Capítulo 21
A concepção de tempo é relativa para cada pessoa. Todo ano é a mesma coisa, quando vem o seu fim é como se trezentos e sessenta e cinco dias fossem apenas uma semana.
Dezembro me deixou agitada, impaciente. As aulas haviam acabado e eu estava dando graças aos céus por ter passado em todas as matérias e por ter tirado um tempo de férias. Dormir era algo o qual eu sentia muita falta e, portanto, aproveitei o máximo.
Sam e Jhony romperam seu relacionamento fazia um mês. Samantha ficou arrasada tendo a panela de brigadeiro como a solução de seus problemas, assim como a ajuda de suas melhores amigas.
Sam chorava de soluçar e me abraçava dizendo que eu estava certa sobre o amor.
"Eu te avisei" não ajuda. Pelo contrário, é um conselho muito frio, mas o que esperar de mim?
Eu simplesmente a abracei e usei algumas frases clichês as quais as pessoas me davam ou as que eu peguei de um livro.
- Sam, não fique assim. Jhony é um cara bacana. Vocês se desentenderam, mas vai ficar tudo bem. Se não for com ele será com outro.
Todas elas me olhavam confusas quando essas palavras saiam da minha boca.
- Por que não ouve você mesma? - perguntava Kate todas as vezes que eu inventava de dar algum conselho.
O motivo pelo qual eles brigaram por mim era desconhecido. Sam só sabia chorar, mas ao que tudo indica, minha amiga sofria grandes problemas de ciúmes e Jhony não aguentou. A separação dos dois quase acabou com a nossa viagem. Ora era Sam que dizia não ir, ora o melhor amigo de Alex. No fim, estamos todos aqui.
Alex agia como se fôssemos namorados. Chegava ao estágio e pelo menos uma vez por semana, encontrava uma rosa em cima da mesa embrulhada num humilde pacote. Depois, quando eu chegava a empresa ele implorava por beijos como forma de agradecimento. Em alguns momentos eu correspondia, em outros eu me esquivava.
Jhony ao contrário do que minha amiga pensava, não estava nada bem. Vivia mal-humorado, e ficava ate tarde na empresa.
Alex levava Lucky pra passear todos os finais de semana e eu aproveitava pra ir junto, por convite dele. Era bom pra matar a saudade daquele cachorro que foi meu companheiro por quase uma semana.
Ano novo significa vida nova. Minhas promessas nunca foram cumpridas e seria hipocrisia dizer que as de 2017 seriam, então deixaria o ano me levar.
Estávamos embarcando cedinho e pelo medo de Alex de andar de avião, fomos todos de ônibus.
Como de costume o encaracolado fez questão de se sentar ao meu lado. Kate não largaria Mat de jeito nenhum. Back foi com Sam, e Carter e Daniel a dupla inseparável, Jhony foi sozinho.
A viagem foi tranquila, e como fomos de madrugada, praticamente dormimos o trajeto todo.
Praia sempre foi o meu lugar preferido. O cheiro do mar me animava, a brisa me relaxava, tudo pra mim era encantador. Esquecia o mundo a minha volta, assim como todos os meus problemas. Dava paz ao meu coração e acalmava todas as minhas dores. Longe da rotina, eu poderia muito bem aproveitar e organizar meus pensamentos. Tomar finalmente a decisão sobre o rumo da minha vida.
A casa de praia de Jhony era imensa. Um sobrado com cinco suítes, três salas, um espaço lazer, outro gourmet, e um terraço encantador. A piscina era de vista a praia e havia uma cascata. A decoração com palmeiras fênix, coqueiros, e outras variedades de plantas, deixava o ambiente muito mais confortável, puro e agradável.
Chegamos e colocamos nossas malas em nossos respectivos quartos. Em três quartos a cama era de casal, os outros dois eram duas camas de solteiro, logo teríamos um problema. Apenas um casal no grupo, e apesar de todos serem amigos, um de nós ficaria sozinho. Back tinha sérios problemas em ficar sozinha num ambiente, pois se sentia completamente excluída. Sam tinha certo receio de dormir fora de casa. Eu me dispus a ficar sozinha, mas Jhony insistiu dizendo que por ser dono da casa ele é quem teria que ficar nessa condição, resumindo, eu dividiria o quarto com Alex. Por mais que eu tentasse contestar dizendo o quão constrangedor seria e implorasse por ficar num dos quarto com camas de solteiro, ninguém pareceu me ouvir. Alex não ajudava em nada, pelo contrário, fazia questão de enfatizar que não seria novidade nenhuma se fossemos dormir juntos, enquanto Carter dizia que éramos praticamente um casal. Revirei os olhos a contragosto, mas ficar discutindo o mesmo assunto por horas só iria perder o tempo de aproveitar aquele sol maravilhoso.
