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Pontos Vitais

— Eu posso fazer o que quiser — declarou em voz alta, encarando seu próprio reflexo no espelho. O roxo na bochecha não fez com que se sentisse menos forte. Era só uma marca, uma lembrança por ter demonstrado fragilidade, por ter falhando em se proteger. Um símbolo que mostrava o quanto precisava melhorar.  — Só preciso me esforçar.

Kaira colocou um chiclete na boca e jogou o papel no lixo, deixando o banheiro feminino da academia.

Era tarde do dia e ela tinha bastante tempo para treinar, levando em consideração que entregara seus trabalhos da faculdade. Caminhou despreocupada pelo prédio, seguindo até o fundo onde estavam as paredes de escalar e o ringue logo a frente. Usava roupas folgadas e confortáveis, mais do que pronta para continuar de onde parara.

— K. — Aurora sorriu gentilmente ao vê-la, o calor daquele gesto chegando em seus olhos, cuja cor verde-amarelada brilhava. — Pronta?

— Nasci pronta, irmãzinha.

Ao invés de subir no ringue, como sempre fazia quando estava com Trey e Breeze, ela foi para atrás dele, em um espaço amplo e liso, com um único boneco de pancada no meio. Ele era bem realista e estava novinho, ninguém ali o usara em todo aquele tempo.

Eles não precisavam, então Kaira o adotou.

Olhou a pele de borracha e sorriu, circulando o objeto que era maior do que ela; braços, pernas e cabeça. Era perfeito para o que ela queria fazer.

— Nós precisamos dar um nome para ele, o que acha?

Aurora encarou bem o rosto do boneco. Não era bonito. Parecia que o nariz dele fora quebrado no passado, era careca e com uma boca de alguém que nunca sorria, levemente curvada para baixo. Não era o tipo dela, de qualquer modo.

— Ele tem cara de Franklin.

— Franklin? — ela não fazia ideia de onde Aurora tirou aquilo. — Tipo Benjamin Franklin? Ele não tem cara de cientista ou diplomata. Tem cara de quem levou uma surra e comeu comida estragada no almoço.

— Sei lá, só pensei nesse nome, não no Benjamin Franklin. Talvez William Franklin, mas ele era advogado, não acho que ele lutou.

Kaira riu.

— Já que estamos falando de políticos, que tal Thomas Jefferson?

— Por quê Thomas Jefferson? — Aurora perguntou.

— Assim eu vou poder bater na cara do homem que deixou de incluir as mulheres na constituição!

Aurora balançou a cabeça, rindo.

— Parece bom, vamos chamá-lo de Thomas Jefferson então.

— Jeff para os íntimos — Kaira brincou. — Agora vamos começar!

A irmã se sentou na beirada do ringue e abriu o livro de luta. O Kyusho, junto com as técnicas de Tuite, poderiam ser descritas como as habilidade de manipular os pontos vitais de um adversário, de modo que ela poderia neutralizar um ataque e manter o controle sob o individuo, dominando a situação.

Era exatamente do que ela precisava, utilizar o corpo humano do seu adversário como seu maior aliado.

De repente, aquilo que parecia ser o mais brutal — a força muscular do seu inimigo — se tornava a fenda na armadura que ela precisava. Podia não ser grande ou forte, mas era inteligente.

Não era o seu cérebro sua maior arma?

Kyusho eram os pontos vitais — de pressão — do corpo humano e Tuite significava pressionar ou bater em tais pontos, com o objetivo de conseguir o máximo de efeito com esforço mínimo, permitindo assim que o praticante utilize suas técnicas de luta de modo mais eficaz, independente da idade, tamanho e força física.

Não era genial?

Na verdade o Kyusho era utilizado tanto para fins de combate, quanto para fins medicinais, sempre andando juntos, a Arte Marcial e a Arte da Cura, como a Medicina Tradicional Chinesa e o Reiki. Ela tinha pesquisado bastante num momento de frustração.

