48 - Não vos lembreis das coisas passadas.
No domingo pela manhã, Pedro encontrou o filho na cozinha.
Parecia triste, passando o celular de uma mão para a outra.
- Está tudo bem, meu filho?
- Oi pai! - Assustou-se. - Sim. Eu acho. Quero dizer, não tenho certeza.
Pedro sentou de frente para o filho.
- O que você não tem certeza.
- Como a gente sabe, que uma garota, é aquela que Deus tem reservado para a gente?
- A gente não sabe, a gente ora, confia, e espera. E Deus nos mostrará no tempo certo, se a gente não estragar tudo, como eu fiz. - Disse o pai pensativo.
- Existem muitas maneiras de estragar tudo, não tem? - Disse desolado.
- Eu creio que sim. Mas eu acho, que se Deus preparou uma pessoa para você, se você esperar nEle, você a encontrará.
- "Como eu posso aconselhar meu filho, se eu mesmo não sei para que direção eu vou? Me ajuda meu Deus. Não permita que meu filho sofra as consequências da minha imprudência." - Pensou triste.
- Eu espero no Senhor. Mas sabe pai, nos últimos meses, eu tenho sentido, pensado e feito coisas, que Deus ficou muito decepcionado comigo.
- E louvado seja a Deus por ser misericordioso! Pois Ele te perdoou no momento em que você se arrependeu. Filho, tudo isso tem haver com a garota que você me falou?
- Ela me ligou, mas eu esqueci o telefone aqui. Então ela me mandou uma mensagem.
Ele passou o telefone para o pai.
Pedro jamais, experimentara a dor que sentiu, ao ver a dor no olhar do filho.
Fosse lá quem fosse essa garota, o que o filho sentia, não era coisa de adolescente, como ele pensara. Suspirou e leu a mensagem.
"Desculpa-me ficar te ligando, eu só te ligo, porque você disse que eu poderia ligar. Nos últimos meses, você se afastou tanto de mim, mas eu pensei, que fosse por causa do bobão do meu irmão, eu te perguntei tantas vezes Paulo, qual era o problema! Porque você não me contou? Eu pensei que fôssemos amigos, e eu estava pronta para nunca sermos mais do que isso, por causa das nossas mães, mas eu sabia que você sempre estaria do meu lado, que sempre seria meu amigo. Mas eu estava errada, você se afastou, e nem me disse o motivo. Eu preferiria que você tivesse me dito. Eu poderia olhar nos seus olhos, e te explicar, talvez você entendesse e não ficasse pensando mal de mim. Me perdoa se eu não sou perfeita igual a você. Sua mãe me disse que você está em Brasília com o seu pai. Divirta-se, você merece. Vou continuar orando por vocês."
Pedro não soube o que falar, obviamente aquela garota também sentia o mesmo que o filho.
- Você não respondeu a mensagem. - Constatou o pai.
- Eu ainda não sei o que fazer. Talvez seja melhor eu ligar para ela.
- Provavelmente. O que aconteceu que você se afastou dela?
- Eu a vi beijando meu melhor amigo. - Disse triste.
- Entendi. E você conversou com o seu amigo, mas não conversou com ela.
- Exatamente. Eu liguei para ele, e ele confirmou que falou pra ela que eu havia visto os dois juntos. Ele disse que ela ficou arrasada. - Disse desolado, refletiu um pouco.
- Eu não falei nada com ela, poque eu não queria que ela ficasse constrangida, mas eu jamais pensei mal dela!
Ele levantou passando as mãos na cabeça.
- E eu só falei com o Ricardo, porque ele não leva nenhuma garota a sério, e eu não queria que ela se machucasse.
- Você precisa dizer isso para ela. Ela vai compreender.
- E de onde ela tirou, que eu sou perfeito? Nos últimos meses, ela e o Ricardo evitaram que eu fizesse algumas bobagens. Será que ela esqueceu disso? - Perguntou alarmado.
Pedro abraçou o filho. Tudo o que ele queria era arrancar aquela dor que ele sabia que seu filho amado estava sentindo. Mas não havia nada que ele pudesse fazer, mas Deus podia.
- Primeiro você ora, para não ficar ansioso e complicar mais as coisas. E depois liga para ela.
- Eu vou fazer isso. - Disse o filho sorrindo. - Obrigado, pai!
Pedro percebeu que ele estava quase às lágrimas se insistisse naquele assunto, ele iria chorar, e por experiência ele se lembrava do quanto era constrangedor chorar na frente dos outros, mesmo sendo seu pai.
- Falou com sua mãe ontem? - Perguntou mudando de assunto, o filho sorriu.
