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Deus da Guerra

Noble não suportava ouvir a voz de Heaven através do rádio, por isso tirou o seu e ficou sentado em silêncio, sentindo-se terrivelmente assustado. 

A realidade estava mais próxima conforme se aproximavam do destino. 

Tudo podia dar errado.

Sua confiança em todos estava abalada, sua mente era uma mistura de dúvida, raiva e medo. 

Sentir medo era uma fraqueza, mas também sabia que seria o que o manteria vivo. 

— Meu contato confirmou tudo o que Heaven disse — Aaron disse. — Stan está no poder agora, aumentou a segurança e não confia muito nos homens de Jason — Noble o encarou, esperando sinal de perturbação por estar indo atrás de um velho amigo, mas se havia, Aaron não demonstrava. Parecia mais duro do que nunca. — Temos que aproveitar enquanto o nosso homem está lá dentro para atacar, ele vai desativar as câmeras, alarmes e qualquer outra surpresa, como gás tóxico ou uma provável explosão, típicas coisas que esses desgraçados costumam usar quando não tem outra opção. Vamos ser rápidos e certeiros. Lembrem-se de tomar cuidado com as armas nos últimos andares, que é onde vão estar os Espécies e Humanos presos. Qualquer um que encontrar Jason deve se reportar imediatamente no rádio e dizer sua localização. 

Aaron falava com o rádio, passando assim a mensagem para os homens que estavam nos outros carros. 

De repente, ele encostou as costas no assento e encarou Noble. 

— Você vem comigo? — Noble concordou com um aceno. — Ótimo... eu estava pensando em algo que pode acontecer hoje, mas que Justice provavelmente não gostaria. 

— O quê? 

— Até quando os Espécies podem manter seu segredo? Não por muito tempo, eu imagino. Acho que deveríamos mostrar as crianças presas aqui e dizer que são uma nova criação, experiências que deram certo e que provavelmente podem se reproduzir. Vamos colocar a culpa nos vilões e assim nunca saberão que vocês podiam ter filhos antes. 

— Vai ser uma confusão... 

— Tudo que os envolve é uma confusão, Noble. Podemos aproveitar para mostrar parte da verdade agora, assim vocês nunca mais vão precisar esconder suas crianças. 

— Mas as proteger mais do que nunca. 

— Isso é verdade. 

Noble suspirou.

— Não quero tomar essa atitude sem que Justice saiba, principalmente porque ele vai acabar tendo que resolver os problemas que vem com ela. Não quero prejudica ele. 

Aaron sorriu e acenou. 

— Você é um bom aliado, Noble. Vamos ter essa conversa com Justice quando voltarmos. 

— Concordo. 

(...) 

A Prisão subterrânea tinha muitas entradas distribuídas pelo território, na verdade, se não estivesse com tanta raiva daquelas pessoas, Noble teria dito que era uma construção engenhosa. 

Apenas um grande número de pessoas poderia cobrir todas as entradas, impedindo assim a fuga de quem estava do lado de dentro.

Graças a um mapeamento completo da construção tinham um conhecimento de todas as passagens secretas. As equipes seriam distribuídas de forma que cada grupo de homens poderia cobrir uma entrada. Aaron havia dito, com cem porcento de certeza, de que ninguém poderia vê-los através das câmeras. 

Depois de posicionados, estrategicamente o plano eram atacar de uma vez, cada grupo seguindo para um andar diferente respectivamente, surpreendendo e não deixando brechas para fuga. 

Com o ataque sincronizado ficaria difícil para eles recuarem e pensarem na defesa. 

Cada um lutaria pela própria vida, principalmente levando em consideração que eram mercenários, nada leais, eles seguiam quem pagava melhor e não ideais.

Aaron se colocou ao lado de Noble.

— Quando eu era mais jovem sonhava com batalhas como aquelas que lia em livros, estudava estratégias e modos de lutar com eficácia, como batalhar com um número menor e ainda assim superar e ganhar, sempre pensava em formas de desestabilizar meus inimigos — ele suspirou. — Agora que estou mais velho só penso em como gostaria de evitar cada uma delas. A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar.

Noble franziu a testa e não teve tempo para dizer nada, pois Andrei se aproximou correndo. 

— Tudo certo, deixamos a entrada no sul vazia. 

— Por que disso?! — Noble perguntou, não se lembrava desse detalhe no plano. 

— Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele, caso contrário, ele lutará até a morte — Andrei recitou. — Mas não se preocupe, apenas aparenta não ter ninguém, mas temos olhos na saída. Qualquer movimento e nós saberemos. Todos estão prontos, chefe. 

— Ótimo — Aaron se virou para os outros soldados que os acompanhavam. Noble era o único Espécie entre eles. — Vamos lá, homens, vai ser como um passeio no estande, então não atirem nos alvos azuis e se divirtam com os vermelhos. 

Andrei riu e deu um tapa no ombro de Noble. 

— Vamos com tudo, parceiro. Punhos e lâmina são tudo do que precisamos, não é?

Uma feição selvagem surgiu no rosto de Noble, esbanjando suas presas afiadas num sorriso perigoso. 

— Pode apostar que sim. 

🌡️

Kaira estapeou a mão de Heaven quando ele ousou tocar sua cintura. 

— Quer outro chute no saco? 

— Eu só acho que nós dois deveríamos fingir melhor. 