“Técnicas de luta para pessoas pequenas”, aquela não fora a primeira a aparecer, mas com custo a encontrou. O Kyusho era associado ao Karatê, mas na verdade o Kyusho estava mais para um complemento a sua arte marcial, portanto, sempre seria possível estudá-lo em qualquer arte marcial.

— Pelo que estou lendo aqui você pode ser capaz de golpear de muitas formas. Existem os pontos de agonia, golpes que em anos posteriores darão origem a complicações e doenças, pontos que extinguem temporariamente a vitalidade, pontos que suspendem o movimento durante 3 ou 7 dias, há também aqueles que suspendem o movimento temporariamente e os pontos de dor — Aurora leu bem rápido e ergueu os olhos para ela. — Fique com essas mãos bem longe de mim!

— Eu nunca te machucaria — Aurora ergueu as sobrancelhas. — Não de verdade.

Kaira ignorou o olhar duvidoso da irmã.

— Vamos começar com os golpes básicos, você lê e me diz como faz.

— Isso é tão difícil — Aurora murmurou, folheando as páginas e olhando para as explicações de luta com estranheza. — E assustador, com todas esses desenhos de corpos e seus pontos frágeis.

— É apenas um livro — piscou para Aurora. — Ter medo do conhecimento é tolice.

🌡️

Kaira nunca mais olhou suas orelhas com naturalidade depois de aprender que se, por acaso, levasse um golpe com os dedos na parte posterior junto ao crânio poderia sofrer de paralisia momentânea e perder seus reflexos dimensionais.

Abaixo do ouvido também provocava perda de reflexos, danos neurológicos de impulsos nervosos parciais, provocando paralisias temporária dos braços e da musculatura peitoral.

As têmporas também eram interessantes, pois se atingidas poderiam causar desorientação e desmaio, com perigo de coma imediato ou ação neuro vegetativa… bem, ela não queria passar o resto da vida como um vegetal.

Os olhos, ao serem acertados em seu centro com os dedos, acarretava a perda de visão no momento e até mesmo hemorragia interna ou o deslocamento da retina.

Acertar o nariz por baixo faria a pessoa sangrar e, dependendo da força, o quebrar; impedir a respiração nas vias aéreas superiores era consequência, assim como uma possível convulsão.

Golpes frontais na garganta geravam perda de respiração, golpes laterias fraturas e se houver grande lesão na traquéia a morte. Golpes direito no pescoço e depois no peito acarretarão na perda de respiração.

Na nuca causava paralisia, caso contrário a pessoa perderia os sentidos e teria convulsão por alguns minutos sendo que, ao acordar, ainda poderia ter perde de visão temporária. Mandíbula gerava choque; a clavícula poderia ser fraturada e adormecer a região facial; o cotovelo era um ponto interessante também, porque além da pessoa perder os sentidos com a dor, ela também perderia os reflexo do ombro até a mão.

Haviam vários outro pontos, mas aqueles na cabeça e peito eram os que mais chamavam sua atenção, principalmente pelos nomes que aqueles estilos tinham, como por exemplo:

O estilo do tigre ou leopardo se referia a golpes verticais ou até mesmo chutes laterias na base do crânio. O estilo Louva-deus era aquele em que se usava a ponta dos dedos médio e indicador nas orelhas.

O seu preferido se chamava socos do dragão, com socos nas laterais das costelas, preferencialmente entre as costelas cinco e seis, para atrapalhar a função pulmonar.

Havia sido simples entender os golpes e pontos, ela estudava enfermagem e conhecia o corpo humano, então aquele estilo de luta servira como uma luva. Entretanto, não era fácil administrar tudo enquanto lutava, ela não podia simplesmente ir para cima do adversário e tentar aplicar os golpes, levaria um único soco que a derrubaria.

Era mais difícil do que parecia.

Pensar e desviar de Breeze ao mesmo tempo se tornou um pesadelo, não era como Jeff — o boneco — parado e esperando para levar uma surra. Dentro do ringue ela era o saco de pancada, fugia mais do que batia e aquilo começava a ficar frustrante.

