66 - Não falamos para agradar as pessoas, mas à Deus.
A ceia de natal foi maravilhosa. Ariane curtia cada momento ao lado de sua família, e daqueles que logo seria também sua família. Se a um ano atrás alguém lhe dissesse que está noite aconteceria, ela responderia: 'Só em sonhos', pensando bem ela responderia: 'mais fácil gelar o Saara', não que ela não confiasse em Deus, ou não acreditasse verdadeiramente que o Deus dela é o Deus do Impossível, mas porque ela acreditava, que não merecia aquela nova chance, aliás ela nem sabia, que estava esperando por está segunda chance.
Pedro do outro lado, observava cada pessoa ali presente, pessoas tão diferentes em vários aspectos, e tão parecidas em vários outros aspectos, e todos estavam reunidos ali, por amor a ele e à Ariane, tudo que Deus faz é perfeito. Mesmo se ele tivesse sonhado com aquele momento, jamais teria sido tão perfeito. Ele estava noivo, de casamento marcado, com a mulher que Deus lhe prometera, e com a bênção de Deus, eles seriam felizes, e teriam uma família que servem ao Senhor.
O pastor Gustavo e seu Henrique, conversavam e riam, como amigos de infância, e dona Ana e dona Andreia, pararam de discutir por causa de tudo, até porque como diziam elas: "Não adianta esses dois só fazem o que dá na telha, são dois teimosos." Elas não perdiam a oportunidade de chama-los de cabeça dura.
Seus olhares se encontraram, e eles foram capazes de compreender todo o amor, a cumplicidade, a dedicação, de um para com o outro, e seus corações se alegraram, pois eles seriam testemunhas de que Deus ouve o seu clamor, mesmo quando você não sabe, pelo quê está clamando. Sem tirar os olhos um do outro, eles começaram a andar na direção um do outro. E enquanto a garotada, tocava e cantava, e os pais conversavam entre si, e os outros casais conversavam e riam, os dois se encontraram, e em silêncio apenas se abraçaram.
Ficaram ali abraçados por algum tempo, então se sentaram e ainda em silêncio ficaram se observando.
- Sabia que eu esperava por você, mesmo não sabendo que estava esperando? Louvado seja o meu Deus, que é um Deus, que não dorme, que está sempre atento ao desejo do meu coração, mesmo quando eu não sei o que o meu coração deseja. - Disse ela sonhadora. Ele acariciou seu rosto, e ela sorriu.
- Desculpa atrapalhar os pombinhos. Mas minha mãe me proibiu de ir embora. - Disse Adriano sentando do lado da irmã.
- Está tudo bem cara? - Perguntou Pedro preocupado, Adriano era sempre tão bem humorado, mas no momento ele parecia triste.
- Tudo bem, é que está data é meio complicada pra mim. Eu posso ficar aqui um pouquinho? - Perguntou constrangido.
- Claro que pode! - Respondeu Ariane rápido. - Pensei que você não pensasse mais naquela ingrata.
- E não penso mesmo, quero dizer não de maneira romantizada. - Disse bravo, e deu o celular para a irmã. - Leia. Pode ler em voz alta.
- "Boa tarde, ADRI. Ainda te chamo assim, porque você é o MEU Adri, e sempre vai ser. Eu sei que você ainda me ama, caso contrário você já estaria casado a essa altura do campeonato, lindo do jeito que você é. Só não estou entendo, porque você está querendo vender a minha clínica. Você fez questão de ficar com ela, dizendo que não queria uma pessoa estranha lá, mas eu sei, o que você não queria era outra pessoa no meu lugar, você tinha esperança de que eu voltasse, o que foi que mudou agora? Você disse que havia me perdoado. E agora quer me castigar, querendo se desfazer da única coisa que ainda me liga a você? Pois fique você sabendo, que não vai ser tão fácil assim se livrar de mim. Estou só resolvendo umas coisas aqui, e estou voltando para casa, voltando para você, porque você é a minha casa. Eu te amo, e estou morrendo de saudades. Feliz natal, não fique triste, logo estarei nos seus braços."
- O que deu nessa..., nessa..., nessa Jezabel? - Perguntou Ariane furiosa.
- Não faço a menor ideia. Assim como não sei, como ela conseguiu o número do meu telefone, ou ficou sabendo que estou vendendo a clínica. - Disse ele desolado.