Ela estava deitada de lado na cama, de costas para o macho que tentava — a qualquer brecha — encaixar o corpo no dela. Que inconveniente. Kaira se virou para Heaven e o encarou séria. 

— Vire-se então. 

Heaven fez o que ela pediu e Kaira se aproximou mais dele, passou um braço por ele, encostando a coluna dele contra seu peito. Heaven ronronou e o tremular de seu corpo atingiu Kaira, que o abraçou com mais força, pressionando a bochecha no ombro quente. 

Sentia falta daquilo.

— Eu poderia dormir assim. 

— Durma se quiser — respondeu olhando para os cabelos de fogo. — Eu não consigo de qualquer forma. 

Não tinha como ela dormir sabendo que tudo poderia mudar em qualquer instante, estava ansiosa, com medo e cheia de adrenalina. Uma confusão completa. Os dois ficaram em silêncio por algum tempo e ela realmente pensou que ele estava dormindo por causa da respiração calma, até que a chamou: 

— Kaira... 

— Hm? 

— Você me odeia? 

— Eu deveria. 

— Mas odeia? 

Kaira suspirou dramaticamente. 

— Não. Não de verdade. Eu sinto raiva pelas escolhas idiotas que você tomou — deu um tapa leve no ombro dele. — Mas não o odeio.

— Que bom... porquê eu amo você.

Ela apertou as sobrancelhas, confusa. 

— Você nem me conhece. 

— Amor a primeira vista. 

Kaira rolou na cama e se sentou, rindo alto. 

— Amor a primeira vista é coisa de filme de Natal, não existe de verdade, nem é possível, mas a paixão sim. O que você provavelmente sente é atração. O aspecto físico e o cheiro podem desencadear uma reação imediata que pode fazer alguém se apaixonar, principalmente vocês Espécies, guiados por esses instintos, é apenas físico — Kaira balançou a cabeça, ainda rindo. — Na escolha de um companheiro para uma relação estável são as referências culturais e sociais que fazem a diferença, Heaven e sobre isso você não sabe nada de mim. 

Heaven sentou no colchão e colocou as pernas ao redor dela, mas sem realmente tocá-la.

— Me teste, faça-me perguntas sobre você.

— Hm... qual a minha saga favorita de livros?

— As Crônicas de Gelo e Fogo. 

Okay, ele me surpreendeu, pensou quando o macho respondeu no mesmo instante, mas então pensou melhor. 

— Essa é fácil, eu vivia lendo os livros enquanto estava no refeitório, qualquer um pode saber. 

Heaven sorriu daquela forma detestável e tombou o rosto. 

— Faça outra pergunta então. 

— Música favorita. 

Ele ficou em silêncio e Kaira ergueu as sobrancelhas. Não tinha como ele saber, impossível. 

— Tudo bem, essa é difíc—

— Baby Got Back — Kaira arregalou os olhos. — I like big butts and I can not lie — ele cantarolou e riu baixinho. — Você fica totalmente maluca quando essa música toca no Bar.

— Você realmente me perseguiu, não é?

— Não, eu apenas te observei de longe quando estavamos no mesmo lugar. 

Kaira rolou os olhos. 

— É quase a mesma definição. Hm... dúvido acertar essa, café da manhã! 

— Você me substima, gata, mas se esqueceu de que eu já levei café da manhã para você antes. Panquecas com mel ou chocolate, você gosta de cafeína em todas as suas bebidas e extremamente fraca para o álcool. Sua cor favorita é azul... ou verde? Você tem um estranho fascínio por heróis de fantasia e gosta de ler HQs enquanto janta no refeitório. Seu favorito é o Batman. Odeia morangos e dias chuvosos... — ele olhou para o ombro dela e apertou os olhos irritado. — Você tem a marca das presas do Noble na sua pele, apesar de serem quase invisíveis. Me incomoda. 

Kaira tocou o ombro, meio nostálgica. 

— Já faz tanto tempo... 

— Sim.

— Você deveria procurar um hobbie ou fazer terapia, Heaven. Isso tudo soa muito estranho. Eu amo Noble. 

 Ele suspirou e apoiou o rosto nas mãos. 

— Eu sei... eu só pensei que poderia conquis—

Um estrondo calou Heaven e Kaira sentiu seu corpo tremer juntos com a construção. Ela se segurou na cama e fechou os olhos, aflita por estar num dos últimos andares. Se por acaso houvesse um desabamento seria quase impossível sobreviver. 

Kaira piscou os olhos quando o tremor passou e olhou para o teto; a luz branca falhou algumas vezes, mas então parou e firmou, normal. 

— Começou... 

Esperava sobreviver. 

🌡️

Contra um ataque ágil e sincronizado não havia chance para a defesa. 

Noble e Andrei deixaram que os homens armas de fogo fossem na frente assim, quando os desarmados ou covardes tentasse fugir, os dois os caçariam. 

Com seus instintos a flor da pele, não havia muita coisa que poderia impedir Noble de acabar com qualquer um em seu caminho. 

Assim que entraram no túnel subterrâneo e seguiram em frente, descendo uma longa escadaria quase escondia e na escuridão, evitando os elevadores que foram desabilitados pela explosão, a equipe chegou em um grande salão branco, cheio de jaulas e o que os surpreendeu de verdade foi o fato de terem mais humanos presos do que Espécies. Especialmente mulheres.

