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Mordida de Leão

— Espera ai, mocinha! — Kaira gritou por Aurora quando a viu passar de relance pela porta do quarto. Os olhos de gato, azuis com singelos pontos verdes e amarelos, voltaram-se para ela com curiosidade. — Entra aqui.

— Estou sentindo cheiro de waffles — ela apontou escada abaixo e mostrou as presas num sorriso bonito. — E você sabe que é praticamente uma guerra lutar contra Leon para comer a calda de morango.

Uma careta enojada cruzou o rosto de Kaira, às vezes era difícil acreditar que eles preferiam calda de morango a de chocolate, o bom era que sobrava mais para ela.

— Nós decidimos que quem chegar primeiro fica com a calda e ele ainda está dormindo — Aurora riu divertida. — Vou comer muito hoje!

— Tá, eu não ligo — abanou a mão e estendeu dois sapatos em direção a irmã mais nova. Na mão direita uma digna sandália com um salto pequeno, de uma cor castanha bem clarinha e que prendia no tornozelo. Na mão esquerda uma sapatilha branquinha e fofa, além de muito confortável. — Qual da duas você acha que combina mais com o meu vestido?

O vestido era novo e de um tom azul escuro, com botões delicados de cima a baixo, as mangas cobriam seus ombros e se amarravam em pequenos nós, além de que ele corria liso até a altura das coxas.

— Você vai ir no jogo?

— Sim.

As bochechas de Aurora coraram e ela entrou no quarto, repentinamente parecia tímida e aquilo era estranho.

— Salvation vai jogar?

Kaira entendeu tudo de cara e gargalhou gostosamente. Há muito tempo sua irmãzinha olhava para o amigo canino com carinho e admiração, além de que aceitava ficar próxima dele quando não deixava mais ninguém.

Era óbvio que gostava dele, mas será que ele gostava dela?

Pretendia descobrir o mais rápido possível e livrar a adorável fêmea de qualquer tipo de sofrimento, tinha feito uma promessa e iria protegê-la, mesmo que fosse contra outro Nova Espécie.

— Ele vai jogar — estudou a feição feliz de sua irmã. — Você quer ir comigo?

— Eu adoraria!

— Tá, que seja — riu e estendeu os sapatos novamente. — Aponte para um deles, logo!

— O de saltinho.

— Sabia que nós duas tinhamos gostos parecidos, também amei este!

As duas tomaram café da manhã juntas e Kaira ajudou Aurora, colocando-a num belo vestido e escovando os fios dourados do cabelo dela. Não precisava de mais nada, sua irmãzinha era perfeita por natureza.

Kaira estava colocando um bilhetinho cheio de corações na geladeira quando o seu pai apareceu com o rosto amassado e com uma juba, literalmente de leão.

— Aonde você pensa que vai? — avaliou ela de cima baixa e rosnou, fazendo com que Kaira revisasse os olhos. — Está muito bonita... Quero você em casa na hora do almoço.

— Nem pensar — negou com a cabeça. — Nós vamos almoçar no refeitório depois do futebol e ir no bar mais tarde, pretendemos jogar pebolim.

— Aham — ele soltou um ruído do fundo da garganta, fingindo que acreditava e Kaira fez uma carinha de inocente. — Talvez Aurora e os outros realmente joguem, enquanto você e Noble se escondem atrás de alguma árvore e ficam se agarrando o dia todo!

Ficou boquiaberta, era impressionante como o pai não se esquecia do dramático dia em que pegara os dois se beijando perto da casa no meio da noite, ainda era vergonhoso pensar naquela lanterna apontada diretamente para Noble sob ela.

Seu pai enlouqueceu e faltou pouco para que não avançasse em direção ao rapaz.

— Que ultraje, definitivamente não é esse o tipo de coisa que se diga a uma dama como eu.

— Eu juro, Kaira, que se chegar tarde vou prendê-la no quarto e nem seu amiguinho poderá vir salvá-la.

— Acredito em você, pai — beijou a bochecha dele e correu para longe, mas não escapou do abraço forte. — Pai, me deixa!

— O que você disse que vão fazer mesmo?

— Noble e os outros vão jogar futebol, eu já disse, não ouviu? — Kaira tentou se afastar, mas em vão.

— Hm, então vão estar em público, eu gosto disso.

Ele finalmente a soltou e Kaira ajeitou o vestido, olhando para o pai irritada.

— Vamos fazer algumas regras. Você vai até lá e volta, nada de ir para outro lugar, sem gracinhas ou eu mesmo vou ir buscá-la. Nada de beijos, nada de toques e com certeza nada de ficarem sozinhos, entendeu?

— Sim, pai — ela revirou os olhos.

— Ótimo, agora pode ir... eu te amo.

— Eu também te amo.

Brawn pegou todos os jovens e os levou até o campo imenso e verde onde o jogo aconteceria, a distância daquele espaço até o hotel da Reserva era grande. Havia uma multidão de Novas Espécies por lá, ansiosos pelo jogo e também alguns poucos humanos, em sua maior parte companheiras dos machos.

O jogo do dia seria entre os mais velhos contra os jovens.

Ela achava uma idiotice, levando em consideração que os outros machos eram maiores e mais fortes, mas não adiantava falar com Noble e os outros, eles só queriam um motivo para correr em direção a alguém e se jogarem uns sobre os outros como se fossem gigantes.

Estava tão entretida olhando para os amigos se distanciando que nem ao menos notou o homem andando de costas em sua direção e acabaram por se esbarrar.

— Opa — ele riu, sem olhar para o seu rosto. — Me desculpa, não estava prestando atenção.

— Tudo bem.

Observou o homem correr e de repente pular, ele era alto e muito bonito, com olhos castanhos escuros. Alguém jogara uma bola de futebol nas mãos dele, com força o suficiente para fazê-la saber que cairia para trás se fosse com ela.

— Boa pegada, Aaron

— Eu sei que sou bom no que faço, Trey! — provocou o outro de volta e os dois sumiram entre o grande número de pessoas.

Ela ficou um tempo sozinha, observando tudo ao redor e pensando no quanto amava seu lar e todas as pessoas que viviam ali, mas também se lembrando das notícias ruins que via todos os dias no noticiário dos homens e mulheres fora daqueles muros.

Era curiosa e inteligente, muitas vezes pensara em sair e conhecer as coisas diferentes, no entanto, quando ouvia que uma mulher fora esfaqueada por causa de um celular ou até mesmo violentada, não consiga pensar num motivo bom para ter uma vida lá fora.

Parecia tão horrível e perigoso, nojento.

Levou um susto quando braços fortes abraçaram seu corpo, mas relaxou porquê sabia que atrás dela estava Noble, nenhum outro macho ousaria fazer aquilo. Podia sentir a textura dura do uniforme e dos equipamentos, virou-se para ele e os dois trocaram um olhar animado.

— No que está pensando? Parece tão distante, não me diga que se arrependeu e quer ir embora, você prometeu que ficaria.

— Não, senhor. Não pretendo dar para trás e eu só estava pensando sobre o mundo fora dos muros.

— Por quê?

— Apenas pensei que aqui é muito melhor do que lá fora.

Ele suspirou, relaxando os ombros tensos.

— Ainda bem, não quero que você vá embora um dia.

Noble levantou o corpo dela, parecia que gostava de tê-la nos braços, carregou-a até a arquibancada e a ajudou a se sentar num banco bem alto, logo Aurora se juntou a ela, toda corada e sorridente.

— Você parece bem feliz, pequena.

— Eu estou! — Aurora bebeu água da sua garrafinha e suspirou, parecia super apaixonada. Kaira e Noble trocaram um olhar irônico, os dois sabiam o motivo daquele comportamento diferente. — Boa sorte, Noble, estou torcendo por vocês!

