10 - Quando passares pelas águas, estarei contigo.
Ariane atendeu no primeiro toque, chegando na entrada da sua casa.
- Oi mãe eu...
- Ariane Priscila Figueiredo de Souza? - começou a mãe. - Porque não atende esse celular?
- A senhora sabe que eu já sou adulta não sabe? Então não precisa falar todo o meu nome pra me dá uma bronca. E eu não atendi ao celular, porque eu estava em uma reunião de mulheres na igreja e o celular estava no carro.
Respondeu saindo do carro, indo para casa.
- Ariane você só resolveu vir pra Paraíso, porque o Pedro está vindo pra cá também não foi? - Perguntou a mãe irada.
Ela não sentiu mais nada, suas pernas ficaram moles, suas vistas escureceram, o mundo girou.
Ela se esforçou para chegar até a parede próxima e encostou.
- Eu só espero, que você não esteja usando meu neto, para se aproximar daquele lá!
Ela ouvia os gritos da mãe mas sua voz não saia, pra responde-la.
- Mamãe...
Pareceu a voz do filho mas ela não tinha certeza.
Respirar estava doendo, o filho pegou o celular.
E colocou o braço da mãe em seu pescoço, ela tentou ouvir o que o filho falava com a avó.
- Alô.
.....
- Não vó, é óbvio que a minha mãe não sabia que meu pai estava indo pra aí.
.....
- Minha mãe jamais faria isso comigo, e muito me estranha a senhora pensar isso.
......
- Olha vó agora não dá, a minha mãe não está bem, depois eu ligo pra senhora. - Colocou a mãe no sofá.
......
- Não sei. Mas pelo modo como a encontrei eu arriscaria que foi alguma coisa que a senhora disse.
......
- Tchau vó. - E desligou.
- O que houve mãe?
Ela ficou parada olhando para ele, e ela começou a chorar.
- Mãe o que foi? Fala alguma coisa. - Pediu desesperado.
Ele fez uma ligação do celular da mãe.
- Tia Mel, a senhora pode vir aqui em casa agora?
....
- Acho que minha mãe está em estado de choque.
.....
- Não sei.
......
- Por favor tia não demora.
A mãe continuava a olhar pra ele, e as lágrimas descendo por seu rosto.
- Vamos, vou te levar para o seu quarto.
Ariane já estava a beira do desespero, porque não conseguia falar.
O filho a deitou na cama.
- Fique deitada de lado mamãe. - E deitou do lado dela.
A campainha tocou, ele saltou da cama, e saiu correndo.
Voltou com Melissa, que a examinou e sorriu.
- Ela não está em choque. Dilatação da pupila normal, pressão arterial está um pouco baixa como sempre, e os batimentos cardíacos estão um pouco acelerados.
'Mas eu imagino que foi a notícia que deram a ela, que a deixou assim, tem certeza que ela estava falando com a sua avó?
Ele apenas sacudiu a cabeça, e Ariane tentou levantar.
- Calma você sofreu uma grande emoção, você precisa se acalmar. - Pediu Melissa.
- Inspira e expira. Inspira e expira. Inspira e expira. Inspira e expira. Isso muito bem!
Ela fez o que a amiga mandou várias vezes e as coisas começaram a se normalizar.
- Oi. - Tentou falar.
- Oi. - Disseram os dois, Paulo pulou em cima da mãe.
- Quase morri de susto. - Disse ele escondendo o rosto no pescoço da mãe.
Mel lhe serviu um copo d'agua.
- Sai de cima da sua mãe menino, agora sim ela morre asfixiada, com uma girafa em cima dela.
Ele saiu com os olhos vermelhos.
Ariane bebeu a àgua.
- Me desculpa meu filho. - Achou sua voz estranha. - O que houve com a minha voz? - Perguntou assustada.
- Não sei meu amor. Só espero que não seja nada grave. - Tornou a verificar suas pupilas.
- Aparentemente está tudo bem, mas de qualquer forma quero você amanhã no consultório. - Disse examinando a amiga.
- Tudo bem. Já posso levantar?
- Pode. Só não abusa das emoções fortes. - Pediu sorrindo. - Eu posso saber o que causou essa queda de pressão?
- Pedro também está indo para o Tocantins. - Disse olhando para o filho, nem um pouco surpreso.
- Ela falou pra você não foi? - Lembrou das palavras do filho no celular.
- Na verdade eu já sabia quando ela me falou. Eu liguei para o meu pai.
Ela nunca tinha visto aquele brilho nos olhos do filho.
Ela sorriu.
- Está tudo bem? - Ariane perguntou preocupada.
Melissa beijou o rosto dos dois e saiu.
- Mel... - Chamou Ariane.
- Vocês conversam. Depois vocês me contam quem chorou mais. - Disse sorrindo.
- Claro que vai ser a minha mãe. - Disse Paulo deitando ao seu lado. - A senhora está bem? Eu fiquei apavorado.
- Sinto muito filho. - E ela sorriu. - E então como foi, com o seu pai?
- Ele também quer me conhecer. Por isso ele está indo pra Paraíso, ele ia tentar convencer meus avós a dizerem aonde eu estava.
'Ele acreditava que depois de tanto tempo eles fossem mais simpáticos com ele, mas sabe mãe depois do que eu ouvi da minha avó, eu acho que ele está equivocado. - Disse triste.
- Eu também não esperava essa reação da minha avó, ela chegou a insinuar que a senhora me usaria só para ver meu pai outra vez. - Disse desapontado.
- Me desculpa por isso meu filho. Mas tenta entender seus avós. - Pediu baixo.
- Eu entendo mãe. O que eu não entendo, é porque eles estão se comportando como se não conhecessem a palavra de Deus? Perdão verdadeiro só serve, quando é para perdoar a eles? quando é para eles perdoarem aos outros o peso é outro?
- Eu realmente não sei meu querido, você terá que falar com eles, mas o que eu quero que você jamais esqueça meu filho.
'É, que cada pessoa tem seu próprio relacionamento com Deus e só Deus mudará a conduta de cada um, no seu devido tempo.
'Cada pessoa tem suas próprias dúvidas e medos, e aprender de Deus na teoria é fácil vivenciar este aprendizado, aí é só com Deus.
'Pois só Ele sabe, quando cada um está pronto para receber essa dádiva. Seja paciente com aqueles que ainda estam aprendendo a viver intimamente com Deus.
- Ok, ok. A senhora está certa. - Ele olhou bem no olho da mãe. - E aí, está pronta para rever o meu pai? - Perguntou rindo.
- Não sei. Estava pensando, que talvez fosse uma boa ideia você ir sem mim. O que você acha?
- Não sei, não. Só sei que ele perguntou pela senhora. Até mandei uma foto sua pra ele. - Ariane pulou da cama.
- Você o quê? - Esbravejou com a voz perfeita.
- Brincadeira! - Ele agora rolava na cama de tanto rir.
A mãe cruzou os braços e começou a bater com o pé no chão.
Sinal de que estava zangada de verdade.
- Desculpa mãe. - Falou tentando ficar sério.
- Eu não mandei foto, mas ele perguntou mesmo pela senhora. E eu disse que a senhora também vai comigo, afinal eu sou menor de idade, não vou para outro estado sem a minha mãe.
- Você não mandou mesmo foto minha para ele mandou? - Perguntou ainda desconfiada.
- Não mãe! Eu só estava brincando. Mas ainda posso mandar. - Brincou pegando o celular.
- Engraçadinho! - Falou pulando em cima dele.
Pedro desligou o telefone tremendo, e ficou esperando as fotos que o filho ficou de mandar.
E quando as recebeu, olhou uma por uma com os olhos cheio d'agua.
- "Meu filho é lindo. Obrigado meu Deus." - Pensou secando as lagrimas.
Foi até a porta do quarto ainda trancada.
Olhou a hora 21:14.
Mandou uma mensagem para o Zeca
"Está em casa?"
Zeca responde.
"Sim. Estou em casa. Quer vir tomar um café pra despertar o sono?"
Pedro responde.
"Sim, eu aceito o café. Mas como você sabe café não me desperta então não se surpreenda se eu dormir por aí."
Zeca responde.
"Tenho certeza que a cama da Leandra é mais confortável que o seu sofá, então não vamos ficar surpresos se você desmaiar por aqui. Mesmo depois de eu te intupir se café."
Pedro responde.
"Eu só espero que esse café não seja solteiro. Estou indo."
💮💮💮
Zeca abriu a porta, antes dele tocar a campainha.