Entrei no meu quarto com Alex vindo atrás. Por mais que aquela situação não fosse nova, ficar ao lado de Alex era desesperador. Arrumei minhas coisas guardando algumas roupas no armário, assim como alguns pertences de modo que o manuseio ficasse mais fácil. Alex fez o mesmo.
- O destino gosta de nos aproximar. Isso talvez seja um sinal. - Alex quebra o silêncio e olha pra mim com o sorriso mais malicioso do mundo. Não pude evitar que um arrepio percorresse meu corpo, afinal, seria cinco dias com Alex respirando o mesmo ar que eu, cinco dias vendo ele sem camisa, cinco dias dormindo de conchinha.
- Não ouse tentar nada. - digo pegando meu biquíni e uma saída. Ele era vermelho sangue e combinava com meu tom de pele perfeitamente, sem falar que o mesmo evidenciava as minhas curvas e valorizava meu corpo. A parte de cima era um tomara que caia e havia um fivela bem no meio e a parte de baixo, por sua vez, era de lacinho.
- Olha. Eu to fazendo um grande esforço, desde que nos conhecemos - ele diz enquanto eu estava me trocando no banheiro.
- Ótimo. Continue assim. - saio do banheiro.
O encaracolado me olha e sorri. Morde o lábio inferior e coça a nuca.
- Você tinha razão, não era uma boa ideia dormirmos no mesmo quarto.
- Eu avisei.
- Mas. - ele se aproxima. - Talvez seja a melhor ideia que todos tiveram.
Novamente os arrepios resolvem invadir meu corpo sem pedir permissão. Eu não precisava nem ser tocada para que isso ocorresse. Meu coração saltitava feito uma gazela. Desviei-me dele tirando forças do além.
- Acho bom você se trocar, do contrario vai ficar pra trás.
Descemos a praia e alugamos uma tenda. Jhony pegou uma caixa térmica com algumas cervejas, refrigerantes e água. Sentamo-nos e cada um pegou uma bebida, e em seguida ficamos contemplando aquela vista maravilhosa. Fechei os olhos me entregando completamente àquele cenário e me senti bem por estar ali e por esquecer da realidade a minha volta.
- Olha isso! - Carter quebrou meu momento.
- Com essa eu casava. - completou Daniel. Abri os olhos e vi uma mulher se preparando para tomar sol. Franzi o cenho achando aquilo tudo um absurdo e preferi ignorar, pelo menos até a coisa esquentar.
- Sensacional. - Jhony deu um gole na sua bebida e elogiou a moça a nossa frente. Tirei os óculos para analisar a situação. Samantha tinha sangue nos olhos e Jhony preferiu não se importar.
- É bem a sua cara Jhony. Não pode ver um rabo de saia e já fica todo alegrinho.
- Eu estou solteiro, algum problema nisso? - ele pergunta.
- Não. Fique a vontade para olhar. Alias... - disse se levantando - Vou pra água ver se apaga o meu fogo, porque aquele salva-vidas... - Sam começou a se abanar com as mãos, mas antes que pudesse dar os primeiros passos Jhony a interrompeu.
- Mas já vai ficar se oferecendo? Devia se dar ao respeito. Você vai ficar aqui. - ordenou Jhony.
Sam virou-se para ele com a cara mais debochada possível.
- Me obrigue. - disse e saiu andando na maior pose.
-Samantha! Volta aqui! - gritou Jhony indo atrás dela.
- Esses dois são muito complicados. - concluiu Daniel.
- É o amor. - constatou Kate.
- Espero que quando arranjar alguém, meu relacionamento não seja assim. - esperançou Carter.
- Vai ser pior. - brinquei.
Carter fez uma careta e todos riram.
- É por isso que eu prefiro essa minha vida de solteiro. Posso contemplar a paisagem sem culpa nenhuma. - colocou os braços sobre a cabeça olhando novamente para a moça.
- E o que eu faço se não estou comprometido, mas ainda assim estou preso? - perguntou Alex.
- Seu caso é complicado, meu amigo. - diagnosticou Mat.
- Obrigada pela ajuda. - agradeceu ironicamente Alex.
- Alex, você merece um troféu por aguentar a Liza. Eu se fosse você já teria desistido. - Back surgiu na conversa.
- Até parece. Pode olhar se quiser. - finjo não me importar.
Ele deu um tapa na minha coxa e a apertou.
