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Verdade ou Mentira

Tampões de ouvidos protegiam a audição de Kaira contra os barulhos intensos dos tiros e óculos de proteção protegiam seus olhos dos gases quentes, lascas e de partículas de chumbo. Ela puxou, com certa dificuldade, a corrediça da pistola e suspirou, suas mãos estavam suadas pelo nervosismo e o clima gélido do ar começava a incomodar.

Kaira ajeitou a arma na mão dominante e com a esquerda sustentou o peso, separou um as pernas e levantou a mira, tomando cuidado para manter os dedos longe do martelo da pistola, assim como Tim comentara antes.

Mirou abaixo de onde queria acertar e puxou o gatilho, sentindo a pressão da arma logo após em todo o seu braço, o recuo fazia sua pele formigar.

— Droga! — praguejou, a bala estava bons centímetros longe de onde mirava.

Uma mão tocou seu ombro e Kaira abaixo a arma, mantendo-a mirada para o chão.

— Você foi bem, Kaira — Trey comentou, apertando seu braço levemente, então os olhos dele desviaram para as cabines o lado da dela. — Uma pena que não posso dizer o mesmo dos seus amigos. Kismet aperta o gatilho como um maluco, Salvation mais rosna para a pistola do que atira — Kaira cobriu a boca, escondendo um riso. Ela sabia que Salvation odiava armas. — Forest é bom, mas parece incomodado com tudo e Noble — Trey riu alto. — Acho que brigar no mano a mano é mais a cara dele, olhe só para aquilo!

Sim, Trey tinha razão, Noble com certeza não estava se dando nada bem com a pequena pistola — ao menos era como podia chamar a arma quando ele a segurava — Kaira balançou a cabeça e deixou a arma sobre a banqueta do estande.

— Vou ajudar ele.

— Você quem sabe — o homem se afastou e ela hesitou um pouco, mas no fim das contas começou a caminhar lentamente até o amigo.

Aproximou-se de Noble e, com a mão direita, tocou a base da coluna dele. Automaticamente os olhos cor de âmbar se voltaram para ela, o dourado praticamente cobria as pupilas estreitas e negras; havia algo de assustador na feição séria, principalmente com toda a cabeleireira amarrada para trás.

— Tudo bem aqui? — perguntou quando ele tirou a proteção e deixou a arma de lado.

— Tudo péssimo — ele rosnou. — Trey disse que não pode me dar uma arma maior até conseguir lidar com esta.

— O que há de errado? — aproximou-se mais. — Além da pistola ser miúda para você, claro.

— Isso é uma merda, tudo ruim: o cheiro, o barulho e Trey ficou gritando na minha cabeça, quase soquei a cara dele.

— Ora, vamos lá — sorriu para ele, empurrando-o até a arma. — Pegue a pistola como nos ensinaram e mira para o chão, depois puxa o martelo... Isso — ela assentiu, observando-o seguir os passos. — Agora afasta as pernas, não assim, mantenha a esquerda na frente, sempre o oposto da mão dominante, que no seu caso é a direita.

— Hm, estava segurando com a esquerda antes, acho que por isso estava tão ruim.

— Burro do jeito que é, não duvido nada — brincou, rindo da careta dele. — Ótimo, treina sua mira com o dedo fora do gatilho, quero ver a posição dos seus braços.

Ele fez como ela disse e Kaira foi para à direita dele, observando a posição dos antebraços. Ergueu um pouquinho o cotovelo direito, ajudando-o e sorriu, satisfeita. Parecia ótimo agora.

— Agora tenta de novo — ela se adiantou e o ajudou, ajustando os equipamento no rosto dele. Fez um sinal positivo com o dedão e arrumou a própria proteção e se afastou para olhar de longe.

Noble foi melhor do que antes, embora ainda parecesse desajeitado naquele espaço.

— Eu tenho certeza de que com bastante treino você vai ficar ótimo!

— Quero ir embora — ele revirou os olhos. — Posso usar um facão, como o meu pai.

— E então seria impossível diferenciar um do outro — Kaira riu. — Imagina... chego na sua casa e Valiant está de costas na cozinha, então eu me jogo nas costas dele!

— Ele ficaria puto, você sabe...

— Valiant odeia que outras fêmeas o toquem, acho isso legal.

Noble balançou os ombros.

— Acho que qualquer um que tenha uma companheira fica irritado quando outra fêmea os toca mais do que o necessário.

O coração dela palpitou dolorosamente e Kaira puxou o ar com força para dentro dos pulmões, como se isso fosse o suficiente para fazê-la não se sentir ruim.