— Eu também estou — inclinou-se e segurou o rosto dele, beijando-o lentamente e roçando seus narizes. — Boa sorte, gatinho!

Ela não era uma grande fã de futebol americano e nem de toda aquela agressão, vendo os Novas Espécies jogarem era tão ruim quanto os humanos; fortes e rápidos, rosnando e usando suas garras em ataque, contra-ataque e defesa. Alguns eram simplesmente muito velozes, como Forest, quase sempre jogavam a bola em suas mãos e ele atravessava o campo como um raio.

Salvation era quem ficava no centro e sempre começava com a bola, depois a passando para Kismet, o lançador.

Noble era o maior entre eles e também o mais pesado, além de ser um excelente defensor, fazendo com que até alguns dos mais velhos hesitassem em ir contra ele.

Kaira queria torcer para Jericho também, mas era difícil enquanto ele estava no time adversário, correndo e jogando seus amigos para longe com força e agilidade. Ele era enorme, um verdadeiro macho territorialista.

Os olhos dele pareciam em chamas enquanto demonstrava todas as suas habilidades.

— Caramba, parece impossível derrotar Jericho hoje! — Kat enfiou mais um monte de pipoca na boca e gritou animada quando o time dos mais velhos fez outro ponto, o macho dela, Darkeness não estava jogando, mas era um dos árbitros.

— Anna realmente o incentivou — Becca murmurou e as outras mulheres riram, Anna apenas teve a oportunidade de corar. — Vai, Kismet!

— Jericho é o melhor — Anna resmungou, ainda corada, mas sorrindo.

Novamente o ataque conseguiu avançar mais e o time da defesa, composto pelos amigos dela, se posicionaram. Kaira se levantou e agitou os braços para cima, chamando atenção daqueles grandes idiotas.

— Façam alguma coisa! — gritou alto, ignorando a risada do time que ganhava. — Podem não ser tão fortes separados agora, mas juntos conseguem segurar ele, joguem como a porra de uma equipe!

— Vai, Sal! — Ellie incentivou o filho com um grito animado e até mesmo Aurora se juntou a ela, não tão explosiva, mas ainda assim confiante.

Trisha riu, ignorando o jogo e conversando com Jessie. Companheiro e filho jogavam em times distintos, ela nunca torcia e detestava vê-los se jogando um contra o outro em lutas corporais. Justice nunca jogava, era ocupado até mesmo para isso e não estava entre elas na arquibancada.

Tammy não viera, Valiant dissera que aquele era um bom dia para ficarem juntos, já que o filho estava fora de casa e bem longe. No entanto, Kaira era quem torcia por ele.

Novamente Jericho estava com a bola e uma gritaria começou na arquibancada, quase a deixando surda, eram uivos, rugidos e rosnando, além dos urros humanos. Ela era uma das que gritava bem alto, fazer o que, estava começando a entrar no clima.

— Peguem ele, pelo amor de Deus!

Mais de um jogador tentou parar Jericho, mas nem todos os seus três amigos juntos conseguiram. A cena foi engraçada, estavam meio que pendurados no primata que corria em direção ao Touchdown, pronto para ganhar a partida. Kismet foi o primeiro a soltar o macho, depois Forest e Salvation demorou mais, era o maior entre eles.

Quando o corpo de Sal ficou para trás, Aurora e ela automaticamente perderam as esperanças, no entanto, de repente todo mundo se calou e o corpo de Jericho voou longe, pego pelo impacto impressionante do corpo de Noble.

Um dos braços do felino, o direito, se erguera com força bem quando o pescoço de Jericho passava por perto, atingindo-o com intensidade.

Ela ofegou, chocada e pensando no quanto aquilo poderia doer. Um lado seu queria correr até Jericho e o outro queria pular nos braços de Noble e o beijar por finalmente parar aquela fera.

— Caramba, que força — Trisha murmurou e depois riu, parecendo se recordar de algo. — Estou me lembrando de quando conheci Valiant, enorme e furioso, mesmo que seja muito gentil comigo às vezes. Noble não é tipo de macho para se enfrentar hoje em dia, imagina quando for um adulto completamente desenvolvido.

Se Kaira fosse uma felina teria ronronado suavemente, podia visualizar, em sua mente criativa, um Noble grande e musculoso, suado e sobre seu corpo, beijando-a e passando aquelas mãos fortes e rudes por todo a sua pele macia. Ela respirou fundo, tentando controlar seus batimentos cardíacos. Ele era muito gostoso. Poderia correr sua língua por toda aquela pele dourada e puxar o cabelo dele, sabia que ele gostava quando era agressiva e demonstrava o que queria.

Precisou apertar as pernas com força e segurou o banco com força, até que suas juntas estivessem brancas; estava excitada apenas em pensar nos dois juntos.

Seria simplesmente incrível.

— Você está bem? — Aurora pergunto, enrugado o nariz.

— Sim! — riu sem graça, imaginando que a irmã sentia o cheiro que vinha dela. — Só estou animada! — ergueu-se e gritou de novo. — Vai Noble, acaba com ele!

No final das contas, mesmo jogando com força de vontade, o time dos jovens perdeu. Eles caminharam para longe, em direção a uma área coberta onde um vestiário tinha sido construído há muito tempo.

Kaira estava decidindo entre água ou bebida esportiva para Noble quando uma Zandy sorridente se aproximou dela, Tiger vinha logo atrás, com as mãos no bolso. Estava tão acostumada a vê-lo com o uniforme escuro de oficial que era um pouco estranho quando vestia roupas normais.

— Oi — cumprimentou os dois e decidiu pela bebida esportiva, assim ele poderia repor todo o líquido e sais minerais perdidos enquanto suava no campo. Bom, ela estava estudando bastante e ultimamente andava meio fissurada na alimentação de Noble, tanto quanto se importava em comer brócolis e espinafre quando era criança. Podia ser meio estranha quando o assunto era saúde, essa era uma de suas paranóias. — Como vão?

— Estamos bem! — Zandy sorriu e estendeu uma flor bonita para Kaira; uma rosa solitária e vermelha, com as pétalas brilhantes e vivas. — É para você, um presente, não é fofo?

— Hã... Um presente? — questionou, confusa ao pegar com delicadeza a bela flor.

— É do Heaven!

Aquela informação era uma surpresa de verdade.

— Ele gosta de você.

Heaven, para Kaira, era apenas um par de olhos marcantes, azuis e dourados. Ele era lindo e muito gentil com ela, agora sabia o motivo de sempre a deixar passar na frente dele na fila do bar quando jogavam juntos.

De alguma forma ele gostava dela, que estranho.

— Nossa — riu sem graça. — Eu não fazia ideia.

Um lampejo de diversão passou pelos olhos de Zandy, a situação era engraçada para a mulher mais velha.

— Ele pode não ser um grande exemplo de galanteador... Ainda. E também não podia vir para cá, ainda não é tão grande quanto os outros, embora seja apenas algum tempo mais jovem. 

— Quando me encontrar com ele vou agradecer — era mentira, não diria nada, mas não podia simplesmente ser uma grossa com Zandy, gostava dela.

— Tá bom, então.

Acenou para os dois enquanto se afastavam e gargalhou sozinha, sentindo-se muito bonita. Sabia que iria conquistar alguns corações, seu pai sempre dizia isso e ameaçava matar alguns machos, mas ele sabia que ela só tinha olhos para uma pessoa.

E era justamente esta pessoa que andava em sua direção como um maldito predador, alto e forte, com a camisa pendurada no ombro e os tênis nas mãos. Sabia que ele odiava usar sapatos, assim como a maioria dos Novas Espécies.

— Foi um bom jogo — lançou a embalagem da bebida na direção dele, Noble a pegou sem dificuldade. — Você foi incrível contra Jericho.

Ele rosnou, abrindo a garrafa.

— Ele é muito forte, mas sei que posso derrubá-lo na próxima.

