40 - Venha sobre mim a Sua misericórdia, Senhor.
- "Senhor me perdoe por ter ficado tanto tempo afastado de Ti, seja o Senhor a estar comigo e me ajude a não fazer nenhuma coisa estúpida e tola, Senhor." - Pensou Pedro descendo da moto.
Chegou ao portão junto com um homem que não conhecia.
- Boa noite. Gostaria de falar com quem? - Perguntou o homem abrindo o portão.
- Boa noite, gostaria de falar com o seu Henrique, e a dona Andreia. Por favor!
- Eu conheço você? Você me parece tão familiar! - Comentou o homem.
- Eu não me recordo. - Disse constrangido.
- Eu sou Luciano, marido da Adriana. E você... - Disse o homem.
- Eu sou Pedro...
- Claro o pai do Paulo, por isso te achei tão familiar; ele parece demais contigo. - Disse o outro sorrindo.
E Pedro se sentiu mais tranquilo, pelo menos não era mais uma pessoa do passado, de quem ele não se recordava. Ao entrarem na casa, Adriana pulou nos braços do marido.
- Olá Pedro! - Cumprimentou Adriano.
- Olá Adriano! - Disse tímido.
- Não liga para esses dois. Eles passam um dia longe um do outro, e quando se encontram é assim. - Disse adriano desdenhoso.
- Chaaaato! - Disse Adriana largando do marido. - E aí Pedro! A Ariane saiu, encontrei com ela, quando eu cheguei e ela só gritou que precisava resolver uma coisa.
- Na verdade eu queria falar com seus pais.
Os gêmeos os encararam.
- Você quem sabe! Meu pai está no jardim com o Paulo, vou te levar lá. - Disse Adriano.
- E eu vou procurar a mamãe. - Disse Adriana.
Os dois seguiram pelo jardim, até aonde seu Henrique conversava com o Paulo.
- Quando vocês disseram que estavam vindo para cá, eu fiquei em uma felicidade, que não tinha tamanho. Me renovei, como esse jardim. Mas agora... - Dizia o seu Henrique.
- Mas agora o quê vovô? Não está feliz por estarmos aqui? - Perguntou Paulo.
- É claro que estou feliz, por vocês estarem aqui. Só estou preocupado com a sua mãe. - Disse o avô receoso.
- Não se preocupe vô, ela está bem, e tenha fé que tudo vai se ajeitar. - Disse o neto sorrindo, e o abraçou. - Não se inquiete vovô.
- Papai! - Chamou Adriano.
O avô e o neto, viraram para trás os dois assustando, com a presença de Pedro.
- O que está acontecendo aqui? - Perguntou seu Henrique, encarando os dois.
- Não sei pai, eu fui só o guia. E já estou de partida. Boa sorte. - Sussurrou no ouvido de Pedro.
- Eu também vou com o senhor tio. Tchau vô, tchau pai. - Pegou no ombro do pai sorrindo, e seguiu o tio.
- o que você quer? - Perguntou seu Henrique mal humorado.
- Eu quero pedir perdão. Por todo o mau que eu causei à sua família, principalmente à Ariane, e gostaria que o senhor e sua esposa me perdoassem.
- Acha que eu não tenho tentado? Desde que minha filha falou seriamente sobre os sentimentos dela, que eu estou tentando lhe perdoar, mas não é fácil.
- Eu sei que não é fácil. Por isso precisamos do Espírito Santo para nos ajudar.
- Você não quis nada com ela há quinze anos, e quer me convencer que agora você quer? - Retrucou.
- O que o senhor acha que teria acontecido se nós tivéssemos nos casado naquela época? - Perguntou.
- O mesmo que pode acontecer agora. Dar tudo muito errado! - Disse seu Henrique categórico.
- Não somos mais crianças, não estamos assustados, e cremos fielmente que Deus está no controle das nossas vidas.
- Boa noite. - Disse dona Andreia, sentando ao lado do marido. - O que está acontecendo aqui? Adriana disse que você quer falar comigo também!
