o casal a encarava de volta com interesse.
— Você hesitou — Anna disse, entortando a boca e segurando uma risada. — Que estranho.
— Realmente, ela sempre fala o que pensa — Jericho também achou estranho, mas a sua fêmea falou antes.
Kaira bufou, talvez ela devesse controlar melhor seus hábitos, mas agora não tinha tempo. O aniversário estava chegando e ela precisava de tudo pronto.
— É o seguinte — apertou os próprios joelhos. — Preciso daquela caminhonete sua, Jericho, para o dia do meu aniversário.
— Por quê?
— Eu não quero a porr — ela sorriu sem graça com o olhar sério de Anna, não podia falar palavrão na frente da criança. — Quero o seu carro só por um dia, tenho um plano infalível e quero a caminhonete.
— Por que não a SUV?
— Não, a SUV é inútil para a minha ideia.
— Tudo bem, Kaira — ela abriu um sorriso enorme, abraçando-o. — Pode levar a caminhonete, só não bata ou fique bêbada, não quero que seu pai coma a minha bunda.
— Jericho! — Anna o repreendeu, mas as duas riram depois.
Em casa, Kaira deitou na cama radiante, as preliminares de seu grande plano finalmente estavam em andamento.
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— Por que o carro do Jericho está no nosso quintal?
Foi a primeira pergunta que ela ouviu quando sua mãe desceu as escadas para tomar café. Kaira tinha feito tudo que sua família gostava e tinha caprichado, seus dotes culinários estavam ficando cada dia melhores.
— Estou tentando o convencer a me dar o veículo — brincou e colocou os ovos mexidos num prato. — Quer café preto ou chá gelado?
— Café, por favor — Stella se sentou e encarou Kaira, curiosa. — Caiu da cama?
Ela apenas balançou os ombros.
— Levantei para correr e cheguei agora pouco.
— Você não deveria correr sozinha, Kaira. Sei que os residentes estão acostumados com você, mas não se esqueça dos animais, são selvagens.
Não correra sozinha, Hunter a acompanhava todos os dias cedinho e era uma companhia excelente. Ele estava dando uma força tremenda para que ela seguisse em frente com suas artimanhas.
— Eu sei me cuidar! — deu um beijo na bochecha da sua mãe e tomou toda a vitamina de maçã e cenoura de uma vez só, deixando o copo na pia. — Vou ir até o centro médico e volto na hora do almoço.
— Você está bem?
— Melhor impossível, só quero conversar com Trisha sobre a possibilidade de me treinar para ser enfermeira. Seria legal, não é?
— Uau!
— Surpresa?
— Sim, mas é uma coisa boa, nós bem que sabemos que eles precisam de mais gente na Reserva para alguns trabalhos.
— Fico feliz que a senhora me apoie, mãe.
Kaira saiu de casa depois de tomar banho e escovar os dentes. Dirigiu de sua casa até a Reserva, especificamente para o Centro médico dela, com alguns andares e estacionamento. Estacionou numa vaga vazia de funcionários e deixou o veículo aberto. Roubo não era algo que a preocupava e dava graças a isso, a vida dentro dos muros não era nada ruim.
Alguns humanos que tinha conhecido ao passar dos anos a achavam uma boba antes de conhecê-la, tudo porquê nunca vivera como uma garota normal, indo para a escola com as crianças "humanas" ou fazendo o ensino médio com um bando de idiotas, mas ela era mais inteligente do que a maioria deles, talvez fosse um pouco arrogante também, porém adorava surpreender os visitantes com sua língua afiada, sarcasmo e compreensão sobre o mundo deles.
Eram tão detestáveis às vezes e ela se sentia completamente como uma dos Novas Espécies, eles eram sua família e tudo o que importavam para Kaira.
Estava caminhando pelo corredor branco quando avistou quem procurava, a única mulher que a ouviria falar sobre assuntos tão delicados.
— Oi, Trisha! — ela abraçou a médica e sorriu para o companheiro dela. — E ai, Slade. Tudo certo?
— Sim e com você?
— Me sinto nas nuvens!
— Percebi — Trisha riu, observando-a atentamente. — Suas pupilas estão dilatadas, você está bem?
— Já disse que me sinto nas nuvens!
— Por acaso você usou drogas?
Slade pareceu se alarmar e usou o seu excelente olfato para sentir o cheiro de Kaira, mas relaxou depois de fungar o ar.
— Sem drogas, Doutora, nem cheiro de doença.
Kaira revirou os olhos, poxa, onde ela arrumaria drogas? Nunca usou e nem pretendia, sabia como as pessoas agiam loucamente quando faziam uso de substâncias químicas ilícitas.
— Preciso ter uma conversa em particular com você, Trisha — ela olhou para a porta do escritório da doutora. — Lá dentro.
— Certo, me acompanhe.
— Depois ela pode te contar, Slade — riu ao passar por ele, podia sentir a curiosidade dele emanando por todos os poros.
As duas seguiram até a sala e, ao estar do lado de dentro, Kaira se sentou na cadeira em frente a mesa e Trisha na de trás, perscrutando-a com interesse. As paredes eram todas brancas e havia uma maca realmente grande próxima das janelas. Algumas fotografias estavam sobre a mesa, viradas para o lado contrário e ela não podia ver o conteúdo.
— Então?
— Eu gostaria de estudar com você, na verdade com os outros enfermeiros. Soube que estão precisando, principalmente depois daquele último ataque e agora a maioria deles estão em Homeland para auxílio. Quero me candidatar e praticar, meu grande sonho sempre foi poder ajudar os Novas Espécies e agora sei como!
— Uau — Trisha sorriu. — Você parece bem empenhada em conseguir o que quer.
— Tudo por minha família, digo e repito.
Os olhos perspicazes da médica a olharam de cima a baixo, talvez procurando em sua armadura mental alguma rachadura onde pudesse investir e fazê-la recuar em seu desejo.
Mas ela nunca desistiria, faria de tudo para que seus sonhos se tornassem realidade. Só queria que todos ficassem ao seu lado e dessem apoio, nada a deixaria mais feliz, orgulhosa e ciente de que estava fazendo a coisa certa.
— Você sabe que vai precisar lidar humanos e Novas Espécies, não é? — Kaira acenou, sabia daquilo, era óbvio. — Amavelmente, Kaira.
— Eu sou adorável — resmungou. — Todos dizem isso.
— E todos pensam antes de falar algo para você, hesitando porquê sentem medo de ouvir algumas verdades dolorosas.
Trisha gargalhou alto quando Kaira corou levemente, mesmo que seu queixo ainda estivesse erguido em orgulho.
— Como enfermeira sei que meu objetivo será acompanhar feridos e ajudá-los de alguma forma, de maneira nenhuma eu seria capaz de dizer palavras rudes a alguém que está com dor. Eu tenho um coração, Doutora — provocou ao chama-la como Slade fazia. — Pense no meu caso e me envie uma resposta. Não tenho nojo de sangue e nem de tocar os outros, sou forte e corajosa. Tenho certeza de que seria útil aqui.
— Tudo bem, você pode começar a treinar conosco.
Kaira quase pulou se surpresa, ela esperava que fosse mais difícil, principalmente com a mulher dizendo que ela não era tão doce.
— Mesmo?!
— Acho que você poderia me convencer a assaltar um banco com essa sua lábia e jeito certinho de falar, Kaira. Começará depois do seu aniversário.
— Obrigada!
— Imagina — Trisha riu e olhou o relógio no pulso. — Há mais alguma coisa que queira me dizer? Tenho um paciente para olhar, dois machos brigaram ontem e um idiota entrou no caminho. Ele está com vários ferimentos, mas vai ficar bem.
— Eu o conheço?
— É um tal de Aaron, ele faz parte da Força Tarefa. Um homem arrogante demais para o meu gosto. Aliás... tem algo sobre ele que é bem interessante.
Isso porquê provavelmente ele é melhor do que você, Kaira pensou e apenas sorriu, sem realmente dizer o que queria. Aquele era o primeiro passo para alcançar o que queria.
Controlar sua língua.
Ela suspirou fundo e se inclinou na cadeira, se aproximando mais da mesa.