Será que Noble se importaria se outras mulheres além dela o tocasse intimamente?

Esperava que sim, embora não tivesse uma resposta definitiva, não depois do evento em que se separaram.

Não queria pensar no sentimento de rejeição ou ficaria novamente com sua estima no chão, sentir-se insegura e ansiosa não eram suas coisas favoritas no mundo, na verdade odiava se sentir assim, como se o seu valor já não fosse mais o mesmo de antes, quando o era.

Nunca iria permitir que os pensamentos fracassados que permeavam sua mente tomassem conta de tudo, não mesmo! Ainda era Kaira e ela não seria uma perdedora; não era sua arrogância falando mais alto, era apenas ela com medo de se afundar em sentimentos ruins.

Eu sou forte, mentalizou, sou linda.

Ninguém a machucaria ou a colocaria para baixo, não enquanto tivesse forças para lutar contra toda aquela merda mentalmente.

— Kaira?

Ela balançou a cabeça, Noble a chamava.

— Hum?

— Você está bem? — ele perguntou, perscrutando-a. — De repente ficou com um olhar estranho.

— Estou bem! — sorriu, começando a se distanciar. — Continue treinando, a prática leva a perfeição!

Disse aquilo olhando para ele, no entanto era para si mesma que aquela frase servia.

Kaira deixou os equipamentos de proteção em uma mesinha de aço ao lado da porta e saiu do estande de tiro. Ela caminhou por um longo corredor e virou a primeira direita, entrando em uma sala pequena e cheia de computadores, onde Trey estava sozinho. O soldado olhava, relaxado, para a tela que dava na câmera da sala de treinos.

Ele olhou para trás quando Kaira entrou.

— E ai, se cansou?

— Amanhã eu continuo, não estou muito animada agora — jogou-se em uma cadeira de rodinhas e ficou girando de um lado para o outro de olhos fechados. — Por que nós temos que treinar, Trey?

— Porque um dia serão eles os defensores dos muros.

— E onde eu me encaixo? — perguntou, extremamente curiosa.

— Eu não sei... onde você quiser.

— Gosto das armas, mas não é como se minhas veias pegassem fogo quando estou com uma nas mãos.

— Como assim?

Ela abriu os olhos e parou de girar.

— Quero dizer que não é minha coisa favorita, como dançar ou jogar, não chega nem aos pés de beijar.

— Uh — ele começou a rir e Kaira acompanhou, a risada de Trey era empolgante. — Você com certeza sabe muito sobre beijar.

— Não zoa com a minha cara — ela chutou as rodinhas de cadeira dele. — Quero dizer que atirar não é grande coisa e os Novas Espécies concordam comigo. Você já os viu lutar? — Trey assentiu. — Aquilo sim é divertido, atirar é só mirar e puxar o gatilho, é exatamente como pegar um controle e apertar o botão.

Trey girou e colocou os pés, calçados com botas de combate, sobre a mesa de computadores.

— Então você quer aprender a lutar, Kaira?

Ela assentiu.

— Talvez uma fêmea Nova Espécie possa a ensinar, algumas delas realmente sabem colocar um homem no chão.

— Eu gostaria!

— Vou arranjar isso para você — Kaira se levantou com rapidez e o abraçou pelo pescoço, feliz de verdade. — Okay, okay, só não me enforca!

— Você é o melhor, Trey!

— É, eu sei, eu sei — o brilho nos olhos dele era de diversão. — Mas é bom que todos vocês sabiam se defender de alguma forma, nunca se sabe quando um dos babacas vai atacar. Lembre-se sempre de manter um olho bem aberto, principalmente com humanos novos.

— Você é humano — brincou. — Eu não deveria confiar em você?

— Estou há tanto tempo com Novas Espécies que me sinto mais a vontade com eles do que com os outros fora dos muros. Qual é? — ele riu. — Eles são incríveis e as mulheres — Trey passou a língua pelos lábios. — São lindas e fortes.

— São sim!

Eles continuaram conversando sobre muitas banalidades, desde treinos a mulheres com quem ele ficava. Trey era bastante sincero e falava abertamente com ela, independente de sua idade e de ser uma garota, por isto gostava tanto dele e dos outros membros da Força Tarefa, embora Tim seja o mais irritado e falasse com ela como se ainda fosse uma criança.

Além de que, para Tim, o fato de ela ser uma garota era um problema.

O machismo dele a cansava.

Kaira se levantou e caminhou pela sala quando Trey saiu para pegar cervejas. Ela olhou, interessada, para uma papelada enorme em cima de um CPU e pegou algumas folhas, passando lentamente os olhos sobre as várias letrinhas miúdas. Palavras como Gegen Arten e Deutsche chamaram sua atenção, ela não fazia ideia do que significavam ou que língua era aquela, mas o desenho folha abaixo ela entendeu com perfeição.