Naquele momento estava encurralada contra a corda e seus movimentos de fuga já eram previsíveis demais para Breeze, que era rápida e alta, a mais forte entre as fêmeas Novas Espécies. Kaira olhou no fundo dos olhos da amiga e correu em direção a ela, esquivando-se para à direita no último segundo.

Seu objetivo era correr para o outro lado e manter uma boa distância até que o fogo em seu abdômen se alatrasse por completo, porque o sentia queimar embaixo de sua pele, no lado esquerdo onde Breeze a golpeou antes.

Mas Breeeze a agarrou pela cintura e Kaira se debateu com força, chutando-a e socando, até que seus rostos estivessem frente à frente. Soltou um gemido quando seu corpo foi erguido do chão e fechou os olhos com força, pois os sentiu queimar quando Breeze a derrubou de costas e com força, ainda a mantendo dentro de um abraço de ferro.

Seus pulmões doiam quando respirava.

O que eu faço? Pensou, tentando não deixar que os instintos a fizessem bater no chão do ringue em desistência, era muito fácil deixar o desespero tomar conta quando todas as partes do seu corpo imploram por calmaria.

Ela odiava a própria fragilidade, principalmente o modo como todo o seu sistema reagia como um covarde; sempre fugindo e desistindo.

Kaira detestava pessoas fracas, não aquelas pequenas e sem muito força muscular, mas aquelas que desistiam no primeiro obstáculo, que não acreditavam em mudanças e melhorias. Não queria ser uma delas.

Era uma mulher forte e imagem de frágil e perdedora ela não aceitava.

Era hora de lutar… ao seu modo.

Precisava resistir ao aperto de aço, talvez...

Choramingou, fechando os olhos e inclinando a cabeça para trás, apertando seus dedos contra os ombros de Breeze. Consequentemente os braços dela se afrouxaram ao seu redor e Kaira sorriu por dentro.

Fácil, fácil.

Subiu mais a mão direita, aproveitando que Breeze mantinha os braços em sua cintura e o rosto a altura dos seus seios. Ótimo, ótimo demais. Kaira pressionou o ponto entre a palma da mão e o pulso contra o nariz da fêmea, sobre as duas narinas, e com força empurrou para trás, sobrepondo todo o peso do seu braço naquele gesto.

Breeze rosnou impaciente e a encarou com os olhos brilhando em surpresa, fúria e dor. A brecha perfeita. Saiu daquele aperto, deslizando suas costas para trás até que pudesse usar os pés para a chutar. Vozes gritaram do lado de fora do ringue, mas Kaira estava presa demais em sua própria mente, seu cérebro funcionando e a ajudando a criar possibilidades. Ataques e defesas. Ele sempre fora seu maior aliado. Atingiu primeiro o ponto entre a clavícula e o pescoço da fêmea, Breeze perdeu o equilíbrio por um momento e despencou sobre o braço direito.

Kaira ergueu o pé novamente e mirou na testa de Breeze. Ela teria piedade, mas então se lembrou daquele roxo. Piedade era para os fracos e a sua adversária era forte.

Acertou o chute e depois se ergueu do chão.

Era a primeira vez que aquilo acontecia.

Primeira vez que estava acima dela e não embaixo. Aquele não era o seu lugar, mas sim o que estava agora.

Aquela força subia a cabeça, deixando-a ainda mais orgulhosa.

— Levante-se — seus lábios se repuxaram em um sorriso sem mostrar os dentes e ela provocou exatamente como a outra fizera antes. — Não vai desistir, não é?

Breeze se ergueu velozmente e cortou a respiração de Kaira ao pegá-la novamente, desta vez com mais força e com a rosto virado para o chão, mantendo o nariz e os olhos longe dela.