— Sei que sim.

Noble bebeu longos goles e ela ficou o observando. Era engraçado como o rosto dele parecia muito mais selvagem e feroz quando o cabelo estava molhado e escovado para trás, fazendo com que suas bochechas proeminentes e a mandíbula forte tivessem um grande destaque.

Gostava dele daquele jeito, gostava demais.

Sentia uma vontade repentina de o beijar novamente e estar em seus braços, como no dia do aniversário dela. Queria tocar a pele quente e ser tocada de volta, sabia que estar com ele era como entrar em erupção e amava quando sua mente parecia estar em outro mundo, como se estivesse experimentando uma droga viciante.

Segurou a mão vazia dele, apertando os dedos maiores com intensidade, isso atraiu um olhar dourado e interessado.

— Olha — mostrou a flor, que até então escondia, para ele. — Eu ganhei, não é linda?

— Quem te deu?

— Cheira tão bem — levou a delicada rosa até o nariz e a cheirou, sorrindo e fingindo não se importar com a expressão irritada no rosto dele. — Quer sentir mais de perto?

— Quem te deu a maldita flor?

— Coitadinha, não chame ela assim.

— Kaira!

Precisou se controlar para não deixar que uma careta se formasse em seu rosto quando ele praticamente rugiu em sua orelha, fazendo com que suas pernas tremessem levemente.

— Para de gritar, seu maluco — resmungou. — Foi Zandy quem me deu, presente do Heaven.

— E por que aquele filhote daria uma flor para você?

— Ele não é mais um filhote, nós dois sabemos bem que depois de determinada idade vocês começam a agir como machos adultos. Heaven alcançou essa idade há algum tempo e não é muito tempo mais novo do que você ou eu.

Noble largou a mão dela, segurando-a pelos ombros e a encarando como se de repente tivesse nascido uma cabeça a mais nela.

— Por que está falando assim dele?

— Estou falando normalmente — revirou os olhos, cansada da brincadeira que ela mesma começou. Ciúmes nunca era um divertimento para Novas Espécies e agora Noble provavelmente implicaria para sempre com isso, talvez fosse um erro ter falado sobre Heaven. Passou os braços a redor do pescoço dele, erguendo-se nas pontas dos pés. — Me beija.

— É engraçado você pensar que essas duas palavras podem me comprar.

— Não podem?

— Não!

Ela soltou um riso baixo, largou os ombros dele e segurou as mãos grandes, arrastando-o para longe do campo aberto. Olhou para todos os lados, procurando por algo que pudesse ajudá-la, até que um sorriso arteiro tomou seu rosto ao olhar para a grande arquibancada, agora vazia porquê muitos tinham saido para comer no refeitório, enquanto outros ficaram no campo e alguns machos ainda saiam do vestiário masculino.

O que ela tinha em mente poderia até mesmo ter relação com algum filme adolescente, a ideia a divertia.

— Eu não vou entrar embaixo dos bancos.

— Você leu minha mente? Aliás, é um bundão por acaso? — perguntou, sua voz soando arrogante. — Estou indo e você pode vir comigo, não vai se arrepender.

Kaira respirou fundo, com o coração martelando no peito e se ajoelhou sobre a grama. Seu rosto corou quando precisou ficar de quatro para passar abaixada entre alguns cilindros de ferro que sustentavam os assentos de baixo. Esperava, de todo o coração, que sua calcinha não estivesse aparecendo, estava usando o absorvente e não queria que ele visse aquilo.

Depois de passar por baixo dos menores bancos, ela se sentou bem comportada e encarou Noble, esperando que ele fizesse o mesmo.

— Vem — murmurou, chamando-o com um dedo. — Não vai me deixar sozinha aqui, não é?

Noble soltou um som do fundo do peito enquanto a perscrutava com aquele olhar exótico, ele respirou fundo uma vez e olhou para longe dela, encarando algo a distância.

— Você sabe que não podemos fazer isso — ele murmurou baixo e soltou um riso. — O que torna estar com você mais divertido. Você fica muito linda nesse vestido.

Ela sorriu travessa e ele rosnou novamente, dando dois passos em sua direção. Subitamente agachou, passou pela armação de ferro e se aproximou dela, agarrando suas pernas com ambas as mãos e puxando sua cintura até que estivesse sentada sobre as coxas dele.

Kaira tocou, levemente, uma das mãos sobre a bochecha dele e admirou as espirais douradas que constituam os olhos poderosos, protegidos por cílios de dar inveja a qualquer mulher, de cor laranja-avermelhados. Um som suave veio dele: um ronronar intenso e que vibrou sob ela, fazendo com que tremesse novamente pela sensação deliciosa que a invadia.

Gostava muito daquelas reações e sons.

Noble arrastou o cabelo dela para longe do rosto, acariciando suas bochechas. Ela se enroscou toda nele quando a aspereza de suas palmas a deixaram arrepiada. Todas as suas madeixas foram movidas para longe do pescoço, deixando sua pele livre.

— Você é linda — murmurou docemente. — E minha.

— Você também é lindo — beijou o queixo dele e depois o pescoço bronzeado. — Perfeito, não me canso de te olhar...

Ele fechou os olhos e respirou fundo.

— Seu cheiro é delicioso, me lembra pêssego.

— Suculento, hum?

— Com certeza, quero comer você — os dois riram daquilo. Ele moveu o corpo para mais perto dela e então o cabelo dele tocou seu rosto, logo suas bochechas se roçaram e ela pode sentir a respiração quente em sua pele. Kaira estava de olhos fechados, aceitando todas as carícias, quando ele lambeu um ponto maravilhoso no rosto dela.

— É bom — deixou escapar em um sussurro, passando os braços ao redor do pescoço dele e inclinando a cabeça para trás, abrindo espaço para que fizesse o que queria. Ele lambeu novamente e a textura levemente arenosa de sua língua enviou calafrios ótimos para diversos pontos do corpo dela. Os dentes afiados se arrastaram por sua pele e ele a mordeu com carinho na clavícula, fazendo com que Kaira respirasse fundo.

A mão dele desceu de suas costas até a cintura, apertando-a contra ele com força.

— Você não está usando sutiã...

Noble abaixou os olhos para os seios dela quando os sentiu por completo ao comprimir o peito contra ela. Macios e aparentemente perfeitos para que ele colocasse as mãos, precisou lutar contra o instinto de tocá-la naquela área escondida.

— Te incomoda?

Ele poderia rir, mas não o fez.

— Nem um pouco — respondeu. — Por que não está usando?

Ela balançou os ombros, divertida com a atenção que seu par de seios ganhara.

— Sabia que você reagiria assim.

— Eu admito que é difícil manter toda as minhas necessidades sob controle, mas eu vou manter.

— Você é forte — tocou o peito dele com as mãos, sentindo toda a pele sob suas palmas; grande e quente, como todo o corpo dele era. — Me beija.

Noble não teve muito cuidado quando inverteu a posição dos dois, deixando-a por baixo dele. Lentamente se deitou sobre a grama, com o corpo dele se inclinando sobre o dela, ignorava os pontinhos verdes embaixo que a pinicavam como se estivessem fazendo cócegas em suas pernas. Os lábios dele foram gentis no primeiro toque, mas a mão grande que segurava seu queixo a deixava consciente de que um macho com o dobro de sua altura e peso estava ali.

Ela não lutou para fugir da mão dele, ao invés disso relaxou e deslizou os dedos pelo abdômen forte. Noble devorou seus lábios, beijando-a com vigor e a dominando por inteira, deixando-a em chamas quase que instantaneamente. Sua mente parecia em transe quando a língua dele roçou na dela, tomando cada canto de sua boca. Ele vibrou e Kaira abriu as pernas, deixando que o corpo dele ficasse mais próximo.