Há algum tempo atrás, do qual ela não se recordava muito bem, embora soubesse de toda a história, Novas Espécies escolheram uma bandeira para os representar; composta por um triângulo equilátero branco à esquerda e com duas faixas horizontais, uma azul, que representava a nobreza e a outra vermelha escura, demonstrando força e coragem. Dentro do triângulo havia três símbolos distintos, cada um representando os Caninos, Felinos e Primatas.

Era uma excelente bandeira e símbolo, respeitado entre todos.

Entretanto, no desenho em questão, esta bandeira parecia amassada e partida, envolta em um círculo avermelhado e claro, como sangue, com um símbolo de proíbido por cima.

Quem raios faria aquilo?

A porta se abriu de repente e Kaira se assustou, mas era apenas Trey voltando.

— Estava me perguntando que tipo de cerveja você tomaria, mas não conta para ninguém que eu tô de dando isso — ele fechou a porta com o pés, pois as mãos estavam ocupadas com garrafas. Ela se virou, com aquele desenho horrível e esperou que Trey prestasse atenção — Kaira?

— O que isto quer dizer?! — ergueu a folha, apontando para aquela droga. — Que merda é essa?

A expressão de Trey passou de despreocupada para surpresa e depois para séria, ele deixou as cervejas de lado e se aproximou de Kaira.

— Me dê o papel, isso não é assunto seu.

— Você tem razão — ela sorriu, irônica. — O assunto não é somente meu, é de todos que vivem aqui e fazem parte do que esta bandeira significa. Agora me diga a verdade, o que isto quer dizer? Estamos sobre ataque de um novo grupo de humanos perseguidores?

— Eu... Eu te contaria tudo, sério, mas é assunto confidencial, gracinha.

Ela negou, balançando a cabeça.

— O que quer dizer Gegen Arten, Trey? — ele abriu a boca, mas ela continuou, não o deixando falar. — É bom dizer ou eu vou pesquisar até encontrar a resposta.

Ele deu um passou para a frente, se aproximando mais.

— Você não pode me ameaçar — Trey ergueu as sobrancelhas. — Eu sou um soldado treinado, não tenho medo do que uma menina pode fazer.

— É mesmo? — Kaira deixou a folha junto das outras e esbarrou no ombro de Trey enquanto saia da sala. — Acho que os outros vão adorar saber que estão se escondendo atrás de segredos, aposto que Justice tem dedo nisso, aliás... Valiant e meu pai sabem?

— Kaira...

— Jericho? — ela olhou para trás, parada na passagem. — Sabe, ele odeia mentirosos.

Trey se adiantou e a puxou pelo o braço, fazendo com que voltasse para dentro da salinha e fechou a porta. Kaira não sentia medo dele, embora com certeza devesse ter, foi com um suspiro que ela se sentou na cadeira, esperando que ele falasse a verdade.

— Gegen Arten quer dizer Contra Espécies, são palavras de origem Alemã, por isso está escrito Deutsche no texto.

— É realmente um novo grupo, não é?

Ele negou.

— Não tão novo, de certa forma. Eles atacaram a Reserva anos atrás, especificamente há oito anos atrás, depois que nós encontramos um dentre os esconderijos deles e salvamos meia dúzia de Novas Espécies, contando com...

— Com?

— Droga, não estou autorizando a falar sobre isso com ninguém — ele abriu um sorriso azedo. — Você é uma garota má, sabia?

— Já ouvi isso antes, agora continue.

— Aurora, sua irmã, foi a primeira e única Espécie filhote que encontramos lá.

Kaira ligou uma coisa a outra rapidamente, visto que ainda pensava no ataque que ocorrera quando era criança, ocasionalmente no mesmo dia em que fugira com Noble e um tempo depois da chegada de sua irmã na Zona Selvagem.

— Eles queriam Aurora de volta — aquela não era uma pergunta, mas uma afirmação. Trey concordou. — Por quê?

— O palpite é reprodução, levando em consideração que esta tem sido a grande pesquisa dos pequenos grupos de doentes que mantiveram Espécies presos. Aurora, de alguma forma, nasceu naturalmente, isso quer dizer que os filhotes não são mais um segredo e que provavelmente existem outros, talvez não fêmeas, mas machos com certeza.

— Então por que o resto do mundo não sabe a verdade?

Trey deu de ombros.

— Por que chamariam atenção? A incógnita faz com que o tráfico funcione com facilidade.