- Muito malvada a senhorita.
- Muito abusado o senhor. - retribuo.
- Gente, por favor. Têm menores na praia. - Daniel fingia estar bravo.
A frente, vi Sam e Jhony discutindo. Fiquei olhando aquela cena hipnotizada, e eu fiquei sem saber o porquê me chamou tanta atenção. Era como se eu estivesse assistindo os últimos minutos de um filme quando o casal briga no final e um deles declara o seu amor. No fundo eu torcia para a felicidade dos dois. Sam era minha amiga e Jhony também. Eles se gostavam e eram felizes quando estavam juntos mesmo que naquele momento pareciam se odiar. Lembrei-me de Alex e eu no começo e como ficou a nossa relação depois de um tempo. Eu era feliz quando estava ao seu lado e sua ausência era uma tortura. Mas se ele resolvesse partir, ou se toda aquela coisa acabasse eu não iria suportar. Era fraca demais pra suportar tudo aquilo de novo e provavelmente se eu estivesse em um filme, seria eu a vilã, mas os sentimentos seriam mais fáceis de lidar.
Os dois retornaram a tenda ainda discutindo.
- Você não manda em mim Jhony. Eu não sou mais uma criança. - gritou Sam.
- Mas está agindo feito uma .- atacou Jhony.
- Dane-se, você não é meu pai.
- Mas eu não vou deixar você sair assim feito uma louca.
- Por que se importa tanto com o que eu faço ou deixo de fazer? - Sam cruzou os braços e o encarou com o sangue fervendo.
- Porque eu te amo, caramba!
Era um filme ao vivo sem direito a pipoca. Fiquei surpresa com toda a sua declaração e todo mundo ficou esperando a reação dos dois que apenas se comunicavam com o olhar. Sam descruzou os braços e pude notar que lágrimas formaram em seus olhos.
- Não acha que é um pouco tarde pra dizer isso?
- Nunca é tarde para dizer o que sente. - Jhony tentava controlar a sua respiração.
- Mas não vai mudar nada. Continuaremos brigando. - Sam se sentou e Jhony acompanhou seus movimentos com o olhar. Ele não insistiu e também sentou. Fez-se o silêncio. Ninguém se manifestou, deram um gole em suas bebidas agindo como se nada tivesse acontecido.
- A cena de vocês me deu calor. - o clima estava pesado e eu precisava sair dali.
A água estava gelada o que fez meus pelos se enrijecerem. Peguei - me sorrindo e continuei caminhando até que boa parte de meu corpo estivesse coberta. O vento estava tranquilo, apenas alguns fios do meu cabelo insistiam em sair do lugar e se tivesse música naquele momento, eu poderia até dançar.
- Como consegue? - alguém pergunta e eu me viro.
- Consigo o que?
- Ficar ainda mais bonita com todo esse cenário. - responde.
- Alex,você é um bobo sabia? - sorrio.
- E você é tão linda. - se aproximando, ele me elogia.
- Não. Você vai estragar meu momento. - faço cara de brava como seu eu fosse uma criança birrenta.
- Está me expulsando? - o encaracolado pergunta fingido estar desapontado.
- Estou numa conversa particular com o mar.
- E o que estão conversando? - ele para de andar.
- É segredo.
- Segredo? É sobre mim?
- Você não é o centro das atenções.
- Mas sou o centro dos seus pensamentos. - ele sorri.
Mordo o lábio inferior.
- Não tem como saber, a menos que você possa ler minha mente. - levanto uma sobrancelha, cruzo os braços e dou um sorriso.
- Liza, você é muito chata, sabia?- disse se aproximando.
- Ah! Como ousa? - jogo água nele.
- Você não fez isso? - ele me olha com ar de vingança.
- Oh! Não, por favor, Alex. Prometo ser mais boazinha. - coloco as mãos a minha frente tentando me proteger, em vão. Senti o primeiro jato de água indo direito para o meu rosto e com certeza eu teria feito uma cara muito engraçada naquela hora.
Alex ria e eu tentava de todo jeito jogar a mesma quantidade de água que ele, mas eis que minha falta de coordenação gritou mais alto e eu caí. O encaracolado ria mais ainda e estendeu seu braço me puxando pra cima novamente.
- Não devia fazer essas coisas com uma pessoa sem habilidades. - falo tentando recuperar o fôlego e só depois eu me dou conta que estamos extremamente próximos. Minha recuperação foi a toa e era como se eu ainda estivesse imersa sob a água.
Nossos olhos se comunicaram e o mundo a nossa volta parecia não existir. Era só eu e ele. Encostamos nossos lábios num beijo calmo e romântico. Envolvi meus braços em seu pescoço sentindo o universo mais próximo de mim.