- "Obrigado Senhor, por cuidar do meu filho. Proteja-o das desilusões e das alegrias do primeiro amor." - Pediu Pedro.
- Falei. Se bem conheço a Laila, ela já colocou a casa inteira de pé. - Comentou sorrindo. - Ela é um pouco ansiosa, quando quer uma coisa.
Regina chegou com o café da manhã.
- Bom dia! Eu vim me despedir.
- Mas vamos só amanhã! - Lembrou Paulo.
- Sim, mas eu estou indo para Goiânia agora, e quando eu voltar amanhã vocês já terão ido. - Disse ela abraçando Pedro.
- Estou muito feliz por você meu amigo. Seja feliz. E você Paulo... - Abraçou o garoto. - Foi uma honra te conhecer, e saiba que para sempre, você terá amigos na nossa família.
- Obrigado, Regina! Eu que estou muito honrado, por todo o carinho que vocês tiveram comigo.
- Bem, façam uma boa viagem para casa. Eu preciso ir. - Disse ela sorrindo, abraçando os dois.
- Boa viagem, minha querida. - Disse Pedro.
- Ah! Sua chave, você entrega para Tina? Se eu passar lá, perco meu ônibus. - Disse jogando um chaveiro para Pedro.
💮💮💮
Ariane se comportou muito bem.
Foi ao cinema com as sobrinhas, almoçou com Claudia e Katie; e foi às compras com Adriana e Claudia.
Na segunda-feira, Adriana e Alex, foram às compras com os filhos e Claudia e Katie foram com Ariane ao aeroporto buscar Pedro e Paulo.
Paulo correu para os braços da mãe.
- Que saudades mamãe! - Disse abraçando-a.
- Também senti saudades meu filho. - Disse sorrindo, abraçando-o também.
Paulo deixou a mãe e cumprimentou Katie, e Claudia.
Pedro abriu os braços sorrindo.
- Oi moça bonita!
Ela sorriu, e se jogou nos braços dele.
- Oi moço bonito!
Os dois ficaram lá abraçados, sentindo toda a saudade, que sentiram um do outro.
Então Pedro beijou Ariane, e ela se esqueceu de tudo, ela só pensava nos braços dele ao seu redor, dos lábios dele nos dela.
Então ele se afastou. E a realidade, caiu sobre ela.
- Está todo mundo, olhando para nós. - Disse Ariane constrangida.
Ele a abraçou sorrindo.
- Não, não está todo mundo olhando para nós.
- O Paulo, aí meu Deus! Eu esqueci do meu filho. - Constatou constrangida.
Procurou por Paulo e pelas amigas.
- Ariane se acalme! Está tudo bem.
- Como está tudo bem Pedro? Eu quase te devorei na frente do nosso filho.
Saiu andando, atrás dos outros.
- Não seja exagerada Ariane, não fizemos nada demais. E estamos cercados por pessoas. - Disse ele indo atrás dela.
- Esse é o problema, eu esqueci completamente de onde estávamos, e o pior, constrangi o Paulo.
Ela já estava quase chorando. Ele a puxou pelo braço, e olhou-a sério.
- Se você não se acalmar, eu vou te beijar de novo! - Disse ele ainda sério.
Ela se afastou engolindo seco.
Só em pensar, de beija-lo novamente sentiu um frio no estômago.
- Não fique assim, você nunca fez nada para constrange-lo, e não acho que ele esteja constrangido, porque a mãe dele estava beijando o pai dele.
- Mas eu estou envergonhada, o que as pessoas vão pensar? Eu estava parecendo uma sanguessuga, grudada em você. - Sorriu tímida.
- Ambos pareciamos. E eu lamento por deixa-la tão constrangida, mas não me arrependo de te-la beijado, e não vou pedir desculpas por isso. - Disse sério.
- Argh! - Ela sorriu. - Acho que você tem razão estou exagerando. Mas estou mesmo envergonhada.
Pedro a abraçou, sorrindo beijou o alto da sua cabeça.
- Vamos procurar nosso filho. - Disse ele ainda sorrindo.
Pegou na mão dela e sairam atrás dos outros, ela tentou soltar a mão, mas ele segurou firme na mão dela.
- Não solte a minha mão! - Pediu ele.
Ela apertou a mão dele. Encontraram os três no carro.
Claudia os levou para o hotel, lugar aonde havia combinado encontrar a família.
- Estarei esperando todos na minha casa. - Disse Claudia. - Foi um prazer te conhecer Pedro.
Despediram-se, voltando para o carro.
E os três entraram no hotel.