No entanto, experimentar aquela sensação de grandeza, de poder e força a enchera de coragem e determinação. A posição dos seus braços nas costas de Breeze não era boa, não podia usar força bruta, então fechou os dedos da mão direita em um punho e atingiu a fúrcula dela. Momento único em que a fêmea se inclinou para trás e Kaira manteve o braço direito de Breeze preso embaixo do seu esquerdo, usando todo o lado direito do próprio corpo para a golper, punhos e pernas, acertando o estômago da fêmea com seu joelho, enterrando-o com força em carne e ossos, enquanto persistia seus socos contra o nariz danificado anteriormente.

Kaira usava luvas, então não sentia os impactos direto em sua pele, ainda bem, porque se o fizesse sentiria mais dor do que Breeze. Ergueu os olhos para o rosto que estivera socando e o vermelho de sangue a fez parar imediatamente.

O que havia feito?

— Meu Deus!

Soltou o braço de Breeze e se livrou das luvas, mesmo com dificuldade de primeira, estavam suadas por dentro. Kaira limpou os dedos na calça legging e tocou as bochechas proeminentes da mulher com ambas as mãos, lentamente virando o rosto dela de um lado para o outro enquanto observava o dano.

Estava visivelmente normal, pressionou os dedos no queixo dela e a fez erguer a cabeça para que pudesse olhar o canal nasal. Sabia que os ossos do nariz se rompiam com mais frequência do que qualquer outro osso facial e, quando são fraturados ou recebem grande impacto, a membrana mucosa que reveste o nariz poderia se rasgar, causando o sangramento.

— O nariz não está quebrando — suspirou fundo e fitou os olhos de Breeze, cujas íris estavam focadas nela. A boca da fêmea estava entreaberta, com seus caninos afiados expostos e ela respirava com força, rosnando. — Alguém pega um pano e uma bolsa de gelo!

Breeze deu um passo para trás e Kaira a acompanhou até que estivesse com as costas apoiada em um dos quatro pilares do ringue. Breeze escorregou até o chão e se sentou, Kaira a seguiu e permaneceu entre as pernas dela.

— Aqui, Kaira!

Era Trey que a oferecia o saco de gele e o pano branco. Primeiro limpou todo aquele sangue, mesmo que por cima dos resmungos de Breeze e depois, com cuidado, aplicou o gelo sobre a pele vermelha e inchada.

— Perdão, Breeze — murmurou. — Eu sinto muito por fazê-la sangrar, muito mesmo!

Estava enjoada por ter feito aquilo. Independente dos hematomas roxos e das dores no corpo, Breeze nunca a fizera sangrar e ela estava ali porque queria, não obrigada. Apanhar fazia parte, mas sangrar não estava no catálogo.

Deixara aquele poder e força a guiar.

Onde estava com a cabeça? Gostava de ajudar os outros, não os machucar. Não com os punhos… talvez com palavras, isso sim fazia mais seu estilo.

Breeze soltou um riso, mas parou imediatamente quando o brilho da dor cruzou seus olhos.

— Você foi incrível, Kaira — a amiga segurou a bolsa de gelo e abriu um sorriso pequeno. — Precisava reagir depois de apanhar tanto — Kaira mostrou a língua para ela. — E o interessante é que conseguiu sozinha, onde aprendeu os golpes que usou hoje?

Sorriu, deixando que aquela onda imensurável de orgulho voltasse.

— Em livros.

— Humpf, acho que vou começar a ler depois de hoje.

As duas gargalharam juntas.

🌡️

Bravery o olhara com desânimo quando saira com Leon naquela manhã e o deixara para trás.

— Por que não posso ir com vocês? — ele havia perguntado, com aqueles olhinhos dourados brilhando. Bravery era muito fofo, como todas as crianças Novas Espécies, ao não ser Leon, aquele lá estava sempre emburrado. — Eu já sou grande!

Noble abriu a boca para responder, mas Leon foi mais rápido.

— Você ainda faz xixi nas calças, Very!

— Foi você quem disse que eu podia fazer!

Bravery retrucou e Noble segurou um riso, seu irmão ainda estava insatisfeito com o acontecimento e não perdoada Leon pela brincadeira sem graça.

— E você é um filhinho da mamãe que acredita em tudo que te contam!