- Eu vim pedir perdão, por todo o sofrimento que eu causei, mas seu esposo se recusa a me perdoar. -Disse dramático.
Dona Andreia olhou para o esposo, que virou a cara para o outro lado.
- Meu filho, você se importa de pegar aquela poltrona e sentar aqui perto de nós? Passei da idade de ficar com o pescoço nessa posição.
Assim Pedro vez, e sentou de frente para os dois.
O esposo lhe dirigiu um olhar sinistro.
Ela o ignorou.
- E então o que você quer da gente? - Perguntou dona Andreia.
- Ele quer nos levar no bico, é isso o que ele quer! - Esbravejou o seu Henrique.
- Querido, nós não conversamos com a nossa filha sobre essa situação? Não concordamos com ela, que iríamos nos esforçar? Irmão! Irmão! Que a sua palavra seja sim sim, não não!
- Engraçadinha! - Disse sorrindo para esposa.
- "Aí está um casal que se ama, e respeita a opinião um do outro." - Pensou.
- Pois bem garoto, fale! - Exigiu o seu Henrique.
Ele respirou fundo.
- Como eu disse antes, gostaria que me perdoassem. Eu compeeendo que não é fácil, mas com Deus tudo se torna mais fácil.
- Na realidade, não temos o que lhe perdoar... - Começou dona Andreia.
- Fale por você... - Resmungou seu Henrique, e ela o olhou de cara feia.
- Não temos o que lhe perdoar, porque usando as palavras da minha filha, o que aconteceu entre vocês foi de comum acordo. E o que aconteceu depois foi culpa nossa e de seus pais...
Seu Henrique levantou irado.
- Ah, que lindo! Ele deflora a minha garotinha e agora a culpa é minha? - Gritou furioso o seu Henrique.
- Querido por favor senta! E você para de se fazer de besta, que eu sei que você entendeu o que eu disse. - Disse ela categórica.
- Ótimo! Agora sou uma besta. Estamos só melhorando! - Reclamou e sentou.
- Voltando ao assunto, nós como pais não tivemos sabedoria para lidar com aquela situação. E isso manteve nossos filhos afastados das nossas vidas. - Disse ela, mais para o esposo que para Pedro.
- Não pense nem por um segundo que eu estou sendo complacente com você, porque não é o caso. - Disse o seu Henrique para Pedro.
- Não estou pensando nada, senhor! - Respondeu humildemente.
- Ótimo! Não quero mal-entendidos. Qual a sua real intenção com a minha filha e meu neto? - Perguntou ranzinza.
- Conquistar a minha família. - Respondeu Pedro.
- Depois que ela fez sozinha o mais difícil... - Resmungou.
Dona Andreia sorriu e sacudiu a cabeça.
- Você tem noção que vocês dois tem uma vida, e que um dos dois vai ter que abrir mão da vida que tem, e isso se não for bem trabalhado pode gerar conflitos no futuro? - Perguntou dona Andreia.
- E além da vida atual dos dois, tem a vida do Paulo. Ele está felicíssimo por conhecer você; e agora o que você vai fazer, ou vai acrescentar algo ou vai tirar algo da vida dele! - Argumentou seu Henrique.
- Eu realmente não faço ideia do que vamos fazer, seu Henrique. - Respondeu sinceramente.
Seu Henrique sorriu.
- Eu ficaria bem preocupado, se nessa situação, você já tivesse toda a sua vida planejada. - Resmungou.
- Querido por favor! - Pediu a esposa.
- Você se prepara para isso, no início a mulher é uma seda, depois não tem aqueles tecidos grosseiros que pinica a pele, pois é, elas viram aquilo. - Resmungou.
Dona Andreia riu para valer.
- Não acredito! E os homens o que viram? Uns velhos rabugentos, e mal humorados!
- Tem certeza que quer isso para sua vida? Você viu, a gente faz uma brincadeirinha de nada, e pronto lá vem a ofensa. - Disse dramático.
Pedro sorriu, se contendo para não gargalhar.
- Homem termina seu raciocínio. - Pediu a esposa.
