18 - Agora, pois, Senhor, que espero eu?
Ariane terminava de arrumar sua mala para viajar na manhã seguinte e Melissa, jogada em sua cama implicava com ela.
- Você vai ficar derretidinha, quando ver aqueles olhos verdes. - Disse Melissa.
Ariane jogou uma almofada nela, e ela riu às gargalhadas.
- E bela amiga é você! Veio pra me ajudar, mas o que faz? Me deixa mais nervosa.
E tirou tudo da mala, Melissa sorriu. E fez gesto que ficaria muda.
E Ariane começou a colocar tudo outra vez na mala, e andava pra lá e pra cá, gritava por Paulo, perguntava se ele tinha pego isso ou pego aquilo, sentava, levantava. Passava as mãos na cabeça.
- Como será que ele está? Talvez eu devesse ver as fotos... Eu vou ver as fotos! - Foi até a porta, e voltou. Tirou tudo da mala de novo.
- Pelo amor de Deus. - Disse Melissa pulando da cama. - Se acalme 'Marta', estais muito fadigada!
Ariane olhou para ela de olho arregalado, ela não aguentou e caiu na risada.
- Sem graça, acabou com a minha atuação! - Disse Melissa ainda rindo.
- Eu ouvi direito? Você acabou de me chamar de Marta? - Perguntou colocando a mão na cintura.
- Sim. Chamei. - Respondeu Melissa, fazendo a mesma pose e tentando ficar séria.
- Eu nunca sou a Marta, nunquinha!
E olhou ao redor. Seu quarto estava de ponta cabeça, tudo revirado.
Melissa não aguentou e foi a primeira a rir, seguida por Ariane.
- Obrigada, Senhor! Até que enfim, chegou o dia de eu dizer: 'Eu sou a maria nessa amizade'. - Recitou a plenos pulmões.
- Nada haver, Marta era organizada, isso aqui não está nada organizado.
- Você sabe muito bem, que não é disso que eu estou falando. Não se faça de boba.
Melissa pôs a mão na cintura, de novo, fazendo cara de brava.
- Fique a senhora sabendo, que o fato de eu estar agindo como Marta, não significa necessariamente, que você esteja agindo como Maria. - Disse rindo, organizando novamente a mala. - Uma boa Maria, estaria ajudando a desajustada da Marta.
- Que nada! A boa Maria estava lá sentadinha aos pés de Jesus, e Marta? Pulando de um lado para o outro feito biscoito de polvilho na gordura quente.
Ariane riu com gosto.
- "Biscoito de polvilho na gordura quente?" - Repetiu se acabando de rir. - Mas é mesmo filha da mãe dela!
- Alguma coisa eu tenho que aprender com ela. E se acalme mulher!
Ariane respirou fundo.
- Eu fico imaginando mil e uma coisa. E se ele estiver casado, se estiver solteiro!Mas você percebe que nenhuma dessas questões fazem sentido? Porque a gente já não existe mais!
- O que Maria fez? - Perguntou Melissa se jogando novamente na cama.
- Com certeza ela não se jogou na minha cama. - Disse com as mãos na cintura.
- Claro que não. Você está leeenta hoje!
Ariane jogou outra almofada nela.
- Se você me jogar mais uma almofada, eu vou compreender que você está me presenteando com elas e vou levar para casa.
- Eu estou lenta. E você está tão engraçadiiinha! - Riu se jogando na cama.
- Você não sabe o que esperar, mas você sabe Em quem está a sua esperança. Eu não sou a melhor pessoa para te orientar, estou aqui sem saber se aceito rever meu ex-marido ou não, mas lembrando o que você mesma me disse. Deixe Deus agir, porque o tempo dEle, é perfeito.
💮💮💮
Pedro estava na janela. Durante os últimos anos passara tanto tempo olhando por aquela janela, que virou hábito.Quando chegava do serviço ia para a janela imaginar o que se passava com aquelas pessoas.