Era bom e seu corpo retribuía cada gesto com prazer.

Sempre seria assim quando ele simplesmente a beijasse e tocasse? Estaria sempre desejando seus lábios e mãos? Esperava que sim, porquê descobrira que gostava daquilo quase tanto quanto gostava de falar e, bom, ela falava muito.

Toda vez que a língua áspera tocava a dela era como se estivessem se comunicando de uma forma que transcendia simples palavras; primitivo e profundo.

A maneira como suas cabeças se inclinavam em sincronia, como as mãos dele a seguravam com força ao ponto de sentir vontade de gemer alto, suas línguas e lábios se movendo pelo prazer, tudo tão maravilhosamente dominador e viciante.

Kaira mordeu levemente o lábio inferior dele e o chupou, soltando-o lentamente depois. Abriu os olhos, ofegante e adorou o modo como Noble a encarava, como se ela fosse tudo para ele e realmente queria ser. Parecia que ele gostara daquilo. Puxou-o pelo pescoço, esfregando os dedos contra a pele quente e lambeu o queixo masculino, mordendo-o logo após, então deslizou os lábios para os dele novamente, tomando o rumo do beijo de maneira lenta.

Adorava segurar os fios grossos do cabelo dele, afastou toda a juba para trás e beijou a bochecha alta, correndo os lábios até o pescoço e depois subindo até a orelha. Beliscou o lóbulo com a ponta dos dentes e lambeu, sua respiração quente e pesada batendo contra a pele dele depois. Podia sentir o corpo de Noble tremer sobre ela. Ele rosnava suavemente, apertando-a ainda mais para que seus corpos se encaixassem e, quando inclinou a cabeça para trás, expondo o pescoço ainda mais para ela, Kaira se sentiu muito bem.

Se sentia confiante e poderosa com aquela demonstração, principalmente quando ele respirava fundo e rosnava, podia sentir o cheiro forte dos dois e a intimidade dele tocando sua barriga.

Noble disse que estaria sob controle, no entanto estava quase pronto para arrancar aquele vestido e beijar todo o corpo dela. Se ele fosse um pouco para trás e talvez mais ousado, poderia levantar as pernas dela até os ombros e enfiar o rosto no meio das coxas brancas.

Kaira o queria também, faria com que ela soltasse ainda mais daqueles gemidos suaves se provasse do seu sabor.

— Você é minha!

— Você é meu!

Ele ronronou quando sentiu o puxão em seu cabelo, aquilo não o incomodava, a dor era um prazer quando estavam juntos. Noble voltaria a beijar aqueles lábios vermelhos se não ouvisse passos se aproximando rapidamente de onde estavam, eram barulhentos e meio desgovernados, ele escondeu o corpo de Kaira sob o seu e encarou o visitante indesejado.

Era Aurora, corada e ao mesmo tento sorridente. A pequena fêmea acenou para ele, indicando para que saísse de baixo da arquibancada.

— Os outros estão procurando por vocês dois. Fiquei aqui perto vigiando o lugar e agora eles estão se aproximando, acho melhor que saiam antes que todos os vejam.

— É muito doce da sua parte nos vigiar, irmãzinha — Kaira agradeceu, esperando que Aurora entendesse o seu sarcasmo.

— Papai me pediu isso.

— É claro que pediu — soltou um riso meio estranho e rouco. — Preciso que saía de cima de mim, Noble, não consigo me mover assim.

Noble levantou e a ajudou, logo os dois estavam fora daquele pequeno espaço e em pé ao lado de Aurora. Ele achava a situação engraçada, Leo vivia os vigiando em todos os cantos, sempre usando Leon ao seu favor e agora até mesmo a pequena fêmea.

🌡️

Todos estavam eufóricos com a nova gravidez de Tammy, a forma como Valiant a tratava agora era engraçada e fofa ao mesmo tempo, cuidando e a protegendo de tudo e todos. Ele até mesmo tinha rosnado para Kaira dois dias atrás, quando ela fez uma piada engraçada o suficiente para levar Tammy as lágrimas de tanto rir.

Mesmo com o passar dos anos ainda era assustador ver ele feroz, seria melhor evitar.

Estava sentada no sofá da casa deles, assistindo a um filme de presidiários, Corrida Mortal. Tammy estava sentada no sofá grande e Valiant estava trás dela, com as mãos em sua barriga de três meses. Noble estava esparramado no tapete, de barriga para baixo e vidrado na televisão.

— Os homens na prisão ficam juntos, não é? — brincou, olhando para a bunda de Noble. — Você tem uma bunda realmente bonita, chocolate, aposto que muitos penitenciários achariam o mesmo.

Ele apenas ergueu o dedo do meio para ela, rosnando.

— Eu não vou mais ficar assim perto de você — Noble se levantou, olhando-a por inteira e sorrindo. — Com certeza tenho um gosto mais elevado, não gosto de homens.

— Sei que tem um gosto incrível, sou perfeita.

Tammy gargalhou, chamando atenção dos dois.

— Vocês dois estão fazendo minha bexiga doer de tanto que dou risada e eu não quero ter que ir ao banheiro de novo, poxa. Por que não pega as cartas no seu quarto, Noble? Eu estava gostando de ganhar dos dois.

— Eu estava ganhando — Kaira se gabou, empurrando o macho com os pés. — Vai lá pegar, vai, deixa eu ver essa bundinha enquanto você sobe as escadas!

— Vou pegar as cartas — Noble fez uma careta, enjoado. — Para de falar da minha bunda e mãe, você não estava ganhando!

Ele andou até as escadas, sumindo rapidamente para o andar de cima.

— Ele é um péssimo jogador — Valiant murmurou, fazendo as duas rirem. — Só perde.

— Eu ouvi isso!

Semanas se passaram e tudo estava numa boa, até um ataque horrível acontecer em Homeland. Alguns dos machos foram para lá ajudar, entre eles seu pai e até mesmo Valiant, depois de muitos pedidos de Justice. O macho não pode negar, Justice fazia muito por todos eles.

Ela tinha ouvido toda a conversa deles na sala, enquanto fingia estar distraída com a louça. Estava tão triste por aquilo e também muito puta, odiava as pessoas que nunca os deixava em paz. Ela tinha visto alguns cartazes bem ruins outro dia e ouvira humanos gritando que eles eram apenas animais e que não mereciam viver.

Que ainda deveriam estar presos.

Chorou sozinha naquela noite, irritada demais para querer conversa com alguém sobre o assunto, a frustração que sentia era culpa de seu orgulho, ela queria ajudar e não sabia como. Sua janela estava indisponível naquele dia.

Quando acordou cedo na outra manhã sua cabeça parecia que ia explodir e a garganta estava dolorida, mas o sol lá fora era quente e por isso ela colocou um vestido azul claro com florzinhas brancas que amava. Desceu as escadas e encontrou Leo, Valiant, Noble e Jericho em sua sala. Sua mãe estava na cozinha, arrumando o café da manhã e Aurora apareceu logo atrás.

— Leon ainda não acordou? — perguntou baixinho, encostada na bancada da cozinha.

— Ele acordou, mas não quer levantar.

— Ele odeia despedidas — ela riu, tomando um gole de café. — É tão sentimental.

— Eu acho isso fofo.

— É, eu também acho fofinho.

Na hora que os mais velhos estavam de saída sua mãe correu para abraçar Leo, beijando-o com carinho na frente de todos. Aurora também abraçou o pai e então foi a vez de Kaira. Ela se aproximou dele e pulou em seus braços abertos, apertando-o o máximo que conseguia e beijando as bochechas dele.

Ele ronronou, esfregando a bochecha nela e Kaira gargalhou.

— Acaba com todos aqueles babacas — murmurou olhando no fundos dos olhos claros.