- Pela sua cara eu diria que a conversa com a Tina, foi pior do que eu tinha imaginado. - Disse Zeca sério abraçando o amigo.
- Parte da conversa você quer dizer; cadê a Isa?
- Dormindo. O que foi, você não falou com ela?
- Falei. Que eu sou pai.
- O quê? - Perguntou Lucia que entrava na sala com uma bandeja.
Zeca correu e pegou a bandeja.
- Me dê isso aqui antes que você derrube tudo. - Ela encarava Pedro.
Zeca sentou no sofá observando os dois.
- Depois eu respondo a todas as suas perguntas. - Disse Pedro.
Pegou no braço dela e a puxou para o sofá ao lado do irmão.
Pedro ficou em pé.
- Agora eu preciso falar sobre o meu filho. - Seus olhos estavam cheios de lágrimas.
- Que pegadinha é essa de vocês dois?
Perguntou Lucia aflita, não suportava ver ninguém chorando, principalmente alguém que ela amava.
Tentou levantar o irmão a impediu.
- Não é nenhuma pegadinha. Depois eu te falo. - Disse o irmão.
- Certo, o que você quer falar sobre seu filho ou filha? - Perguntou à Pedro.
Lucia olhou para o irmão, que sacudiu a cabeça, e ela mordeu o lábio.
- Agora eu sei. É filho. O nome dele é Paulo. E é o adolescente mais maravilhoso com quem eu já falei.
'Ele é um doce. É compreensivo. Ele é crente. Toca em duas bandas, uma da igreja e outra da escola. E... - Engoliu seco.
As lágrimas o impediram de continuar.
Os irmãos esperaram pacientemente, o amigo se acalmar.
- Ele não me odeia. Ele quer me conhecer. Ele também vai para o Tocantins o mês que vem.
'Eu estava com tanto medo; quando eu falei com a Tina eu entrei em pânico, e sabe, mesmo eu sendo essa criatura desprezível, Deus me trouxe o meu filho.
Agora ele chorava compulsivamente.
Os irmãos se olharam e foram abraça-lo.
- Quando eu estava lá imaginando tudo de mal que poderia ter acontecido com ele por minha causa! Ele me ligou. Simples assim. Ele me ligou. Meu filho, minha herança do Senhor.
Ele ria, ele chorava. E Lucia chorava com ele.
- Seu cretino! - Deu um murro no ombro dele.
Os três sentados no chão.
- Eu nem sei do que você está falando, e estou aqui chorando contigo feito uma pateta. Ou vocês me falam agora o que está acontecendo ou ninguém come do meu bolo. E tenho dito!
Levantou e sentou no sofá.
- Quer ver uma foto dele? Ele é lindo!
- Meu Deus que pai coruja!
Disse Zeca se aproximando da mesinha que estava a bandeja, mas permaneceu sentado no chão.
- Me mostra logo essa foto, porque você é muito suspeito para falar. Se o garoto fosse um ciclope, você iria acha-lo lindo. - Disse Zeca sorrindo.
- José das Graças. - Disse Pedro sorrindo.
Zeca deu um murro de leve no ombro de Pedro.
- Pedro sem Graça. - Disse Zeca dando um murro de leve no ombro de Pedro.
Pedro ainda sorrindo entregou o celular com as fotos. Também sentou no chão e se serviu de café.
- Você tem certeza que não é você, nessas fotos? - Perguntou Zeca.
Lucia se aproximou, vendo as fotos.
- Claro que não! - Respondeu a irmã. - A não ser que ele tenha feito babyliss, ficaria lindo de cachinhos. - Disse rindo.
- Isso só significa uma coisa. Vocês me acham lindo. Porque o meu filho é lindo! - Exalava alegria.
- Doce ilusão! Mas seu filho é mesmo bonito. - Disse Zeca.
- Qual a idade dele? - Perguntou Lucia servindo um pedaço de bolo.
- Quatorze.
- Me explica como você pode ter um filho dessa idade? E nós.. - Olhou de cara feia para o irmão. - Digo "eu" não saber disso?
- Não me olhe assim, eu só soube ontem. E vai por mim, se fosse só isso eu teria te falo. Um filho de quase quinze anos? Que nada boba! Senta aí que lá vem história...
Continua.....
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