Seus aliados cuidaram dos mercenários armados, enquanto Noble e Andrei lutaram contra aqueles que estavam usando bastões simples ou no pior dos casos, bastões de choque. 

Os dois atacaram em sincronia, um defendendo as costas do outro. 

Noble usou sua lâmina contra os mercenários como se suas peles fossem feitas de manteiga, tão facilmente podia corta-los. Andrei um empurrou um dos inimigos em direção as grades de uma cela e o Espécie lá dentro o segurou, atravessando sua garganta com as unhas. 

— Bom! — Andrei sorriu perigosamente. — Atrás de você, Noble! 

Noble desviou antes mesmo do aviso, com seus instintos atentos; abaixou-se e esticou a perna, o homem tropeçou e caiu no chão, dando a brecha para o prender com as algemas. Noble rosnou. 

— Patético. 

Andrei riu como se aquele fosse um passeio no parque. 

— Alguns homens realmente são. 

— Apertem a alavanca! 

Alguém gritou no meio da confusão e um grupo de quatro humanos que esperava pela aproximação dos dois sairam correndo, um deles indo especificamente em direção a uma alavanca vermelha, como aquelas de emergência. 

Noble imediatamente lançou sua lâmina. 

A adaga prateada atravessou o ar e atingiu em cheio a mão do homem, antes que ele tivesse a chance de puxar a alavanca. Ele gritou e se ajoelhou, segurando a mão machucada. 

— Bom tiro, Noble. 

— Eu sei. 

Os outros três correram na direção do elevador mas, para o pavor deles, não estava funcionando. 

Noble e Andrei caminharam casualmente até eles, conversando como se realmente estivesse treinando na academia. Andrei jogou um objeto dourado na direção dele, que o pegou e balançou a cabeça, rindo. 

— Sério? 

— Presente de aniversário. 

— Você não pensou em esperar até lá então? 

Andrei balançou os ombros como se não se importasse. 

— Na minha cabeça este é um bom momento. 

Noble encaixou o soco inglês nos dedos, achando interessante como uma lâmina fina e perigosa se estendia depois do encaixe, como se fosse um punhal e um soco inglês numa só arma. 

— Nada mal. 

— Por que não vai em frente e faz um teste? Soube que é mais fácil quebrar narizes assim. 

O cheiro de medo se tornou ainda mais intenso quando Noble seguiu em frente, encurralando os três mercenários contra a parede. Um dos idiotas tentou correr para escapar, mas Noble o agarrou pela roupa e o ergueu do chão com uma mão, até mesmo fez menção de o socar com sua nova arma, mas um pensamento interessante cruzou sua mente e por isso jogou o homem no chão.

— Eu tenho uma ideia bem melhor — olhou para sua equipe e então para as celas. — Soltem todos. 

🌡️

K

aira empurrou as grades de várias formas, chutou-a e socou, tentou empurrar com a lateral do corpo e com o ombro, mas nada forte o suficiente, apenas fez com que seu corpo doesse. Heaven resmungou algo atrás dela e se levantou da cama. 

— Se afaste, Kaira. 

Ela o fez, dando espaço para Heaven. Os olhos azuis e dourados encararam as grades e ele tomou distância, depois correu e atingiu a parede de aço com toda sua força. A jaula tremeu por todos os lados mas, no fim das contas, tudo o que ele fez foi amassar um pouco as grades. 

— Hm... — ele resmungou. — Seria preciso dez Espécies para destruir essa jaula. 

Kaira se adiantou alguns passos até ele, mas sua visão nublou por um instante e ela estagnou, equilibrando-se para não cair.

Droga...

Ela conhecia aquela velha sensação de vertigem. 

— Você precisa do seu remédio, não é?

— Sim... 

— Por que não se deita e guarda as suas forças? 

— Eu não tenho tempo para descansar aqui. Não confio em Jason com Mighty, ele pode machucar ela e— 

De repente a porta se abriu e um calafrio percorreu o corpo de Kaira, nada relacionado ao seu problema, mas ao homem que entrava. Nate. 

E nada de bom poderia vir dele, principalmente com a arma que estava em sua mão. 

Ele tinha um sorriso estranho no rosto ao encarar Kaira; assustador, como um psicopata. Se lembrava de tê-lo visto tão medonho apenas uma vez, quando matara Paul. 

E isso também era consequência das ações dela. 

— Kaira — cantarolou o nome dela num sussurro cruel. — E é esse o seu... marido? Eu sabia que você era meio selvagem, mas não ao ponto de preferir os animais a sua própria espécie.  

Heaven entrou na frente dela, escondendo-a do homem. 

— Saia daqui. 

Nate riu e levantou a mira da arma, houve um som baixo e então Heaven tropeçou, tudo para depois se lançar na direção das grades. 

— NÃO! — ela gritou assustada e falhou em tentar segurar o Espécie. — Heaven, para! 

Nate atirou mais duas vezes antes de Heaven cair no chão, o gigante respirava pesadamente e estava com o peito para baixo. Kaira correu até ele e virou seu corpo, então puxou os três dardos de seu peito com pressa.

Mas os dados estavam vazios. 

Aquilo era péssimo. 

Apesar dele ser um idiota, naquela altura do campeonato Kaira não queria ser separada dele. Não queria perder ninguém. Não mais. 

— Stan prometeu que não faria nada contra nós! 

— Stan sim, eu não. 

Nate abriu a jaula com um simples aperto no botão que ficava ao lado da porta principal e Kaira respirou profundamente. 