— Kaira, isso não é coisa que se diga! — Stella a repreendeu

— Eu não tô nem aí — resmungou. — Os assustem de verdade, sei que não estão indo lá para encher linguiça.

Ninguém falara nada abertamente, mas ela não era nenhuma idiota. Era óbvio que tinham reunido um trio barra pesada para deixar os humanos distantes. Leo era gentil e brincalhão, gostava de fazer piadas e charadas com os outros, mas ele podia ser assustador de verdade e tinha um rabo, qualquer um iria querer ficar longe dele se fizesse caretas. Valiant era o maior macho que ela conhecia, cheio de músculos, praticamente uma muralha, ela com certeza o colocaria nessa, Justice era esperto.

Jericho tinha uma voz de trovão e era um macho decidido e forte, capaz de liderar e lutar, além de que seus olhos costumavam assustar até alguns Novas Espécies. Os humanos teriam pesadelos com ele, assim esperava.

— Até mais, Valiant — abraçou ele com carinho. — Vou ficar de olho em Tammy, pode deixar. Vou fazer ela rir tanto que não ter um momento para se sentir melancólica.

— Obrigado, Kaira.

— Imagina, tudo pela minha família!

Por último abraçou Jericho, apertando-o levemente.

— Se cuida, vou sentir sua falta.

— Também vou sentir a sua, pequena.

Eles se afastaram para a saída e ela segurou a mão de Noble, caminharam lado a lado.

— Brawn vai ficar de olho em tudo pela Reserva. Muitos machos estão em ronda pelos muros, os residentes da Zona Selvagem não vão deixar ninguém entrar sem uma boa briga, mas nós não esperamos um ataque, não depois de tudo que usaram em Homeland — Valiant disse, mantendo os olhos em Noble, depois os desviou para Stella. — Noble vai manter vocês todos protegidos.

Ela sabia que ficariam todos bem. Entrelaçou os dedos aos de Noble ao seu lado e segurou o braço dele com a outra mão, sorrindo.

Confiava sua vida a Noble.

— Façam uma boa viagem!

Acenou enquanto os observava se afastar, seu coração apertado dentro do peito, mas sorrindo por fora. Sua mãe e Aurora voltaram para dentro, deixando-a sozinha na varanda com Noble.

— Eu vou voltar para casa e ficar com a minha mãe — ele murmurou. — Depois do almoço Kismet e outros vão lá, vamos treinar, você quer ver?

— Claro.

— Okay — ele beijou a testa dela, deixando os lábios pressionados com carinho em sua pele por um longo tempo. — Sua mãe e irmãos devem ir também. Vai ser legal.

Ela concordou, só queria passar um tempo com os amigos e não pensar no que estava acontecendo em Homeland.

— Venho buscar vocês depois, te amo.

— Também amo você.

🌡️

Kaira não gostava de ver os amigos jogarem futebol americano por causa de toda a violência, vê-los lutar então era muito pior. Não havia nada para protegê-los além das bermudas que usavam. Forest trouxe luvas legais de boxe, mas todos o ignoraram, queriam mesmo era usar as garras.

Ela não podia julgar seus instintos.

Aurora estava com ela até pouco tempo, mas a cada soco e rosnar a fêmea se encolhia na cadeira, então Kaira sugeriu que ela fosse para dentro treinar com Tammy e sua mãe, elas estavam assistindo uns vídeos de danças para grávidas.

Leon estava animado para se juntar aos outros, mas ela não deixou, seu irmãozinho ainda era pequeno para se meter naquela luta selvagem.

Ela colocou as luvas de boxe e sentiu seus dedos nojentos de suor, mas ignorou, pretendia brincar um pouco com o irmão. Estavam à direita do quintal e longe de onde os machos lutavam, ela não queria de modo algum chegar perto deles naquele estado.

— Vem! — incentivou Leon, mostrando os dentes para ele numa falha de rosnar. — Me mostra o que você sabe, gatinho.

Ele foi para cima dela com pressa, flexionou as pernas e praticamente saltou para os seus braços. Não era bem um ataque, mas um abraço de leão. Leon nunca lutaria com ela como fazia com o pai, não depois da vez em que Kaira teve uma contusão feia no braço por causas das unhas dele.

Precisou dar alguns passos para trás e se equilibrar para não cair, ele era forte e pesado, mesmo que fosse menor que ela. Os dentes dele, perigosamente próximos de sua pele, só fizeram cócegas e ele a lambeu.

Amava aqueles momentos dos dois, ele era seu irmãozinho e faria qualquer coisa que o fizesse sorrir e rir. Olhou orgulhosa para aqueles olhinhos de gato e distribuiu beijinhos por todo o rosto dele, adorando o som de afeto que ele reproduziu.

Kaira se ajoelhou com cuidado, feliz por ter trocado o vestido por um shortinho e começou a fazer cócegas nele. Leon gargalhava, tentando capturar as mãos dela para morder. Não doia realmente, porquê ele nunca o fazia com força, era só um beliscar na pele.

Quando ela se cansou, Kaira se deitou ao lado e os dois ficaram observando o céu com as mãos juntas, até ele deitar a cabeça em seu peito e ficar encarando seu rosto, ronronando e se esfregando nela. Não tinha como ignorar aqueles olhos carentes ou suas investidas, então resolveu dar a atenção que ele tanto queria.

— O que foi?

— Você é minha irmã.

Kaira gargalhou, achando graça naquela frase.

— Sim, eu sou!

Ele concordou e ela esperou, curiosa. Leon parecia pensar em algo grande e importante, até mesmo hesitava, o que era extremamente raro, ele simplesmente falava o que queria, como ela.

— Eu não quero que você fi—

— Ei, Leon! — Kismet o chamou, calando-o imediatamente. — Quer ir até o rio pegar uns peixes?

Leon olhou do macho para ela, uma pergunta silenciosa flutuando em suas orbes douradas. Kaira se sentou, tirando a terra de sua regata.

— Pode ir — bagunçou o cabelo dele e fitou Kismet. — Cuida dele — ressaltou —, não tira os olhos dele!

Os dois partiram juntos e ela riu ao observar o rabo do irmão se agitar animadamente, estavam levando Forest com eles. Ela estranhou por um instante tudo aquilo, até que Salvation entrou para dentro com um olhar de quem ia aprontar e Noble veio até ela, estendendo a mão para ajudá-la a levantar.

— Caramba — murmurou, colocando as mãos na cintura e deixando o peso de seu corpo no numa perna. — Eu diria que tudo foi armado.

Noble deu de ombros, rindo.

— Forest acha que Salvation precisa de alguns momentos com a sua irmã e você conhece Kismet.

— Claro — riu. — Ele é o casamenteiro e ao mesmo tempo a tia fofoqueira.

— Exatamente e ele pode ser bem persistente, eu te contei.

Sim, ela sabia sobre a história da briga deles em que Kismet provocara Noble dizendo que ficaria com ela, quando na verdade nunca olharia para ele de outro modo. Mas ele tinha um crédito, pelo menos tinha feito o macho ir atrás dela depois.

Talvez o que ela sentisse antes realmente fossem ciúmes do tempo que os dois passavam juntos, com medo de perder seu melhor amigo para Kismet, mas agora sabia que isso nunca iria acontecer. Eles estavam juntos e o plano era ficar assim para sempre.

Noble tentou roubar um beijo dela, mas Kaira se afastou rindo e ergueu as mãos, mostrando a ele as luvas de luta. As sobrancelhas dele se ergueram, como se perguntasse silenciosamente se aquilo era mesmo o que pensava.

Bom, era um desafio e esperava que ele entendesse.

Andou lentamente ao redor dele, deixando uma distância segura entre ambos. Deu alguns pulinhos, pensando nos lutadores que vira na televisão e tentando imitar, mas não era realmente desse modo que Novas Espécies lutavam.

— Me ataca!