Kaira sentia vontade de vomitar ao pensar em crianças Novas Espécies sendo vendidas para vários fins horríveis, desde trabalho escravo a violência sexual. Humanos faziam coisas assim com pessoas normais, ela não queria pensar no quão pior tratavam os Espécies. Seus olhos arderam, mas ela segurou as lágrimas, determinada a não chorar.

Ela queria vingança por aquilo.

— Infelizmente, Kaira, dentre as atividades criminosas mais rentáveis do mundo, o tráfico de pessoas é impressionante e doentio. Novas Espécies para eles são menos do que isso, é fácil os manipular desde o nascimento e vendê-los.

— Isso é nojento!

— Eu sei — Trey murmurou. — Humpf, ossos do ofício. Aaron, um dos nossos, foi contratado especialmente para lidar em campo em outros países, ele tem sangue russo e muitos contatos, você ficaria impressionada com o tanto de sujeira que ele sabe.

— Pensei que a ONE tivesse uma rede de informação excelente.

— E nós temos, gracinha, mas a merda embaixo do tapete poucos conseguem acessar.

— Entendo — ela se levantou, ainda enojada. — E onde encontraram o símbolo deles?

— Os filhos da puta ostentam essa merda no pescoço, como uma tatuagem, todas as informações que conseguimos deles foi depois do ataque. Muitos foram pegos e interrogados, Darkness fez um bom trabalho.

Sim, ela podia imaginar o enorme macho fazendo com que os humanos mijassem nas calças.

— Eu imagino — Kaira pegou uma cerveja, abriu e bebeu tudo de uma vez só, ainda entorpecida com todas as novas informações. Por que aquela merda não acabava? Por que não deixavam os Novas Espécies em paz? Ela olhou brevemente para a tela onde seus amigos estavam, eles tinham parado com o treinamento e se reuniram; davam risadas e sorriam uns para os outros. Deus, eles eram bons, não mereciam que tantas coisas ruins acontecessem com seu povo. — Vou ir para casa, Trey.

Kaira deu as costas para ele, entretanto parou quando Trey voltou a falar.

— Valiant, Leo e Jericho sabem de tudo, agora você também, mas isso não quer dizer que você precisa preocupar seus amigos.

— Você por acaso não pensa? — Kaira bufou. — Eles são o futuro, o legado de seus pais, merecem a verdade. Um dia eles podem ter de lidar com isso e eu não quero ser chamada de mentirosa pelos meus melhores amigos, não vou guardar segredo, me desculpe.

— Que seja, eu só acho que essas pessoas já sofreram o suficiente, está nas suas mãos... o que prefere, uma mentira doce ou uma verdade dolorosa?

Kaira o observou por cima do ombro, sorrindo de modo desafiador.

— Sempre a verdade, Trey, seja ela qual for.

Fechou a porta atrás de si quando saiu e caminhou lentamente pelo corredor, como se estivesse a caminho da guerra.

Quão horrível era aquela situação?

Ela era jovem e entendia que a vida não era um conto de fadas, queria falar a verdade para seus amigos, expôr a realidade, mas por que parecia que de repente havia algo em sua garganta a impedindo de falar?

Sim, a vida de nenhum deles era fácil, não quando estavam cercados com muros e com pessoas más do lado de fora, prontas para os atacar verbalmente e fisicamente. Havia preconceito e ódio, Novas Espécies lidavam com isso todos os dias, uns mais do que outros.

E agora que sabia que havia muitos deles ainda em cárcere, seu coração doía.

Pobres filhotes.

Novamente seus olhos se encheram d'água, mas Kaira se controlou, pois do lado contrário do corredor vinham seus amigos. Ela disfarçou, olhando para o chão conforme os passos deles se aproximavam, enquanto sua mente pensava em mil e uma formas de contar a verdade.

— Kaira! — Forest a chamou, sorrindo de orelha a orelha. — Você saiu cedo, o que foi fazer?

Ela ergueu a cabeça e abriu a boca, pronta para despejar as recentes informações, no entanto as expressões quentes e animadas dos jovens machos a impediram; eles estavam felizes, não havia prisão ou tráfico em suas mentes, estavam em paz. Livres. O bolo em sua garganta pareceu aumentar, assim como a vontade de chorar.

— Eu...

— Você? — Salvation a encorajou, igualmente sorridente.

Kaira desviou os olhos pelas feições curiosas e calmas de Noble e Kismet, dando-se conta de que era incapaz de falar a verdade.

— Ah! — ela fingiu um sorriso. — Vamos para o refeitório, eu tô faminta!

No fundo, talvez ela também fosse uma hipócrita.

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