36 - Não te lembres dos pecados da minha mocidade.
O domingo não foi bem como Ariane e Pedro havia planejado.
Ariane ficou conversando com Mel pelo celular e o frango com batatas começou a queimar, mas como almoço dado não se olha os queimados, todo mundo achou uma delícia!
A tarde ela foi evangelizar com Adriana e outras senhoras da igreja.
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Pedro por sua vez, não conseguiu ficar sozinho com Paulo; decidiu que ele poderia encontrar um meio de visitar o filho depois, já para o restante da família seria mais complicado.
Quando a família chegou da igreja os três estavam terminando o almoço.
- Olha que coisa mais linda! O Ben ajudando na cozinha! - Provocou Jemima.
Ben sorriu e mostrou a língua para ela.
Ela foi até o primo, pôs a mão em sua testa.
- Temperatura normal. O quê vocês dois fizeram com ele que está ajudando, e ainda sorrindo, e fazendo gracinha? Sei não pai, mas acho que um dos dois deveriam ficar aqui, ou o Ben terá que ir com um dos dois.
- Deixa seu primo em paz menina! - Disse o pai sorrindo.
- Você será muito bem vindo lá em casa Ben. - Disse Paulo sorrindo. - Só tem um problema, minha mãe põe para ajudar nas tarefas domésticas.
- Na minha casa igualmente, tem que fazer as tarefas domésticas. - Disse Pedro.
- Pensando bem, vou ficar por aqui mesmo. Mas tia Ana, apartir de hoje, sou seu ajudante número um na cozinha. Esses dois passaram o tempo todo, me zuando porque eu não sei fazer nada! Eles que me aguardem na próxima visita.
Todos riram.
- E o que aconteceu com o passeio, Paulo ficou com medo de vocês se perderem? - Provocou André.
- Nada disso, amanhã nós iremos ao nosso passeio. - Disse Pedro tranquilo.
E o clima confortável e familiar pairou durante todo o almoço.
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Pedro admirava o filho e Ben, brincando com as crianças, eles conseguiam entreter a todos, apesar das diferenças de idade.
Ele quase caiu da rede com os irmãos sacudindo-a.
- Ou! - Exclamou se segurando.
Jemima deitou com ele, e os irmãos sentaram no chão.
- E então, porque não foi ao passeio com o Paulo? A verdade! - Pediu André.
Pedro tornou a olhar para as crianças, Ben parecia tão relaxado! Valera apena ficar com ele.
- Paulo pediu para não deixarmos o Ben sozinho. - Disse pensativo.
- A Renata comentou que o Ben estava mais triste que o normal ontem a noite, mas eu achei que fosse só saudades da família por nos vê todos juntos. - Comentou André.
- Foi exatamente o que eu falei, quando Paulo me disse. Mas parece que era muito mais que saudades. - Comentou Pedro ainda pensativo.
- Incrível o Paulo ter percebido, os dois não se conhecem tão bem assim! - Argumentou João.
- Cara! Eu te falei, quando os dois se conheceram parecia que o garoto podia ver a alma do Ben. Eu fico arrepiado só de lembrar. - Disse André.
- E o que vocês fizeram, para melhorar o humor dele, porque ele está ótimo. - Ponderou Felipe.
- Paulo contou a história de Davi para ele.
- A história de Davi? Mas o que Davi tem haver com... - Começou Jemima. - Caraca!
Olhou os irmãos e pulou da rede.
- Culpa e remorso... - Disse jemima.
- Arrepender e confessar... - Disse André.
- Se voltar para Deus... - Disse João.
João levantou, e ficou observando as crianças.
- Com certeza ele está bem melhor, do que estava quando eu cheguei ontem. - Disse João voltando a sentar. - E ele compreendeu de que a história se tratava disso?
- Compreendeu, conversamos bastante com ele, lemos a bíblia. Paulo marcou as passagens que ele pediu para ler depois.
