33 - O seu nome é como perfume derramado.
O sábado amanheceu brilhante e quente. Ariane ficou olhando o teto e pensando.
Pensara na conversa que tivera com os pais, e percebera que eles estavam bem mais animados com a presença dela, pararam de ficar olhando atravessado para ela.
E desde que chegara, foi a primeira vez que teve uma tarde agradável com os pais; leram a bíblia juntos, Laila e Júlia, tocaram enquanto os outros cantavam.
No final da tarde, Adriana chegou com a família e foi decidido, que iriam à uma pizzaria perto de casa.
Se continuasse a comer daquele jeito suas roupas não lhe serviriam mais quando voltasse para casa.
Paulo ligou, perguntando se poderia jantar na casa dos avós, mas quando a mãe disse que eles iriam para a pizzaria, ele optou por ir com eles, o pai o levaria antes das 20:00, horário combinado para sairem.
Ela ficou atenta, pois queria ver quando o filho chegasse; mas não viu, quando percebeu o filho já estava entrando em casa com Adriano.
- Dez minutos e estou pronto. - Dissera Paulo dando um beijo na mãe e correndo para o quarto.
E fora uma noite memorável!
💮💮💮
Levantou e seguiu sua rotina diária; estava lendo a bíblia quando o telefone, tocou.
Como regra ela jamais deixava de ler a bíblia para atender o telefone, então quando terminou sua leitura, foi ver quem havia ligado, seu coração gelou.
Pedro havia ligado.
Retornou a ligação.
- Oi! - Ele atendeu no segundo toque.
- Oi! Você ligou. - Perguntou reservada.
- Eu sinto muito, mas eu esqueci que meu irmão chega hoje, e como foi combinado que jantaremos todos juntos, não poderei faltar ao jantar.
- Não tem problemas, a gente marca outro dia. - Disse ela ressentida.
- Bem! Paulo falou do almoço na casa da Drica, então você está comprometida com o almoço, e eu com o jantar; então eu pensei em tomarmos um sorvete a tarde.
Ela riu da ideia.
- Pedro isso é programa para adolescentes. - Disse ela ainda rindo.
- De várias maneiras, é como se ainda fôssemos adolescentes. O que você me diz de...quinze horas? - Perguntou rindo também.
- Você está mesmo falando sério? - Perguntou incrédula.
- Seríssimo! Se você acha que estamos muito velhos para irmos à sorveteria, podemos levar o Paulo. E então? - Perguntou começando a ficar nervoso.
- Combinado então, acho uma ótima ideia. - Respondeu sorrindo.
- Certo! Passo aí às 15:00.
Ela ficou empolgada com a ideia de sair os três.
- Obrigado, Ariane! - Disse carinhoso, e ela se derreteu.
- Obrigada a você pelo convite. - Disse também carinhosa.
- Eu pego vocês na casa de seus pais, ou na casa da Drica?
- Na casa dos meus pais. - Respondeu nervosa.
Despediram e desligaram.
Sorriu consigo mesma, ele tinha razão em vários aspectos ainda era como se ambos ainda fossem adolescentes.
Ela foi procurar a família cantando.
Já estavam, tomando café.
- Bom dia, bela adormecida! - Disse Alex.
- Cantarolando desse jeito, ela está mais para a Gisele de encantada, e ela é muito mais bonita. - Rebateu Laila.
- Gisele não é um ballet? Uma camponesa que tem um fim trágico? - Perguntou Ariane confusa.
- Sim tia, mas essa Gisele apesar de ser camponesa, fica com o bonitão e são felizes para sempre.
- Ah! - Suspirou Ariane.
- "Definitivamente eu preciso ver uns filmes, ou o que quer que seja que as pessoas estam vendo por aí." - Pensou bebendo seu café.
- Minha mãe não assiste filmes. Eu só vou ao cinema quando o tio Adriano vai lá para casa. - Disse Paulo.
- Não é que eu não goste, o meu tempo é curto. - Retrucou ela, desanimada com o assunto.
- Pois bem, meu pai vai nos levar em palmas para passearmos, a senhora vai com a gente, e vamos ao cinema. Eu escolho o filme. - Disse Laila animada.
E começaram a falar de filme de ação, comédia romântica, animação, e tantos outros que Ariane ficou tonta.
Para ela só existia três tipos de filmes: romântico, de ação e de terror. Qual a necessidade, de tantos tipos de filmes?
Saiu de fininho da cozinha.
💮💮💮
A manhã passou voando, todos foram para casa da Adriana, o almoço estava maravilhoso, e Ariane que ainda não conhecia a casa da irmã ficou encantada, não era grande, mas era espaçosa e aconchegante; e foi muito divertido.
Sentada afastada, Ariane observava a família, desde que saira de casa era a primeira vez que estava com toda a família reunida, nenhum deles eram mais os mesmos, a família crescera e ela perdera, não esteve presente no casamento da irmã, porque foi orgulhosa demais para voltar para casa.