...
Saímos da praia no final da tarde. Queria um bom banho para recuperar meu ânimo e estar disposta a noite e me divertir na festa de ano novo. Nunca acreditei nas tradições, sempre as achei bobagem. Não era nem de longe supersticiosa, mas quando menina eu gostava de copiar as atitudes dos adultos porque achava divertido pular sete ondas, ou jogar flores para Iemanjá. Gostaria que o mar pudesse levar meus medos embora e me trouxesse respostas, que o branco pudesse me trazer a paz e a purificação de que eu tanto precisava. Quem me dera se tudo isso fosse verdade.
Saí do banho já vestida pra não correr o risco de Alex me pegar de toalha ou com peças íntimas, não que ele já não tenha me visto assim, mas a situação estava um pouco diferente no momento. Senti um cheio delicioso de salmão grelhado e resolvi descer pra descobrir de onde vinha aquele aroma.
Fui até o terraço, onde encontrei Jhony retirando o peixe da grelha totalmente temperado. Sam, Kate e Mat estavam sentados no sofá. Alex ajudava Jhony no preparo e Back contemplava a vista na sacada. Daniel e Carter ainda estavam se arrumando.
- Não sabia dos seus dotes Jhony. - disse encarando aquela cena de Alex e Jhony de avental.
- Você não sabe muita coisa sobre seus chefes. - manifestou-se Alex.
- Mal posso esperar para saber. - dou conta que foi um péssimo comentário.
- Isso foi com você Alex. - Jhony cutucou o amigo e foi em direção ao fogão desligar a panela.
- A gente pode resolver isso quando você quiser. - o encaracolado piscou e eu não contive um riso tímido.
- Bom, temos o peixe, o arroz e a salada, mas falta o principal. - notou o ex de Sam.
- O que? - pergunto.
- A lentilha. Não sabemos fazer. Comprei o pacote a toa. - Jhony fez bico.
- Relaxa. Eu cuido disso. - tomei iniciativa. - preciso de bacon, linguiça calabresa, alho, cebola, e um tempero. Ah! Salsinha e cebolinha, por favor.
- Por isso que eu te amo, Liza. Com todo respeito Alex.
Minha tia sempre fazia as lentilhas no ano novo e era sempre uma delícia. Ficava observando ela preparando com o maior cuidado e acabei aprendendo. Jhony me entregou todos os ingredientes que eu havia pedido e comecei a cortar as cebolas e a picar o alho. Daniel e Carter haviam chegado sentando-se no sofá e Jhony foi se juntar a eles.
Alex apenas me encarava eu estava um pouco incomodada com aquilo.
- Por que não tira uma foto? - pergunto.
- Meu celular está no quarto e eu to com preguiça de ir buscá-lo. Mas se você for comigo, a coisa muda.
Com a costa da mão eu ajeito a minha franja que insistia me cair.
- Desde quando se tornou tão abusado? - pergunto dedicando - me as cebolas.
- Faz algum tempo que nos conhecemos. É praticamente um ano do seu lado resistindo aos seus encantos. E por falar nisso, você fica ainda mais sexy cozinhando.
Dei um sorriso frouxo e fui colocando os alimentos já picados na panela.
- Está me desconcentrando. - repreendo-o.
- É essa a intenção. - ele confessa
- Preciso fazer a lentilha.
- Quem precisa de lentilha?
- Alex, por favor. - falo começando a cortar o resto dos alimentos.
- O que eu posso fazer se a sua imagem só de biquíni não sai da minha mente? Como dormir com você essa noite? - Alex faz cara de inocente.
- Como se não estivesse me visto nessa condição antes.
- Estava à noite. Não deu pra analisar direito.
- Mas bem que deu pra sentir, não é mesmo? - franzo o cenho.
Ele ri.
- Não como eu gostaria. - ele pisca e sai indo em direção a seus amigos.
A lentilha estava praticamente pronta. Fiquei observando meus amigos jogando conversa fora e me sentia em casa. Adorava a companhia deles e eu gostaria de levar aquilo comigo, mesmo que fosse só na memória. Rezei internamente implorando pra tudo aquilo não acabar. Eram a minha segunda família com todos os seus defeitos. Pela primeira vez eu me sentia aceita e não queria que nada daquilo fosse uma mentira como fora todas as outras vezes.
- Liza, que cheiro maravilhoso. - disse Back.
- Está pronto.
- A por favor, vamos comer. Estou morta de fome. - vindo de Kate não era nenhuma novidade.