Surpresa e horror representavam bem a expressão dele, ela apenas riu e pulou para outro lado, sendo seguida pelo olhar dele.

— Eu disse para me atacar! — deu um soco no peito dele, surpreendendo-o o suficiente para não reagir de primeira. — O que foi? De repente sua audição falhou? — acertou o peito dele novo, se afastando logo depois. — Me ataca! Me mostra um ataque legal!

Sorria de forma desafiadora para ele, esperando por uma reação. Noble jogou a cabeça para trás e gargalhou, seu olhar brilhava em diversão, fazendo-a se lembrar de quando eram crianças e ele ainda era audacioso para a atacar, mesmo que numa brincadeira.

— Vem!

Esticou os punhos várias vezes, acertando-o novamente na altura dos peitos e lançou o seu punho uma vez contra o abdômen definido, depois se afastou para que ele não a pegasse com facilidade.

Ele olhou para as pernas dela e sorriu, malicioso.

— Boa posição.

— É? — indagou, sua respiração meio ofegante e deu um passo a frente, fazendo o ombro dele um alvo. Sabia que não o machucava de verdade e não o faria nem se quisesse, Noble era um dos machos mais fortes que ela conhecia, mesmo sendo jovem. — Você gosta da minha posição?

— Não sei, poderia ser melhor...

Ela não recuou quando o olhar dele parecia pegar fogo, como ouro derretido brilhando, consequentemente fazendo com que seus ossos e músculos parecessem estar em chamas. Noble era tão quente. Ele caminhou lentamente ao redor dela, com um rosnado profundo reverberando de seu peito.

Kaira segurou um riso, sabendo que deveria se manter firme, mesmo com seus instintos de sobrevivência gritando para que não o desafiasse. Nunca deveria correr ou virar as costas, caso contrário estaria perdida, automaticamente ele começaria a caçar ela.

— Vou te mostra um excelente ataque.

Dito isso, ele foi até ela muito rápido e Kaira só gargalhou, agarrando os ombros dele quando as suas pernas foram tiradas do chão. Teve certa dificuldade em encontrar o melhor jeito de enlaçar as coxas ao redor da cintura dele, principalmente quando algo duro pressionou suas costas com força, fazendo com que soltasse um gemido.

Noble fazia pressão em todo o seu corpo, mantendo-a contra a viga que segurava o teto da varanda.

— Você me pegou — roçou os lábios nos dele enquanto falava. — E agora?

— Você não pode provocar um leão e sair ilesa.

— Pode me castigar.

Ele a soltou no chão bruscamente e o som que explodiu para fora da  garganta dele soava como um trovão no meio da tempestade. As mãos grandes seguraram sua cintura com força e ele a virou, prensando o peito contra as costas dela, fazendo com que peito ficasse espremido contra a madeira.

— O que você está fazendo? — sua voz tremeu ao sentir ele duro na dobra de sua coluna, quase tocando sua bunda. — N-Noble...

Algo se agitou dentro dela e seu ventre se apertou, desejando-o.

Ele esfregou o corpo contra ela, fazendo com que Kaira jogasse a cabeça para trás e movesse o quadril em direção a ele, forçando ainda mais o contato.

— Não se mova — os dentes dele tocaram levemente sua pele e os lábios subiram, beijando sua orelha e fazendo com que outro ruído escapasse de sua garganta. Em outro momento ela olharia para dentro da casa, preocupada com o fato de alguém os pegar numa posição tão constrangedora, mas agora só havia Noble, ela e o corpo quente e maravilhoso dele atrás de si.

Quente, muito quente, pensou quando os dedos longos subiram por sua barriga e costelas, arranhando-a levemente.

Ela sentiu a necessidade de jogar o traseiro para trás de novo, querendo tudo dele.

— Me beija — pediu sôfrega.

Uma das mãos saiu de baixo da roupa dela para segurar seu queixo, a força que ele usava para virar o seu rosto a machucava um pouco e ela reclamaria, no entanto, quando os lábios quentes pressionaram os seus, Kaira até mesmo se esqueceu do que lhe incomodava.

A sensação de ser totalmente dominada pelo corpo dele era incrível e o seu corpo queria mais e mais, ao ponto de querer pedir para que os dois tirassem as roupas e ele a tocasse mais intimamente.

O incômodo no ventre era ao mesmo tempo dolorido e bom.

Ela tentou mover as pernas, novamente incentivando o contato entre seus corpos.

— Fica quieta — ele murmurou, mordendo seus lábios.

— Me obrigue — provocou.

Noble fez algo que ela não esperava, afastou o rosto do dela e moveu a boca até um ponto macio entre seu pescoço e ombro, cravando as presas em sua pele. Ela soltou um grito baixo, presa numa linha entre a angústia e prazer.

Talvez ela devesse ter parado, mas a mordida a estimulou a se movimentar e os dentes pareceram rasgar sua pele levemente.

— Você é tão gostosa, malditamente cheirosa — ele rosnou novamente, um som realmente assustador e então arrancou as mãos e os dentes dela. — Droga! — Noble gritou para o céu quando se afastou,  parecia realmente nervoso.

Kaira despencou no chão quando isso aconteceu, nem parecia que seu corpo estava tão brando. Ela respirou fundo e fechou as coxas, seu rosto estava quente, assim como todo o resto.

Riu, satisfeita com o que aconteceu, mas quando ergueu os olhos não ficou tão feliz. Noble se movia de um lado para o outro, segurando tufos de cabelo com força e com um ponto chamativo na bermuda.

Eu o deixo assim, pensou orgulhosa.

Ela tentou levantar, falhou na primeira e segunda vez, pois suas canelas tremiam, mas na terceira vez e com a ajuda da sua adorada viga, da qual ela nunca se esqueceria, levantou-se e se impulsionou até Noble, agarrando-o por trás. Passou os braços ao redor da cintura dele, pressionando seus seios contra as costas dele.

— Não — ele disse, tentando afastar ela. — Por favor, Kaira, não quero te machucar mais.

— Eu estou bem e me sentindo ótima!

— Ótima? — perguntou irônico, virando-se para ela. — Olha só para você, o seu rosto e o seu ombro. Eu te machuquei, sinto muito, muito mesmo!

Kaira não sentia nada além de um leve incômodo no ombro, olhou aquele canto em sua pele e se surpreendeu com o sangue que escorria até sua regata. Okay, aquilo poderia ser estranho se ele não fosse tão forte e tivesse dentes afiados. Podia aceitar aquela marca.

— Nós dois sabemos que os machos marcam as fêmeas — ela murmurou, beijando o peito dele. — Eu sou sua, você é meu. Tudo bem.

Ele negou, pegou a mão dela e juntos foram para dentro da casa. Passaram rapidamente pela sala, ignorando as mulheres que dançavam e Aurora e Salvation na cozinha, conversando. Provavelmente os dois os ouviram, mas não tentaram interferir. Quando chegaram no quarto dele, Noble fechou a porta e a sentou na cama, depois saiu e só voltou com uma caixinha de primeiros socorros.

— Não preciso disso — bufou. — Cara, para de ser tão paranóico.

— Deixa eu cuidar de você — ela estava prestes a dizer não, mas o olhar machucado dele a fez desistir da briga. — Ótimo, fique parada, como eu tinha mandado antes!

Havia sarcasmos na voz dele, raiva também, ela ignorou.

Noble cuidou do machucado dela com algodão e antisséptico, limpou o sangue e depois cobriu a marca com esparadrapo. Kaira respirou fundo, pensando que os machos gostavam de morder suas fêmeas para que os outros não se aproximassem, pelo menos era o que todas as companheiras diziam, e agora ele queria esconder a sua marca.

Ela não queria ficar cheia de paranóia, quase todo mundo sabia que os dois ficariam juntos, não tinha porquê criar assunto quanto a isso.