- Seus pensamentos aceitam cartão? - Perguntou Adriano sentando ao seu lado.
Ela sorriu.
- Isso depende, é débito ou crédito?
- Acho melhor irmos de débito. Me deixe eu ver... - Começou a analisa-la, e ela tentou manter a pose. - Bem, você está muito enigmática. Então uma oncinha no débito?
- Combinado!
Encostou a cabeça no ombro do irmão.
- Você já parou para pensar, no quanto eu e o Pedro somos pessoas horríveis?
- Oi? Do que você está falando? - Perguntou assustado.
- Assim como eu não estive no casamento da Drica, ele não esteve no casamento de nenhum dos irmãos! Isso é triste! Perdemos coisas importantes da vida de vocês.
- Nada disso importa! Se vocês compreendem que agiram mal, e que não querem continuar assim, é o que realmente importa! E além disso você foi para o casamento do Alex.
- Claro! Foi em São Paulo! - Respondeu sorrindo.
- É, eu sei. O que estou tentando dizer, é que você só perdeu o casamento da Drica, e teria perdido o meu se tivesse acontecido, já o Pedro coitado, perdeu o casamento de todos os irmãos.
- Meu Deus, o que fizemos das nossas vidas? - Lamentou.
- Vocês cresceram, e estam tentando melhorar. Não é isso que fazemos todos os dias? Caimos e levantamos? Família é isso, compreender que o outro faz bobagem, e se esforçar para ajudar, em alguns casos, a ajuda só mesmo vindo de Deus. E louvado seja a Deus por ser misericordioso.
- Louvado seja a Deus por ser grandioso em perdoar! - Sussurrou Ariane. - Caso contrário, o que seria de mim?
O irmão secou uma lágrima que descia pelo rosto dela e a abraçou.
- Você não tem um encontro? - Mudou de assunto.
- Não é um encontro, o Paulo vai estar junto. - Disse constrangida.
Como se estivesse só aguardando a deixa Paulo apareceu bem na frente da mãe, eufórico.
- Precisamos ir mãe, daqui a pouco meu pai vai nos buscar.
- Eu sei meu filho, mas parece que ninguém está querendo ir embora.
- Eu levo vocês. - Ofereceu Adriano.
- Eu vou falar com os nossos pais e com a Drica. - Disse Ariane nervosa.
- Ela está muito nervosa! - Ouviu os dois sussurrando rindo.
Ela olhou para trás de cara feia, o que só fez com que eles gargalhassem.
💮💮💮
Pedro chegou às 15:00, em ponto. Claro que Ariane já estava pronta havia quinze minutos; mas ninguém precisava saber disso!
Paulo se ofereceu para abrir a porta.
- Oi, pai! - Cumprimentou sorrindo.
- Oi filho... - Ariane apareceu em seu campo de visão.
Ela estava linda, com os cabelos soltos, jeans e baby look; simples como ele se lembrava dela. E linda!
- Oi Pedro. Tudo bem?
- Oi Ariane, tudo ótimo! - Disse sorrindo.
- "Será que ele tem noção do que esse sorriso faz comigo!" - Pensou corando.
- Vamos? - Sugeriu Paulo.
Chegando à sorveteria, Paulo foi logo se servir.
- Como ele consegue manter a forma?
Pedro perguntou fascinado.
Aliás tudo no filho o fascinava.
- Creio que do mesmo modo que você conseguia na idade dele. Ele simplesmente não para, e nunca está cansado, ó idade maravilhosa!
- Verdade! - Concordou sorrindo.
Eles acompanharam o filho, e sentaram em uma mesa afastada.
- Como o senhor percebeu pai, que gostava da minha mãe? - Perguntou Paulo naturalmente.
- Quando a vi pela primeira vez, eu soube que ela era a minha prometida. Que Deus havia me mandado ela. Meu coração sabia disso.
Respondeu olhando nos olhos dela.
Ela ficou imensamente corada.
- E quando vocês separaram, o senhor duvidou de Deus. - Afirmou o filho.
Pedro o encarou. O filho herdara a perspicácia do avô.
- Duvidei. - Ele abaixou a cabeça. - Nos três primeiros anos, eu não fazia outra coisa a não ser pensar em vocês dois. E mesmo longe, a emoção era a mesma. O frio no estômago, as mãos suando.
'Teve um momento, em que pensei que estava sofrendo do coração, de tanto que meu coração acelerava, toda vez que meus irmãos me diziam que não tinham nenhuma novidade. - Disse melancólico.
- E quando você resolveu desistir? - Perguntou Ariane.
Pedro assustou com a voz dela, por um momento esteve tão voltado para o passado, que esqueceu do presente.
- Me desculpa! Eu acho que falei demais. - Pediu passando a mão na cabeça.
Paulo e a mãe se olharam.
- Não falou não! - Disse Ariane. - Por favor responda a minha pergunta.