- Coitado do Mat quando vocês saem pra comer, deve gastar uma fortuna - falou Carter.
- Que exagero. Quem vê pensa que eu sou morta de fome. - Kate emburra.
- Só um pouquinho, quase nada. - ironizou Sam.
- Vamos parar de discutir sobre a minha fome e vamos comer logo?
- Kate, esqueceu que comemos só a meia noite? - pergunto refrescando sua memória.
- Mas estaremos na praia. Eu estou com fome. - cruza os braços emburrada.
- Vamos fazer o seguinte, você come, e nós vamos nos divertir na praia, pode ser? - sugere Mat.
Kate encara Mat furiosa.
- Quer ficar de olho nas argentinas, sei muito bem, meu amor. Já me decidi, eu como depois.
A meia noite estava se aproximando. Coloquei um vestido branco com manga cigana, um pouco a cima dos joelhos e uma tiara de flores. Os acessórios e a minha maquiagem eram os mais básicos possíveis a fim de passar leveza. A areia estava gelada e o vento mais forte, o mar estava agitado e a junção de tudo isso, era uma combinação perfeita.
Alex não tirava o cordão que eu havia lhe dado por nada. Parou em frente ao amor e segurou seu pingente com força, encarou o mar e deu lhe um beijo em seguida. Ao contrário de mim, ele gostava de fazer pedidos e acreditava na possibilidade do mar, a lua, ou o céu ouvi-lo.
A galera presente começou a contagem regressiva, faltavam apenas alguns segundos, até que finalmente o relógio marcava meia noite. Fogos por todos os lados, ritmos e cores diferentes davam as boas vindas ao ano que acabava de chegar.
Alex pegou minhas mãos e sorriu para mim que retribui.
- Está pronta?
- Eu não acredito nessas coisas.
- No que é que você acredita, Liza? - Alex pergunta decepcionado.
- Na realidade. - respondo.
- Isso é a realidade. Você não está num filme ou presa num livro. Se o mar te atender, bem, senão, valeu a pena viver a realidade por neste momento ela está sendo boa. Aproveite esses momentos.
- Tudo bem. Você venceu.
Respiro fundo.
Primeira onda: felicidade
Segunda onda: sucesso
Terceira onda: conquistas
Quarta onda: sonhos
Quinta onda: paz
Sexta onda: respostas
Sétima onda. Minha mente estava vazia, mas uma voz ecoou dentro de mim.
Sétima onda: Amor...
Após as sete ondas puladas meu olhos se pesaram. Eu estava emocionada sem nenhum motivo aparente. Estava de mãos dadas com Alex ainda, e encarava as próximas ondas que se formaram e então senti meu rosto molhado.
- Ei! O que aconteceu? - perguntou Alex preocupado.
- Nada! - respondo rapidamente e seco minhas lágrimas. – Vem! Vamos ver os fogos.
Mat estava abraçando Kate por trás e os dois olhavam admirados para o céu, quando Mat deu um beijo em sua bochecha. Minha amiga estava totalmente entregue em seus braços.
Jhony estava com as mãos no bolso de sua bermuda e Sam se aproximou dele, o acompanhando na contemplação de todas aquelas mistura de cores que pareciam dançar.
- Fez seu pedido? - perguntou Sam.
Jhony a olha e suspira.
- Fiz. E gostaria que ele se realizasse nesse momento.
- O que? - Sam corresponde seu olhar.
- Você.
Jhony se aproximou de Sam e a beijou carinhosamente. Ela o correspondeu e eu sorri acompanhando de perto todo aquele momento.
Um toque de celular me chamou a atenção e então eu acordei dos meus pensamentos.
- Alô! - uma pausa se fez.- Feliz Ano Novo para o senhor também. Também te amo. Muito. - Alex desligou seu telefone e sorriu para mim
- Era meu pai.
- E como ele está?
- Bem. Está se recuperando aos poucos, mas só o fato dele não estar mais no hospital já é um alívio. Arthur vai passar o ano novo lá.
- E sua mãe? Está sozinha?
- Dona Sarah anda cheia de mistérios, ultimamente.
- Um namorado? - sugiro.
- Minha mãe namorando? - Alex parecia surpreso.
- Ué, por que não? Ela ainda é jovem, é bonita.
- Não sei se acostumaria com essa ideia. - Alex revirou os olhos.
- Com o tempo você acostuma.
- Pode ser. Mas tem coisas que nem o tempo me faria acostumar. - seu semblante era sério.
Engulo seco e viro meu olhar para o céu. "Talvez nem eu me acostumaria"
; mPrE
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