- Ah, claro! Não é que você e Ariane não devam se planejar, é óbvio que devem, sem planejamento ninguém faz nada nessa vida. Mas vocês tem que levar em conta, que vocês não poderão fazer planos só a dois, tudo o que vocês forem fazer tem que incluir o filho de vocês. - Disse seu Henrique.
- Eu já pensei nisso tudo seu Henrique. E precisaremos da ajuda de nossas famílias. Não poderemos fazer isso sozinhos, vamos precisar de conselhos, de orações, que nos auxiliem para permanecermos no caminho para fazer a vontade de Deus.
- E obviamente você quer nossa bênção para frequentar nossa casa e cortejar nossa filha? - Perguntou seu Henrique.
Pedro sentiu corar, agora compreendia o constrangimento de Ariane quando corava.
- Querido você deixou o garoto envergonhado. - Disse dona Andreia sorrindo.
Seu Henrique encarava-o sério.
- Sim. Quero a bênção de vocês para frequentar a casa de vocês, e cortejar a filha de vocês. - Respondeu nervoso.
- É com pesar no coração... - Começou seu Henrique, fitando a esposa sério.
Pedro gelou até os ossos.
- "Ele não vai aceitar. E o que eu vou fazer agora?" - Pensou.
- Mas com um pesar profundo mesmo! - Disse ele dramático, então ele sorriu...
- Que concordo com a minha doce esposa. Nós fizemos bobagens no passado, 'mas em minha defesa, eu quero dizer que eu era um homem ignorante', e não vou atrapalhar a vida da minha filha, dessa vez vamos fazer as coisas direito. Se for da vontade de Deus, seja bem vindo à família. - Disse seu Henrique sorrindo.
Pedro finalmente respirou, nem percebera que estava prendendo a respiração.
- "Com um sogro desse é melhor eu cuidar da saúde do meu coração." - Pensou Pedro.
- Você não vai aparecer aqui de madrugada não, vai? - Perguntou seu Henrique assustado.
- Não. Pelo menos não tenho ainda essa intençao. - Respondeu confuso.
- Por favor, não peça ajuda de conquista ao Luciano. - Pediu seu Henrique fervoroso.
Dona Andreia ria para valer, e Pedro boiando, sem entender nada.
- Luciano é o marido da Drica. E ele é músico, e quando eles namoravam, às vezes... - Começou dona Andreia.
- Às vezes não, sempre! - Lembrou seu Henrique mal humorado.
- Às vezes, quando ele chegava dos shows ele parava em frente de casa e começava a cantar, nas primeiras vezes que isso aconteceu os vizinhos chamaram até a polícia. - Lembrou dona Andreia sorrindo.
- E para meu desespero até a vizinhança acostumou com a baderna, e pararam de chamar a polícia, e eu que ficava sem dormir, porque você acha que a balbúrdia acabava logo? Não! - Exclamou erguendo as mãos.
A esposa o abraçou. Sorrindo.
- Você ama o seu genro! - Disse ela beijando o rosto do esposo.
- Claro que amo! Mas Pedro vou te contar mais um segredinho, você só tem paz quando os filhos são pequenos, eles crescem e sua paz acaba, eles se casam, e sua casa vira um manicômio.
- Então meu filho, se seu sogro está certo, você está perdido! Porque seu filho, é quase um adulto. Então aproveite a sua paz, enquanto pode. - Disse dona Andreia sorrindo.
- Xiii! Você está ferrado. - Disse seu Henrique às gargalhadas. Como se só naquele momento, tivesse lembrando-se do neto.
E Pedro também sorriu, mas um sorriso triste, ao lembrar que perdera a boa parte da vida do filho.
- Vamos para dentro que está esfriando. E não esquenta com ele não meu filho, ele é assim mesmo, mas é inofensivo. - Disse dona Andreia levantando.
Os três entraram em casa, o silêncio lá dentro era perturbador.
- Alguém veio a óbito? - Perguntou seu Henrique naturalmente.
- Estávamos esperando uma notícia desse naipe lá de fora. - Disse Alex.
- Mas parece que entre mortos e feridos, todos passam bem. - Proclamou Adriano.
