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O que é, o que é?

Kaira ficou algum tempo a mais deitada na cama depois do despertador tocar. Essas semanas longe de casa a estavam deixando mais desanimada do que esperava ficar.

Sentia saudade de todos o tempo inteiro, mas sempre que pensava em desistir ou que não suportaria mais mentir, lembrava-se de Forest, que estudara medicina e cuidava muito bem dos humanos quanto do seu próprio povo.

Ela queria fazer o mesmo.

Kaira se levantou, vestiu-se e ignorou o espelho. Odiava o que seus olhos se tornaram; globos sérios e sem brilho. O seu cabelo estava crescendo lentamente e ela meio que se sentia um tiozão careca que poderia muito bem passar a tarde toda assistindo futebol com uma cerveja na mão.

Era tudo tão horrível.

Comeu sozinha no refeitório e foi para a enfermeira, como fazia todos os dias. Chegando lá, Kaira encontrou uma nova situação. As mulheres sequestradas estavam todas reunidas e umas ao lado das outras. Ela deu a volta e se aproximou pelas costas de Helena.

Nate, o — carrasco — responsável pelos Espécies no subterrâneo, estava parado na frente e com uma bandeja em mãos, então ele deu um passo e colocou algo na mão da primeira mulher.

— Engole inteiro.

Kaira observou aquilo, disfarçando o assombro e curiosidade. Por que ele estava fazendo aquelas pobres pessoas engolirem balas redondas e tão grandes por inteiras?

— Por que elas estão fazendo isso?

Helena a olhou como se fosse uma tremenda idiota.

— Estão treinando.

— Para o quê?

— Transportar drogas.

De repente, tudo fazia sentido para Kaira.

O ataque no abrigo não fora para pegar Novas Espécies, mas para os distrair. Para abrir caminho para o que era mais fácil de capturar: aquelas mulheres.

Sequestradas para servirem em vários meios, fossem reprodução, prostituição ou contrabando de drogas.

Aquilo tudo a fazia querer vomitar.

— Entendi... se alguma daquelas coisas explodir dentro delas é morte na certa.

Helena a olhou com estranheza.

— E você por acaso se importa?

Sim.

— Não, se uma morrer nós arranjamos outra — sorriu para Helena. — Agora por que não volta para o seu trabalho, doutora? Eu a verei quando necessário.

— Claro... — Helena se virou e resmungou. — Vadia.

🌡️

Apesar de ter visto os Espécies presos em seu primeiro dia, até então ela não vira nenhuma criança, o que logo a fez criar uma tola esperança de que aquela grávida na entrada seria a primeira a conceber um bebê Espécie. Talvez o bebê nem fosse realmente Espécie.

Não que aquilo fosse bom, era péssimo de qualquer forma.

Os dias se passaram e com eles semanas, enquanto Kaira prosseguia em seu plano, ainda tentando obter uma forma de entrar na sala de controle.

Havia decorado e enumerado as câmeras de todos os andares que a deixaram conhecer. Aprendera a rotina dos funcionários e dos prisioneiros.

Ela só precisava da confiança da Nate e da digital de Paul.

Naquele momento estava dentro do elevador com Nate, Helena e mais três guardas.

— Seu cabelo cresceu — Nate comentou ao colocar os olhos nela.

Kaira tirou os olhos da figura pálida de Helena para encarar o carcereiro.

— Disseram-me que eu podia mantê-lo de forma que não cubra a tatuagem, mas que também não me deixe completamente careca — ergueu as mãos e sorrio, olhando para os homens. — Nada contra carecas, claro.

Os homens riram juntos, fazendo mais comentários sobre como ela ficava bonita com pouco cabelo.

Helena observava tudo em silêncio, fitando a porta como se fosse super interessante. Kaira tocou levemente o braço dela e a mulher se enrijeceu completamente.

— O que foi? — perguntou fingindo sarcasmo. — Não gosta do meu cabelo?

— Não me toque — Helena puxou o braço.

Okay, hora de seu uma filha da puta.

— Eu decido se toco você ou não — murmurou e os homens riram. — Não você.

Helena soltou uma risada e se virou para Kaira de repente, cuspindo no rosto dela.

— Você não manda em mim, cadela.

Droga, como eu odeio isso, pensou com nojo de si mesma e da saliva em sua bochecha. Mas não limpou, apenas deu um passo para a frente e encarou Helena nos olhos.

— Eu vou mudar sua opinião, doutora.

Esperava que Nate estivesse prestando bastante atenção.

Kaira enfiou a mão no bolso da calça e puxou uma fotografia especial. Deu uma olhadinha na imagem e voltou a sorrir como a vadia que interpretava.

— Vejamos — lambeu os lábios e mostrou a foto para a Helena, a qual arregalou os olhos. — Como essa gracinha se chama mesmo? Hm... eu não me lembro...

— Sua filha da puta!

Helena avançou sobre ela e, mesmo com as correntes nos pés, parecia não se importar com mais nada. Kaira se defendeu rapidamente, saindo do caminho e pegando Helena por trás com força o suficiente para pressionar o rosto da mulher contra a parede de metal.

— Você é lenta e fraca — sussurrou no ouvido de Helena. — E não pode fazer nada para proteger sua filha, então faça o que eu mando e tudo ficará bem. Seja boazinha comigo — alisou a bochecha dela. — Okay?

Helena choramingou, assentindo e Kaira sentiu algo estranho dentro de si, algo doentio, a espreita, reforçando e subindo por seu interior. Aquela sensação era forte, substituia todos os seus outros sentidos.

Como se por um breve instante fosse poderosa.

Era aquilo que as pessoas sentiam ao subjulgar outra pela força?

Bom... era bom... forte e inebriante, passando a vontade de querer mais e mais...

Não!

Afastou-se de Helena e endireitou a coluna, passando a mão belos curtos fios de seu novo cabelo.

Virou-se para a porta do elevador como se nada tivesse acontecido.

Não demorou para as portas se abrirem e Kaira foi a primeira a sair. Um choro baixo começou e ela se segurou para não virar e abraçar Helena, sentindo ódio de si mesma.

— Vamos lá, doutora — Nate disse e puxou Helena para fora do elevador. — Hoje você vai dar uma olhada nos pequenos, isso sempre te animou antes.

Kaira congelou enquanto eles caminhavam pelo corredor.

Pequenos...

Não, não, não, por favor, não seja o que estou pensando.

— Vamos Kaira — Nate acenou. — É a sua primeira vez no fundo da prisão, mas confio em você para vê-los. As crianças são mais fácies de lidar do que os adultos — ele revirou os olhos. — Tão manipuláveis.

— Não quero, por favor — Helena começou a chorar mais, os prantos dela atingindo cada vez mais o coração de Kaira. — Por favor, me deixe com as mulheres!

— Capaz, você é ótima com crianças!

Kaira sentia o estômago embrulhado.

Aquilo não era apenas um trabalho, era uma tortura psicológica.

Uma porta se abriu e os homens entraram na frente, depois Nate e Helena, então chegou a vez dela.
Entrou mesmo que a contragosto e automaticamente foi golpeada com a dilacerante dor da realidade.

Eram apenas crianças, porra!

Kaira caminhou entre as pequenas e solitárias celas, observando os pequenos Espécies presos. Não havia absolutamente nada que pudesse machucar mais seu coração do que vê-los daquela maneira.

Pensou em Leon e Bravery, dando graças a Deus por estarem livres e seguros.

— Bom — Nate bateu palmas. — Vou deixá-las trabalhar e Kaira... quando acabar quero vê-la.

🌡️

Tentando não voltar para as celas de crianças e soltar cada uma delas, Kaira estava no refeitório esperando por Nate. Não fazia ideia do que ele diria a ela, mas estava ansiosa pela chance de conseguir uma digital, justamente por isso enchera dois copos de refrigerante enquanto aguardava.

Tinha que conseguir!

Era tudo ou nada.

— Kaira, minha garota — o estômago dela se contorceu em nojo quando as mãos de Nate tocaram seus ombros. — Eu demorei?

— Não, acabei de subir para o refeitório também.

— Que bom — ele sorriu e sentou, pegando um dos copos antes mesmo dela oferecer. Kaira escondeu a satisfação em sua feição, transparecendo apenas tranquilidade. — Já faz um mês que estamos com você e o seu trabalho tem sido excelente. Pude observar o seu desempenho no elevador hoje mais cedo e gostei do que vi. Pulso firme. Gosto de pessoas como você.

A cada palavra ela sentia vontade de vomitar.

Aquela não era ela de verdade, então por que aquilo machucava tanto?

Por que tinha sentido uma certa satisfação doentia quando menosprezou Helena?

Aquela não era ela.

Essa não sou eu, repetiu em seus pensamentos, embora eles tenham sido enviados para um local mais obscuro de sua mente, onde tinha a vaga sensação de estar agindo daquela forma há mais de um mês.

Então por que sentia que aquela era... ela?

De repente, pequenos gestos de arrogância e maldade, pareciam pesar em sua cabeça.

Era justamente por sempre aplicar o autoconhecimento em si mesma que aquilo mexia com seu psicológico. Kaira sabia que era arrogante e orgulhosa, mas egoísta e sádica? Não.

Fechou os olhos por um segundo enquanto Nate continuava a falar e falar.

Ela estava ali por outras pessoas... ou estava apenas por que estava cansada dos outros a acharem uma fraca que necessitava de segurança?

Kaira ergueu a cabeça e olhou para o fundo dos olhos de Nate.

— Por que está aqui?

— Uou! — ele levantou as mãos, rindo. — Você é direta. Muito bom! Estou aqui para dizer que você vai para o subsolo com Helena.

Ela segurou a vontade de revirar os olhos.

Idiota.

Estava perguntado sobre o motivo dele pertencer a toda aquela sujeira, mas ele não a compreendeu. Por que entenderia? Não tinha como saber que estava num confronto interno consigo mesma.

— Estamos no subsolo.

Ele sorriu como se ela fosse uma tola.

— Nós ainda temos mais um andar... ele é especial. Tem alguém importante para Helena lá.

— Quem?

— Você vai descobrir na hora certa — Nate diz e se levanta, Kaira não consegue tirar os olhos do copo, observando o lugar exato onde o dedão dele tocara. — Até mais, linda.