- Eu já tentei várias vezes, falar com ele, sobre essa culpa que o esmaga; mas nunca consegui alcança-lo. Incrível que o Paulo tenha conseguido. - Disse João admirado.
- Incrível mesmo! - Disse olhando para o filho. - Só que a história de Davi, não mexeu só com o Ben.
Pedro sentou, inquieto. Os irmãos o encaravam.
- Vocês acham que se Urias não tivesse morrido, Davi teria pedido perdão a ele? - Perguntou tímido.
- Depois da comida de rabo que Deus deu nele? Com certeza! - Disse Felipe.
- Felipe! Isso são modos? - Perguntou João.
- Ok, pastor! Depois do sermão... Não depois da comida de rabo...
Os irmãos riram incluindo João.
- Você não tem jeito! - Disse André. - Mas concordo com ele, creio que ele teria pedido perdão sim, Davi não era do tipo que fazia as coisas pela metade.
- A prova disso é que ele mandou o coitado do Urias direto para morte. Ele era do tipo que fazia e pensava depois. Mas porque você está pensando nisso agora? - Perguntou Felipe.
- Bem! É que eu seduzi uma garota inocente, então na prática eu ofendi os pais dela também, não ofendi? - Perguntou confuso.
- Pensando como pai, meu irmão eu diria que sim. Mesmo sabendo que quando um não quer dois não fazem amor, acho que todo pai quer ser respeitado através do respeito que se dá à filha dele. - Disse André.
- Tua filha tem seis anos, e você já está pensando nisso? - Disse Jemima.
- Claro! Eu quero que Deus prepare esposo para minha filha segundo a vontade dEle, e isso serve para os garotos também. Não quero meus filhos sofrendo, por quem não é de Deus. - Disse entusiasta.
- É, faz sentido! E você Pedro, vai falar com os seus sogros? - Perguntou Jemima.
- Eu estou pensando nisso. - Respondeu aéreo.
- Até porque, não tem como você casar com uma mulher sem se entender com os pais dela! - Lembrou João.
- Na verdade eu não tinha pensado nisso! - Refletiu Pedro encarando o irmão.
- Pois comece a pensar, se você quer consertar as coisas, tem que fazer direito. - Disse João.
- Inclusive, pedir perdão para o sogrão. - Disse Felipe.
- Claro! Ele fica pulando etapas na vida, aí dá nisso. - Disse André sorrindo.
Os irmãos começaram a fazer cócegas nele, derrubando-o da rede.
- Vocês são tão sem graça! - Disse Pedro se acabando de rir.
E começou a fazer cócegas em quem conseguia alcançar.
- Ei vocês aí. - Disse Renata se fazendo ouvir.
Eles pararam amontoados, e ainda rindo levantaram.
- Sabiam, que vocês estão fazendo mais barulho que as crianças? - Disse ela entregando o celular de Jemima.
- Dez ligações perdidas! Eu estou perdida. - Disse exasperada.
Saiu resmungando. Os outros ficaram sérios olhando para ela se afastar, já retornando a ligação.
- Fico me perguntando como ela dá conta desse casamento. - Disse João.
Geovana e Carol que chegavam nesse momento, ouviram.
E Geovana sorriu e beijou o esposo.
- Você não vai se meter querido, é a vida dela. - Disse ela abraçando-o.
Carol olhou para a cunhada, que falava ao celular afastada.
- Eu e o Felipe, também estamos preocupados. Asafe já sonhou duas vezes, com ela em prantos. Temos orado, mas fico aflita quando a vejo desse jeito por causa dele.
- Porque vocês não me disseram nada disso? - Perguntaram André e João juntos, e olharam um para o outro.
- O que eu não sei? - Perguntou Pedro, com um mau pressentimento. - Qual o problema, de Asafe ter sonhado com a tia? E qual é o problema com o Bruno? Ele não é um bom esposo?
- Os sonhos do Asafe, meio que são... - Carol começou, mas encarou o marido.
- Não sabemos ainda o que são realmente, mas costumam se tornar realidade. - Respondeu Felipe.