Mas naquele momento ele estava pensando, no que seu filho e a mãe estariam fazendo. Ele ligou para o filho, para dizer que estaria viajando na manhã seguinte, mas simplesmente esqueceu, pensou em ligar de volta mas ficou sem jeito.
A campainha tocou, sorrindo foi atender.
Os amigos entraram com pipocas e refrigerantes.
- Sério? Pensei que teria pizza! - Disse pegando Isa que pulou nos braços dele.
- Sério? Meu filho você tem uma solitário aí dentro? - Protestou Zeca
- Tina, o que aconteceu com o sigilo entre amigos? - Perguntou Pedro
- Oras, você não queria que eu mentisse para eles ou queria? E além disso se eu mentisse eu teria que jantar de novo.
'Você até pode ter uma solitária perambulando por aí, mas eu não tenho. - Disse ela sentando com os outros.
- Que filme vamos ver? - Perguntou Regina. - E deixem ele em paz. Vamos ficar um mês longe dele.
- Pois é, e por isso deixamos, que ele escolha o filme. - Disse Lucia. - E depois do filme ele vai tocar para nós, porque ele também, vai ficar um mês longe de nós.
Regina e Lucia, tocaram as mãos no ar.
- Golpe baixo. - Reclamou Pedro.
- Cara, golpe baixo foi você não dizer para nós que tocava e cantava. Isso sim foi golpe baixíssimo. - Retrucou Lucia.
- Ok! Já que é assim eu vou logo escolher esse filme. - E pegou os DVD's que eles haviam levado. - Eu escolho 'a virada'. - Todos concordaram.
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Na manhã seguinte, Ariane estava mais calma. Melissa dormiu lá, pois ela iria leva-los ao aeroporto.
- Bom dia! E aí está mais tranquila? - Perguntou Melissa.
- Graças a Deus! Estou bem mais tranquila. Obrigada por me ajudar.
- Já podemos ir? - Perguntou Paulo irrompendo porta a dentro, eufórico.
- Toma seu café. Temos tempo. - Respondeu a mãe.
- Estou sem fome. Vou pôr minhas malas no carro, cadê as suas? - Ariane e Melissa se olharam.
- Existe uma versão masculina, para Marta? - Brincou Melissa.
- Larga de ser chata! - Disse Ariane.
E jogou migalhas de pão em nela.
- E se você não parar de me jogar coisas, eu vou contar para minha mãe. - Disse fazendo bico.
- E ela vai te chamar de bebê chorão. - As duas riram.
- Verdade! - Concordou Melissa.
Paulo voltou e sentou, tomou um copo de leite.
- Mãe, a gente não pode atrasar. - Ela levantou.
- Dê a ele o sermão que você me deu ontem. Sobre não está esperando no Senhor! - Disse Ariane saindo.
- Será que ela briga comigo, se eu disser que eu espero no Senhor, é o avião que não espera por nós? - Ele cochichou no ouvido de Melissa, mas não baixo o suficiente.
- Eu ouvi. E eu brigo sim. - Ela gritou em resposta. E os dois apenas sorriram.
💮💮💮
O voo até Brasília correu sem nenhum incidente. Chegando no aeroporto Paulo queria ligar para o pai.
- Filho não sabemos, se ele mora perto ou longe, ou se ele está trabalhando.
- Ele já está de férias. Mas agora não sei se mora perto daqui.
- Você não disse, que faríamos escala aqui?
- Eu esqueci. Ontem quando ele ligou eu ia falar, mas esqueci.
- Manda uma mensagem para ele.
- Eu não acredito, eu não acredito! - Disse ele, olhando para o celular.
- O que foi? - Perguntou indo até o filho.
- Descarregado. Eu esqueci de por pra carregar.
- Está tudo bem. Já havíamos conversado sobre isso. Paciência, tudo vai ficar bem com a graça de Deus.
Ela abraçou o filho, e então ela viu um casal do outro lado, estava longe e ela não via o rosto do homem direito, mas alguma coisa no jeito como ele abraçava a companheira, lhe pareceu familiar.
Mas o fluxo de pessoas a impediram de observar melhor, e ela os perdeu.
Mas seu coração quase saltava pela boca.
💮💮💮
Tina foi levar Pedro no aeroporto.
- Tem certeza que não quer ficar lá em casa? - Perguntou mais uma vez, ela sorriu.
- Tenho. Eu estou gostando de morar com eles, eu sou só mais uma jovem mulher que está aprendendo a viver sozinha. Apesar de não está de fato sozinha! Eu não sei te explicar e não quero que você me ache ingrata, mas apesar da maneira como eu amo você, e de tudo que aconteceu com a gente, parece que você foi mais meu irmão que meu amante. - Ele sorriu - Desculpa, você sabe que não sou boa em me expressar.
- Está tudo bem! Eu entendi. E fico feliz em ter sido o que você precisava naquele momento. Não esqueça o que você me prometeu. Se você for passar o Natal com os seus pais, e você vê que está demais para você, ligue pra mim, para o Zeca, Lucia, enfim, nada de dar importância para quem não é importante. - Ele a abraçou. - Eu te amo.
Ela sorriu.
- Obrigada! Por todo esse tempo. E eu sempre vou amar você. - Disse ela com lágrimas nos olhos.
Pedro teve uma sensação estranha, parecia que alguém olhava para ele, procurou ao redor e ninguém olhava para eles.
Em meio à multidão do outro lado, uma mulher andava de mãos dadas com um rapaz alto, e algo no modo dela andar, lhe trouxe uma lembrança que fez seu coração acelerar.
- Preciso ir. Fique com Deus, e vá para a igreja com a Lucia. - Beijou sua testa e saiu.
- Irei sim. E vou me comportar. - Sorriu.
E ele seguiu para o lado aonde ia a mulher com o rapaz e ela seguiu para fora do aeroporto.
💮💮💮
- Me desculpa filho, eu não observei que as poltronas não ficavam juntas.
Ariane estava arrasada, não ficaria junto com o filho.
- Está tudo bem mamãe, fique calma. A senhora fica aí, eu vou para a outra poltrona. - Sorriu para mãe e saiu.
Ela olhou, sua vizinha de poltrona.
- Bom dia. - Disse simpática. A moça olhou pra ela de cara feia e virou a cara.
Guardou sua bagagem de mão, e foi ver o (a) vizinho (a) do filho.
- Eu acho que a minha companheira de poltrona não gosta de falar com estranhos. - Disse Ariane, inclinada para o filho.
- Com certeza a mãe dela ensinou isso para ela, mal de toda mãe. - Brincou rindo.
- Mas .... - Ela começou.
- Com licença. - Disse uma voz que fez seu coração parar.
Ela realmente pensou que havia esquecido aquela voz? Ela realmente acreditou que seria tão simples?
Ela levantou devagar e se virou lentamente, pedindo no seu íntimo, que estivesse enganada, mesmo sabendo que não estava. Naquele momento percebeu que seus sentimentos por ele, estavam apenas adormecidos.
Como imaginara não estava equivocada e ali na sua frente estava uma versão mais velha, e como se isso fosse possível, ainda mais bonita de Pedro.
Abriu a boca para falar, mas nenhum som saiu...
Quando ela se endireitou e virou-se lentamente pra ele, ele se perguntou se ela tinha alguma deficiência e quase perguntou a ela, mas quando abriu a boca, lá estava ela olhando pra ele.
Com seus maravilhosos olhos de chocolate ao leite, arregalados olhando-o como se estivesse diante de um fantasma.
Como estava linda! Tentou falar alguma coisa, mas nenhum som saia...
E quando os sons de suas vozes sairam, sairam juntas.
- PEDRO/ARIANE ❤❤❤
Continua...
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