— Até mais... — olhou-o se afastar e pegou o copo dele com cuidado. — E obrigada, babaca.

Ela levantou, saiu do refeitório e voltou para o quarto. Estava pronta para colocar a mão na massa.

Não era a primeira vez que Kaira estava falsificando uma digital.

Parecia idiota, mas ela tinha aprendido na prática e com o celular de Aaron. Se ela tinha encontrando algo de interessante lá? Poderia, mas ele chegou bem na hora que ela conseguiu ter acesso.

Frustrante? Sim, mas uma prática extremamente útil para o futuro.

Cianoacrilato, o ingrediente principal do SuperBonder, era o segredo da técnica.

Para a dinâmica Kaira estava usando uma tampa de garrafa, o copo e cola. Colocara uma pequena quantidade de cola dentro da tampinha e a deixou sobre a superfície de suor no vidro, onde o dedo de Nate ficou.

Bom, ela só tinha que esperar o cianoacrilato evaporar por conta suor, para ter no final apenas uma substância branca e sólida na tampa.

Enquanto isso Kaira ficou deitada em sua cama, pensando em que tipos de arquivos colocaria suas mãos ao entrar na sala de comando.

🌡️

Noble olhou para Bravery e o irmãozinho correu até ele.

— Você veio para casa!

O irmão abraçou suas pernas e Noble tentou pegá-lo, mas o menor escapou de seus braços.

— Eu não sou mais uma criancinha para você me pegar assim!

Noble estreitou os olhos.

— E desde quando você não é mais uma criancinha?

— Desde que eu faço parte da equipe mais foda do mundo!

Ele riu do irmão e balançou o cabelo dele.

— Beleza, depois você me conta mais dessa... equipe.

Noble estava há algumas semanas fora de casa e se sentia um péssimo filho por ter ignorado as ligações de sua mãe e os pedidos de seu pai para que voltasse para casa. Ele gostava de estar com eles, conversar ou apenas passar o tempo em silêncio em frente a TV, mas quando ficava sozinho em seu quarto...

Parecia que seu mundo estava prestes a desabar ou que aquele cômodo era muito apertado.

A floresta não. A floresta era um verdeiro lar, do tipo que acolhia e refrescava, que o deixava respirar e sossegar.

Além de que os Espécies selvagens nunca entravam no caminho um do outro. Parecia existir algum tipo de regra entre eles: deixe o outro sofrer em silêncio.

Ele fez menção de ir para dentro de casa quando Bravery soltou a frase mais idiota que Noble já ouviram.

— Nós somos um grupo Anti-Humanos.

Virou-se no mesmo instante.

— O que... — engoliu em seco — você disse?

— Que somos um grupo Anti-Humanos!

Precisou respirar fundo e apertar os olhos.

— Quem te ensinou essa porr— corrigir-se. — Porcaria?

— Leon.

Tinha que ser, pensou irritado, era claro que ele tinha que fazer algo do tipo. Se não o fizesse, simplesmente não seria Leon.

— A nossa mãe vai falar com você... não, eu vou falar — puxou o irmão pelo braço com força e o fitou com dureza. — Você não pode ser contra humanos, porquê é um humano.

— Sou Espécie.

— Metade Espécie! — rosnou. — A nossa mãe é humana, a mãe de Leon é humana, todas as mulheres que deram a vida para que você ou seus amigos estejam aqui são humanas!

— Mas, Nobl—

— Não tem mais, Bravery North — disse sério. — Deixa eu te ensinar algo que deve lembrar para o resto da sua vida, irmãozinho. Humano ou Espécie, não interessa, existem pessoas boas e ruins em ambos os povos. Em todos os lugares.

— Espécies não são ruins!

Noble sorriu com a ingenuidade do irmão.

— É ai que você se engana — murmurou. — Eles podem ser os malvados também. As ações dos Humanos podem machucar, mas ferimentos se cicatrizam, as piores dores vêm daqueles que amamos e confiamos.

Os olhos dourados de Bravery se encheram de lágrimas e Noble o abraçou com força, sentindo-se péssimo por descontar seu desgosto na criança.

— Desculpa, irmão... bom, não importa... Humanos ou Espécies, vou protegê-lo de qualquer coisa porquê te amo. Me desculpa por ser tão duro, mas se o faço é para que possa entender — alisou as bochechas da criança ao se afastar. — Ódio não pode combate o ódio, Bravery. Gera apenas vingança e pessoas querendo ferir uma a outra.

— Mas, Noble... os Humanos nos odeiam. Kaira foi embora por isso.

O que ele não daria para tirar aquele pensamento da cabeça do irmãozinho?

— Nem todos eles odeiam.

— Mas a maior parte sim.

— Apenas porquê tem medo de nós, e parcela disso é nossa culpa, também sentimos medo deles.

Bravery secou as lágrimas sozinho.

— E o que devemos fazer então?

A resposta de Noble foi a mais verdeira possível.

— Eu não sei, irmão, não sei... mas com certeza começa com esclarecimentos, verdade e um tanto bom de empatia. Apenas tire essas ideias de ódio de lado, Bravery. Você tem um coração puro e uma mente incrível — tocou a testa dele e depois o peito. — Pode trabalhar com os dois para fazer o melhor para este lugar, para o nosso lar, e não para criar guerras.