Não vou me preocupar, repetiu aquilo em sua cabeça e sorriu.

— Toma.

— Eu não quero um analgésico!

Ignorou o comprimido na mão dele, deitando-se na cama e se enrolando na manta clara.

— Seu corpo está quente agora, a excitação faz com que você não sinta dor, mas quando passar vai doer, acredite em mim.

— Não quero.

— Por mim, por favor.

Ela se sentou novamente, emburrada e pegou o remédio.

— Vou pegar um copo de água.

Ele foi rápido e logo estava de volta; Kaira bebeu o analgésico e se deitou, realmente o seu rosto começava a latejar um pouco agora que estava ficando mais fria. Cobriu-se completamente com o cobertor de Noble e deitou a cabeça no travesseiro dele, queria dormir um pouquinho.

Talvez precisasse de um pouco de doce também.

— Kaira... Você me perdoa?

— Por ser tão bom no que faz? Tudo bem, posso lidar com isso.

Ele riu levemente, fazendo-a sorrir de olhos fechados.

— Eu nunca mais vou te tocar assim.

— O quê?

Só poderia estar enlouquecendo, estar com ele era a melhor coisa do dia dela, não podia simplesmente privar ela do paraíso.

— Falo sério — ele suspirou. — Não podemos fazer sexo.

— É lógico que nós podemos, não seja idiota!

— Não, Kaira — ele entortou os lábios. — É cedo.

— Eu não acredito — ela gritou no travesseiro. — Você deve ser o único cara em toda a terra que diz isso, geralmente são as mulheres que negam, não o homem!

— Você não pensaria nisso se soubesse que eu queria te comer lá fora, no chão, principalmente depois de sentir o gosto do seu sangue — Noble sorriu quando uma expressão surpresa tomou o rosto dela. — Eu quero fazer isso, Kaira, mas agora não. Você ainda vai crescer e eu também.

— Agora nós precisamos chegar ao limite de nossos corpos, é isso?

— Talvez de idade? — ele perguntou, rindo.

Ótimo, ele queria estabelecer um tempo até que eles pudessem fazer amor, tudo bem por ela, contanto que não demorasse muito.

— Hã... No ano que vem, que tal?

Ele negou, balançando a cabeça.

— Qual é? — empurrou ele com um soco. — Quer esperar até os dezoito?

— Sim, me parece bom.

— Nem fudendo, Noble, eu estava sendo irônica! Isso é sarcasmo!

Ele a encarou divertido e caminhou até a porta do quarto, dando de ombros.

— É, nem fudendo.

Eu devo ser muito sortuda mesmo, cogitou quando se virou na cama.

🌡️

As semanas que se passaram foram as piores da vida dela, Noble simplesmente não respondia suas mensagens e nem retornava suas ligações. Kaira se afundava cada vez mais emocionalmente, ela não estava preparada para tal distanciamento. O pior era que seu pai andava meio desconfiado e ela não queria que ninguém a visse triste.

Por isso, ordenando a si mesma que fosse forte, Kaira passava a maior parte do dia estudando com os irmãos e a outra parte treinava com seu pai na floresta. Se alongavam juntos e depois corriam até o rio, depois voltavam e faziam alguns outros exercícios.

Fisicamente ela se sentia imbatível e forte, não era realmente pequena e frágil, estava com um metro e setenta e dois, além de que seu corpo era atlético e flexível.

Estava fazendo estrelas quando um Torrent apressado surgiu de entre algumas árvores, o sorriso no rosto dele era enorme.

— Bravery está vindo ao mundo!

Tammy estava ganhando o bebê e agora toda sua família queria ir visitar ela, Valiant e o recém nascido. Kaira estava indecisa entre usar algo realmente provocante ou ir como uma adolescente normal, ela optou pela segunda opção, cansada até mesmo para querer chamar atenção de alguém que claramente não a queria.

Com seu suéter e calça jeans, ela quase se sentia uma puritana, a verdade era que gostava de mostrar sua pele.

— Entrem! — Trisha quem os recebeu, toda sorridente, na verdade todos pareciam estar em um poço de felicidade. Ela queria se jogar num poço. — Tammy está amamentando agora, mas assim que terminar Valiant vai deixar vocês a verem.

— Nós não temos pressa — Stella sorriu,entrando numa conversa bem humorada com Trisha e seu pai já estava ao lado de Slade, deixando-a sozinha com os irmãos.

Kaira se sentou no sofá, fingindo prestar atenção no noticiário humano. As horas passaram como se ela realmente não estivesse ali, não de alma, porquê estava realmente longe, mantendo sua cabeça cheia de pensamentos superficiais e fáceis de lidar.

Não queria olhar para Valiant, não queria olhar para bebê.

Eles tinham olhos de ouro, olhos como os de Noble.

Ela não conseguiu ficar naquele quarto por muito tempo, agradecia a Deus pelo fato de Leon querer ver tanto o bebê que não saia de cima de Tammy e dos outros, deixando-a livre enquanto fugia daquela casa.

Correu para dentro da floresta.

— Desgraçado — gritou alto quando estava longe o suficiente para que os outros não a ouvissem. — Filho da puta!

Uma mão forte a puxou e Kaira gritou, assustada.

— Você não pode sair correndo no meio da noite assim, não aqui.

A voz de Noble era grossa e seria, exatamente como se lembrava e sonhava. Ela gargalhou alto e sem controle. Aquilo era tão irônico. Lágrimas preencheram seus olhos e sua risada histérica se transformou num choro que fazia sua garganta doer e o coração se apertar em dor.

Por que doía tanto?

— Kaira, eu...

— Vai se fuder! — puxou a mão, acertando um tapa no rosto dele, tinha certeza de que doeu mais nela do que nele, por isso balançou a mão, ainda mais irritada. — Seu babaca!

Ela correu para longe dele, entrando ainda mais na floresta, só parou quando seu suéter se enroscou num galho alto, fazendo com que ela quase fosse ao chão quando sentiu o puxão. Se agarrou na madeira, louca de ódio e balanço o galho com força, estava tão cega de lágrimas que não pode ver a cascavel próxima de seu braço.

O padrão de coloração da cobra era um castanho-amarelo, coberto com uma série de manchas marrons escuras e outras pretas, como diamantes. A cabeça tinha uma listra bonita e escura que se estendia a partir de trás do corpo.

Kaira estava lutando contra a árvore quando ouviu o característico som que até então só ouvira na televisão e internet, o chocalho de uma cascavel. Ela olhou para a cobra que se erguia um pouco e logo veio o bote, as presas eram enormes e ela gritou pela dor.

Era como se duas agulhas quentes estivessem penetrando sua pele e espalhando água fervente por suas veias.

Ela caiu sentada no chão e ficou ainda mais assustada com o tanto de sangue que escorreu dos dois orifícios em sua pele. Tentou tampar o ferimento, mas doia ainda mais que seu coração partido.

Kaira só conseguia pensar que iria morrer sozinha na floresta, porquê seu corpo agora doia de verdade e uma dor abdominal a fazia querer vomitar tudo o que comera.

— Noble! — gritou alto antes que sua garganta se fechasse pelo desespero, torcendo para que ele ou outro alguém chegasse logo, começava a sentir falta de ar e seu coração batia nunca ritmo horrível, fazendo com que seu peito doesse.

🌡️

Ele realmente estava disposto a pegar ela pelos braços e sacudi-la depois daquele tapa, Kaira tinha uma mão pesada. Controlou sua irá, porquê ela estava mais irritada e não queria fazê-la o odiar mais ainda.

As semana longe dela o deixaram num estado de nervos horrível, estava praticamente vivendo como um dos outros machos selvagens, caçava e comia, se exercitava e dormia profundamente. Depois fazia o mesmo novamente, mantendo distância de casa e de tudo.

Preferia passar aqueles dias com os machos que odiavam humanos, tão fodidamente quebrados que viviam como animais.