- Aliás, eu não sabia que você estava vendendo a clínica. - Disse Ariane desconfiada.
- Você está muito ocupada com o casamento, e todos vocês sempre me incentivaram a vende-la. E nem sei o que deu em mim, cheguei lá um dia, e vi aquele negócio lá fechado, que só me dá prejuízo e pensei, o que é mesmo que eu estou fazendo mantendo essa sala fechada? Então decidi vender. - Disse tranquilamente.
- Você vai vender só os aparelhos, ou o ponto também? - Perguntou Ariane mais calma.
- De início eu ia vender só os aparelhos, mas recebi uma proposta, de vender o ponto fechado. Ela vem segunda-feira, ver o negócio. - Disse ele empolgado.
- Adriano eu posso te fazer uma pergunta? - Perguntou Pedro inquieto.
- Claro, pode perguntar! - Disse solícito.
- Porque você está triste? Porque ela está vindo, ou porque ela está certa? - Perguntou Pedro.
- Ela não está certa. O motivo de eu fazer questão dela não ficar com a clínica, nem com nada meu, foi simplesmente por orgulho, e amor próprio, ou despeito mesmo, sei lá, mas eu não queria que ela usufruisse com aquele cara o meu dinheiro. Não me orgulho disso, mas é a verdade. E o motivo de eu estar chateado agora, é porque por algum tempo, eu esperei que ela se arrependesse e voltasse. E agora que finalmente eu não penso mais nela, ela me aparece com essa conversa mole! - Disse indignado.
- Você disse 'ela' vem segunda-feira ver a clínica, quem é ela? - Perguntou Ariane.
- Não sei. Ela é de Palmas, e é amiga da Selena. - Respondeu ele.
- Amiga da tarada? - Perguntou Ariane surpresa.
- Ela não é tarada Ariane. Ela só estava buscando uma coisa, que ela achava que poderia ter facilmente. - Explicou ele gentilmente.
- E como não conseguiu, ficou te caluniando. - Lembrou ela.
Pedro olhava de um para o outro do noivo, Ariane explicou rapidamente a história da amizade colorida que a colega havia oferecido ao irmão, e começaram a rir da situação, e Adriano foi relaxando e o assunto da ex-noiva sem vergonha, foi esquecido.
Jemima e Alex em nenhum momento, se aproximaram um do outro, ou dirigiram uma palavra ao outro. Com tristeza Ariane pensou no quanto os seres humanos, complicam suas vidas e a vida daqueles a quem amam, simplesmente porque não têm paciência em esperar. Como ela própria fizera com o filho e com Pedro. Só poderia orar para que Deus tivesse misericórdia dos dois assim como Ele teve dela, e que eles encontrassem o caminho para estar em paz outra vez.
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Na manhã seguinte, viajaram muito cedo para Palmas, para a confraternização no orfanato. O combinado foi que tomariam café da manhã com as crianças, e revelariam o amigo secreto do bem. E assim foi feito.
Voltaram para Paraíso depois do almoço, André e Renata ficaram, pois na segunda-feira André voltava ao trabalho.
Naquele natal, Pedro e Ariane aproveitaram ao máximo com o filho, ficando todo o tempo disponível os três juntos.
Em uma coisa, o seu Henrique tinha razão, quando os filhos casam, ou simplesmente saem de casa, fica tudo mais difícil. Como a alegria, da chegada de todos, a casa cheia novamente, e de repente, todos se foram novamente, e o silêncio e a solidão predominam outra vez.
Depois daquelas férias, seu Henrique e o pastor Gustavo se tornaram verdadeiramente amigos, e conforme os filhos iam para suas vidas normais, os dois mais se aproximavam, pois compreendiam a dor e a alegria, um do outro. A dor por se despedir da família, e a alegria, por ter criado os filhos, para terem suas próprias famílias, e estarem todos em paz com Deus. Eles eram pais, orgulhosos dos filhos e filhas. E compreendiam, que só Deus poderia cuidar de cada um, daqueles que moravam ali mesmo, e daqueles que moravam longe. E orariam diariamente para que Deus continuasse a ser o centro da vida de cada um deles.
Ariane e Pedro foram os últimos a viajar. No dia vinte e nove, Adriano levou os três para Palmas, aonde pegariam o avião para Brasília. Despedidas nunca são fáceis, mas eles estavam felizes, pois aquela despedida, era apenas, um prelúdio do que Deus tinha reservado para eles. A vida deles estava apenas começando.
