Ariane e Edith chegaram atrasadas no culto daquele domingo. E isso porque?

Porque as duas eram duas estranhas.
Durante alguns minutos ficaram as duas olhando, para a cara uma da outra.

Elas moravam no mesmo condomínio, frequentavam a mesma igreja, compartilhavam os mesmos grupos na igreja, os filhos frequentavam a mesma escola e ainda assim eram duas estranhas.

O irmão Roberto ficou lá parado olhando para as duas.

- O tempo é o de vocês. - Lembrou ele.

- Isso não vai dar certo. - Reclamou Edith.

- É só orarmos, Edith! Fazemos isso o tempo todo. - Retrucou Ariane.

- Então porque você não começa?

Ariane fechou os olhos. - "O que eu faço senhor, me ajude." - Pensou.

- "Meu Deus amado, me perdoe porque eu não quis conhecer a sua serva, e eu tenho feito coisas que a magoam, me perdoe Pai, e ajude-a a me perdoar. Eu não sei Senhor quais problemas a afligem mas o Senhor sabe, seja o Senhor com ela e trate todo o mal que tem corroído a sua alma. O Senhor conhece os nossos corações, sabe das nossas fraquezas, e sabe do que precisamos, ajude-nos Senhor, que durante esta semana, venhamos a nos conhecer através do seu olhar, que nos perdoamos mutuamente. Em nome de Jesus, amém. -
Orou Ariane, e continuou esperando.

- "Meu Deus, o senhor conhece as minhas dificuldades, eu não sei o que fazer, me ajuda. Seja o senhor com a família da Ariane. Em nome de Jesus. Amém." - Orou Edith inquieta.

- "Obrigado, Senhor pela vida de suas servas, que o Seu amor para com elas, brote em seus corações e elas descubram Senhor a importância da comunhão entre os irmãos. E que elas descubram o amor ágape uma pela outra. Em nome de Jesus, amém." - Orou Roberto.

- Vamos para o culto? - Disse ele.

E assim começou o desafio das duas.

E esse foi o maior desastre no decorrer da semana? NUNCA!

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Na segunda feira Edith não apareceu na igreja, então Ariane e Roberto foram até a casa dela, ela estava envergonhada por causa do abaixo-assinado.

- Eu pensei que você não quisesse continuar depois do que houve ontem. - Dissera ela.

Como até o presente momento ela nunca ficou envergonhada, de nada do que fazia contra Ariane, está desejou mais do que nunca continuar com o desafio.

- Está tudo bem. E além disso você não foi a única a assinar, e vamos orar para melhorar nosso relacionamento uma com outra, como as servas de Deus que somos, e este é um bom começo. - Dissera Ariane.

Fazer o pão, foi um desafio à parte.

Ariane estava incomodada por estar na casa de Edith, e esta por sua vez estava incomodada com a visita de Ariane.

E como se não bastasse a receita era estranha.

- Eu acho que está receita esta errada. - Dissera Edith.

Ariane também a achara estranha, e concordou.

E agora? O irmão havia dito que era pra fazer a receita da sua esposa, e ambas não sabiam o que fazer.

- Talvez ele copiou a receita errada. - Comentara Edith.

- Vamos ligar para a esposa dele? - Perguntara Ariane.

Ficaram na dúvida mas acabaram ligando e realmente a receita estava errada, corrigiram e colocaram mãos à obra.

A esposa do irmão Roberto, perguntara se elas haviam discutido a receita juntas, e se tinham decidido juntas, ligar pra ela.

Ao concordarem, que haviam discutido o assunto e resolvido juntas, a irmã dissera que elas estavam de parabéns, e que Deus as abençoassem.

De comum acordo resolveram, fazer pãezinhos individuais recheados, pois era para o lanche da tarde, e o pessoal iria gostar.

E os pãezinhos ficaram maravilhosos.

E assim as duas foram baixando suas guardas, e até riam de uma ou outra coisa que uma ou a outra falava.

Ariane descobriu que Cláudia a amiga de Mel, era prima de Edith e morava em Palmas, e estava em São Paulo porque havia levado uma aluna, para um recital de poesia.

'Às vezes as orações ultrapassavam a marca dos trinta minutos. E conforme suas almas feridas iam se curando, mais elas se aproximavam.

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Na sexta feira Cláudia estaria voltando para o Tocantins, e Edith convidou Ariane e Melissa para jantarem juntas com Cláudia, para despedirem da prima.

Ariane se sentia um pouco insegura quando chegou no restaurante, pois era a primeira vez que as duas se encontravam fora dos ambientes da igreja, com excessão do dia em que ela foi até a casa de Edith fazer o pão.

