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CAPÍTULO 13 - DESAVENÇA


Despercebido: Quando algo ocorre sem que as pessoas percebam, se um cantor lança uma música e ela faz pouco sucesso, dizemos que a música passou despercebida.

No momento em que todos estavam distraídos, Felipe passou despercebido e saiu da delegacia sem avisar ninguém, apenas minutos após sua saída os demais se deram conta de que ele não estava mais lá.

- Ele saiu... – disse Raul.

- E ninguém viu? – questionou Daniel.

- Não... – respondeu Garcia.

- Que merda hein! – expressou raiva. – Então quer dizer que se fosse um zumbi entrando vocês só iriam ver quando ele tivesse mordendo alguém, né?

- Desculpa chefe. – disse Raul.

- Desculpa?

- Esquece isso, temos que saber pra onde ele foi. – disse Rodrigo.

- Ele não falou nada pra ninguém? – questionou Daniel.

- Não... – respondeu Gustavo.

- Nem pra mim ele falou. – completou Lucas.

- Você não é o melhor amigo dele? – perguntou Carlos.

- Sou, mas... – sendo interrompido.

- Tá esperando o que pra ligar pra ele então? – questionou Rodrigo.

- Vou ligar.

Felipe recebeu a ligação de Lucas, mas para não ser seguido preferiu não atender. Após mais uma vez tentar sem êxito ligar para seu pai, o garoto decidiu desligar o celular.

- A ligação nem está completando. – disse Lucas.

- Azar. – lamentou friamente Daniel. – Raul, tranque a porta!

- O quê? – ficou surpresa Mariana. – Como assim?

- Vai trancar com ele lá fora? – perguntou Alfredo.

- Você não pode fazer isso. – completou Carlos.

- Ele saiu sem avisar e não atende o celular, então ele não quer que a gente saiba onde ele está! – afirmou Daniel. – Eu não vou deixar a porta aberta nos deixando expostos só por causa dele!

- Pode ter acontecido alguma coisa. Ele pode ter visto alguém sendo atacado ou algo assim. – explicou Mariana.

- Não importa. – disse Daniel se dirigindo à porta.

- Você não vai trancar ele lá fora! – cravou Lucas.

- Ele saiu sem avisar ninguém, deixa de ser imbecil! – gritou Daniel. – Eu vou fechar essa porta agora, se alguém quiser ir atrás dele pode ir, mas se sair não entra mais!

Todos se olharam por alguns segundos. Lucas, Mariana e Gustavo saíram de delegacia sem falar nada. Daniel, Rodrigo, Raul e Garcia apenas observaram e em seguida olharam para Carlos e Alfredo.

- Você vai? – perguntou Alfredo.

- É claro que eu vou. – respondeu Carlos em meio a uma tosse repentina que o fez cuspir um pouco de sangue.

- Eu vou ficar... – respondeu Alfredo, que estranhou o comportamento de Carlos.

- Que novidade... – comentou Carlos, indo para o lado de fora.

- É sério mesmo que eu ajudei vocês à toa? – perguntou Rodrigo, indignado.

- Eu agradeço a sua ajuda. – respondeu Lucas. – Se não fosse por você eu teria morrido e virado um zumbi também. – respirou profundo. – Mas eu conheço o Felipe há mais de dez anos e sei que ele não nos deixaria para trás sem motivo, ainda mais nessa situação. E se seu amigo quer simplesmente esquecer o Mike, se ele acha que pessoas são descartáveis, eu não quero estar no mesmo lugar que ele!

- Que comovente... – ironizou Daniel. – Na hora que estiverem sendo perseguidos por uma horda de zumbis, não corram para cá!

- Para com isso... – pediu Rodrigo. – Ao menos levem isso. – disse, jogando um revólver e uma caixa de munições para os que estavam do lado de fora. Carlos pegou a arma e a caixa e olhou para Rodrigo.

- Você sabe que não foi por mal, não é? – perguntou Rodrigo.

- Você só estava zelando pela segurança de todos. – respondeu Carlos. – Agora que eu vou estar longe com certeza vocês estarão seguros aí!

Os quatro entraram no carro de Carlos e partiram.

- Foi uma boa ideia deixar eles irem? – perguntou Garcia.

- Eu não sou babá. – respondeu Daniel. – Dei abrigo, se eles preferem ir embora é problema deles.

- Mas nós somos policiais, devíamos proteger eles... – disse Raul. – Se eles morrerem vou me sentir culpado.

- A gente deve proteger as pessoas de bandidos e não de monstros... – concluiu Daniel. – E chega desse assunto!

- E você? – perguntou Rodrigo para Alfredo. – Por que decidiu ficar?

- Como se eu tivesse alguma utilidade lá fora... – respondeu se sentindo intimidado.

- Só pelo jeito de falar já sei que não vai servir aqui dentro também... – pensou alto Daniel.

- Para. – suplicou Rodrigo. – E me diz, cadê os outros que deveriam estar aqui?

- Foram dar um passeio. – respondeu Daniel irônico.

- O que você fez?

- Não interessa. Quem realmente importa está aqui dentro!

Enquanto isso dentro do carro Carlos, Lucas, Mariana e Gustavo discutiam sobre o que Felipe estava querendo fazer.

- Eu não entendo. – disse Mariana. – Ele sabe bem mais que a gente sobre o perigo. Por que ele iria sair sozinho sem avisar ninguém?

- É óbvio. – respondeu Lucas. – Lembra do que aconteceu quando a gente tava no carro com o Rodrigo?

Após pensar um pouco Mariana se lembrou. – Ele discutiu com o pai dele no celular.

- Exato! – disse Lucas. – Ele deve ter isso atrás da mãe dele.

- Mas ele não mora longe daqui? – perguntou Gustavo. – Duvido ele chegar em casa inteiro.

- A gente tem que ir lá! – suplicou Mariana puxando o braço de Carlos.

- Para, porra. Eu tô dirigindo. – exigiu o açougueiro. – Podemos ir até lá, mas fiquem sabendo que a gente pode morrer no caminho. – concluiu de maneira mais calma. Assim que Carlos terminou sua fala, ao virar em uma rua com o carro, todos se depararam com alguns zumbis parados bem no caminho. Logo ficaram apreensivos. – Gustavo, quantas balas tem nessa caixa?

- Trinta. – respondeu o garoto.

- Com mais seis no tambor... – pensou Carlos.

- Atira neles logo, eles já nos viram! – disse Lucas.

- Será que é uma boa ideia já gastar as balas? Podemos não conseguir mais...

Após minutos andando desesperadamente em passos largos, Felipe já estava chegando ao seu destino, faltava apenas um quarteirão, e ao dobrar a esquina, finalmente ele estava na rua do supermercado, o que ele não esperava era que na porta do estabelecimento não estavam só as zumbis Luísa e Sofia, e sim vários outros zumbis juntos às elas. Ele parou para contar, eram por volta de vinte, todos corpos de comerciantes que trabalhavam ali por perto e clientes das lojas.

Felipe ficou frustrado e desesperado, pensando em como irá passar por eles, e pior, quanto tempo será que vai levar pros zumbis conseguirem derrubar a porta e atacar os pais do garoto?

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