- Ele sonhou comigo a algum tempo, ele me disse que eu estava com uma mulher linda, de cabelos lindos. - Lembrou Pedro.
- Ele ligou para você? E contou? - Perguntou Carol aflita. - Eu disse para ele não fazer isso.
- Não, ele não me ligou, eu liguei para o celular do Felipe, e ele atendeu. E ele me disse que o pai havia esquecido o celular; e que ele havia sonhado comigo.
Os pais do garoto se olharam.
- O que vocês não estão me contando? - Perguntou Pedro assustado.
- Voltamos à Jemima por favor! - Pediu Geovana. - Pedro não sabemos se ele é um bom ou um mau marido, quando ela está com ele, ela se anula completamente; e quando acontece dele ligar e ela não atender logo, ela fica como você viu. E só isso.
- E alguém já tentou falar com ela sobre tudo isso? - Perguntou ele preocupado.
- Ela não conversa com ninguém sobre o marido, nunca. Ela falava sobre ele quando namoravam, se bem que antes dela ficar noiva ela, já não falava tanto nele, não foi meninas? - Perguntou Carol.
- Quando ela aceitou o pedido de casamento, eu achei estranho, porque não me parecia que ela queria casar. - Lembrou Geovana.
As cunhadas apenas assentiram.
Pedro voltou a sentar na rede, olhando para sua irmãzinha, sempre tão altiva e independente; será que ela se submeteria a uma relação abusiva?
- O que Asafe, sonhou e se concretizou? - Perguntou triste.
- Ele sonhou com quatro caixões, e nesses caixões estavam: a tia Gabi, o Rúben, a Hadassa e a Maria. Isso foi uns dois ou três meses antes do acontecido. - Disse Felipe.
- Geralmente é coisa pequena do tipo, a minha mãe está nos visitando; ou o André e a Renata estão vindo; ou o avião do tio André está sacudindo no céu... - Disse Carol, mordendo o lábio.
- Ei! Isso não foi pequeno, e eu passei o maior sufoco da minha vida, eu pensei que eu iria morrer, vocês deveriam ter me dito. - Disse André furioso.
- Para quê? Para toda vez que você fosse trabalhar, ficasse nervoso e com medo? Quando você está lá em cima, a vida de todas aquelas pessoas, dependem da sua habilidade e da sua fé, não iríamos por isso em risco. Nós fizemos o tínhamos que fazer oramos, e graças a Deus deu tudo certo. - Disse Felipe.
- Eles tem razão amor! - Concordou Renata.
Os pais chegaram e eles mudaram de assunto.
E Pedro murchou o resto do dia.
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No final da tarde, ele foi levar Paulo em casa, pois ele combinara com a mãe que iria com ela para a igreja.
- Obrigado, meu filho pela atenção com o Ben. Isso foi incrível! - Disse orgulhoso.
- Não precisa agradecer pai, Deus tem grandes planos para vida dele. - Respondeu Paulo simples.
Pedro olhou atentamente para o filho.
- O asafe fala a mesma coisa, ele diz que sonha com o Ben. E que o Ben vai ser grande na obra do reino. - Comentou distraído.
E só agora ele compreendia, porque quando o sobrinho falava isso todos olhavam assustados para ele.
- O Senhor parece cansado. Podemos deixar o passeio para outro dia!
- De jeito nenhum! Que horas posso te buscar? - Perguntou se concentrando no filho.
- Oito? - Perguntou analisando o pai.
- Perfeito. - Sorriu ao notar o olhar preocupado do filho. - Não se preocupe meu filho, eu estou bem!
O filho apenas sacudiu a cabeça, virou para o outro lado, e começou a cantarolar.
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Ariane estava abrindo o portão quando um carro parou na rua ao lado, ela ignorou, estava com fome, com sede e cansada.
- Oi mãe! - Surpresa ela se virou para o filho.
Estavam pai e filho, encarando ela.
Continua...
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