- Vocês são chatos! - Disse Adriana, indo até Pedro. - Você está bem?
- Sim, estou bem. - Respondeu sorrindo. - E sua irmã apareceu?
- Ainda não.
- Alguém por um acaso, pode me dizer aonde está Ariane? - Perguntou o pai.
- Não sabemos vovô, ela só disse que precisava fazer algo, e pediu o carro do tio Alex. Eu liguei, mas o celular está desligado, mas eu deixei uma mensagem.
Só então Pedro lembrou, que havia desligado o próprio celular, e sua família também deveria está preocupada.
Ligou o aparelho.
Várias notificações de mensagens.
Todas diziam a mesma coisa.
Carol:
"Ariane está aqui."
André:
"Ariane está falando com os nossos pais."
Ben:
"Meu tio está gritando."
João:
"Silêncio total, será que ainda estão vivos?"
Ben:
"Será que devemos chamar a polícia ou o corpo de bombeiros?"
Carol:
"Cadê você? Venha para casa!"
Ben:
"Vai estourar a terceira guerra mundial aqui, eu se fosse você, iria para mais longe."
Pedro se apavorou.
- "Aí meu Deus!" - Pensou exasperado.
- Eu sei da Ariane. - Sussurrou ele, mas todas as atenções voltaram para ele.
- "A povo de ouvido bom!" - Pensou admirado!
- Ela está lá em casa. - Disse nervoso.
E a confusão foi armada.
- Vou buscar minha filha agora! - Urrou seu Henrique.
Todo mundo disse que iria junto, e ninguém se ouvia mais.
Paulo assoviou alto.
- Acalmem-se! Pai o senhor pode ligar para algum deles e ver o que está acontecendo lá, por favor!
- Claro meu filho.
E ligou para Carol.
💮💮💮
Dona Ana abraçou Ariane.
- Venham todos aqui. - Gritou o pastor.
Todos apareceram em peso.
- Alguém sabe aonde o Pedro se meteu? - Perguntou o pai.
- Não pai. Ele só gritou lá de fora que estava pegando a moto. E o telefone dele está desligado. - Disse André.
- "Meu Deus o telefone, lá em casa devem está todos preocupados comigo, o meu pai vai me matar dessa vez." - Pensou Ariane, ligando o celular.
Mensagem do filho.
"Mamãe, cadê a senhora? Meu pai está aqui, falando com os meus avós. Venha para casa."
- "Aí papai!" - Pensou exasperada.
- Eu sei aonde está o Pedro. Ele está na minha casa. - Sussurrou nervosa.
- O quê? - Perguntou o pastor, e tudo desandou.
Todos falavam de uma vez.
Precisava falar com o filho, mas era impossível falar dali.
Jemima chegou gritando.
- O que está acontecendo aqui, lá de fora dá para ouvir os gritos de vocês? - Perguntou ela cansada.
E todos responderam ao mesmo tempo.
Ela colocou a mão na testa, e levantou a cabeça, e viu Ariane saindo de fininho.
- Ariane! - Gritou preocupada
Ariane parou, e virou-se para a outra.
- Chega! Pelo amor de Deus! Assim eu não entendo nada. Ariane, o que está acontecendo aqui? - Perguntou Jemima.
- Estão todos assim porque o Pedro está lá em casa. - Disse Ariane naturalmente.
- E você aqui? O que me faz pensar que vocês dois tiveram a mesma brilhante ideia, seja ela qual foi. - Deduziu jemima.
- Preciso ir buscar meu filho. - Disse o pastor.
- Seu filho sabe o que faz pai, se acalme. - Pediu Jemima.
- Ariane, você pode ligar para alguém na sua casa e descobrir o que está acontecendo por lá? - Perguntou jemima.
- Era o que eu estava tentando fazer quando você me gritou. - Argumentou ligando para o filho.
Se afastou um pouco.
- O Pedro ligando! - Gritou Carol. - Oi Pedro...
- Minha mãe ligando! - Disse Paulo. - Oi mãe...
Continua...
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