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A chegada em Brasília foi um acontecimento à parte. Zeca foi busca-los no aeroporto. E os acontecimentos a seguir, foram melhor do que Ariane havia imaginado.
Conhecer os amigos do Pedro, aquelas pessoas que Deus tão cuidadosamente, havia colocado na vida dele, de modo que todos cuidassem uns dos outros foi maravilhoso. Estar com pessoas que mesmo sem conhecê-la estavam colaborando para a formação da sua família, foi gratificante.
Apesar do receio inicial, quanto a ficar no mesmo ambiente que a Tina, a experiência foi no mínimo esclarecedora e por incrível que pudesse parecer muito amigável e agradável. Tina era uma boa pessoa, e Ariane gostou verdadeiramente dela. Não seria problema, ter a outra em sua vida, e ver o Espírito Santo de Deus, iluminar seu semblante, foi tranquilizador.
Ver pessoalmente Tina e Pedro juntos, serviu para que qualquer dúvida que ela tivesse sobre os sentimentos do noivo pela ex-namorada evaporasse. Não que ele não amasse a outra, pois claramente ele a amava, como a uma irmã, e ali, vendo os dois juntos, ela compreendeu o que o irmão lhe dissera naquela manhã depois do primeiro encontro deles.
- "Só Deus tem essa resposta. Mas eu creio que ambos precisavam um do outro naquele momento. As relações são delicadas. Às vezes uma boa amizade é mais duradoura que a paixão." - Dissera Alex naquela manhã.
O irmão estava muito certo, a amizade entre eles será duradoura. E conseguia ver toda a dedicação e amor, dela para com o Zeca, e também dele para com ela. E naquela última noite antes de voltar para São Paulo, estavam todos no Jade Children, e ela estava feliz por cada uma daquelas pessoas que Deus estava lhe dando o prazer de conhecer.
Depois do jantar, Paulo quis dormir na casa do Zeca com o pai, e Tina e Ariane estavam sozinhas no apartamento. Mas ambas estavam felizes e animadas, e o fato de estarem sozinhas no apartamento de Pedro, não as afetavam, decididamente o passado ficara para trás.
- Antes de você ir para o seu quarto, eu quero lhe entregar uma coisa. - Disse Tina sorrindo.
- Ok! - Respondeu no mesmo tom.
Tina foi até e quarto e voltou, com um envelope na mão, que Ariane reconheceu imediatamente como um convite.
- Gostaríamos muito que vocês viessem. E tem também outra coisa, que o Zeca queria mas, ele não vai pedir, porque ele acha que você não vai gostar, e eu até que concordei com ele; mas agora depois de conhecer você, eu acho que você aceitaria de boa, claro que eu posso estar equivocada, e se for esse o caso, não se acanhe em dizer. - Disse ela nervosa.
- Está tudo bem Tina, pode falar! O que o Zeca quer do Pedro. Tenho certeza que ele terá o maior prazer em ajudar. - Disse Ariane olhando o envelope, e tendo uma vaga ideia, do que o Zeca queria do melhor amigo.
- Mas ele não quer só do Pedro, ele quer de você também. - Ela respirou fundo. - Ele gostaria que vocês fossem padrinhos dele no nosso casamento. O Pedro é o irmão que ele nunca teve.
- Eu sei. E nós duas sabemos que o Zeca também é um irmão para o Pedro. - Disse sorrindo. - Você diz ao Zeca que será um prazer enorme sermos os padrinhos dele, neste dia tão especial para vocês dois.
- Oh, Ariane! Obrigada! - Agradeceu com lágrimas nos olhos, e abraçou-a fortemente. - Será uma honra, te-los no nosso casamento. E sempre serei grata, por você dar este presente ao Zeca. - Concluiu sorrindo em meio as lágrimas.
E Ariane a abraçou de volta agradecida, porque Deus sempre esclarece as coisas, que estão nebulosas em nossas cabeças; porque Deus nos ama tão imensamente que coloca pessoas em nossas vidas, para que possamos chegar até Ele, e coloca a paz em nossos corações para que compreendamos, que Ele é o Senhor de nossas vidas, e que é para Ele que trabalhamos.
Continua...
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