— O quê?
— Ele usa insulina também.
— Assim como metade do mundo — Kaira revirou os olhos e mudou de assunto. — Eu preciso de um remédio — disse baixinho, para que nenhum Nova Espécie do outro lado ouvisse. — Anticoncepcionais. Claro, levando em consideração minha condição da insulina, eu li que quanto mais baixa a dose hormonal melhor para não atrapalhar o funcionamento do outro remédio.
Trisha olhou para ela surpresa e riu. A loira abriu uma das gavetas, tirou uma embalagem de remédios e outra a mais, deixando Kaira vermelha, mas ela não desviou os olhos das camisinhas.
— Você está certa, Kaira. Pelo jeito andou pesquisando muito, parece algo importante, em?
— É muito importante.
— Os anticoncepcionais que vou te prescrever não vão atrapalhar, são os melhores levando em consideração sua condição com a insulina.
Elas trocaram um olhar e Trisha pareceu pensar mais.
— Nossa, que nostalgia — a doutora sorriu. — Há muito tempo atrás também dei remédios para a Tammy, mas nós duas tivemos uma conversa antes, sobre como os Novas Espécies podiam engravidar mulheres humanas.
— Não precisamos falar sobre — Kaira balançou as mãos, ainda corada. — Eu tenho um irmão e li o suficiente sobre sexo!
— Você ainda não praticou, certo? — ela assentiu, mesmo que contragosto. — Sabe como um macho deve usas as camisinhas?
— Sei, quer dizer... teoricamente sim, mas gostaria de aprender.
— Ótimo, se aproxime e eu vou ensinar.
Kaira sentiu um intenso frio na barriga, como um arrepio longo e ao mesmo tempo empolgante, estava animada para chegar aos pontos finais. Ela abriu um sorriso maroto. Que mal tinha passar uma vergonhazinha pelo bem maior? Valia muito, muito a pena. Era tudo pelo seu Noble.
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Antigamente Noble costumava achar divertido e gostoso quando Kaira deixava uma de duas roupas largadas no quarto dele, mas agora era mais como uma dolorosa tortura para se lembrar do quão bem ela cheirava. Ele preferia que alguém colocasse uma faca em brasas nas costas dele do que achar uma daquelas regatas pequenas.
No entanto, era justamente o que encontrara enquanto procurava pela luva de luta embaixo da cama.
O seu coração acelerou dentro do peito e ele lambeu os lábios, pensando no corpo que ela escondia embaixo das roupas. Kaira havia crescido e a cada dia que passava ficava mais linda, não fosse o suficiente ela ainda era uma maldita garota inteligente e interessante.
Qualquer macho gostaria dela.
Minha, sua mente gritava e seus instintos também. Apenas minha.
Alguns dias atrás a vira na floresta com aquele macho negro, a história dele era surpreendente e ele também, mas não gostou de vê-lo acompanhando Kaira.
Sou um tolo, pensou olhando para a regata. Queria conter seu corpo, mas enfiou o rosto no pano e respirou fundo, lutando contra a vontade de rugir. Noble se moveu para trás, subiu na cama e se deitou, pressionando a roupa contra o seu nariz com força. O cheiro de Kaira estava lá, não tão forte quanto ele gostaria, mas estava.
Queria ir atrás dela e sentir o cheiro pessoalmente, enfiar a cabeça em seu pescoço e se enrolar todo naquele corpo.
Sentiu alguém o observando e ergueu a cabeça, era Kismet na porta de seu quarto, Salvation estava logo atrás e Forest também.
Droga, o pegaram no ato.
— Isso o ajuda?
— Uhum, um pouco — Noble suspirou, admitindo que o cheiro dela era maravilhosamente bom para ele. — Me ajuda a não sair correndo até ela agora.
— Você deveria ir — Salvation quem disse, sorrindo de modo compreensivo. — Eu iria se fosse minha Aurora.
Forest deu um passo a frente, entrando no cômodo.
— Com certeza deveria ir. Meu pai foi um idiota em ter deixado minha mãe depois que foram atacados e ele se arrependeu amargamente na época. Veja os dois hoje em dia, felizes e saudáveis, ele não a machuca, mesmo que seja mais forte.
— Sei que meu pai uma vez machucou minha mãe sem querer — Salvation riu. — Na verdade ele fez algumas coisas ruins, mas os dois superaram e estão muito bem. Tem seu pai e sua mãe também, a diferença de tamanho deles é assustadora, mas Valiant nunca a feriu.
— Cara — Kismet se sentou na cama dele, puxou a regata e Noble rosnou alto, fisicamente pronto para uma briga. — Supera aquela mordida. Kaira superou, na verdade ela nunca o culpou de verdade, você que criou essa paranóia e vive com medo de que aconteça novamente. Dê uma maldita chance a vocês dois, não aguento mais o seu humor, ninguém o suporta quando estão afastados.
Noble se jogou na cama de novo, mentalmente envolvido naquela conversa. Será que... Não! Ele não podia e nem tentaria novamente. Kaira era tão delicada, pálida e linda, ele nunca a faria sangrar de novo.
Era a sua melhor amiga, irmã e paixão, ele não jogaria tudo isso para o alto com ações imprudentes.
O barulho alto de pedaladas chamou atenção dos jovens Novas Espécies, fazendo-os olhar pela janela. Salvation apenas riu e balançou a cabeça, afastando-se, enquanto Kismet e Forest pareciam prestar a começar a babar. O cheiro da animação deles chegou rapidamente no olfato de Noble, incomodando-o.
— Nossa, eu colocaria todas aquelas cerejas na minha boca.
— Com certeza — Kismet concordou com Forest, lançando um olhar divertido em direção a Noble. — Eu a comeria inteirinha, aliás, acho que as coxas dela se encaixariam com facilidade na minha cintura.
Os dois machos trocaram risadas e olhares brilhantes.
— Cara, eu ficaria com ela pelo resto da minha vida — Forest soltou um rosnado profundo. — Montaria nelas todas as manhãs e depois, à noite, antes de dormir. Estou duro só de pensar.
— Ela vai subir — Kismet murmurou e se sentou na cama novamente, voltando toda sua atenção para a porta. Forest fez o mesmo e Salvation se jogou na cadeira da mesinha de Noble, onde ele costumava de sentar para fazer deveres, quando fazia, o que era raro.
O cheiro de quem eles falavam chegou ao faro de Noble rapidamente, sabia e conhecia perfeitamente a fonte daquele odor agradável e delicioso. Ódio puro preencheu seu peito quando se deu conta de que Forest e Kismet falavam de sua fêmea. Os atacaria, mas o barulho dos passos de Kaira em frente sua porta o impediu, ela estava ali e sorria para todos.
O vestido preto que ela usava realçava realmente sua pele branca, era curto e sexy em seu corpo, algumas cerejas vermelhas combinavam com a cor dos lábios sorridentes dela.
Noble puxou todo o ar para dentro de seus pulmões desejosos do cheiro dela. Precisou forçar seu corpo a relaxar, caso contrário atacaria os seus amigos na frente da fêmea sem se importar.
— Vê o que falo? — Forest murmurou bem baixo, ela não poderia ouvir, mas os outros sim. — Deliciosa.
Ele rosnou alto e se levantou, caminhando rapidamente em direção a Kaira.
— Oie, chocolatinho — o sorriso dela era majestoso e o abraço que recebeu, forte e quente, automaticamente o fez se esquecer do motivo da raiva. Os braços alvos contornaram seus ombros e os seios macios pressionaram o peitoral dele. Sem sutiã, de novo. Quente, muito quente. Precisava tirar ela daquele quarto cheio de machos. — Passei aqui para falar com a sua mãe, mas então ela me disse que estavam todos aqui em cima e achei legal subir. Faz tempo que não os vejo.
Kaira se afastou um pouco dele, mas ainda assim perto o suficiente para que Noble sentisse o contato dela.
— E ai, garotos — acenou para eles. — Como vão?
— Eles estão bem, não se incomode — Noble respondeu rouco antes que algum deles abrisse a boca, isso atraiu um olhar duro dela. Kaira odiava quando ele respondia pelos outros, costumava fazer muito isso com ela. Mas ele sentia que seu controle estava prestes a descer ralo abaixo, não queria ouvir nenhuma gracinha dos amigos. Ele forçou a garganta. — O que queria falar com a minha mãe?
— Nada que te interesse — os amigos riram e ele rosnou, mas Kaira nem se mexeu, apenas revirou os olhos. — Querem ir ao rio hoje?
— Eles nã—
— Queremos! — Kismet pulou da cama num único movimento, aproximando-se demais dela. Noble deu um passo e impediu, trombando com o ombro dele. Os olhos azuis e felinos pareciam realmente brilharem em diversão. O amigo gostava de levá-lo ao limite. — Vamos?
— Claro — ela riu. — Já estou com o biquíni na bolsa e está tão quente, tudo bem o Hunter ir também, né?
— O africano?
Salvation resmungou algo sobre o Nova Espécie ser de Lesoto, que isso fazia dele um shoto, mas Noble pouco entendia daquelas coisas e o ignorou.
— Sim, ele é muito sério de primeira, mas é um bom amigo — Kaira respondeu.
Noble só conseguia sentir o seu corpo queimar de dentro para fora. Sua respiração aumentou e agora estava arfando. Apertou os punhos com força, sentindo-se rasgado.
— Por que está falando assim dele?
— Como assim? — ela riu, franzindo as sobrancelhas. — Só estou dizendo que ele é meio sério, então não façam brincadeiras estúpidas ou briguem com ele.
Ele fechou a boca com força, ou rugiria para ela.
— Está sendo protetora com ele, por quê?
Noble deu um passo à frente e seu corpo bateu contra o dela com força, suas mãos agarram a cintura feminina com intensidade e ele manteve os olhos no rosto dela, avaliando as suas expressões. Kaira nunca escondia o que sentia.
— Você quer ele? — rosnou a pergunta baixo.
Kaira olhou para cima, diretamente para dentro dos olhos dele. De repente parecia que encarava lava pura e fervente, ela estava com raiva, ótimo, ele também!
— Não, não quero ele!
Ele fungou, tentando capturar qualquer cheiro que denunciasse que mentia, mas aliviou a pressão em suas mãos ao perceber que ela falava a verdade.
— Está com ciúmes? — ela perguntou de volta, sorrindo atrevida.
Noble não disse nada para afirmar ou negar a pergunta dela. Era óbvio que estava com ciúmes, com ódio e sede de sangue. Queria aquele macho longe dela, na verdade queria que todos ficassem longe de sua garota.
Ele encolheu os ombros e a soltou, voltou-se para os amigos e perguntou:
— Vamos? — abriu um sorriso meio maluco e agressivo. — Não quero deixar Hunter nos esperando, imagina só, coitadinho.
Seria um milagre terminar o dia sem derramar sangue.
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Noble estava com os pés dentro do rio, sentindo a água gelada contra sua pele, quando Kaira surgiu entre as árvores apenas usando uma toalha. Ela tirou aquele pedaço de pano e ele foi ao céu e inferno ao observar todo aquele corpo vestido apenas com dois tecidos miúdos.
Ronronou sozinho na pedra e apertou as pernas, escondendo sua animação dos olhos dela.
O macho que veio atrás de Kaira era grande e forte, com feições quase tão animalescas quanto as de Noble. O surpreendeu de primeira e o enlouqueceu de segunda, principalmente ao saber que algumas fêmeas se sentiam atraídas pela cor da pele dele. Hunter caminhou ao encalço de Kaira, como um cão de guarda e, ao se aproximar de Noble, acenou silenciosamente.
Havia algo nos olhos escuros dele que não soube identificar, então apenas ficou em silêncio e observou os dois entrarem na água lado a lado.
Deveria ser ele, no entanto se controlou, não poderia perder a cabeça com ela entre eles ou a machucaria.
— Me surpreende que você ainda não tenha o atacado.
— Ela gosta dele — sussurro baixo, para que o macho não o ouvisse. — Não vou machucá-lo, Kaira me odiaria.
Tristeza era algo que ele odiava sentir, mas todo aquele sentimento angustiante e doloroso se espalhou pelo seu peito, fazendo-o fechar os olhos e ofegar.
— Eu não quero ficar aqui mais — murmurou. — Vou ir embora, fica de olho nela por mim?
— Claro — Kismet o olhou com pena, Noble odiava aquilo. — Ela vai ficar bem e aquele idiota não vai tocar nela.
Pensou no corpo dela e no quão gelado estava dentro da água agora, ele poderia simplesmente ir lá e a aquecer.
— Eu preciso ficar sozinho.
Noble se ergueu e caminhou até onde ela deixara a toalha. A dor que o invadiu fazia com que se odiasse por ser o que era. Pegou o pano e voltou a andar, fechou os olhos e respirou fundo.
Que se foda, ela não é mais minha.
Nunca fora um filhote chorão, se lembrava que a última vez que chorou foi quando Kaira fora mordida por aquela cobra venenosa e agora seus olhos estavam molhados por causa dela novamente, porquê a perdera para sempre.
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— Ele está magoado?
— Sim — Hunter rosnou e sentiu o cheiro no ar. — Ele está triste, é meio deprimente na verdade.
— Vou ir atrás dele, dizer que não há nada entre nós dois e me desculpar.
O macho segurou o braço dela, impedindo-a de avançar.
— Não, deixe-o sofrer um pouco, assim ele vai dar valor quando os dois estiverem juntos novamente. Seu aniversário está quase chegando, você me disse.
Ela arregalou os olhos, seus lábios ficaram secos momentaneamente.
— Devo esperar até o meu aniversário para ir atrás dele?
— Sim. Como eu disse antes, deixe que ele sofra, merece por ser um macho burro.
Kaira deu um soco no braço do novo amigo, rindo. Ela ignorou os olhares sérios dos outros, com certeza eles estão com raiva, achando que ela trocou Noble. Mas não era verdade, nunca o deixaria.
— Você é maldoso para um Nova Espécie.
— Precisa lembrar que eu cresci com um povo totalmente diferente. Na minha tribo haviam muitas festas e alegria, música e dança, mas havia muita fome e dificuldade também. Os caçadores são duros e fortes, são até mesmo frios. As mulheres cuidam das crianças e fazem a comida, além de deixarem os homens satisfeitos. Nunca quero decepcionar uma fêmea, seria contra minha cultura, mesmo que esta seja machista em muitos aspectos. Vocês são especiais, carregam os filhotes e os alimentam com o próprio corpo até que eles sejam fortes o suficiente, não há nada neste mundo mais incrível do que as mulheres.
— É lindo, sério, embora eu não queria de modo algum conhecer o seu povo... — olhou para onde Noble fora. — Não quero vê-lo para baixo.
— A grandeza da vida não consiste em não cair nunca, mas em nos levantarmos cada vez que caímos.
Kaira virou os olhos para ele, surpresa.
— Nelson Mandela disse essa frase — Hunter concordou, dando-lhe um de seus breves e raros sorrisos. — Você é bem inteligente, Hunter.
— Por isto somos amigos.
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Teoricamente ela estava mais do que pronta. Encontrara os marshmallows perfeitos e há semanas treinava o melhor modo como fazer torta de pêssego, chegando assim no ponto ideal. A limonada rosa e batatinhas não faltariam.
Kaira estava fisicamente preparada também, com as pernas depiladas e as sobrancelhas feitas, para ela era tudo o que importava. Ela tinha entrado num estranho dilema consigo mesmo em relação aos pelos pubianos. Algumas mulheres tinham e outras não, Kaira queria estar na parte das que deixavam os pobrezinhos lá, já que era viciada em saúde e os pelos tinham sua utilidade. Apenas tinha aparado o suficiente para que ficasse satisfeita consigo mesma.
Não conversou com nenhuma mulher sobre isso e não tinha como ter a opinião das fêmeas espécies, levando em consideração que elas não tinham pelos.
Se olhou no espelho, feliz com o conjunto que estava usando; o sutiã de renda rosinha claro, com uma calcinha de par. Ótimo, estava muito bom. Vestiu-se com uma camisa da mesma cor das roupas íntimas, calça jeans e colocou um boné na cabeça.
Depois Kaira gargalhou alto, jogando a cabeça para trás. Com aquele boné parecia que ela estava prestes a começar uma caçada. Talvez fosse, pois iria atrás do leão que queria. Ela desceu as escadas correndo e deu um pulo nos últimos degraus, sua mochila estava jogada em um dos ombros e só tinha que pegar a sua torta na geladeira.
Sorriu, verdadeiramente orgulhosa de sua obra gastronômica.
— Estou saindo e talvez só volte amanhã à noite.
Sua mãe a olhou horrorizada e o pai com curiosidade, ele estava muito mais manso desde que Aurora e Salvation começaram a sair juntos.
— Nem pensar! — Stella se levantou. — Hoje é seu aniversário e nós vamos fazer uma festinha mais tarde, até comprei um bolo e convidei seus amigos!
— Sério? — sorriu divertida. — Aproveitem a festa por mim então, mas o que eu vou fazer hoje vai ser muito mais gostoso. Preparei o meu próprio presente e pretendo desfrutar dele o máximo possível!
Os olhos de gato do Leo se apertaram em sua direção, avaliando-a.
— Como assim?
— Pai — olhou-o seriamente e depois para a mulher — mãe. Hoje é um dia especial, não porque é meu aniversário, mas porquê vou dar um passo muito importante em direção a vitória. Confiem em mim, estou tão contente por saber que planejaram algo, mas não posso ficar.
— Você parece decidida — Leo sorriu suavemente, mostrando-lhe suas presas. — Tudo bem, pode ir.
— Ela pode? — sua mãe ainda não estava satisfeita, mas o consentimento do Nova Espécie importava muito. Stella fazia de tudo por ele mesmo. Ela suspirou e balançou os ombros, derrotada. — Tudo bem, Kaira. Se cuide, eu te amo muito!
O casal foi até ela e os dois abraçaram Kaira de uma única vez, apertando-a. Ela apenas sorriu e manteve sua torta salva de possíveis desastres. Depois de sair de casa, claro, após responder algumas perguntas, Kaira dirigiu pela Zona Selvagem na caminhonete emprestada com o som alto.
Uma chama de loucura preencheu o corpo dela e, com um sorriso malicioso, Kaira puxou o freio de mão e o carro parou brutalmente, fazendo com que o som dos pneus soasse alto naquela área. Ela saiu do carro e deixou a porta aberta, subiu no capô com certa indelicadeza e depois no teto do carro, ficando de pé lá em cima.
Valiant e Tammy surgiram pela porta da frente, cada um a olhando de modo engraçado. O macho estava com o cabelo todo bagunçado e com uma expressão de poucos amigos, tudo bem por ela, não tinha medo da cara feia dele. Tammy sorriu e cruzou os braços, encostando-se no batente da porta.
— Parece pronta para uma luta, Kaira!
— E eu estou, Tammy — piscou para a mulher e acenou animadamente para o pequeno Bravery. — Uau, parece que eu voltei no tempo, como na primeira vez que estive aqui — Kaira apertou os olhos, balançou a cabeça, lembrando-se do motivo para estar ali. Ignorou os outros moradores da casa e gritou em direção a janela do quarto de Noble. — Gatinho, venha cá!
Ela teve o vislumbre do cabelo dele e Noble a encarou surpreso através do vidro, depois sumiu e eles ouviram os passos rápidos e fortes dele descendo a escada, não demorou para sair pela porta da frente. Kaira ficou satisfeita com o que viu, ótimo, não faltava muito para deixá-lo exatamente como viera ao mundo.
Noble usava apenas uma bermuda branca e curta, ressaltando a cor dourada de sua pele e seus músculos. Ele estava quase do tamanho de Valiant, Santa genética!
— O que foi, Kaira? — perguntou atônito, olhando-a em cima do automóvel. — Por que está em cima do carro?
— Entra na caminhonete.
As sobrancelhas douradas se juntaram e um vínculo se formou entre elas, pela expressão dele provavelmente estava meio indignado. Ótimo, era bom que ficasse puto, ela também estava na maior parte do tempo.
— O que disse?
— Eu disse — olhou-o no fundo dos olhos, praticamente dando uma pausa entre cada palavra — entra na caminhonete, agora.
— Não.
— Não? — Kaira bufou e abriu um sorriso forçado ao encontrar o olhar sério dele. Noble cruzou os braços, o que apenas serviu para deixa ainda mais em evidência seus músculos. — Por favor, entre. Não me faça brigar com você na frente do pequenino Very, ele é jovem demais para aprender todas as palavras que eu quero dizer agora.
— Você me ouviu, não entro.
Kaira respirou profundamente e piscou os olhos, concentrando-se em não jogar seus sapatos na cara dele. Ajustou o boné na cabeça e desceu do teto num único pulo, surpreendendo a todos que olhavam. Os braços de Noble estavam estendidos em sua frente, pronto para pegá-la caso caísse, mas Kaira se equilibrou e flexionou as pernas, satisfeita consigo mesma.
— Não sou a porra de uma fraca como você insiste em pensar — murmurou bem próxima dele, esperando que o filhote não ouvisse. — Agora entra no carro, uma vez na vida faça o que eu mando!
Noble abriu os lábios, mostrando suas presas e rosnou agressivamente para ela.
— Adivinhe? — perguntou irônica, mostrando os dentes para ele também. — Tenho caninos como você, seu idiota. Para de rosnar para mim, fiquei a noite toda planejando estar aqui e hoje é meu aniversário. Será que você não pode fazer isso por mim? Não pode entrar no carro sem reclamar e rosnar?
Ela sorriu quando ele fez o que disse, mesmo com a pior cara do mundo. Parecia o maldito garotinho emburrado que conhecera há anos atrás, com a mesma expressão de quando Tammy os proibia de fazer algo legal.
O casal ria dos dois e Kaira gargalhou, acenando para eles em um adeus, além de lançar um beijinho no ar para o filhote fofinho. Deu a volta no carro com pressa e se sentou atrás do volante, dando partida. Eles não disseram nada por muito tempo, na verdade Kaira não sentia vontade de falar sem parar, não quando se sentia tão bem.
Talvez para quem não os conhecesse aquela cena toda deveria ter sido um tanto estranha e meio brutal, mas se lembrava de discutir com ele assim desde sempre. Os dois facilmente se comportavam como adversários, quando na verdade tinham o mesmo objetivo.
Há algumas noites, quando pensava em seriamente se devia ou não mandar uma mensagem para Noble, Kaira chegara a conclusão que deveria uma vez por todas dizer o que queria. Um relacionamento. Deixaria claro tudo o que desejava em uma relação, ela não esperava que ele adivinhasse tudo por si próprio, afinal, sempre fora a inteligência do grupo.
Estava cansada de joguinhos, eles não funcionavam com Noble e sua mente Nova Espécie. Não adiantava fingir que não o olhava quando ele passava, mudar o tom de voz quando se falavam ou deixá-lo de lado esperando que ele a entendesse e viesse atrás dela.
Aqueles eram malditos traços da natureza humana dela, jogos de manipulação que envolviam um monte de hormônios e ansiedade.
Então, para contrariar tudo o que pensava sobre ser forte e corajosa, ela deixaria que ele fizesse o que queria. Noble sempre dizia que queria cuidar dela, protege-lá, ótimo, Kaira o deixaria fazer o que desejava.
Seria a fêmea que ele queria.
Não estava mudando por ser uma idiota, o fazia para que os dois pudessem ser felizes juntos. Nunca deixaria de defender seus direitos ou expressar suas opiniões sinceras, mas estava na hora de ser calma e o ouvir.
Easy, uma canção da Sky Ferreira, começou a tocar no pendrive dela e Kaira sorriu. Timing perfeito, era a música preferida de Noble atualmente.
Noble cantarolou a letra baixinho, sua voz soando rouca e bem masculina. Kaira apenas ficou ouvindo e prestando atenção na estrada de terra. Estudou o rosto dele agora que estava mais relaxado, ele era realmente magnífico e exótico. O cabelo estava amarrado para trás, num rabo baixo e alguns fios dourados e alaranjados escapavam.