Mas voltou porquê sua mãe ganharia o bebê e queria estar lá quando o irmão viesse, depois voltaria para a mata e ignoraria Kaira. Preferia estar longe do que machuca-lá novamente. Ainda podia sentir o gosto do sangue dela em sua língua, tão atraente que ele podia devora-lá de várias formas. No entanto, quando o cheiro dela invadiu o quarto, ele não pode mais se segurar.

Foi atrás dela e ouviu o que merecia, mas tudo bem, era para o bem de sua melhor amiga.

A amava como mulher e queria o corpo dela, mas gostava ainda mais dela inteira e rindo.

— Noble!

Ouviu o grito dolorido e choroso, ficando com os poucos pelos de seu corpo arrepiados. Seus instintos de proteção o fizeram rugir por causa da dor que ela parecia estar sentindo quando gritou. Ele saiu correndo pela floresta sem realmente saber para onde estava indo, só seguia o doce cheiro de pêssegos que ela possuia. Esbarrou em muitas árvores e sentiu uma ardência no peito, mas a ignorou.

A encontrou caida e sangrando como nunca tinha visto antes, deixando-o nervoso e com muito medo.

— Kaira! — ajoelhou-se ao lado dela, segurando o rosto pálido e molhado. — Porra, o que aconteceu? Fala comigo!

O cheiro de sangue, medo, raiva e tristeza estavam todos misturados, fazendo-o rugir alto como nunca, sentia o mesmo que ela agora. Esperava que alguém ouvisse, Trisha estava em sua casa e eles poderiam vir correndo. Os olhos azuis olharam para a árvore acima deles e Noble não viu nada, então voltou sua atenção para ela.

Estava ofegante e parecia sentir muita dor, além de não era bom um ser humano perder tanto sangue.

— Por favor, Kaira — encostou a testa na dela. — Aguenta só um pouco, logo a ajuda chega.

Noble inclinou a cabeça para trás e outro rugido escapou de seu peito.

Não demorou para que muitos machos se aproximarem, Noble não reagiu quando Leo a tirou de seus braços, a expressão do pai dela era de puro horror

— O que aconteceu?

Era Trisha, mas ele não conseguiu responder de primeira, soluçou e sentiu que queria morrer. Lágrimas finas escorreram pelas bochechas dele, não estava com vergonha por chorar na frente de outros machos, tudo que importava era Kaira.

— Noble? — ela gritou. — Responde logo!

— Eu não sei, Doutora — gritou para ela, recebendo um rosnar de volta de Slade. — Ela gritou e quando cheguei ela estava assim, é muito sangue.

Observou chocado enquanto a médica limpava o ferimento, mas parecia muito inchado e não parava de sangrar.

— Isso não é bom...

— Trisha, salva minha filha!

A médica estreitou os olhos e alguém iluminou mais o ferimento com uma lanterna de celular.

— É uma mordida de cobra, mas é grande demais para ser qualquer uma. O veneno agiu bem rápido, provavelmente não vai demorar muito para o coração sofrer e ela está sentindo muito dor — ela olhou para todos os machos. — Procurem agora por uma cobra e a peguem, precisamos saber qual é.

— Algum de nós pode sugar o veneno — alguém comentou depois que vários machos foram atrás da maldita cobra. — Eu vi isso na TV.

— É lenda, não funciona — Trisha indicou o chão. — Deite ela lentamente, se mover muito só vai piorar e ajudar a espalhar o veneno pelo sangue. Algum carro já está vindo?

— Sim — Slade respondeu ao mesmo tempo em que uma SUV escura apareceu pela trilha de terra. — Ótimo, vamos levá-la.

— Se encontrarem a cobra mandem foto! — Trisha acompanhou Kaira nos braços de Leo, Noble estava logo atrás.

Os três se sentaram no bando de trás e Slade na frente, com o motorista.

A médica conversava com Kaira baixinho, mantendo-a acordada e calma, mesmo que parecesse sofrer muito daquele jeito, com o seu corpo rígido e ofegante. Ele sabia que não deveria, mas segurou a mão dela e sorriu quando os olhos azuis se voltaram para ele.

— Vai ficar tudo bem.

🌡️

Ela abriu os olhos e automaticamente soltou um gemido dolorido, parecia que tinha sido atropelada por uma manada. Todo o corpo doia e se sentia tão fraca, com a cabeça doendo e os lábios secos.

— Água... — murmurou rouca, esticando os dedos às cegas e sentindo o tecido macio sob seu corpo.

— Aqui — uma mão quente segurou seu rosto e ela abriu a boca, sentindo o maravilhoso líquido descendo por sua garganta e um pouco respingou em seu queixo, mas ela não se importou. — Como se sente?

Kaira levantou os olhos e fitou o rosto de Noble com desdém, virou-se e se deitou, segurando o gemido dolorido que soltaria em qualquer outra situação. Ele suspirou atrás dela e a cama afundou quando se sentou. A mão dele acariciou suas costas e ela fechou os olhos, controlando a vontade de chorar.

— Eu mereço seu silêncio, tudo bem, contanto que esteja respirando e viva para me odiar. Aliás — ele soltou um riso baixo. — Você foi mordida por uma cascavel fudida de grande e venenosa. Cascavel Diamante, nome chique, não é?

Ela riria em outro momento, ser mordida por uma cobra era tão a cara dela.

— Olha aqui, uma foto do animal.

Kaira era curiosa, então precisou olhar para a tela do celular e se surpreendeu, a cobra era realmente grande e maravilhosa, um arrepio a fez tremer só de pensar em toda a dor que sentira.

— Ela está viva?

— Sim, isso te incomoda?

— Não — suspirou. — A culpa é minha por invadir o espaço dela.

— Sua mãe vai organizar um grupo de fiscalização, répteis como esses não podem ficar perambulando pela Reserva, nós temos muitos filhotes aqui e também os outros animais, ela poderia matar os lobos de Torrent e comer os esquilos do meu pai.

— Entendi — ela bocejou. — Estou tão cansada e dolorida.

— Você teve insuficiência cardíaca e, bem, você morreu por alguns segundos.

Aquilo sim era uma informação e tanto, não aguentou e se desmanchou em lágrimas, assustada demais com aquilo. Ela nunca mais queria ver uma cobra, criatura horrível.

— Kaira — Noble ergueu o rosto dela e beijou seus lábios lentamente, afagou seu nariz e ficou com a testa encostada na dela. Observou os cílios dele quando o mesmo fechou os olhos, falando baixinho. — Eu não quero viver em um mundo sem você, eu te amo tanto, quis morrer no seu lugar ontem à noite. Por favor, toma cuidado com o que você faz. Sei que você é forte e corajosa, mas também é frágil e mortal, não quero vê-la machucada, não quero ver o seu sangue de novo e não quero que chore mais, por favor.

— Noble!

Abraçou-o com força, como sentia falta dele.

— A morte é assustadora para quem a presencia do lado de fora. Observar você parada e gelada não é algo que eu gostaria de ver novamente, então me ouça uma vez na vida, não se arrisque mais.

Ela chorou mais. Noble sempre tentava ser o mais gentil e delicado possível, enquanto isso ela o provocava e insistia para que se soltasse, só que quando isso acontecia, ela acabava dolorida e ele frustrado por a machucar. Era sua culpa que ele se afastasse, agora entendia que andava sendo uma idiota, forçando instintos com os quais ela não podia lidar.

Esteve morta e voltou.

Não queria nem ver os seus pais, provavelmente ouviria sermões sobre nunca sair sozinha e principalmente na escuridão.

— Me perdoa, Noble, eu também te amo muito e não vou mais te magoar ou te forçar a fazer algo que não quer. Juro. Vamos ser só amigos, como sempre, sua amizade é tudo para mim!

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