— E o que eu digo a Leon?

Noble revirou os olhos.

— Com ele lido eu — beijo a bochecha do irmão. — Vá para dentro e diga a nossa mãe que vou voltar para casa.

Os olhinhos de Bravery brilharam.

— Sério?!

— Sim, irmão.

Ele não pretendia voltar, mas ver seu irmão com ideias tão perdidas o fazia querer ficar, pois sabia que Bravery não falaria daquilo com os pais. Se pareciam muito nesse ponto. Era como ele fugindo de seus sentimentos e dores.

Noble ficou parado enquanto Bravery entrava e depois respirou fundo.

O primeiro passo para dar a volta por cima era ficando de frente com Leon e tirando aquela merda da cabeça dele.

🌡️

Estar na casa da Kaira depois de tanto tempo era estranho para Noble, principalmente quando antes estava acostumado a passar por ali todos os dias.

Ele bateu na porta e uma Stella desanimada a abriu.

— Oi, Noble — olhou-o surpresa. — Não esperava ver você aqui... alguma coisa aconteceu?

Podia ver o medo nos olhos azuis dela, os quais eram tão parecidos com os de sua companheira.

— Não, eu só passei aqui para ver Leon.

— Ah, ele acabou de chegar da aula e entrou para tomar banho. Entre e fique a vontade. Pode subir... se quiser.

Ele passou por Stella e pensou seriamente em ficar naquele andar com ela, mas quando olhava para a mulher só conseguia ver os olhos azuis escuros de Kaira.

— Eu vou subir.

— Claro, pode ir.

Noble subiu as escadas, passou pela porta do banheiro ocupado e foi em direção ao quarto de Leon, mas estagnou no meio com corredor.

— Continue andando — resmungou para si mesmo. — Apenas mais alguns metros.

Abriu a porta do quarto de Kaira.

— Como eu sou idiota — continuou falando sozinho. — Idiota. idiota. Idiota.

Sim, um idiota que se jogara na cama dela. Noble afundou a cabeça no travesseiro e soltou um gemido baixo. Estar naquele cômodo, sozinho, o fazia querer sair destruindo tudo.

Ele odiava todos aqueles livros.

As peças eletrônicas.

Os acessórios aleatórios.

Isso era mesmo possível? Sentir tanto ódio e saudade ao mesmo tempo?

Levantou-se e agarrou a primeira coisa que encontrou sobre a cômoda, lançando o objeto contra a parede com força e raiva.

Apertou os punhos e segurou um rugido, então riu amargamente.

Ele só precisara de alguns segundos para ir da calmaria a explosão e, conforme aquele calor que preenchera seu peito sumia, sentia-se péssimo e melancólico.

Olhou para o objeto quebrado e tudo piorou.

— Porra... o que eu fiz?

Era a droga daquele drone que ela tinha feito e o entregado, o qual ele apelidara carinhosamente de carrinho de controle remoto. Agora todas as peças que o formava estavam destruidas.

Ele tinha deixado o drone ali depois de Kaira ir embora, assim como uma caixa cheia das coisas dela.

Era insuportável olhar para para eles sem saber com a dona estava.

Ouviu passos no corredor e então Stella apareceu, olhando-o com curiosidade e depois para a sujeira que tinha feito.

— Precisa de ajuda, grandão? — perguntou carinhosamente.

— Me desculpa, Stella — suspirou. — Não sei onde estava com a cabeça, juro que vou limpar antes de sair.

— Okay...

O fato dela não insistir em uma conversa o reconfortou.

Passou um tempo e a porta do banheiro abriu, Noble estava sentado na cama de Leon quando o jovem Espécie entrou. Leon caminhou pelo quarto como se Noble fosse Invisível, trocou-se e, depois de vários minutos, perguntou:

— O que você quer?

Por que o adolescente estava mais na defensiva que o normal?

— Conversar com você.

Leon sorriu ironicamente.

— Agora você quer falar? Não, obrigado.

Noble apoiou os cotovelos nos joelhos e observou o garoto melhor. Leon parecia tão perturbado e aquilo mexia com ele.

— Qual o problema?

— O meu? — ele rosnou. — Qual é o seu problema, Noble! Você passa semanas fugindo de nós, embrenhado na mata, agora volta e age como se nada estivesse acontecendo! E ainda pergunta qual o meu problema? — Leon piscou os olhos uma porção de vezes e virou as costas para Noble. — Não quero nem olhar para você.

— Não fiz por mal...

— Não importa. Saí daqui.

Noble levantou.

— Não, não antes de conversamos.

— Eu não quero conversar com você!

Avançou até Leon, segurando o ombro dele.

— Olha, eu sei que você sente falta da sua irmã e que o momento é péssimo, ma—

Leon empurrou a mão de Noble e o encarou com os olhos avermelhados, dizendo o que ele menos esperava ouvir:

— Foi de você que eu senti falta, Noble!

Arregalou os olhos, surpreso e sem saber o que dizer.

— Mas, eu... você... — mexeu as mãos sem saber como agir. — Você vive dizendo que não se importa comigo.

— Eu me importo — Leon segurava as lágrimas. — Você é como um irmão mais velho, e me deixou quando mais precisei — ele abaixou a cabeça e murmurou. — Sabe a sensação de ser deixado pelas duas pessoas que você mais admira?

Noble avançou a abraçou Leon.

Nunca se sentira tão... estranho e bem.

— Eu estou aqui agora, não estou? — apertou mais o garoto. — Me perdoa. Não vou mais a lugar nenhum.

E, foi quando Leon o abraçou de volta, agarrando-o como se fosse o seu porto seguro, que Noble se deu conta de que precisava estar ali e ajudar seus irmãos, tivessem eles seu sangue ou não.

🌡️

Após ter uma longa conversa com Leon — naquele momento muito menos emotivo e mais emburrado — Noble voltou para o quarto de Kaira afim de arrumar a sujeira que tinha feito.

Ele se aproximou e se ajoelhou em frente ao drone quebrado, juntando as peças que dava aos poucos e enfiando tudo dentro de um saco plástico.

Estava fazendo tudo no automático até segurar algo que não estava quebrado e que com certeza conhecia.

Aliás, conhecia muito bem.

Kaira sempre andava para cima e para baixo com aquela coisa, dizendo que guardava sua vida lá dentro.

— Por que estava dentro do drone? — perguntou-se, divagando por um instante. — Sua dona fazia de tudo para ninguém o ver e agora está aqui, exposto, que irônico...

Perscrutou o cartão de memória mais um pouco, sentindo que Kaira não o deixara ali em vão, afinal, era todo o trabalho dela, sempre zelando por aquela drog—

— TODO O TRABALHO DELA!

Noble se levantou num pulo, deixou o saco de lixo para trás e saiu correndo com o cartão de memória.

🌡️

Kaira estava extremamente nervosa enquanto cruzava os corredores com outros os "trabalhadores". Ela tinha uma certa lábia, mas até onde aquilo poderia ajudá-la?

Ela tinha esperado três dias inteiros para fazer um escaneamento da impressão digital com o seu celular e depois trabalhou no melhoramento gráfico. Não era grande coisa, levando em consideração que ela só tinha feito aquilo uma vez na vida.

E ainda precisara sair da "prisão" para encontrar uma boa loja com impressora laser. Aquele tipo de trabalho formava desníveis na impressão e, colocada a alguma superfície fina e leve, ficava muito parecido com a verdadeira digital.

Depois ela só molhou um pouco com glicerina para otimizar a umidade e facilitar o uso. Podia ter usado uma fina camada de pó, mas o deixou de lado.

Agora, a caminho de testar seu trabalho, sentia-se mais nervosa do que nunca.

Às chances de dar errado eram enormes.

Eles literalmente cortariam sua cabeça caso descobrissem que era uma impostora.

Estava fazendo aquilo no horário que antecedia o café da tarde, porque notou com facilidade que Paul e Edgar sempre saiam antes do horário. Havia alguma espécie de jogo entre os homens no andar superior.

Tudo indicava que era algo que ela não queria descobrir.

Então, durante algum tempo, as câmeras ficavam sem vigia e era o momento perfeito.

Kaira parou em frente a imensa porta com trava digital e olhou para os lado, certificando-se de quem ninguém estava por perto. Foi rápida e cuidadosa ao colocar sua falsa digital sobre o aparelho de leitura.

— Merda!

Não funcionara de primeira.

— Vamos lá, bebê...

Tirou e, lentamente, colocou novamente, ajeitando todos os pequenos vínculos que se formavam na superfície lisa e frágil.

— É por um bem maior, gracinha — murmurou e saltitou quando deu certo. — Sou um gênio, porra!

A porta abriu silenciosamente e Kaira entrou correndo. Foi direito para o computador principal, sem prestar muita atenção nos equipamentos. Ela conhecia salas como aquela há anos.

— Okay, hora do trabalho de verdade, baby... — sentou e estralou os dedos, pegou seu pendrive e conectou a máquina. — Me mostre tudo o que tem.

Ela tinha um total de quarente minutos para mexer em tudo.

Começou pelos arquivos que, para ela, eram mais importantes naquele momento. Dados da prisão, como: quantos Espécies adultos, filhotes e humanos estavam presos. Confessava que a última categoria só começara a importar para ela depois de presenciar toda aquela merda com as mulheres.

Kaira abrira seu endereço de Drive e anexava todos os dados importantes lá, como localização exata, com coordenadas geográficas e pontos de referência.

Depois, abriu o que era o segundo ponto importante: contatos.

Afinal, que tipo de gente estava investindo naquela prisão? Era impossível um único homem fazer tudo sozinho, pois aquele "império" era grande e precisava de pessoas com dinheiro para manter em pé.

Encontrou nome de pequenas empresas que conhecia e desconhecia, anexando novamente em seu Drive online.

Terceiro ponto importante: existiam outras prisões como aquela e onde estavam? Ainda existiam fábricas de medicação proibidas que tentavam "fazer" Novas Espécies ou drogas proibidas para usar contra eles?

Quarto, mas não menos importante: precisava de informação sempre, pois podia observar pelo histórico de entrada e saída de dados que todos os dias eles eram atualizados.

— Mas tudo bem — murmurou orgulhosa. — Eu estou preparada para o desafio.

Os vírus no pendrive dela fariam todo o trabalho.

Ela não tinha criado o vírus que estava prestes a libertar, era um serviço de Aaron, o qual ela pegara e moldara a sua forma.

Não tinha tempo para criar algo novo, mas podia aprimorar.

O programa original de Aaron servia para filtrar informações, manda-lás para um servidor em nuvem da sua escolha e depois "comer" o software saudável da máquina até o destruir. Kaira tinha mudado essa última parte, programando o vírus para que funcionasse como uma "simbiose" que não destruía o PC, mas que favorecia apenas um lado: ela.

O vírus a deixaria atualizada quanto a novos dados e enviaria tudo para o laptop dela, assim não teria que voltar a entrar naquela sala.

— Okay, quase acabando.

Olhou para o relógio e ainda tinha doze minutos.

Acessou as câmeras dos corredores e elevador e deletou as imagens dela entrando, em seguida deixou as câmeras congeladas. Duraria por dez minutos, o que era os suficiente para se afastar, entrar no elevador e voltar para o seu quarto.

Kaira puxou seu pendrive, limpou o histórico, deletou qualquer tipo de rastro que poderia levar até o seu Drive online e saiu.

Estava longe da porta quando uma voz conhecida a chamou:

— Kaira? — virou-se com o coração a mil e lá estava Helena, observando-a com as sobrancelhas erguidas. — Não sei o que estava fazendo, mas sei bem que uma vadia inferior como você não pode entrar na sala de câmeras.

Deu um passo rápido em direção a mulher, atingindo-as com dois dedos no ponto certo.

— Você vai s—

Helena caiu em seus braços antes de terminar de falar, com problemas em sua respiração.

— Fica quietinha — Kaira murmurou ao passar um dos braços de Helena por seus ombros e a segurar. Queria sair logo daquele corredor. — A dor vai passar se ficar parada.

Não tinha acertado a traquéia de Helena com muita força, apenas fizera pressão com os dedos, como havia aprendido com suas técnicas de luta.

Carregou Helena para longe da sala de controle, entrando em um cômodo que não conhecia muito bem, mas que estava vazio. Olhou para as paredes e se confortou com o fato de não haver câmeras sobre sua cabeça.

Ajudou Helena a se sentar e ficou observando ela enquanto sua respiração voltava ao normal.

A médica abriu a boca para falar, mas Kaira a calou com uma mão.

— Não grite ou vou ser obrigada a machucar você de verdade.

Helena se forçou para fora de seu aperto e a olhou com raiva.

— Desgraçada, poderia ter me matado!

Involuntariamente os lábios de Kaira se puxaram num sorriso maldoso.

— Eu sabia o que estava fazendo e cai entre nós, se a quisesse morta, você não estaria mais aqui.

Os olhos de Helena se encheram de lágrimas, mas não eram de tristeza, e sim ódio.

— O que você quer? Continuar com sua tortura psicológica?

— Acredite ou não, fazer isso é mais fácil do que o meu plano real — respondeu ironicamente. — Mas não... não preciso fazer isso quando ninguém olha. Eu sinto muito, Helena.

— O quê? — surpresa estampava a feição de Helena. — Está me pedindo desculpa? — ela pareceu pensar um pouco e então explodiu, indo para cima de Kaira. — Você é uma deles, não vou cair nesse papinho de tentar ser minha amiga para mais tarde pisar em mim! Sua mentirosa!

Helena tentou acertar um tapa em seu rosto, mas Kaira segurou o pulso dela a centímetros da sua bochecha. Olhou-a de cima.

— Eu não sou quem você pensa — sussurrou. — Não estou aqui para machucar pessoas inocentes. Estou aqui justamente para os ajudar, para os salvar.

— Mentira! — Helena cuspiu em seu rosto e Kaira fechou os olhos. Por que todo mundo tinha que fazer aquilo? Era nojento. — Não vai entrar na minha cabeça, sua psicopata.

Precisou respirar fundo.

— Eu sei tudo sobre você, Helena. Sei que sua família está procurando por você lá fora desde quando foi levada, sei como sua pequena filha é, eu a conheci no dia que você sumiu. Ela estava com tanto medo e procurava por você. Meu companheiro, Noble — apenas falar o nome dele a enchia de saudade. — Pegou ela no colo e ajudou na procura. Eu também. Sei que está aqui porquê é inteligente e uma ótima obstetra e, quando eles arrumarem uma melhor, vão matá-la.

Helena riu amargamente.

— Obrigada por me dizer o óbvio.

— Pode ser diferente se confiar em mim e me ajudar a derrubar todo esse esquema. Eu tenho planos, ideias, sei que juntas podemos acabar com esses babacas assassinos! — largou o punho de Helena e a encarou intensamente. — Podemos fazer isto juntas, ou...

— Ou?

Os olhos da mulher a obrigavam a falar a verdade.

— Terei que tirar você do meu caminho.

— E ainda diz que podemos ser aliadas? Faça-me rir.