Ela não pensou muito antes de tirar uma mão do volante e tocar o rosto dele levemente, apreciando a pele quente sob a sua. Os olhos dourados se voltaram para ela por alguns instantes e depois para o caminho novamente.
— Estamos quase lá, você vai gostar.
Quando chegaram no poço ela manobrou até o espaço onde treinara antes, sabia que a vista para o céu era incrível à noite se deitasse na traseira da caminhonete, alguns galhos de árvore ficavam na frente, mas ainda assim era a coisa mais linda do mundo. Ela tirou os sapatos e os deixou dentro do carro, pisando na grama fofinha e verde.
Flexionou-se e sorriu animada, o sol estava forte o suficiente para começar arder sobre sua pele, ou seja, o clima era excelente para mergulhar e passar o dia na água e a noite seria quente, de um modo ou de outro.
— Por que estamos aqui, Kaira?
Virou-se para Noble, sentindo-se fraca quando ele a olhava tão profundamente, como se pudesse ler seus pensamentos perversos.
— É o meu aniversário e eu planejei um dia todo! — aproximou-se dele e começou a tirar a camisa, deixando a mostra o sutiã. Mordeu os lábios quando os olhos dele se demoraram em sua pele, claramente a desejando, dando a ela o gosto doce da esperança. — Quero passar este dia com você e me diverti como antes, o que acha? Vamos nos refrescar e subir as pedras, depois você pode pegar uns peixes pra gente.
Ele sorriu, divertido.
— Você quer comer uns peixes crus então?
— Que nojo, com certeza não! — desfez os botões da calça jeans e as desceu por suas coxas, jogando-a para longe com os pés, ficou com o boné. — Trouxe espetos para eles e vamos fazer uma fogueira depois!
Kaira voltou para o carro e aumentou o som do rádio, deixando-o realmente alto, embora o barulho da água o abafasse. Ela voltou até ele, esbarrou no corpo grande de propósito e agarrou uma das mãos dele, puxando-o consigo em direção as águas do poço azul e tranquilo.
— Vamos lá, gatinho — sussurrou próxima dele, provocando-o. — Nade comigo como antigamente, venha me pegar!
Soltou Noble e correu, rindo.
Sentia-se como uma criança enquanto ficava embaixo da água e apenas voltava para tacar rajadas em Noble. Tomaram banho embaixo da cachoeira e subiram o rio pelas rochas, foi bem divertido quando ele a levou nas costas e pulou realmente alto, fazendo-a fechar os olhos e rir, o vento gelado que bateu em seu rosto a fez cogitar que aquele era o verdadeiro significado de liberdade.
Ficaram estirados nas pedras e sob o sol, secando-se. Noble pegou os peixes e Kaira desceu com eles, voltando para perto do lugar onde pretendiam acender o fogo. Ele fora atrás de madeira. Ela limpou o peixe que comeria e deixou os outros de lado, colocou-o num espeto longo e temperou ele todo com limão, sal e uma pimenta que gostava, trouxera tudo na bolsa.
Não estava de brincadeira ao dizer que estava preparada para tudo.
Depois que a fogueira estava pronta, obra de Noble, Kaira colocou o peixe dela para assar. Sentou-se próxima, com as pernas cruzadas num tronco antigo e partido.
— Não vai comer os seus agora?
— Vou esperar você.
Ela assentiu, fechando os olhos e balançando os pés ao ritmo da música que chegava ao fim. Então, Summer começou a tocar e ela balançou a cabeça e tamborilou os dedos pela madeira. De súbito mãos seguram sua cintura e Kaira soltou uma estrondosa risada quando o amigo começou a dançar com ela.
Não havia nenhum padrão ou sentido, Noble apenas balançavam seus corpos em conjunto, girando-a para todos os lados e sorrindo. Ah, Deus, ela poderia o olhar para sempre, principalmente quando mostrava os dentes e agia de forma tão dócil.
Kaira precisou reunir toda sua força para não deixar que algumas lágrimas escapassem de seus olhos. A emoção que sentia não era passageira e muito menos simples. Era intensa e para sempre, o amaria para o resto de sua vida, estivessem juntos ou não, ninguém tomaria o enorme espaço que ele tinha em seu coração.
Por que dói tanto? Pensou, ainda sorrindo para ele e o abraçando, fungando a pele quente e sentindo o delicioso cheiro que Noble tinha.
Amar era incrível e doloroso, suficientemente forte para gerar uma anestesia própria como droga. Entorpece seus sentidos, faz com que tudo pareça distante e sem lógica, você apenas pode focar em uma pessoa, aquela que faz com que seu peito doa quando não estão juntos.
Era uma droga.
Ela fechou os olhos, implorando para fosse retribuída naquela noite, caso contrário não sabia se teria forçar o suficiente para recolher os pedaços quebrados de seu coração.
🌡️
O dia passou rápido, se levasse em consideração o quanto se divertiram juntos. Kaira não se lembrava da última vez que se sentaram e riram tanto, os dois eram bem fofoqueiros às vezes. Tiraram fotos na câmera dela, com certeza colocaria todas em seu álbum.
Estava novamente com suas roupas.
— Estes marshmallows são bons mesmo — Noble disse enquanto beliscava as guloseimas, enfiando um monte deles na boca. Ele soltou um som suave, como um gemido. — M-Muito bom!
— Uhum — ela concordou quando sabor doce invadiu seu paladar e o marshmallow derreteu em sua língua.
Passaram alguns instantes em silêncio, ouvindo o som, agora baixo, do rádio.
— Eu não entendo — ele murmurou, atraindo atenção de Kaira. — Por que estamos aqui, enquanto sua família provavelmente espera por você para a festa?
— Vão ter que comemorar sem mim! — brincou. — Hoje eu sou apenas sua.
Orbes douradas se voltaram para ela, enquanto só conseguia pensar no quão bonitos os olhos dele ficavam enquanto as chamas alaranjadas estavam refletidas em puro brilho e ouro.
— Kaira...
— Sim. Eu quis dizer isto exatamente como soou. Quero ficar com você, não com eles — gesticulou para o nada, apenas para se mover. — Estou gostando do nosso momento e gostaria de fazer isso pelo resto da minha vida — respirou fundo, tomando coragem. — Noble, entendo que as coisas ficaram estranhas entre nós anos atrás e me arrependo de ter prometido que ficaria distante em alguns quesitos. Não quero ficar longe, quero ficar perto, desejo você todos as horas, penso em nós dois juntos cada maldito dia.
Ela dissera tudo de uma vez e realmente bem rápido. Fechou os olhos, tentando diminuir o ritmo de sua respiração e coração.
— Kaira? — ouviu o som do corpo dele se movendo e então ele se sentou ao seu lado, não a tocou, mas Kaira podia sentir o calor de pele dele e também da respiração quente próxima de seu ouvido. — Você não deveria dizer essas coisas...
Ele não me quer. Porra. Kaira segurou a madeira embaixo da coxas com força, abriu os olhos e fitou a fogueira desesperadamente, não tinha coragem para olhar nos olhos dele, não quando tinha acabado de ser rejeitada.
Ainda deveria lutar ou deveria desistir pelo bem da amizade entre os dois? Optou pela segunda opção, não queria viver sem ele.
Ela era covarde quando a relação deles estava em jogo.
— Eu sinto muito, Noble. De verdade. Me desculpa por ser uma amiga ruim e insistir em algo que você não quer.
— Quero muito você! — foi impossível não o encarar depois disso. Noble a olhava de uma forma que o fazia parecer machucado e desesperado. — Eu quero você inteira, Kaira. Mas... posso te machucar, você sabe. Olha pra mim — os olhos dela deslizaram pelo corpo dele, era ótimo, gostoso demais, não havia nada de errado. — Nem posso te tocar do jeito que quero, posso quebrar você ou a esmagar com o meu peso. Gosto de morder e você já tem uma cicatriz minha. Acredite quando digo que foi uma mordida de amor, eu só queria confirmar que era minha e você sangrou muito. Foi assustador.