— Okay, chega! — afastou Bravery de Leon, colocando o mais jovem para dentro de casa. Bagunçou o cabelo do irmãozinho. — Mais tarde eu brinco com você.

Bravery cruzou os braços e uma expressão irritada tomou conta do seu rosto. Noble achou adorável.

— Não quero brincar, quero caçar como você, irmão.

— E você vai, só precisa esperar um pouquinho.

— Eu não quero esperar mais!

Leon soltou uma risada e Noble deu um olhar sério para ele, esperando que ficasse quieto.

— A pressa é inimiga da perfeição — disse em voz alta e olhou de um para o outro, aquilo não servia apenas para Bravery e faria mais sentido o dizer diretamente para Leon e seu comportamento áspero. — Lá fora, na mata, é preciso ter calma acima de tudo. A natureza faz seu próprio caminho, os animais seguem seu ciclo e nenhum deles ao nosso favor. É um jogo de paciência e estratégia, um passo errado e sua presa estará longe e você com fome.

Confortou seu irmão com um abraço apertado e riu da reclamação dele.

— Além disso — abriu um sorriso enorme para Bravery. — Alguém forte tem que ficar e cuidar da casa e eu só confio em você para essa tarefa.

Depois daquela conversa, Noble e Leon sairam juntos e se infiltraram na floresta, correndo para o lado mais denso e longe das casas. Estava à esquerda do rio, onde ele estava acostumado a encontrar cervos.

Não eram os seus favoritos, a carne tinha um sabor forte e indesejável, causado ​​pelo sangue. Era complicado os caçar e achar agradável. O gosto dependia muito da dieta do animal, mas sabia que aqueles que comiam plantas silvestres e nozes tinham o sabor menos desagradável. A idade também era um fator importante e o sexo. Os machos tinham um odor forte que poderia ser passado para a carne, enquanto as fêmeas eram mais saborosas.

Ele queria uma fêmea para sangrar e levar, se conseguisse daria parte do espólio para Leon.

Noble gostava de ficar no alto das árvores quando estava atrás de algum animal, mas com Leon ali não podia. Não arriscaria sair do lado dele sequer um segundo, não quando esperava encontrar cervos com galhadas forte.

— Fica atrás — avisou em voz baixa quando avistou o primeiro para de chifres, estavam distantes, mas ele tinha bons olhos. — E agachado, vamos nos aproximar em silêncio pelo lado direito das árvores, assim eles vão demorar a nos sentir. Está vendo o relevo alto da terra, como se ergue acima daquele lado?

Apontava para à direita, para o terreno entre as árvores altas. Leon assentiu.

— Eu prefiro encurralar as presas e às vezes o território ajuda, geralmente um de nós fica a favor do vento para que os cervos sintam nosso cheiro como ameaça para não correr para aquele lado, mas hoje não.

— Por quê?

— Você fica comigo e apenas observa, não se aproxime de nenhum deles.

Leon bufou.

— Pensei que ia me deixar fazer isso, eu não sou um bebê, então não me trate como um.

— Obedeça — recebeu um rosnado baixo, mas o garoto deu um passo para trás. — Ótimo.

— Com a minha irmã você não fala assim.

Até porque eu levaria um chute no saco, pensou divertido e não respondeu ao resmungo de Leon. Moveram-se silenciosos para o caminho que indicara e Noble se apoiou em um joelho ao ver observar os cervos do terreno alto. Muito melhor. Passou os olhos por todos os animais, no total eram quatro juntos. Deixou sua atenção na fêmea, mas ela não estava em boa posição, então ficaria com o macho que estava mais próximo e com a galhada baixa enquanto comia.

Fez um leve movimento para frente, flexionando as pernas para que pudesse se mover melhor e pular no pescoço do cervo.

Leon deu um passo calmo para a frente, tentando de algum modo o acompanhar e o som que eles ouviram logo depois era o de um graveto se partindo embaixo do pé dele. O ruído de má sorte, como Noble gostava de chamar. O bando de cervos saiu correndo no mesmo instante, deixando-os para trás com um rastro alto de poeira.