— Então isso é a sua vingança? Trata-se de você? 

Ela olhou ao redor, ainda ajoelhada ao lado de Heaven. Não havia nada que pudesse usar contra o homem. E lutar sozinha seria uma idiotice. 

— Seja uma boa gatinha, Kaira. Levante-se devagar e me siga. Estou apontando para você. 

Fez o que ele disse, levantando-se e o seguindo para fora da jaula. Quando estava perto da porta, Kaira não pensou muito e reagiu, empurrando a ponta de arma que estava apontada para ela para o lado e acertando o rosto dele com um soco. 

Que se foda!

Nate grunhiu de ódio e a agarrou abruptamente pelo pescoço, fazendo-a gemer com a dor de seus dedos cravados na pele dela. 

— Eu disse sem gracinhas, porra! 

— Você é só um merdinha — ela sorriu provocativa. — Não consegue lidar comigo, quem dera com os outros! 

E ele a arrastou para fora, tão cego pela raiva que não fechou a porta da jaula do jeito adequado. 

🌡️

Noble e Andrei trocaram um caloroso aperto de mãos quando limparam o andar seguinte juntos. 

— Seis narizes quebrados. 

— Bom, muito bom — Andrei sorriu maliciosamente. — Eu quebrei algumas costelas. É divertido.

— Você é doente. 

— Admite que você também curte. 

Noble balançou os ombros. 

— Talvez. 

Haviam mais pessoas presas do que Noble imaginava e, ter visto crianças Espécies o deixou enfurecido. Aquele não era um lugar onde uma criança deveria crescer, presa sem ver o sol ou a lua.

E ele faria de tudo para ajudar a tirar todos de lá. 

🌡️

Kaira se sentiu abalada ao entrar na sala e ver Helena e Mighty presas em uma cela. 

— Você é tão medíocre — ela disse. — Por que não procura briga com pessoas do seu tamanho? 

— Cala a boca! 

Ele a empurrou em direção a parede e Kaira resmungou. Seus ossos pareciam mais sensíveis do que nunca. E tão pesados. Nate segurou um punhado do cabelo dela e a virou, fazendo-a ficar com o peito contra a parede. 

A mão livre agarrou a cintura dela e Kaira ficou tensa.

Nate se aproximou lentamente, cheirando a pele do pescoço dela. 

— Para... 

A mão masculina percorreu suas costas e barriga, até subir e agarrar um de seus seios. 

— Eu disse para parar... 

— Eu faço o que quiser, vadia. 

Nate roçou o corpo contra o dela e Kaira jogou a cabeça para trás, acertando-o. Depois o empurrou e tentou acertar seu pau, mas errou. 

— Eu disse não! 

Ela se virou e o homem estava vermelho de ódio, e ele reagiu, como ela já imaginava. 

O golpe atingiu em cheio o lado direito do rosto de Kaira e ela deu alguns passos vacilantes para o lado, caindo de bunda no chão. A risada de Nate encheu a sala, meio histérica, maldosa e arrogante. 

Ela o odiava. 

Odiava mais do que qualquer pessoa.

— Você luta como uma garota — zombou de cima. — Patética. 

Kaira cuspiu a saliva que juntava em sua boca e sorriu para ele, o gosto metálico predominando seu paladar. Sentia-se embriagada pela adrenalina em suas veias, pelo desejo doentio de acabar com a vida dele, de fazer dos últimos minutos dele um pesadelo. 

O calor em seu corpo a motivava, tomando o lugar daquele cansaço. 

— Então vai ser mais vergonhoso para você quando apanhar de uma garota. 

Ele se aproximou e Kaira usou a perna direita para chutar um dos joelhos dele, acertou o pé contra o osso e imediatamente Nate gemeu e se curvou para frente, as mãos indo em direção ao local atingindo, enquanto a garganta ficava totalmente exposta. 

Kaira só precisou esticar o braço e atingir seu punho sobre o pomo de Adão. 

As mãos de Nate, que estavam no joelho, foram para garganta enquanto ele respirava com dificuldade, então aproveitou e usou a perna esquerda rápido, derrubando-o com um rodão e se levantando imediatamente. 

Adiantou os passos e ficou sobre ele, pressionando o joelho contra o peitoral masculino. Nate a olhou de olhos arregalados e Kaira disse cinicamente:

— Quem ri por último, ri melhor. 

Ela observou ao redor e entrou o par de algemas que usavam em Mighty, correu para pegar e depois prendeu os pulsos de Nate, deixando-o caído como o pedaço de merda que ele realmente era.

Levantou os olhos para as duas pessoas mais importantes para ela naquela prisão e sorriu. Helena e Mighty estavam bem. 

— Vou soltar vocês duas. 

Com as chaves de Nate, abriu a cela e recebeu um abraço em conjunto bem forte das duas. 

— Kaira — as mãos de Helena tremiam levemente e ela lançou um olhar para Nate. — Passar por ele já foi um desafio, como vamos fazer com o resto? 

— Não se preocupe, lá em cima as coisas não estão tão ruins, ajuda chegou. 

Mighty soltou um som baixinho e Kaira a olhou. 

— Posso ouvir ruídos de brigas, Kaira, como as coisas não podem estar tão ruins? — apesar da pergunta, havia uma seriedade diferente em Mighty, uma força em seu olhar enquanto tocava o centro inchado. — Eu... eu iria sem hesitar com vocês duas lá para cima, mas... não posso colocar em risco minha bebê.

Kaira mordeu os lábios e tocou a barriga dela, pensando em como deveria proteger ambas com sua vida. E Helena também, ela tinha uma filha para encontrar fora da prisão.

Suspirou fundo, decidida.

— Certo, certo — bateu as palmas das mãos no próprio rosto. — Vocês duas ficam aqui embaixo, trancadas com a chave. Eu subo e vejo como as coisas estão, assim que estiver seguro eu desço com ajuda confiável... olha... vamos combinar uma senha, um combinado para que só abram a porta se for realmente seguro.

— Abacaxi — Mighty sugeriu e Helena soltou uma risadinha, ela logo se defendeu. — É uma fruta boa e eu não vou me esquecer!

— Okay — Helena ergueu as mãos. — Eu não disse nada.

— Mas pensou.

— Okay — Kaira puxou ambas para seu abraço e beijou suas testas. — Abacaxi é nossa palavra e pelo amor de Deus, não abram essa porta sem ela.

As duas concordaram e Kaira pegou as armas de Nate, assim como o colete a prova de balas, vestiu-se e segurou uma adaga afiada. Ela não pretendia usar arma de fogo no meio de tantas pessoas e num espaço pequeno, podia atingir um aliado, por isso deixou as duas pistolas dele com Helena e Mighty.

— Cuidem-se vocês duas.

E assim ela deixou a sala, subindo para a zona de batalha.

(...)

K

aira passou pela enfermaria daquele andar — escondendo-se o máximo que podia da correria — e tomou sua insulina, obviamente não funcionaria no mesmo instante, mas a ajudaria com o passar do tempo. 

Depois ela se moveu cautelosamente em direção a sala de câmeras. 

Precisava de informações antes de agir. 

Ou não... 

Kaira parou e pensou melhor. Ir para a sala de câmeras exigiria que ela subisse de elevador, o que era impossível, e as escadas eram perigosas. 

A única vantagem que tinha ao seu favor eram os Espécies presos, a ideia de um ataque surpresa de dentro para fora sempre passava pela mente dela. 

Ela deu meia volta, retornando a enfermeira. Havia uma tubulação lá, estreita demais para alguém grande, mas não para ela. 

(...) 

H

avia suor por todo o seu corpo e, conforme se rastejava naquele buraco cheio de poeira e quente como uma sauna, se sentia ainda mais cansada. 

Kaira lançou os braços para frente e se arrastou, tomando cuidado com a bisturi que levava consigo, gemendo com o ardor que se espalhava por todos os seus músculos. Os olhos começavam a lacrimejar, sua vista embaçada. 

Por que eu sou tão fraca?

— Que droga — limpou a maldita lágrima que escorreu por sua bochecha. — Não chora. Não chora. Por favor... só me dê alguma força para seguir em frente. 

Não sabia exatamente a quem estava pedindo. Nunca havia sido um exemplo de religiosa, sabia rezar, mas não o fazia todas as noites. E se realmente existe um ser maior, ele não perderia tempo cuidado dela quando havia tantas outras pessoas para ajudar. 

Dependia apenas dela. 

E continuou rastejando. 

(...)

P

arecia que estava há horas dentro do duto, mas não fazia realmente muito tempo quando encontrou o que queria. 

Era uma das grandes salas com jaulas e Espécies. E também era o andar de Elias. Não confiava muito nele, mas sabia que o homem faria de tudo para se livrar daquela condição. 

Afinal, ele foi tão prejudicado quanto qualquer outro. 

Kaira buscou uma boa posição, próxima de uma jaula alta e perto da porta. A grande diferença daquela prisão para as outras que tentaram prender os Espécies era que tudo funcionava de forma automática. 

Um botão de emergência poderia fechar e abrir todas as jaulas. E ele ficava atrás de um vidro protetor ao lado da porta.

Ela sempre desejou apertar aquele botão. 

Kaira puxou seu bisturi e começou a desenroscar o parafuso da passagem do duto. Era bastante pequena, mas ela conseguia passar. Depois de tirar os quatros parafusos, lentamente puxou a porta do duto. Fez tudo o mais silenciosamente possível e se inclinou para observar o salão por completo. 

Tinha um número considerável de solados lá embaixo. 

Mais de vinte homens... 

Mas os Espécies eram superiores em força e agilidade, ela não tinha dúvida de que eles seriam capazes de vencer. Todos estavam cheios de fúria e sede de sangue. 

E ela também. 

Kaira esperou o momento ideia para descer, aproveitando-se do instante em que ninguém olhava na direção da porta para descer e se apoiar na jaula. O Espécie lá dentro olhou para cima e mostrou os dentes para ela, Kaira fez o mesmo e ele se calou, observando-a com curiosidade. 

Ela desceu se segurando nas grades e então correu o mais rápido que podia até a porta, quebrou o vidro com o bisturi e pressionou o botão com toda a sua força. 

As luzes piscaram em vermelho por todos os lados e uma sirene alta soou por toda a prisão. Mas não importava mais, não quando um Espécie soltou voou no pescoço de um guarda, dilacerando-o até a morte. 

— Matem eles! Matem todos eles! — um guarda gritou em desespero e o som dos tiros cobriram a sala. — Mate— 

O guarda nem sequer teve a chance de terminar o que dizia, um Espécie gigante o segurou pela garganta e o ergueu do chão, socando a cabeça dele várias e várias vezes contra as grades de sua jaula. 

Tudo era uma confusão. 

E havia tanto sangue...

Kaira estava feliz por não estar usando o uniforme, mas ainda tinha aquela tatuagem, por isso ela correu na direção da jaula de Elias. Desviou de um Espécie que lutava furiosamente com dois homens e se jogou dentro da jaula. 

— Kaira?! 

Ele a segurou pelos braços. 

— Foi você quem fez isto? 

— Sim...

— Droga — Elias resmungou. — Você poderia ser morta por qualquer um dos Espécies, sabe disso, não é?

— Não importa mais. Vieram nos salvar.

— Você viu minha irmã? 

— Helena está com Mighty, as duas estão a salvo.

Elias suspirou mais calmo e a soltou. 

— Que bom. Qual o plano então? 

Kaira olhou ao redor e balançou os ombros. 

— Vamos deixar com que eles acabem com seus inimigos. 

(...)

Kaira estava levemente atrás de Elias quando os dois saíram juntos da proteção da jaula. A luta não havia durado nem dez minutos. O chão era um quadro de morte e sangue. E ela estava descalça. 

Um calafrio percorreu o corpo de Kaira quando o sangue vermelho e pegajoso tocou a sola de seu pé. 

— Calma aí, grandão! 

Elias gritou e Kaira congelou no lugar. Os Espécies começaram a cercar ambos. Eles eram assustadores. Ela cerrou os punhos, segurando o bisturi com muita força. 

Um macho grande e de cabelos castanhos deu um passo a frente, os olhos dele eram felinos e sinistros, de um verde profundo. 

— Essa fêmea é uma deles, Elias! 

Para falar daquele modo, com confiança e coragem, ele só podia ter um espírito de líder superior ao dos outros. Por esse motivo, Kaira deu um passo a frente também e ergueu a cabeça, encarando-o com intensidade. 

— Eu não sou uma deles — declarou em voz alta. — Meu nome é Kaira e eu sou amiga dos Espécies. Estou aqui para ajudá-los. Hoje foi o último dia de cativeiro de vocês... Existe um lugar feito para pessoas como vocês e eles vieram em seu resgate. 

O macho se aproximou ainda mais dela e Kaira não abaixou os olhos. Ele a agarrou pelos braços abruptamente e Kaira ofegou pela força, mas não desviou os olhos. 

Ela não seria submissa. 

— Humanos são todos mentirosos — ele rosnou rente ao rosto dela, aqueles dentes próximos de sua pele. — Por que eu deveria confiar em você? 

— Você confia em Elias? 

O Espécie desviou os olhos brevemente para Elias. 

— Ele está preso como nós, mas você... você usou choque contra nós várias vezes. Ajudou os outros a nos machucar, por isto eu vou mata— 

Kaira ergueu a mão com o bisturi e o pressionou contra o pescoço dele, a lâmina prateada e brilhante de repente refletiu um leve brilho vermelho escuro; sangue. Um sorriso gentil surgiu no rosto dela, os olhos azuis como um mar tempestuoso irradiando fogo e irá. 

— Eu fiz o que pude — apesar do sorriso, sua voz era fria. Não seria humilhada por ninguém. Nunca majs. — Agora — murmurou e aproximou o rosto do dele, os olhos verdes e felinos momentaneamente surpresos. — Solte-me, ou vou me tornar a porra da vilã da sua história.  

— Kaira... 

— Se afasta, Elias. 

Ela pressionou mais a lâmina e sangue ralo escorreu pelo peito do Espécie. 

— Sabe — brincou com a mão livre, levando-a até o rosto dele e acariciando a mandíbula forte. — Eu conheço várias formas de machucar alguém, mas não usei nenhuma delas contra vocês. Eu fiz o que foi necessário e minha alma sangrou por cada Espécie preso, então demonstre algum respeito e tire as mãos de mim! 

As mãos dele apertaram mais os braços dela. 

— Você está me machucando.

— Você me fez sangrar. 

— Bem, você nunca ouviu falar sobre isso, mas me deixe te ensinar uma coisa: todo ato tem sua consequência. Você me ataca e eu me defendo, quando você caça não espera que a presa fique parada esperando o bote. 

O macho ergueu as sobrancelhas para cima. 

— Kaira é o seu nome?

— Sim. 

E então ele a soltou. 

— Me lembrarei dele quando sair daqui, para saber se o que diz é verdade. Eu não mato mulheres. 

Kaira deu um passo para trás e massageou o lugar onde ele tocou. Doía. 

— Como eu disse, outros de vocês vieram ajudá-los — resmungou. — Eles logo vão estar aqui. Vocês só precisam esperar. Elias...

— Sim? 

— Fique aqui com eles e tente explicar sobre Homeland. 

— E onde você vai? 

— Vou subir para o próximo andar e tentar soltar mais Espécies. 

(...)

Tudo era um caos. 

Havia tanto sangue por todo o lugar, sangue e morte, um gosto estranho para a liberdade, mas liberdade é liberdade e ela tem um preço alto a se pagar. 

Kaira suspirou fundo quando se ergueu de cima de um corpo morto.

Era um Espécie. 

Nem tudo são flores.

Aquele peso começava a dominar seus ombros, infiltrando-se em sua mente. 

De repente as portas da escada que subia para aquele andar de abriram num rompante alto e Kaira congelou, assim como os Espécies que estava livres. 