Kaira se levantou e estendeu a mão para ele, em silêncio. Segurou-o consigo e caminhou até a traseira da caminhonete e precisou o deixar de lado para fazer o que queria. Desprendeu os encaixes da lona na traseira do veículo e a puxou com força, deixando-a de lado, sobre a grama.
— Suba e se deite.
Noble franziu o cenho, olhando-a confuso. O corpo dele ficou tenso, mas fez o que ela disse, subiu na traseira e se deitou sobre as camadas de lençóis e edredons, descansando a cabeça em um dos travesseiros.
Ela também subiu, não tão rápido quanto ele, depois engatinhou até Noble e deitou a cabeça no peito dele, abraçando-o com força. Inicialmente o corpo dele ainda estava duro sob ela, mas ele relaxou e retribuiu o aperto com carinho.
— Quantas vezes eu vou ter que dizer que aquela mordida não foi nada?
— Sou parte animal, é lógico que foi alguma coisa.
— Eu fui mordida pela porra de uma cobra logo depois — soltou um riso, embora estivesse irritada. — Acredite em mim quando digo que aquela coisa rastejante me fez sentir muito mais dor. Você pode até ter dentes afiados, mas não se gabe muito — zombou dele. — As presas daquela cobra eram quentes e o veneno pior ainda. Os seus apenas beliscaram a minha pele e sangrou um pouquinho, você que faz drama. Sangro muito mais durante a menstruação.
— Sinto muito...
— Bobagem — Kaira revirou os olhos, erguendo a cabeça e olhando diretamente para o rosto dele. — Aquele dia, quando me mordeu, eu amei. Estava quente, deixaria você morder qualquer parte do meu corpo se pedisse naquela hora. Entendo que você tenha as suas diferenças e eu as amo de qualquer forma, não me sinto menos atraída, mas odeio que você se sinta tão inseguro. Noble — esticou uma mão e tocou o rosto dele, fazendo um singelo carinho na bochecha quentinha. — Você é lindo, amoroso e gentil, nunca me machucaria de verdade.
— Você me faz querer ser eu mesmo. Meus instintos estão na superfície, prontos para emergir.
— Qual é? — ela riu. — Você esbanja poder por todos os poros, seja o macho forte e corajoso que nasceu para ser. Seja um leão, porra!
Noble rosnou alto, concordando consigo e ela piscou para ele.
— Me desculpa, Kaira, vou ser um leão por você — a mão dele cobriu o seu rosto também, ela se esfregou contra a palma quente. — Por todo este tempo sendo um tolo.
— Tudo bem, meu amor não é frágil e nem passageiro, é para sempre. Vou persistir, Noble. Você é meu, só precisa aceitar.
— Eu fui um idiota com você.
— Li em algum lugar que as garotas costumam ficar com os burros, não entendi direito, parece que tem alguma relação com a nerd da escola com o popular. Acho que nos encaixamos bem nisso.
Ele sorriu brevemente, afastando-se dela e se sentando, até encostar a coluna na cabine do carro.
— Não é tão fácil, Kaira.
Ignorando todos os sinais que o corpo dele davam para ficar afastada, Kaira se aproximou mais, fingindo não notar o olhar dolorido. Pegou uma das mãos grandes e a colocou sobre seu coração, quase que em seu peito, dizendo em voz alta:
— Se você não confia em mais nada, confie nisto... — apertou as unhas contra a mão dele, esperava que ele sentisse o batucar louco do coração dela. — Confie em nós e em nosso destino. Eu sou sua, você é meu. Aceita logo de uma vez e me deixa fazer o que é bom por nós dois.
Ele é tão quente, pensou ao tocar o rosto dourado e agressivo. Kaira estava gelada, mas ele não. Tocou-o primeiramente com as pontas dos dedos, os escorregando lentamente por toda a pele macia. Noble ronronou, pode senti-lo tremer sob sua palma. Percorreu toda a linha da mandíbula masculina, depois deslizou suas unhas levemente pelos lábios grossos, pelo nariz achatado e então por cima das pálpebras, até alisar as sobrancelhas perfeitas para aquele rosto. Inclinou todo o corpo em direção a ele, depositando um beijo leve na testa dele, apenas um roçar de lábios.
Sentia-se nas nuvens por poder encostar nele daquela forma.
— Kaira...
— Você prometeu ser forte, então seja, mostre-me o que é — disse rápida, quase extrapolando as palavras —, você é o cara mais incrível que eu conheço. Não me importa o que aconteceu, esqueça o passado.
— Você é tão boa para alguém como eu — ele brincou e soltou uma risada gostosa, um som divino para os ouvidos de Kaira.
— Que seja!
Kaira, enfim, tomada por um desejo irrefreável e extremamente caloroso, beijou-o com determinação e intensidade, selando os lábios de maneira que esperava fazer para todo o sempre. Definitivamente não o soltaria pelo resto da noite, o faria se esquecer de todas aquelas bobagens e mostraria a ele que era uma mulher forte e decidida. Podia tomar o rumo das ações pelos dois, não importava.
Aproximaram-se e ela aproveitou o momento para passar os braços ao redor do pescoço dele, o atraindo ainda mais para si. Moveu-se sem hesitar, sentando no colo dele e deixando as coxas abertas para o envolver. Saboreou o gosto doce dos marshmallows que ficara na lingua de Noble. Explodiu em êxtase quando ele a tocou de volta, sem pudor algum, a tomando completamente.
Rosnando, ao final do beijo, Noble enterrou o rosto nos fios castanhos de Kaira, pressionando o nariz nela e sentindo o cheiro da excitação feminina profundamente, aquilo enchia sua boca de água. Ele tentou erguer a cabeça para a olhar, mas Kaira o empurrou para baixo, deixando a cabeça dele na altura de seu pescoço e se inclinou para trás, encarando-o com os olhos entreabertos, brilhantes em luxúria, somente esperando que ele entendesse que desejava a boca dele em sua pele alva.
Kaira murmurou palavras de alívio, enquanto gemia o nome dele ao sentir os dentes e língua se moverem pela pele sensível de seu pescoço.
— Vamos nos deitar — segurou os fios dourados entre os dedos com força, puxando-o e esperando o consentimento dele. — O que foi?
Perguntou quando ele travou.
— Você tem certeza? — Noble perguntou, momentaneamente nervoso. — Nós...
— O que há com você, leão? — ela perguntou, sedutora. Suas mãos deixaram as madeixas grossas para agarrar o rosto dele, olhou-o no fundo dos olhos. Azul quente contra o dourado selvagem. — Faça-me sua, seja meu.
— É o que eu mais desejo — declarou com a voz rouca e baixa. — Você é minha, Kaira.
Desta vez foi Noble que a beijou, deitando os corpo dos dois lentamente sobre os tecidos macios. Sua mente estava em completo silêncio, perdida numa neblina vermelha de prazer, sua alma se aquecendo em chamas de paixão. Estava tão ciente do calor e do corpo de Noble como nunca antes, tão bom que nem a fazia sentir a brisa gelada da noite. Ele era o seu sol. Inclinou a cabeça para o lado, acompanhando-o e deixando que o beijo ficasse mais intenso, profundo, permitindo que o fogo que os cercavam, que estava incrustado entre os dois há muito tempo, se alastrasse por todos os cantos de sua alma.
Kaira passou as pernas ao redor da cintura dele, apertando os pés e os cruzando nas costas dele, deixando bem claro que não estava afim de se afastar.
O corpo de Noble pressionou o seu, roçando-se eroticamente e ela gemeu baixo, contra a orelha dele.
— Você gosta de quando eu a domino, não é? — ele perguntou, a voz estava de repente tão persuasiva que ela seria capaz de fazer qualquer coisa que pedisse. Gostava dele assim, como realmente era. — Gosta quando faço isso?
As mãos dele a empurraram para trás quando tentou se inclinar para o beijar. O macho se debruçou sobre o corpo feminino e esfregou os lábios nos dela, lenta e demoradamente, entretanto não a beijou, alternou a boca quente para a garganta dela, onde a marcou novamente como sua, deslizando os dentes e a língua por toda a pele pálida, fazendo-a fechar os olhos e apenas sentir o calor que persistia em se reunir em cada célula do seu corpo.