E pra piorar ela foi a última a chegar.

- Boa noite! - Cumprimentou tímida.

- Boa noite Ariane! - Claudia levantou sorrindo e a abraçou. - Que bom que você veio. Soube que você e Edith tem passado um tempo juntas, fico feliz por isso. Não é todo mundo que tem coragem de encara-la. - Concluiu rindo.

As duas sentaram.

- O difícil não é encara-la, o difícil é suportar a sua língua ferina. - Disse Melissa. - Você precisa ver as piadas de mau gosto, que eu tenho de suportar porque sou divorciada. - Claudia olhou seria para a prima.

- Já conversamos sobre isso. Quem agora está guardando rancor? - Perguntou Edith tranquila.

Até o humor dela estava melhor, Ariane sorriu.

- Vocês precisavam ver a cara dela, quando ela conheceu meu esposo. - Riu Claudia.

- Sério! Que vocês vão me provocar? Não esqueçam que eu estou em processo de recuperação, e ainda estou no início do processo, então acho melhor não abusar, vai que a antiga Edith resolve dar as caras!- Disse rindo.

- Misericórdia! Eu estou amando, essa nova versão. - Brincou Melissa.

O garçom chegou com os cardápios.

E conforme a conversa fluia, Ariane foi relaxando.

Descobriu uma Edith diferente, e lamentou não te-la conhecido antes, e desejou que Deus a trouxesse de volta, para a expansão do Seu reino.

- O que seu pai pretende fazer com a casa de vocês? Há mais de uma década que vocês não vem pra cá. - Perguntou Melissa.

- Hércules, o marido da Carla está querendo comprar, mas meu pai não quer vender.

- Você não pensa em voltar pra cá? - Perguntou Melissa melancólica.

- Não. Minha vida é lá. E com certeza eu não tenho a menor vontade de voltar para uma cidade tão grande.

Continuaram curtindo a companhia umas das outras, e foi uma noite muito agradável.

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Pedro teve uma semana tranquila, depois da correria da semana anterior, estava em paz, fora para a igreja naquele domingo com Zeca e Lucia.

Tina não quis ir, ficou com os outros que ainda 'assistiam' ao culto da calçada. Ele contou sua história com Ariane pra ela, e ao que tudo indicava ela estava bem.

Ele falava todos os dias com o filho, mas ainda não tivera coragem de entrar em detalhes sobre Ariane e a curiosidade só aumentava.

Comprou sua passagem para o dia primeiro, às 9:30.

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Na quinta feira a noite, ele foi ao Jade Children, desde que Tina se mudara ele não fizera mais comida em casa.

Chegando lá encontrou o pastor, ele acenou para Pedro chamando-o.

- Boa noite meu filho. - Cumprimentou o pastor.

- Boa noite pastor.

- Quer me fazer companhia? Ou está esperando alguém?

- Não, eu também estou sozinho.
Puxou uma cadeira e sentou.

- Obrigado! Por me fazer companhia. - Disse o pastor.

- É sempre bom ter companhia, obrigado ao seu senhor por me chamar, assim fazemos companhia um para o outro.

- Oi Pedro, o de sempre? - Perguntou Regina a filha mais nova dos donos.

- Boa noite Regina. Sim, por favor!

- Vocês vêm bastante aqui, não vem? A primeira vez que vim aqui foi com o Zeca, e pensei que ele era da família.

- É verdade. Eu venho aqui, desde meu primeiro dia aqui, e os outros já frequentavam o lugar. E quem me trouxe aqui, também foi o Zeca. - Lembrou rindo.

- Eu soube que você é o morador caçula. Tentamos comprar ou alugar um apartamento lá. Mas é difícil.

- Eu tive sorte... - Começou e sorriu. - Não, não tive sorte. Deus preparou aquele lugar pra mim. Eu estava procurando apartamento, e eu queria em lugar tranquilo, com uma boa vizinhança e por um bom preço; os donos antigos já estavam idosos e as filhas, não queriam que eles ficassem sozinhos.

- Eu estou de plantão, aguardando uma oportunidade também.

A comida chegou e os dois jantaram em silêncio.

- Não tive a oportunidade de dizer, mas fiquei feliz em ve-lo na igreja. Estamos acostumados a te ver na calçada, mas foi muito bom te ver lá dentro. Pois seja lá o que for, que o esteja impedindo de voltar para o pai, está rompendo e você está pronto para voltar para Aquele que te amou primeiro.

Pedro sorriu, pois era exatamente assim que ele se sentia, pronto para voltar aos braços do Pai.

Continua...