— Tem uma porção de pessoas presas aqui, sendo torturadas diariamente, por que eu deveria arriscar tudo por causa de você, uma mulher que nem sequer confia em mim? — deu um passo a frente, aproximando seus rostos. Kaira era maior que ela. — Estou sendo sincera pela primeira vez em semanas, Helena.

— Prova.

— Hm?

— Eu quero uma prova de que é mesmo a mocinha dessa história e não a vilã.

🌡️

Ele definitivamente não sabia como se sentir.

Enquanto corria da Zona Selvagem para a Reserva, com aquele pequeno e delicado cartão de memória, sentiu que estava realmente estava com uma vida em mãos.

Lembrava-se com clareza de ter visto Kaira uma milhão de vezes com o cartão em seu computador, fazendo sabe-se lá o que enquanto ele ficava apenas deitado ao lado dela.

Como ele tinha sido tão desatento?

Esperava algo dela, com certeza, mas nada como o que tinha feito.

Kaira e suas extravagâncias, pensou ironicamente.

Ele chegou em tempo recorde na Reserva e não parou de correr nem por um segundo, indo em direção ao laboratório onde Aaron sempre estava.

— Ei, onde pensa que vai, grandão? — o segurança perguntou quando ele estava prestes a passar reto pela portaria. — Não pode entrar assim.

— Eu quero falar com Aaron.

— Então entra na fila — o Espécie apontou para duas pessoas sentadas na recepção. — Ele está com alguém lá dentro agora.

Noble apertou os punhos.

— Então fale com ele e diga que tem algo mais importante para ver agora.

— Ao não ser que seja assunto de vida ou morte, não posso interromper, regras de Aaron.

Impaciente, Noble agarrou o Espécie pelo braço e rosnou.

— É sobre Kaira.

O guarda abaixou a cabeça imediatamente, pálido e pegou um telefone. Falou algo rápido e desligou.

— Pode entrar.

— Viu? — sorriu perigosamente. — Sabia que nós dois iriamos chegar a um acordo. Muito obrigado.

Noble não esperou uma resposta, correu para a sala e, ao chegar lá, deu de cara com Aaron e um homem desconhecido e cheio de tatuagens.

— Noble — Aaron sorriu sem humor. Ele tinha olheiras enormes e o cabelo todo bagunçado, além de que sua pele estava pálida como se não visse sol há tempos. — Do que precisa, rapaz?

Se aproximou e colocou o cartão de memória em cima da mesa, em frente a Aaron, então olhou para o homem que não conhecia.

— Precisamos falar sobre isto em particular.

O homem riu alto e se espreguiçou.

— Ele quer que eu saia.

— Eu quero — Noble ergueu as sobrancelhas, esperando um desafio. Os olhos de ambos se estreitaram e se fixaram, encarando-se com faíscas soltando entre os dois.

Aaron entrou no meio e empurrou o homem.

— Chega, Andrei, não foi para começar uma briga que eu chamei você. Este é Noble.

— Mas uma briga pode vir com o pacote — Andrei disse com bom humor. — Noble, hum? Não é ele o namorado da nossa garota?

Noble espalmou as mãos sobre a mesa.

— Eu sou companheiro dela... e ela não é de ninguém.

Andrei balançou os ombros e sorriu. 

— Acalme seu gatinho, Aaron, não quero machucar ele.

Raiva ferveu dentro dele e trincou os dentes.

— Pode vir — respondeu baixo, embora o tom ameaçador estivesse em sua voz. — Eu vou gostar mesmo de uma briga — Noble tombou o rosto para o lado, encarando o humano e continuou, cinicamente. — Embora eu deva me segurar, já que você parece tão frágil.

Andrei se levantou e Aaron o impediu novamente.

— Acredite quando eu digo que esse garoto é um dos filhos da puta mais fortes que eu já conheci — Aaron diz para o amigo. — Você não vai querer começar algo que não pode terminar sozinho.

— Pago para ver!

— Porra, Andrei! — Aaron resmungou. — Ninguém vai brigar aqui! — virou-se para Noble e pegou o cartão de memória. — Em que posso ser útil, rapaz?

— Ele não vai sair?

— Chamei Andrei aqui porquê ele é a pessoa em quem mais confio neste mundo, mesmo que seja um completo idiota. Pode falar qualquer coisa na frente dele, não se preocupe, ele já está a par de toda a situação.

— OK — Noble sentou na mesa. — Estava no quarto da Kaira quando encontrei esse cartão de memória, estava escondido dentro do drone que ela construiu antes de ir embora. Ela me deu e sempre disse que era muito importante, eu só não sabia o quanto. Acho que... isso pode nos dar alguma informação importante. Talvez onde esteja e o que está realmente fazendo.

Aaron sorriu para Noble e apertou seu ombro.

— Muito bom, vamos ver o que ela esconde, filho.

Noble levantou e foi para o outro lado da mesa, atrás de Aaron, onde podia ver a tela do computador por completo.

Ignorou o homem cheio de tatuagens que o observava atentamente, como se nunca tivesse visto um Espécie de verdade.