Kaira sentiu quando ele sorriu contra sua pele ao gemer longamente; não podia se conter, não com ele sobre ela, não quanfo todo o calor do mundo parecia deliciosamente os envolver.
Vagarosamente, Noble tocou seus ombros e a ajudou a tirar a camiseta, expondo os seios cobertos pelo sutiã que ele vira mais cedo. O macho mordeu o lábio inferior, segurando-o com as presas afiadas enquanto a observava sob ele com os olhos quentes. Kaira esticou as mãos e deslizou os dedos pelo abdômen dele, sentindo os músculos sob as suas palmas se contrairem conforme o tocava; apenas esperava que ele necessitasse tanto do seu toque quanto ela queria o dele.
— Você ainda não me respondeu, Kaira — Noble pressionou os dedos com delicadeza contra o pescoço dela e ela fechou os olhos, apenas balançando a cabeça positivamente. — Quero ouvir da sua boca, moranguinho.
— Eu gosto...
As bochechas de Kaira estavam ardendo com a intensidade e a sensação da queimação descia pelo seu pescoço, seios e todo o corpo, concentrando-se forte e unicamente em sua calcinha. Estava muito acessa com apenas alguns toques, poderia imaginar como seria quando estivesse totalmente conectados, como um só.
— Então abra os olhos e me observe.
Fez como ele ordenou, duvidava que fosse capaz de ir contra Noble quando estava com a voz tão forte e decidida, poderia chegar lá com ele apenas murmurando em seu ouvido assim. Abriu os olhos, agora carregados num tom azul escuro e cintilante, apenas para o observar em meio a deliciosa tortura que impunha ao seu corpo.
Noble começou a desabotoar os pequenos e delicados botões da calça jeans que ela usava, ao mesmo período de tempo em que balançava a cintura contra a dela, investindo lentamente contra a seu intimidade, fazendo-a querer implorar para que fosse mais rápido com aquilo.
Tentou ajudar, mas ele puxou as mãos delas e a encarou firme, em sinal de censura, provocou-a então, numa voz sensual e rouca que a levava ao céu:
— Atrapalhe-me novamente e será o seu fim, gatinha.
Kaira sorriu atrevida, querendo perguntar que tipo de coisa ele faria com ela, mas ficou em silêncio, temendo que o corpo dele se afastasse. A calça foi parar longe, tomando o mesmo destino de sua camiseta. O clima da noite não a afetou nem um pouco, sentia que os dois estavam tão quentes quanto aquela fogueira. Noble beijou o queixo dela e mordeu, depois desceu a altura de seus seios e os observou, demorando-se.
O indicador dele pressionou a jugular dela e ele fez o que Kaira não esperava, percorreu a ponta do dedo por toda a sua pele sem pressa, com a unha afiada deslizando sobre a superfície fina. Chegou ao ponto entre seus seios e percorreu o vale entre eles, demorando-se ainda mais e a fazendo inclinar o peitoral para cima, arrepiada o suficiente para suspirar alto.
Depois, segurou em cada um de seus montes e a olhou, deixando-a confusa com o quanto o olhar dele parecia maravilhado.
— O q-que foi?
— São tão macios — Noble inclinou a cabeça até os seios dela e fechou os olhos, passando as bochechas neles. — Vou tirar seu sutiã.
— Tudo bem — murmurou e ergueu um pouco as costas, dando espaço as mãos dele que correram de suas costelas as costas, no entanto, elas eram grandes e as unhas indelicadas, pode ver certa irritação no rosto dele ao não conseguir.
— Que droga!
— Calma — ela riu, divertida. — Não rasgue o tecido, eu tiro para você. Suas mãos são grandes demais.
Kaira desfez os ganchos delicados da peça e a jogou no rosto dele, gargalhando gostosamente. Noble segurou o sutiã e sorriu ao levar a peça até o nariz, cheirando-a. Depois deixou o sutiã de lado e se inclinou de volta para cima dela.
— Seu cheiro está de enlouquecer, me sinto muito bem.
— É mesmo, meu leão? — perguntou sorridente, descendo as unhas pelos ombros dele e por fim subindo as mãos pela nuca, segurando uma porção de cabelo depois.
Noble vibrou contra o peito dela, tão próximos que pareceu passar uma descarga elétrica por todo o seu corpo.
— Sim — beijou os lábios dela rapidamente. — Vou provar os seus seios.
O olhar feminino era malicioso ao encarar Noble, ela estava quase pedindo por aquilo.
— Vá lá...
A respiração quente e forte contra sua pele a fez rir baixinho, além de que adorava o modo como Noble a tocava e beijava. Havia certa reverência em cada toque, como se estivesse querendo descobrir os mínimos detalhes de seu corpo e os guardando na mente.
Ela esperava que ele fosse logo ao ponto, mas os beijos macios desceram até o seu umbigo, a língua deixando um rastro quente de saliva que, ao entrar em contato com sua pele e se juntar a brisa da noite, fazia com que Kaira tremesse de uma boa forma, arrepiando-se até com o toque mais singelo. Unhas se moveram pela laterias de sua cintura e quadril, fazendo com que ela se arqueasse.
Se sentia tão macia e sensível, mais do que pronta para tê-lo.
A língua áspera contornou o umbigo dela devagar e Kaira segurou o tecido dos lençóis abaixo de si com força quando seu corpo respondeu. Ela ofegou quando saliva quente penetrou aquele pequeno e insignificante ponto de seu corpo, nunca soubera que podia sentir prazer com aquilo.
— Noble, por favor — choramingou, sua intimidade começava a latejar e ela o queria muito.
— Vamos lentamente...
— Não!
Kaira tentou erguer o corpo e mudar as posições, inutilmente, pois as mãos dele seguraram os seus pulsos e os colocaram acima de sua cabeça, prendendo-a sob ele. Ela pode ver no olhar dourado a sublime força que carregava, como a de um leão que subjuga o mais fraco e o detém com suas garras. Não se sentia amedrontada com o corpo enorme sobre ela, mas protegida e acolhida.
— Lenta e cuidadosamente — ele rosnou contra o rosto dela, mostrando todos os dentes.
— Tudo bem — gemeu a frase alto, olhando-o com uma expressão sofrida o suficiente para que ele entendesse que precisava de um orgasmo ou morreria.
Planejamento, preparo, controle e execução. Kaira mentalizou as palavras que a fizeram querer tanto o dia deles.
Ele grunhiu e desceu o corpo novamente, largando os pulsos dela.
— Ah, meu Deus!
Ela inclinou o corpo quando seu mamilo foi chupado, enviando milhões de sensações para o corpo dela e fazendo sua intimidade se contrair ainda mais, estava muito molhada. Queria observar, mas não conseguia parar de se mover e fechar os olhos com força a cada momento em que ele usava a língua. Noble lambeu vagarosamente a aréola de seu seio e depois mordiscou a ponta, enquanto os dedos dele torturavam seu outro mamilo.
Kaira apertou as pernas ao redor da barriga dele, simplesmente porque seu ventre, virilha e pernas se enrijeceram com uma tensão tão forte que não pode controlar, até mesmo as pontas dos seus dedões do pé queimavam. Uma onda alta de calor se espalhou por todo o seu corpo e ela não pode segurar o grito alto, pura euforia pareceu preenchê-la e se esvaziar ao mesmo tempo.
Ela encarou o céu acima de sua cabeça meio zonza e cansada, perguntando-se por alguns segundos onde estava enquanto uma nuvem deliciosa e quente parecia encobrir seus pensamentos.
A sensação de tranquilidade que a tomava era impressionante, todos os seus músculos relaxaram e havia palpitações por todos os lados, enfim ela deixou a cabeça cair no travesseiro e fechou os olhos, satisfeita demais.
— Kaira? — a voz masculina chamou sua atenção. — Hã, tudo bem?
Demorou alguns instantes para que pudesse responder, ainda se sentia ofegante.
— Eu me sinto uma deusa de tão bem.