— KAIRA! — a voz que a chamou era feminina e extremamente conhecida e ela se virou para encontrar o olhar desesperado de Helena. A médica chorava, as mãos presas acima de cabeça enquanto Lucis a segurava, ele parecia o novo cão de Jason. 

Falando no diabo, ele apareceu... e não estava sozinho. 

Jason segurava Mighty pelos cabelos dourados, praticamente a arrastando consigo, com três guardas com armas erguidas atrás dele.

O ar escapou lentamente pelos lábios de Kaira e ela fechou os olhos.

— Seu ajudante está morto, Kaira. Aqueles lá em cima, que querem nos pegar, não vão conseguir passar pelas portas do segundo pátio e os Espécies estão mortos no terceiro andar, graças a você, já que eu tive que usar gás venenoso contra eles — Jason sorriu maliciosamente. — Eu vou matar a sua amiga médica e levar número dois para bem longe daqui, assim como seu amigo ruivo, sua puta mentirosa — ele arrastou mais Mighty e olhou bem para a Espécie. — A jaula é fria, querida, mas farei com que fique quente para você.

Ajudante? Kaira franziu o cenho, confusa e enojada com aquele homem.

— Mate-a.

Ele apontava para Helena e Kaira deu um passo a frente, gritando.

— Espera!

Jason a olhou com uma curiosidade vil brilhando em suas orbes.

— Sim?

— Não a mate, eu faço o que você quiser. Por... — a palavra enroscou em sua garganta e ele ergueu as sobrancelhas. — Por favor.

— Hm... o que acha, Lucis? Ela já não disse isso antes? — ele riu, zombando. — Você está ficando repetitiva, linda. 

— Acho que vou gostar de torturar Kaira, senhor.

— Okay — Jason sorriu. — Venha para cá e sem gracinhas, ou vou mandar meus homens atirarem. 

🌡️

Andrei empurrou dois homens escadas abaixo com apenas um chute, o que tirou um sorriso do russo. 

— Eu odeio mercenários, homens sem honra que fazem tudo por dinheiro. 

— E você faz isso por que torna seu dia melhor? — Noble perguntou com um sorriso de canto enquanto limpava a lâmina na calça. 

— Porquê é o melhor ou algo assim, tem relação com morrer como um mártir. E você faz pelos seus. 

— Sim.

Os dois desceram as escadas juntos, tomando a vanguarda o mais silenciosamente possível e pararam quando ouviram passos subindo. Os dois trocaram um olhar e Andrei murmurou: 

— Os passos estão se distanciando, estão descendo. Vamos cair sobre eles com tudo! 

Noble concordava, não estava com paciência para esperar, ele queria ver seus amigos logo. Queria ver Kaira mais do que tudo. 

Os dois correram escada abaixo e quando ficaram sobre piso nivelado, Andrei saltou do último degrau, rolou sobre as costas e apontou sua lâmina para o primeiro alvo. 

— Porra... 

Noble estagnou no lugar. 

Andrei piscou lentamente; o russo estava ajoelhado e pronto para atacar a Espécie grávida. 

— Afaste a lâmina dela ou vou enfia-lá na sua garganta. 

Aquela voz extremamente conhecida e nostálgica invadiu a mente de Noble, embora nunca a tivesse ouvido soar tão séria e autoritária. 

— Eu gosto quando você é agressiva, Kaira. 

— K-Kaira? 

Andrei deixou a lâmina cair no chão aos pés da Espécie grávida enquanto encarava Kaira boquiaberto. Noble não se sentia muito diferente do amigo russo. 

Aquela era sua companheira, mas também não era mais a mesma. 

Ele nunca tinha visto aqueles olhos frios como gelo; o azul havia perdido todo seu brilho tempestuoso e aquela sensação elétrica e agitada que costumava sentir ao vê-la deu lugar a um calafrio que percorreu sua espinha como um mau agouro. 

— Surpreso?

Ela levantou o queixo e, mesmo com as mãos presas, parecia insuportavelmente detestável. Os olhos dela desviaram para ele e Kaira piscou lentamente, aparentemente surpresa e deu um passo a frente. Noble se moveu também, por instinto ou sentimento, não saberia dizer a si mesmo, mas parou quando um dos homens apontou a arma para seu peito. 

— Parado ai, grandão. Porra, o que fazemos com ele, chefe? 

— Algeme-o. 

— Essas algemas não vão segurar alguém como ele. 

O homem que mandava saiu de trás da Espécie grávida e caminhou até ficar atrás de Kaira, tão próximo que Noble cerrou os punhos. 

— Controle-os, Kaira — ele murmurou para ela. — Ou suas amigas morrem.

— Solte suas armas, Noble. 

O homem arregalou os olhos e sorriu. 

— Você conhece ele?!

Kaira apertou os olhos com o que parecia ser raiva e Noble compreendeu. Ela disse o nome dele sem pensar duas vezes, o que foi um erro. 

— Eu conheço todos eles. 

— É mesmo? — o homem perguntou com uma curiosidade maldosa. — Então por que seus corpos se movem um na direção do outro sem que percebam?

— Não sei do que está falando.

— O ruivo não é nada para você então? 

Heaven... aquele maldito idiota estava onde? Noble sabia que não podia contar muito com ele, só não pensava que seria completamente inútil. Deveria ter matado ele quando teve chance. 