- Quando eu vim em 1998, eu estava disposto a qualquer coisa para achar vocês. Mas quando seu pai me disse, que por minha causa ele havia perdido a filha, 'pela primeira vez eu acho!' eu vi realmente o mal que havia feito a você. E que não havia mais nada que eu pudesse fazer. No final das contas, você havia feito o que era melhor para todo mundo.
Ele suspirou, percebendo que só Paulo estava tomando seu sorvete.
Não lembrava mais de se mesmo nessa idade, deletara da sua memória tudo daquela época, nos últimos dias as lembranças vinham retornando, mas não lembrava de ter sido um garoto leve e tranquilo, como o filho.
- Então eu resolvi, que estava na hora de esquecer. Afinal se você não queria saber de mim, era porque havia me esquecido. E naquele momento eu percebi que essa história de amor, preparado por Deus era coisa de romance. - Concluiu desiludido.
- Já que vocês não querem o sorvete de vocês eu vou pegar pra mim. E enquanto vocês conversam, eu vou ali naquele fliperama. - Disse levantando, pegando o sorvete dos pais já que o seu acabara.
- Você sabe jogar isso? - Perguntou o pai surpreso.
- Pai, seu filho é um nerd dos games e dos quadrinhos. Porque o senhor acha que o Ben e o Mateus, ficaram tão meus amigos? A gente se entende! - E saiu.
- Você está bem? Por favor, não quero que você fique mal, porque eu não consegui confiar em Deus o suficiente.
- Porque me mandou, aquela carta? Se achava que eu havia te esquecido?
- Primeiro eu achei que você iria joga-la fora, sem ao menos ler. E porque eu queria que você soubesse que eu ainda pensava em você. E que você dissesse ao nosso filho que eu pensava nele.
- Quando parou de pensar em mim parou de pensar nele também?
- Não exatamente. Cada criança que eu via, eu pensava que poderia ser minha. Mas eu não aprofundava o pensamento, pois eu havia te dado a minha palavra que não iria mais te incomodar; e se eu pensasse muito no assunto, aconteceria o que aconteceu, e eu voltaria atrás e iria querer saber dele. - Respondeu de cabeça baixa.
- A sua última carta, eu só li o mês passado, não sei qual teria sido a minha atitude, mas eu me arrependo de não ter lido antes. - Sussurrou de cabeça baixa.
- E eu me arrependo, de ter desistido tão rápido! Eu senti tantas saudades suas, que chegava a doer. E o pior era saber que eu fui o responsável por você ir embora. Se eu tivesse tido outra atitude...
Ela o interrompeu.
- "Provavelmente, não estaríamos aqui agora." - Pensou ela triste.
- Você ainda acha que amor preparado por Deus é coisa de romance? - Perguntou triste.
- Não! Você está aqui, e se não fosse de Deus, eu não teria essa nova chance. Só Ele para nos renovar e nos colocar nos trilhos todos os dias.
- Eu tenho pensado nisso, porque não ficamos juntos naquela época, porque não nos reencontramos antes? É estranho estou arrependida de tudo o que fiz, mas sinto como...não sei explicar. - Concluiu confusa.
- Você sente como, se as coisas tivessem sido diferentes, não estaríamos juntos, aqui e agora?
Ela o olhou surpresa.
- EXATAMENTE! Como se só agora estivéssemos no timer certo. - Ela sorriu.
- "Como esse sorriso me aquece o coração." - Pensou ele.
Ele pôs as mãos no queixo e ficou olhando para ela, com cara de bobo.
Ela sorriu constrangida.
- Para de me olhar assim, estou ficando sem graça. - Disse olhando para o outro lado.
- Você fica ainda mais linda, corada!
- Vamos voltar a falar de coisa séria!
- E o que é mais sério que o fato de eu estar olhando para a mulher mais linda que eu conheço, e que fica corada com meus elogios? - Perguntou divertido.
- Não estou acostumada com isso. - Disse mais corada ainda.
- Louvado seja a Deus! Que os homens por aquelas bandas são míopes.
Ela riu.
Ele ficou sério.
- Farei tudo o que estiver ao meu alcance, para que o som do seu riso, seja sempre música para os meus ouvidos. Que o brilho do seu olhar, seja sempre o meu sol. O seu sorriso, sempre aqueça a minha alma. O que não estiver ao meu alcance, eu dobrarei os meus joelhos em terra, e pedirei a Deus para ti, o melhor que eu não posso dar. - Disse ele emocionado.
Ela teve certeza que não estava mais corada, estava escarlate.
- Eu também senti muito a sua falta. E eu estou apavorada!
Uma lágrima ingrata, desceu por seu rosto.
Ele secou-a com o dedo delicadamente.
- Eu também estou apavorado.
Os dois gargalharam.
Paulo olhou para os dois e apenas sorriu, voltando a jogar com seu novo colega.
Continua...
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