Ele gargalhou, mas ela não pode ver o rosto dele.
— Posso ver — ronronou e farejou o ar. — Isto é ainda melhor do que eu pensava. Kaira... eu preciso disso também.
— Venha, eu sou sua, pode fazer o que quiser comigo.
🌡️
Kaira se virou sobre os lençóis e ficou de barriga para baixo, surpreendendo-o. Se ela soubesse o que despertava em seu corpo com aquele ato, ah, nunca faria aquilo. Noble esticou as mãos, levemente trêmulas por ter chegado tão longe e puxou a calcinha rosa pelas laterais, expondo a bunda dela. Kaira era muito branca se comparada a ele, mas os dias que passava sob o sol no rio a deixaram com as marcas das roupas íntimas.
Era tentador.
Noble respirou fundo e se inclinou ainda mais sobre ela, deixando as pernas separadas ao redor das dela. Kaira estava com o rosto pressionado no travesseiro, meio que virado para o lado e com o traseiro erguido de propósito em sua direção. Ele tocou a cintura dela com as duas mãos, massageado a carne macia e depois as deslizou até o lombar dela, apertando as covinhas acima do quadril feminino.
Ela balançou o corpo para trás e Noble soltou um barulho excitante — um rosnado suave junto de um ronronar.
O macho se livrou da única bermuda que vestia, revelando o membro ereto, ele estava tão dolorido que poderia se acabar de uma vez dentro dela.
— Noble... por favor...
Ele abriu mais as coxas dela e observou, fixamente, a vagina exposta e úmida.
— Você tem pelos.
Kaira tentou olhar para trás para vê-lo direito, mas não conseguiu, as mãos dele a impediram.
— Você não gosta?
— Gosto, gosto muito — Noble inalou o cheiro no ar mais uma vez e rosnou. — Porra, seu cheiro está ainda melhor, delicioso. Quero te comer. Poderia colocar minha boca entre as suas coxas, mas preciso tanto de você — ele suspirou. — Você está tão molhada e pronta.
— Então vamos fazer de uma vez — murmurou baixo. — Vai!
Noble concordou com um aceno e se posicionou atrás dela, precisou erguer mais a bunda dela e se enfiou entre as pernas maravilhosas, roçando seu pênis na coxa dela. Kaira jogou o quadril para trás uma outras vez e ele precisou segurar a cintura dela com mais força.
— Fique paradinha agora — Noble segurou o próprio membro e o pressionou contra as drobras da vagina, porém sem realmente empurrar. — Vou entrar...
— Vá em frente, eu posso te mostrar o paraíso — murmurou divertida. Ele balançou os quadris, esfregando todo o pênis em sua intimidade e passou por um ponto interessante, fazendo-a gemer alto e agarrar as coxas dele com força, praticamente enfiando as unhas na pele.
— Por favor, me mostre isso agora — Noble rosnou.
O peitoral masculino e forte estava contra suas costas e ele beijou sua orelha, ombros e parou na dobra de seu pescoço, mordendo-a levemente. A sensação das presas afiadas a deixou ainda mais excitada, poderia gozar novamente se ele a tocasse um pouco mais.
— Vai, Noble! — implorou. — Preciso de você, agora!
— Com calma — rosnou. — Eu mando aqui.
Ele roçou o pau entre as coxas dela de novo e Kaira pensou que seria agora, que ele finalmente a tomaria por completo, estava tão quente que não sentiria dor alguma, mas ao invés disso o seu corpo foi virado e agora estavam olho a olho. Ela não entendia, sabia que era um instinto selvagem pegar a fêmea por trás, por esse motivo havia se virado para ele.
— Noble? — ele olhava nos fundos de seus olhos, parecia mais agressivo e dominante, com os fios de cabelo bagunçados. — O que fo—
— Eu amo você, Kaira.
Sentimentos fortes fizeram seus olhos se encherem de lágrimas e ela esticou a mão, para tocá-lo, no entanto ele a impediu.
— Vou tomar tudo de você, é minha. Você sabe disso, não? — ela acenou, concordando, quieta e excitada com o tom rouco e mandão. O novo calor que começava a se instalar em seu ventre dizia que não estava muito longe de chegar lá novamente, se ele continuasse falando assim seria ainda mais fácil. Noble a dominava com força e ela simplesmente amava. — Se você fugir vou ir atrás, vou caçá-la e vou te encontrar, e então eu vou te foder.
— Por favor, faça isso agora!
— Essa é a única ordem que eu tenho o prazer de obedecer.
Kaira passou as pernas ao redor dele e os braços também, totalmente agarrada em músculos e calor. Sentiu quando o membro dele a pressionou.
— Sim — gemeu, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos.
Seu corpo resistiu ao dele no começo, Kaira moveu os quadris e relaxou, ela se sentia ótima e preparada, além de estar molhada e quente o suficiente com apenas alguns detalhes. O pênis espesso a invadiu e ela gemeu entre dor e prazer, ele estava por toda parte, preenchendo-a completamente, rígido demais. Noble abriu a boca mas não emetiu som algum, enquanto a expressão dele parecia mais dolorida do que a dela.
Lentamente, ele se moveu e soltou um grunhido suave, ela não foi tão retraída, gemeu alto ao sentir aquele pedaço de carne deslizar por todas suas terminações nervosas.
Doía um tanto, mas valia a pena para o sentir maravilhosamente dentro dela.
— Avise-me caso a machucar, você é tão pequena.
Foda-se, ela queria rápido e forte. Apertou os pés na cintura dele e o puxou mais, fazendo com que o pênis fosse mais profundamente em sua vagina. Sim! Ótimo, ela nem sentia mais dor, queria tanto aquilo e agora estava com o seu objetivo.
— Você é maravilhoso...
Uma mão dele segurou sua nuca, prendendo o seu cabelo com força e a deixando com o rosto rente ao dele. Suas orbes de ouro estavam um pouco mais escuras e com as pupilas diferentes, Kaira o encarou e amou a sensação de fazer aquilo tão lentamente enquanto se olhavam fixamente.
Não seria capaz de desviar o olhar.
A palma vazia passeou por baixo do corpo dela, deslizando por sua coluna e agarrando sua bunda bruscamente. Ela ofegou, satisfeita pelo aperto. Ele retirou um pouco e empurrou de volta, lento e duro, levando ela ao paraíso. Tocara em um ponto magnífica dentro dela e Kaira gemeu alto.
— Mais rápido — pediu e tentou o beijar, era uma tentação olhar a boca dele semiaberta, com as presas de fora e não poder beijá-lo. — Por favor!
Fincou as unhas na pele das costas dele ao abraça-lo com mais força, os peitos se tocaram e os lábios se juntaram num beijo sôfrego e intenso. Gosto de sangue chegou em sua língua, mas ela não sentia dor alguma, então apenas se deixou levar. Noble, ao contrário de Kaira, estava ciente de tudo e gemeu de prazer com o gosto do sangue dela.
Seu quadril se afundou contra o feminino, chegando no fundo e voltando, o fez uma vez e mais outra, deliciando-o com o quanto era quente e apertado. Precisou ser rápido e intenso, talvez um pouco rude. Ela soltou os seus lábios e Noble sentiu quando os dentes lisos seguraram a pele de seu ombro com força, querendo penetrar sua pele. Porra, como era bom quando ela agia assim. Rugiu com força, completamente maluco quando as unhas rasparam com intensidade por sua pele, fazendo com que ardesse como fogo.
Era a melhor dor de sua vida.
Noble largou as madeixas castanhas e desceu as mãos até a cintura dela, agarrando-a com força e penetrando o pênis no pequeno corpo mais intensamente. Golpeava o quadril contra o dela, rápido e duro, sentindo seu coração batendo dentro do peito como se estivesse prestes a explodir.
Não pode se conter, não quando a intimidade feminina se apertou ao redor do seu pau, prendendo-o. Com um rugido alto e agressivo, exatamente como um leão, sua semente foi liberada dentro dela enquanto ainda forçava alguns movimentos para dentro, enfim parou e desmoronou, mantendo-se completamente acolhido por ela.
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