Capítulo 1
Cada passo que dou nesse lugar, parece que vou quebrar, parece que meu peito vai explodir de tanta dor. A cada pessoa que vem me abraçar e dizer o quanto meus pais eram incríveis, eu sinto vontade de sair correndo daqui.
Eu e meus pais estávamos indo para a casa do Lago, e é apenas disso que eu me lembro, nada além disso. Acordei no hospital com vários médicos ao meu redor, e foi aí que meu mundo caiu. O carro tinha virado e só eu estava viva, o que é estranho.
Como eu queria ter morrido juntamente com eles, não quero ser órfã, não quero viver sem eles, não quero viver com essa dor.
- Safira? - Meredith estala os dedos na minha frente - Tudo bem?
- Ok, pergunta idiota, claro que você não está bem. - Ela mesmo responde enquanto eu permaneço como estava, calada - É que você... está aí faz horas, todos já foram embora.
Meredith é minha melhor amiga, conheço ela desde quando eu me entendo por gente, nossos pais eram amigos, então crescemos juntas.
- Vamos para casa. - Jogo uma última rosa no túmulo da minha mãe e deixo a última lágrima rolar, bom , pelo menos aqui.
Minha mãe adorava rosas, tinha um jardim enorme, ela quem me ensinou a cuidar das flores. Agora só me restam as flores e as lembranças da minha querida mãe.
- O Nando já está nos esperando no carro, vamos? - A tia Noêmia, mãe de Meredith, se aproxima e avisa com um sorriso solidário em seu rosto, mas eu sei que ela está muito mal pela morte da amiga. Meredith me abraça e seguimos em direção ao carro.
•••••
- Prontinho, lençóis limpos. - tia Noêmia termina de arrumar a cama para mim. Apenas trocou
os lençóis, pois no quarto de Meredith havia duas camas, para quando eu fosse dormir em sua casa. Antigamente era para a gente conversar, comer, assistir filmes, mas agora, eu só quero dormir e fugir um pouco da minha realidade.
Semanas depois ...
Os dias se arrastavam, todos eram iguais agora. Uma vez ou outra tenho tido uns apagões, mas não contei nada para a tia Noêmia, sei como ela já está bastante preocupada comigo. Meredith voltou à faculdade e eu ainda evito sair do quarto. Dois dias atrás ouvi os pais de Meredith conversando sob eu ainda não ter melhorado, ainda não toquei no assunto, nem sequer conversei com eles. Bom, todos precisam saber como vai ser de agora em diante, mas eu não quero pensar.
Sinto meu celular tocar, ainda está com a música alta e animada. Olho na tela, era um número desconhecido. Odeio números desconhecidos, pois não posso atender, mas não consigo deixar de atender pelo incrível fato de ser mega curiosa.
- Quem é? - Atendo já sendo bem direta.
- Nossa, isso é forma de atender alguém? - Ouço a voz fina de Meredith do outro lado da linha.
- Ah, é você. - Deixo escapar um suspiro.
- Sim, esse número é do irmão do Bryan. Amiga se arruma, daqui a pouco estou chegando e vamos sair hoje. - fala tudo rapidamente, quase não entendo.
- Vamos? - Pergunto .
- Sim, vamos. - Meredith responde como se não tivesse notado a minha ironia.
- Meredith, eu não estou muito afim. - Digo olhando pela janela do quarto da minha amiga, vendo algumas pessoas caminhando.
- Amiga, você passou semanas nesse quarto, já está na hora, não acha? - ela fala e logo eu fico pensativa. Ela tem razão, eu nunca mais pisei os pés na faculdade, ainda não fui até minha casa depois do ocorrido e nem sequer na rua eu coloquei meus pés. Está na hora de acordar para a vida, mas ao mesmo tempo que quero, meu peito dói e só me vejo chorando assim que alguém toca no assunto.
- Onde vamos? - Pergunto de olhos fechados.
- Jantar na casa do meu futuro noivo. - responde animada .
- Por que não chamou seus pais? - pergunto sem entender.
- Eles vão viajar as 4 horas e eu não quero ir sozinha, vou conhecer a família dele. - Ela responde e eu olho no relógio que têm em seu quarto e já eram 5 horas, os pais dela já foram viajar então.
- Está bem, eu vou, mas só porquê teus pais não vão poder ir com você, e não vou deixar você ir sozinha enfrentar essa barra. - Falo sorrindo.
- AAAAAAAAAAAIH! - ela grita de alegre – Saf, eu te amo.
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