O garoto rosnou impaciente e se jogou em direção ao lugar onde eles estavam antes, mas Noble o segurou pelo ombro.

— Não.

— Nós não vamos atrás deles?

— Não.

— Por que não?

— É tarde demais e você não me obedece. Eu disse para ficar atrás e você não me ouviu. É culpa sua, parabéns, ignorou a primeira regra de sobrevivência daqui.

Leon cruzou os braços e perguntou:

— E qual seria essa regra?

Noble pegou os dois lados do galho partido, mostrando os pedaços a Leon.

— Um caçador sempre olha onde pisa.

Após o fracasso na caça, Noble resolvera ensinar Leon o básico, começando do início; como se guiar pela floresta, o que fazer e quando o fazer, as estratégias, a caça em grupo. Acreditava que a melhor forma de aprender era praticando, mas Leon era um cabeça dura que não o ouvia quando devia, então ficaria naquilo até o garoto realmente entender que precisava obedecer.

Deixou Leon com Stella na hora do almoço e voltou para casa, tinha um relatório para fazer e a vigilância noturna era dele.

🌡️

O uniforme de Noble era totalmente preto com NE e seu nome impressos com letras brancas em seu colete. Usava um coldre na perna direita, onde estava a Beretta 8000, uma pistola semiautomática e tinha uma grandes faca amarrada na coxa esquerda. Nas mãos estava a carabina M4, carregada.

— Aquieta o rabo ai — ouviu a voz de Kismet através do rádio. — Nunca vi um alvo se mexer tanto.

O rádio chiou por um segundo e outra voz surgiu.

— É fácil para você falar, tá com o rabo na sombra e escondido.

— Forest é oficialmente a pior isca de todos os tempos — Salvation brincou no rádio. — Vê alguma coisa, Noble?

Ele olhou para a escuridão além do portão leste. Estava longe de Forest, o qual estava sozinho no estacionamento, caminhando entre os carros. Respondeu no rádio.

— Não.

— Eu acho que ninguém vem — Kismet disse novamente. — Já faz meses desde que Canny foi levado, talvez ele esteja dando conta do recado.

Aquela era uma piada terrível, apenas de pensar em um deles sofrendo nas mãos das pessoas lá fora ele já sentia ódio e rancor. Hale fora o primeiro e depois Canny. Não os conhecia antes, mas agora todos sabiam seus nomes.

Tantas coisas poderiam estar acontecendo com eles; torturas, pesquisas, usando-os como armas ou até mesmo tentando, novamente, reproduzir outros. Não era a primeira vez que tentavam, enfim, haviam inúmeras situações e nenhuma boa.

Eles ficaram um tempo naquele impasse.

Talvez ninguém viesse, talvez os dois Novas Espécies realmente tivessem dado conta do recado.

Não tinha como saber.

— Eu vejo alguém — Forest murmurou e Noble sentiu o coração acelerar no peito. — Aquele é… Aaron?

Olhou para Forest, ele ainda estava parado no meio do estacionamento e olhava para à frente, o lado esquerdo do estacionamento, o contrário de onde Salvation e Kismet estavam escondidos. Noble seguiu o olhar dele e pode ver que era realmente Aaron.

Acelerou os passos para aquele lado, perguntando-se o que raios aquele homem fazia ali naquele horário.

A ideia de que ele era um espião o preocupou.

Aaron carregava uma mochila nos ombros, de repente ele parou perto de um poste e se ajoelhou, colocando a bolsa no chão e tirando algo dela. Noble pensou no pior, em uma arma… ou bomba. Não seria a primeira também.

— Aaron! — chamou em voz alta quando estava próximo e ergueu a arma.

O homem deu um pulo e o olhou com os olhos levemente arregalados por cima do ombro, mas o corpo dele relaxou ao notar Noble e se virou completamente, o que estava nas mãos dele era um laptop.

Era um tolo por pensar o pior.

Aaron era o pai de Kaira, o homem que ajudara seu povo várias e várias vezes.