— Vejamos... — Aaron começou a abrir um monte de arquivos. — Ora, ora, o que temos aqui. Identidades falsas, endereços de e-mail, contas de banco — ele abriu uma pasta cheia de fotos de pessoas que Noble nunca vira. Homens carecas e em cima escrito "Anti-Espécie". Depois abriu outra, cheias de recortes de grupos da internet que ele também não fazia ideia de que existia. — Pelo que vejo, Kaira passou a fazer parte de comunidades Anti-Espécie, e essas datas são de anos atrás, não é realmente recente.

— Já faz tanto tempo que ela sabe disso — Noble diz magoado. — Poderia ter me dito.

— E acabar com todas as chances dela de fazer algo por si própria? — Andrei argumentou. — Qual é, vocês não dão um voto de confiança para a garota. Eu não teria feito diferente.

Noble rosnou, realmente irritado com aquele cara.

— O que você sabe sobre nós?

Andrei o olhou de cima a baixo.

— O suficiente para saber que nenhum Espécie a deixaria ir de bom grado. Situações extremas exigem medidas extremas.

— Calem a boca, os dois — Aaron estava chateado. — Tem o endereço para um drive, mas precisa de senha. Tem uma pista. Na verdade, está mais para charada — ele revirou os olhos. — "O que é, o que é, que eu odeio e é tão frágil que, só de mencioná-lo, ele se quebra?".

Noble se inclinou para frente e leu.

O que é, o que é, que eu odeio e é tão frágil que, só de mencioná-lo, ele se quebra?

Os neurônios dele pareciam correm desenfreadamente.

Uma coisa que Kaira odiava... detestava morangos desde sempre, assim como ficava extremamente insuportável quando estava com seus pés gelados, dizendo que o frio a incomodava mais que tudo na vida. Nunca estava realmente sozinha, porque se lembrava de coisas ruins e nunca ficava quieta, porque o silêncio a fazia pensar em um monte de bobagens...

— SILÊNCIO! — Noble disse alto, quebrando, realmente, o silêncio entre eles. — "O que é, o que é, que eu odeio e é tão frágil que, só de mencioná-lo, ele se quebra?", só pode ser o silêncio. Coloque isso, Aaron!

Ele fez como Aaron disse e a página do drive abriu.

— Muito bom, Noble. Por isso Kaira deixou o cartão contigo, ninguém a entende melhor do que você.

Aquilo não devia o animar, mas o reconfortava de milhares formas. Estava ajudando em algo, fazendo parte do que Kaira construiu.

— Acho que sim...

Aaron continuou a acessar as informações de Kaira.

— Observando agora, esses dados foram colocados aqui a pouquíssimo tempo — ele afirmou animado. — O que quer dizer que Kaira está bem.

— Ou que está trabalhando com outra pessoa... — Andrei sugeriu. — Fazer tudo sozinha é difícil.

Noble preferiu ignorar aquilo e perguntou:

— O que diz ai, Aaron?

— As informações nesse drive são provas e endereços... — ele suspirou. — Kaira deixou uma página em específico, com informações sobre onde está. Uma prisão subterrânea, com Espécies adultos, filhotes e humanos. Porra. Eu não acredito que eles conseguiram.

Noble estava tão ansioso.

— Onde é essa prisão?

— Dunsmuir. Não é longe — Aaron pensou por um instante. — É na fronteira norte da Califórnia.

Ele sorriu, animado.

— Vou falar para os outros!

Aaron e Andrei se levantaram ao mesmo tempo e ficaram em sua frente, impedindo-o.

— Me deixem passar!

— Não, Noble — Aaron estava sério. — A Kaira tem um plano, ela está na fonte de tudo, ir para lá e atacar é uma péssima ideia, contar para os outros não é uma opção agora! Não sabemos realmente qual a situação dela, pode ser machucada se agirmos sem pensar, além de que uma prisão com toda essa infraestrutura é como um forte. Em caso de ataque, lugares como esse tem o costume de matar aqueles que estão do lado de dentro com veneno ou bombas, você sabe disso melhor do que ninguém.

Aaron tinha razão.

Noble ouvira milhares de histórias de como as prisões de Espécies eram. Sempre havia algo para dificultar a saída deles.

Seu pai mesmo, Valiant, fora algumas vezes as prisões ajudar porque seu olfato era melhor do que os outros e podia sentir o cheiro de explosivos de longe.

A animação se esvaiu e ele colocou as mãos sobre o rosto, momentaneamente acabado.

— E agora?

Andrei bufou.

— De uma chance a Kaira, Noble — ele disse sério. — Ela é inteligente e forte. E se você gosta tanto dela, deveria começar a confiar em suas habilidades.

— Eu confio nela — respondeu ultrajado. Se tinha uma coisa que ele nunca tinha feito a sério, fora questionar as capacidades de Kaira. — Não confio é nos outros.

— Então comece confiando em nós — Noble estreitou os olhos para a frase de Andrei. — Eu estou aqui para ficar e ajudar. Quero tirar Kaira daquele lugar, mas antes ela tem que fazer o trabalho dela.

Aaron concordou em silêncio e Noble perguntou:

— E qual seria esse trabalho?

— Salvar os Espécies da prisão — Andrei abriu um sorriso orgulhoso, do tipo que fazia Noble questionar sua sanidade. — Se ela quer ser uma heroína, vamos deixar que seja.

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