— Ele é meu companheiro — Kaira disse baixinho e olhou para o chão. — Onde ele está?! 

É apenas uma mentira, para o bem de todos, disse a si mesmo. 

— Então você vai ficar feliz, porquê estamos indo até ele, mas antes — então o homem fez algo que Noble não esperava, desatou a algema de Kaira e estendeu um bastão de choque para ela. — Lembra como usa? 

— Sim...

— Se esse Espécie não significa nada para você, vá até ele e o prenda. Use as suas algemas.

Kaira olhou para ele com os olhos brilhantes de lágrimas. 

— Ah, mais uma coisa, queridinha — ele segurou a mandíbula dela com força e Noble rosnou. Ele iria matá-lo na primeira oportunidade. — Se derramar uma lágrima vou torturar a médica até que ela implore pela morte. Entendeu?

O homem a empurrou na direção de Noble com força e ele a segurou. Em meus braços depois de todo esse tempo. A segurou contra o peito e Kaira levantou os olhos, eles se encararam em silêncio por alguns segundos, até ela perguntar num sussurro:

— Você lembra da última promessa que me fez? 

— Sim... eu me lembro de todas elas. 

Ela o olhava com tanta dor e desespero. Eu só preciso ser forte por ela.

— Então as cumpra.

— Quando eu quebrei uma promessa? 

Kaira sorriu levemente e se afastou. 

— Isso vai doer. 

— Faça. 

🌡️

A

força do primeiro golpe atravessou o braço dela e a fez tremer por todos os lados; Noble grunhiu apenas e Kaira arregalou os olhos. Era quase impossível ficar em pé depois de ser atingido pela descarga elétrica. 

— Porra, ele é um monstro... 

— Ninguém deveria ficar em pé depois disso. 

— Calem a boca! — Jason gritou e Kaira o olhou de relance. — Está com pena dele? Vá em frente e bata com força! 

Kaira passou a língua pelos lábios secos e seu estômago se retorceu, a ânsia em sua garganta era uma constante. Levantou o braço e o desceu outra vez, atingindo Noble na lateral e depois em uma das pernas. 

Na segunda ele caiu sobre um joelho e se apoiou no chão. 

— Viram? — Jason desdenhou. — Quanto maior eles são, maior a que— 

— Cala a porra da boca — Noble disse com a voz meio falha e lentamente se ergueu, ele ainda tremia com a força do choque e mesmo assim deixava um desafio no olhar, a encheu de coragem vê-lo assim. De repente seu companheiro soltou um riso baixo de escárnio. — Deve ser tão triste ser você — Noble tombou o rosto para o lado e mostrou suas presas afiadas em um sorriso sarcástico, então ele moveu as mãos de uma forma estranha. Kaira nunca o viu fazendo aquilo. — Escondendo-se atrás das mulheres e as fazendo trabalhar para você, com todos esses guardas o cercando como se não fosse capaz de fazer absolutamente nada sozinho. Patético. Quem se apoia muito em muletas, quando não as tem não sabe o que fazer.

Jason franziu o cenho e deixou as costas de Mighty. 

O que ele estava fazendo? 

Noble realmente o provocou com aquilo? 

O coração dela disparou conforme Jason caminhava até Noble que, estranhamente, permaneceu tranquilo. 

— Sabe o que me enjoa mais do que um Espécie preso? Um Espécie que se acha inteligente. 

Havia algo estranho no ar, algo que ela não conseguia compreender até que inesperadamente o homem que desceu com Noble pelas escadas se levantou e pegou Jason por trás, fazendo-o de refém. 

— Mais fácil do que tirar doce de criança! 

— A Espécie! 

Kaira se virou quando Jason apontou para Mighty e teria avançado até ela, mas Noble foi mais veloz e lançou uma adaga em direção ao guardo que pretendia pegá-la. O fio da lâmina o acertou na lateral da garganta e o homem caiu para trás gritando e sangrando. 

Então Noble de jogou no meio dos guardas armados como se fosse uma espécie de deus da guerra com seus dois metros e muita massa muscular, os esmagando como se não fossem nada. 

Helena e Mighty correram para os braços dela, mas Kaira era incapaz de desviar os olhos de Noble lutando. 

— Quem é esse? — Helena perguntou num fiu de voz. — Ele é incrível. 

— É mesmo — Mighty tinha os olhos arregalados. — Eu nunca vi um Espécie tão grande. 

Noble acabou com os guardas com uma facilidade surpreendente, embora tenha ignorado Lucis, depois caminhou no meio dos corpos caídos e se agachou próximo daquele que segurava o próprio pescoço. 

— Segure com força e talvez você não morra, mas estou torcendo pelo o contrário... Hmm, com licença, vou pegar isso emprestado.

Ele pegou o bastão de choque e se levantou, apontando-o na direção de Jason. 

— Agora eu vou enfiar isso no seu rabo. 

Kaira se colocou na frente dele quando estava se aproximando de Jason e estendeu uma mão, tocando o peito dele. 

— E-Espera — gaguejou com a força daquele olhar dourado sobre ela. — Ele não pode morrer, ele tem muito o que nos dizer. Ele é Jason. 

— Kaira tem razão. 

Ela olhou para Lucis com estranheza, por que Noble não o atacou? 

Quando voltou sua atenção para seu companheiro, Noble estava de olhos arregalados e o cara que segurava Jason soltou um palavrão alto. 

— Puta merda. 

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