Suspirou e baixou a arma.

— O que está fazendo aqui, Aaron?

Ele sorriu e deu um tapinha no aparelho eletrônico.

— Você me deu o maior susto, rapaz — Aaron riu e se levantou, aproximando-se dele. — Lembra de quando eu te falei do meu Firewall? — Noble assentiu e o sorriso do homem de desfez. — Você sabe para que serve?

— Não muito — foi honesto. — Não entendo dessas coisas, para falar a verdade.

— O Firewall pode ser usados ​​para filtrar as conexões de entrada e saída. Enquanto no caso de uso mais simples, os firewalls são usados ​​apenas para filtrar as conexões de entrada. Em ambientes mais restritivos, como aqui, eles também restringem o tráfego de saída, ou seja, que tipo de serviços externos podem ser alcançados na parte de dentro. Todo tráfego de saída é negado pelo meu sistema, ao menos que eu não queira, basicamente é a linha de frente da defesa. O meu firewall não pode ser facilmente invadido, mas agora me parece que ele contém… certas vulnerabilidades e eu preciso arrumar muito rápido, principalmente porque houve uma instabilidade agora a pouco e por is—

— Noble!

Era a voz de Kismet em um rugido.

Olhou para trás imediatamente, procurando pelos amigos e tudo o que encontrou foi Forest caido no chão e totalmente imóvel. Correu naquela direção sem pensar, apenas seguindo seu instinto para o ajudar, mas no meio do caminho Salvation apontou para o portão.

— Uma brecha, Noble — ele gritou. — Vai atrás do desgraçado, eu cuidou do Forest!

Raiva o envolvia completamente ao pensar em Forest caido no chão e aquele força queimava através dos seus músculos enquanto corria até o portão. O espaço aberto era pequeno, o que o deixou ainda mais irritado, teria que parar para abrir o resto da passagem.

— Continua, não para! — Kismet praticamente se jogou no portão, parecia ter pensado o mesmo que ele e puxou as grades com força. O portão rangeu e Noble passou, correndo para dentro da floresta, sendo guiado pelo odor do desconhecido.

Os olhos de Noble se ajustaram à escuridão e seguiu as impressões que os pés do seu alvo deixaram na grama e terra. Sabia que Kismet o seguia de perto. Infelizmente eles tinham ordens para que não matassem qualquer humano quando o achasse.

Mais alguns metros a frente e ele pode ver o homem correndo. A cabeça raspada mostrava uma marca estranha na nuca dele. O símbolo dos Novas Espécies cortado ao meio por uma tira vermelha como sangue. Nunca vira nada como aquilo, o que o deixou ainda mais irritado e enojado por saber que aquele homem fazia parte de algum grupo doente de Anti-Espécies.

Noble puxou a faca, apertou-a com força em seu punho e a lançou com precisão em direção ao homem. Ele não erraria.

O cheiro metálico de sangue preencheu o ar, assim como o fedor do medo humano; a lâmina prateada e agora manchada por vermelho estava pendendo na parte de trás do ombro do alvo, caido no chão.

A fera dentro dele se deleitou com a queda do inimigo e rosnou:

— Você é meu

Aproximou-se do homem e ficou em cima dele, segurando-o pela nuca até erguer sua cabeça e observar o rosto desconhecido. Era um cara grande e forte. Ouviu o tilintar de metal se fechando e algo gelado envolveu seu pulso direito.

Uma corrente.

— Pensou que seria fácil, animal? — o homem caido abriu um sorriso cruel, parecia ignorar a dor do ferimento que ainda sangrava.

Noble puxou a corrente e o homem junto consigo, odiando aquele aperto gélido em sua pele, então o arrastou pela terra enquanto tentava se livrar da algema. Ouviu barulho na mata e instantemente soube que não era Kismet, mas outro humano que surgia entre as árvores. O segundo era alto e forte, igualmente careca e apontava o cano da arma para Noble.

— Você que é meu, grandão.

— Noble!

Duas vozes o chamaram quando o homem disparou.

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