Stella estava realmente preocupada com a reação de sua pequena filhinha em relação ao macho sentado ao lado dela, segurando com força sua cintura; ele exalava dominação por todos os poros do corpo e isso a deixava ligada, no entanto, só de pensar em ficar excitada no meio de tantos Novas Espécies ela já se controlava.

Seria vergonhoso, ainda mais numa situação como aquela.

Tremeu levemente nos braços de Leo e o macho se aproximou mais, praticamente a colocando em seu colo. Um leve rosnar partiu do peitoral masculino quando eles se roçaram, as mãos dele indo direto para o abdômen dela.

— Relaxe, fêmea — ele murmurou. — Sua filhote vai gostar de todos nós pelo que você me contou sobre ela.

— Espero que sim — Stella riu de nervoso. — Kaira pode ser tão geniosa quanto você, quero tanto que vocês dois se dêem bem!

— Nós vamos — ele ronronou contra ela, lembrando um gatinho, mas a mulher sabia que de manso aquele macho não tinha nada.

O nervosismo dela aumentou ainda mais quando o helicóptero sobrevoou a casa de campo em que sua mãe morava sozinha, era muito próxima de uma floresta e isolada, onde sua garotinha com certeza passava os dias correndo e aprontando.

Não tinha avisado sua mãe ou a criança, na verdade tudo que estava acontecendo em sua vida parecia uma loucura.

Fora contratada pela ONE para trabalhar com alguns animais na Reserva e quando menos percebera estava nas mãos de um enorme felino. Leo literalmente a tomara para ele sem hesitar e, bem, Stella realmente não podia reclamar do sexo maravilhoso que eles fizeram e do quão bem ele cuidava dela.

Era o paraíso estar com ele e tiveram as melhores semanas juntos, até descobrir que estava grávida.

Bem, essa foi uma grande surpresa e um segredo dos Novas Espécies e agora dela, já que seria mãe de um deles.

— Oh, meu Deus — murmurou feliz ao ver sua mãe e Kaira na portão da casa, ambas olhando surpresas para o helicóptero. — Preciso tanto abraçar a minha garotinha, que saudade!

O piloto pousou numa área ampla e Leo a ajudou a descer, pois era alto. Stella respirou fundo e segurou a mão de seu companheiro com força, sua ansiedade era tanta que todos podiam sentir. Caminharam juntos por alguns metros à frente até que um grito feliz e estridente soou pelo caminho, fazendo com que os olhos da mulher se enchessem de lágrimas.

— MAMÃE!

Stella largou a mão de Leo e se colocou de joelhos na grama, esperando o delicioso abraço cheio de saudade.

Kaira era uma visão e tanto, correndo através de flores e árvores com seu vestido azul e os fios de cabelo castanhos soltos ao vento. Aquela imagem ficaria para todo o sempre guardada no coração de sua mãe.

— Minha bebê! — murmurou ao sentir o forte impacto do corpo pequeno contra o seu e não pode segurar as lágrimas. A última vez que vira Kaira pessoalmente fora há mais de um mês e agora nada seria capaz de separá-las. — Como senti sua falta, linda!

— Mamãe, a senhora voltou! — elas se abraçavam com força e Stella ficou surpresa ao ver que sua pequena chorava. Beijou cada uma das lágrimas e Kaira gargalhou, feliz. — Senti tanto a sua falta, mamãe, não me deixe mais!

— Nunca mais, princesa, eu juro! — beijou uma última vez a testa de Kaira e se ergueu. — Acho que você cresceu alguns centímetros.

— Mesmo?!

A felicidade que viu naqueles olhinhos era o que a fazia desejar que Kaira nunca crescesse.

— Com certeza, já é quase uma mocinha.

— A vovó me fez comer beringela e espinafre, disse que assim eu iria ficar mais forte e alta! — o sorriso animado e banguela de sua criança era a coisa mais fofa do mundo. — Minha fantasia da mulher-gato chegou, mamãe, tirei várias fotos com ela, tem que ver!

Stella ouviu alguns risos atrás dela e achou que aquele era o momento ideal para apresentar sua pequena ao Leo. Bom, pelo menos ela gostava de felinos.

— Venha cá, meu amorzinho — puxou a mãozinha dela. — Tem alguém muito importante que quer te conhecer.

Ao contrário de muitas crianças, Kaira não era tímida na presença de desconhecidos. A menina abriu um sorriso empolgado e sua mãe revirou os olhos, não seria difícil fazê-los amarem ela. A levou até onde Leo estava e ficou prestando atenção nas expressões da criança, a primeira impressão sempre era importante.

Os olhinhos azuis e espertos vagaram por todos os rostos, desde os humanos aos Novas Espécies, os últimos claramente a deixando curiosa.

Leo era o que estava mais próximo e manteve os olhos sobre as duas, pensando que teria mais uma fêmea para cuidar e dar carinho.

Kaira o encarava de volta com intensidade e boquiaberta, ela até mesmo precisou inclinar a cabeça para vê-lo por inteiro.

— Ele é bem grande, mamãe — Stella gargalhou, concordando com um aceno. — O senhor deve ter comido bastante beringela e espinafre!

Leo se colocou sobre um joelho e eles se encararam mais de perto, estava impressionado por ela não ter medo, parecia apenas curiosa e animada.

— O meu nome é Leo — apesar da voz forte e grossa, o macho tentaria ser o mais gentil possível com a pequena humana. — E com certeza eu comi bastante.

— Eu sou Kaira!

Num impulso rápido, ela largou a mão da mãe e se jogou nos braços dele, abraçando-o pelo pescoço e rindo. Leo estava confuso e Stella preocupada, Kaira sempre se atirava sem hesitar e ele não estava acostumado com aquilo.

Ele olhou para baixo e os olhinhos infantis admiraram os olhos diferentes do felino.

— Olhos de gatinho — ela tocou o rosto dele com uma mãozinha e sorriu. — Eu gosto de gatos, amo gatos!

Os homens atrás riram daquele comentário, principalmente os Novas Espécies. Leo apenas não rosnou porquê a pequena estava tão próxima que a assustaria e ele se tornara um macho diferente depois de conhecer sua companheira.

— Eu também gosto deles, pequena — segurou ela entre os braços e se levantou, levando-a consigo. Depois voltou os olhos até a sua fêmea, ela parecia orgulhosa e ele também estava. Faltava pouco para voltarem para casa e os dias dele nunca mais seriam tristes e solitários. Ela teria o seu filhote e já considerava Kaira sua. Era um macho de sorte. — Vamos falar com sua mãe agora?

— Sim — Stella soltou um riso baixo e Leo se aproximou dela, roçando as laterais de seus corpos. — Ela vai gostar de você, amor.

Ele pegou a mão dela e juntos foram até a casa, enquanto Leo contava os segundos para voltar até a Reserva.