- Então nós vamos almoçar fora? - Perguntou Paulo.
- Sim. A Claudia foi muito gentil, e ficamos sem jeito, de recusarmos.
- Por mim está ótimo. - Disse Pedro. - Reservou um quarto para mim?
- Não. - Respondeu corando. - Como vamos embora depois do almoço, pensamos que não teria problema você ficar com a gente, o Alex deixou a chave do quarto dele, assim você fica mais a vontade.
- Ok! - Respondeu Pedro sorrindo.
Paulo não parava, de falar nos amigos do pai.
Os quartos ficavam de frente um para o outro.
Pedro entrou no quarto de Alex, e Ariane e Paulo entraram no dela.
- Filho, antes de qualquer coisa, eu quero te pedir desculpas. - Disse corando.
- Desculpa pelo que mamãe? - Perguntou tirando a mochila das costas e se jogando na cama.
- O que houve no aeroporto... - Começou ela ainda mais corada.
Paulo sentou. Tentando ficar sério.
- A senhora está constrangida, porque beijou o meu pai? - Não se conteve e começou a rir.
- Garoto você está rindo da sua mãe? - Perguntou com as mãos na cintura.
Agora sim ele ria para valer.
- Desculpa mãe. Mas mãe, os namorados se beijam não se beijam?
- Ai garoto! - Empurrou o filho e deitou ao lado dele. - Mas você nunca me viu em uma situação dessas, eu deveria ter me comportado.
- Bem, eu nunca vi a senhora com um namorado. Mas eu acho que a senhora é sim muito comportada. Está tudo bem mãe, estou feliz por vocês.
- Obrigada filho!
💮💮💮
Adriana entrou no quarto com os filhos e as sobrinhas, e cheias de sacolas.
- Meu sobrinho mais lindo! - Gritou pulando em cima do sobrinho.
- Claro ele é seu sobrinho mais lindo, ele é seu único sobrinho. - Disse Laila, guardando as sacolas. - Quero ver meu pai ou o tio Adriano falando uma coisa assim.
- O sobrinho mais lindo do tio Alex e do tio Adriano sou eu. - Disse Calebe.
- Claro que é meu pequeno! - Disse Paulo abraçando-o.
- Vamos todos tomar banho, e arrumarmos as coisas para irmos embora. - Disse Ariane.
- Nós não vamos almoçar, na casa da sua amiga tia? - Perguntou Laila.
- Sim querida, mas quando sairmos de lá, já vamos embora. - Lembrou Ariane.
💮💮💮
O almoço foi no mínimo interessante. Pedro conhecia o marido de Claudia.
Cinco anos antes, Pedro foi convidado por um amigo para vir a Palmas a trabalho, e este amigo apresentou os dois.E logo depois, o amigo em questão também chegou com a esposa.
Katie, levou a esposa do amigo de Pedro até Ariane.
- Ariane, lembra da psicóloga que eu lhe falei? Aqui está tia Vick a melhor psicóloga deste estado. - Vick sorriu.
- Exagero dela com certeza. Mas é um prazer te conhecer. Ela passou dias falando sobre vocês.
- Veja, eu não estava falando mal de vocês nada disso, é que eu realmente achei vocês muito interessantes. Eu vou deixar vocês sozinhas.
E saiu deixando as duas, ambas ficaram observando a garota se afastar.
- Ela é uma garota interessante. - Disse Ariane.
- Muito interessante. Ela pensa no futuro, quando estiver bem estabilizada, como médica veterinária, escrever um livro sobre famílias na atualidade. - Disse Victória.
- Tema interessante para uma garota de dezessete anos. - Disse Ariane surpresa.
- Tem razão, tema interessante. - Disse uma mulher loura, que se aproximara sem que Ariane visse.
- Oi, Lauren! - Cumprimentou Vick, abraçando-a. - Você está melhor?
A loura apenas sorriu triste.
- Estou melhorando, como você diz um dia de cada vez.
- Muito bem! - Disse Vick sorrindo. - Ariane está é Lauren, a mãe da Katie.
- É um prazer conhece-la, Ariane. Você causou uma boa impressão na minha filha. - Disse com um meio sorriso.
Naquele almoço, Ariane descobriu que família é uma dádiva de Deus.
E mesmo que nossas escolhas, em algum momento tenha virado tudo de ponta cabeça, e não vemos solução para todos os estragos que fizemos; seja na nossa própria vida, ou na vida daqueles que amamos, basta que voltemos nossa atenção para Deus, que Ele tem a solução perfeita para colocar tudo no seu devido lugar.
Continua...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro