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Capítulo 1


Reprovar em uma matéria na faculdade estava totalmente fora de cogitação. Minhas notas sempre foram as melhores e isso era mais do que inesperado. Quando eu soube da notícia, chorei descontroladamente e me senti uma fracassada. Porém, eu era teimosa demais para deixar isso por menos e prometi a mim mesma que concluiria essa matéria da melhor forma possível e com a nota máxima.

Procurei emprego em alguma empresa que pudesse me contratar para fazer qualquer coisa, desde que eu tivesse o maior contato possível com as relações empresariais e o funcionamento de uma sociedade. Seria até bom para conseguir uma renda extra quando fosse me mudar para Alemanha, além de enriquecer o meu currículo enquanto estava a procura de um estágio.

Dessa vez, não foi o sol que me deu bom dia, mas o barulho ensurdecedor de meu despertador anunciando que estava na hora de acordar, ou iria me atrasar para aula. Um preço a mais a ser pago por ter reprovado. Espreguicei-me e voltei a dormir mais cinco minutos, porém o despertador quis insistir.

Levantei correndo e me arrumei o mais rápido possível, pois os cinco minutinhos tornaram-se meia hora. Saí do meu apartamento sem dizer nem bom dia aos vizinhos, mas isso já era um hábito, então eles já estavam acostumados.

Toda essa correria me ajudou a chegar menos atrasada, mas não o suficiente para entrar em minha sala e encontrar vários olhinhos curiosos me encarando. Sentei-me a mesa da frente, pois era melhor para me concentrar somente no professor.

Ele entra na sala e senta-se a sua mesa, arruma suas pastas e se prepara para a chamada.

- Elizabeth Walker? Você por aqui? – estranha o professor assim que chama o meu nome. Eu apenas dou de ombros. – O que aconteceu com você? Você sempre foi uma aluna tão dedicada?

- Sua matéria professor. Sinto muito, mas não me desce. – explico de um jeito irônico apesar de não deixar de ser verdade.

- Se precisar de alguma ajuda, eu estarei a disposição. Você é uma ótima aluna e não merecia estar aqui. – ele diz com um sorriso no rosto.

O professor Joseph não era ruim, mas a matéria para mim era um terror. Ele começou a se apresentar e a parte mais chata, era ter que ouvir as mesmas coisas novamente. Procurei anotar tudo, sem deixar passar nada, e como eu não conhecia ninguém e minhas aulas de manhã era apenas dois dias na semana, eu não teria que me preocupar em relação à conversa.

Enquanto o professor explicava, bateram na porta interrompendo sua fala. Do vidro da porta, ele pediu que a pessoa entrasse e assim ela fez. Abriu a porta e por lá ficou.

- Com licença, professor. Desculpe o atraso. Posso entrar?

Eu tinha certeza que todo mundo o estava observando, mas eu não só observava como parecia estar hipnotizada por aquele ser a porta cujos cabelos eram loiros e encaracolados, os olhos verdes e a barba por fazer. Com toda certeza ele era um perigo. Sem nenhuma dúvida, meu frágil coração não renderia a mais um loiro de olhos claros. Mas isso estava fora de cogitação e eu balancei levemente a cabeça tentando afastar tais pensamentos.

Estava tudo sob controle, até que seus olhos se encontram com os meus e numa conversa incrível, eles permaneceram fixos um no outro. O professor já havia permitido que ele entrasse, mas ele pareceu ignorar.

- Meu rapaz, você vai entrar ou vai querer assistir a aula aí da porta? – o professor Joseph tenta mais uma vez chamar a sua atenção até que ele se manifeste.

- Han? Sim, claro. – diz ele, indo se sentar e eu, involuntariamente, acompanho seus movimentos. Ele se senta e no mesmo instante me olha, o que me faz corar e se virar rapidamente para frente. Sabia perfeitamente que se não tomasse um ar naquele exato momento, minha concentração seria afetada.

Levanto-me, mas durante o caminho, o professor me repreende.

- Aonde a senhorita pensa que vai? – pergunta, irônico.

- Problemas femininos. – digo e saio sem esperar por usa resposta.

Abri a torneira e peguei um pouco de água com as mãos levando até meu rosto. Podia senti-lo ferver e meu coração saltar em descompasso. Se eu já não acreditava no amor, em amor à primeira vista, menos ainda, e provavelmente era somente uma grande atração momentânea. Até porque, mais um loiro de olhos claros era demais para compor a lista do outros sete.

Eu teria que voltar pra sala, mesmo com minha mente conturbada. Entrei pedindo licença e fui direto ao meu lugar sem olhar para os lados e tentando, com muito custo, prestar atenção na aula.

- Se nenhum aluno mais for chegar atrasado, ou sair da sala, acho que posso explicar mais sobre o trabalho. – iniciou o professor. – Vocês irão fazer um seminário, com no mínimo cinco alunos e sou eu quem vai formar os grupos. – A sala inteira contestou a ideia, mas o professor não pareceu se importar. Eu não conhecia ninguém, então pra mim, seria indiferente. – Vamos aos grupos. – Joseph corria os olhos pelo seu caderninho e alisava o seu cavanhaque pensativo. – [...] Grupo número quatro: Ana Smith, Alex Becker, Amanda Parker, Elizabeth Walker e Mateus Lopez, vocês ficarão com o tema: O empresário.

Meu coração gelou quando eu descobri que o tal Alex Becker era o encaracolado de olhos claros.

- Agora, vocês se juntarão com seus grupos e discutirão sobre o trabalho. Após isso, estarão dispensados.

Aproximamos-nos um dos outros levando as nossas mesas conosco. Alex se sentou a minha frente e isso me deixou um pouco desconfortável. Ficamos nos encarando por alguns segundos, quando eu decidi me pronunciar.

- Fiz esse trabalho ano passado. O professor é bem exigente. Acredito que deveremos procurar por notícias, curiosidades, vídeos, e talvez uma entrevista. Quem sabe algum advogado de empresarial para explicar como funciona todo o esquema e como um empresário deve ser portar.

- Não acho que seja necessário fazer uma entrevista. Eu trabalho numa empresa posso muito bem apresentar um trabalho sem ter que me submeter a esse transtorno. – Alex tinha um jeito sério de falar e um tanto arrogante. Agradeci internamente por ele ser desprezível.

- Também acho que não precisa da entrevista. Isso iria fugir do tema. – manifestou-se Ana.

- Fugir do tema? Como uma pessoa que trabalha com isso, pode dizer coisas que fogem do tema? – perguntei sem nenhuma paciência e ela deu de ombros.

- Temos o direito de discordar, não acha? – Alex foi irônico.

- Estou dizendo, porque foi uma das recomendações que o professor deu. Ele falou que poderíamos ter feito uma entrevista. – tento convencê-los. – Eu não fui muito boa nesse trabalho. Não gostaria de cometer o mesmo erro.

- Garanto que sem as entrevistas nos daríamos muito bem. – Alex era irredutível.

- Eu também acho que não precisaremos de entrevista. Uma coisa mais simples, acho que seria melhor. – foi a vez de Mateus.

- Certo. – concordou Alex. Não precisa de exageros.

- Isso não é um exagero. – contestei.

- Você já apresentou esse trabalho. O professor não gostou. Então faremos do jeito que a maioria concordar. .

- Alex, você já deveria ter conhecido a personalidade desse professor. Sabe o quanto ele sistemático.

- Não. Não deveria. Eu não reprovei nessa matéria. Eu faço adaptação, para sua informação. Direito não é minha praia, sou mais da administração. – ele responde arrogantemente. E eu apenas arqueio uma sobrancelha. – Amanda, o que você acha? – Alex se dirigiu a ela esperando por um manifesto.

- O que vocês decidirem para mim está ótimo. – reviro os olhos pela sua lerdeza.

- Sendo assim, não vejo motivos para mais delongas. Podemos dividir os temas. – Alex parecia ser o líder do grupo e todos concordaram com a sua sugestão.

- Posso fazer o trabalho escrito se quiserem. – sugeri frustrada.

- Prefiro a mim escrevendo. – desdenhou Alex.

- Você lida melhor com números. Direito envolve palavras, desenvolvimentos, e gosto pela escrita para sua informação. – Tento imitar o mesmo tom com que ele estava usando comigo.

- Isso já está indo para o lado pessoal, mas eu acredito que Liza seja a pessoa mais indicada para esse papel, pois provavelmente já deve ter um esboço do outro trabalho. Seria o caso apenas, de mudar uma coisa ou outra dentro das exigências do professor. – apaziguou Mateus. Minha vontade era de fazer uma careta para o insuportável de cabelos encaracolados, mas seria imaturo demais da minha parte.

Alex não disse nenhuma palavra a mais e os temas foram divididos. Eu fiz questão de ficar com a conclusão, pois não iria me deixar vencer tão facilmente.

Logo que cheguei a minha casa eu comecei a preparar os assuntos sobre o seminário pesquisando em sites. Decidi ligar para a minha prima, que já era advogada, para ver se ela conhecia alguém da área empresarial. Queria que esse trabalho fosse perfeito a qualquer custo. Fiquei o dia todo estudando sobre o assunto, a fim de deixar tudo preparado o quanto antes e, novamente, perdi o horário da minha aula à noite.

Foram quinze minutos de atraso e o professor já havia preenchido todo o quadro. Sentei ao lado de minhas amigas dando um "oi" rapidamente a elas que se juntaram em cima de mim.

- Como é estudar de manhã? – perguntou Kate.

- Tem alguém interessante? Se tiver, apresenta pra gente. – pediu Sam.

- E o professor? Chato como sempre? – Back revirou os olhos.

- Vou contar tudo a vocês no intervalo. Preciso copiar a matéria agora. – as repreendi.

- Por favor, Liza. Nós estamos curiosas. – insistiu Kate.

- Depois do intervalo. Eu não posso reprovar em mais nenhuma matéria. – bronqueei.

- Estou atrapalhando a conversinha de vocês? – perguntou o professor.

As meninas olharam para frente no mesmo instante, mas Sam não conseguia ficar calada.

- Vocês estão sabendo? Os alunos do último ano irão fazer um acampamento.

- Sério? – acabei fincando animada também e minhas amigas se juntaram novamente.

- Sim. E parece que a faculdade inteira foi convidada.

- E quando será? – Back perguntou.

- Não tem data ainda, mas ao que tudo indica, será depois das provas. Terá um edital no pátio explicando como vai funcionar. Boatos de que será em São Francisco. – nos explicou Sam.

- Nós vamos, com toda a certeza, certo? – Kate quis confirmar.

- É óbvio que vamos. – confirmei com um sorriso malicioso.

- Podemos esperar as senhoritas terminarem de conversar para que eu possa dar aula, se assim preferirem. – ironizou novamente o professor com a testa enrugada.

- Só mais uma coisa. – Sam se virou novamente. – Terá uma pré-festa antes, com tudo o que nós temos direito, na casa de um dos alunos do curso de administração. É uma festa privada, mas podem deixar comigo que eu consigo convites para nós quatro. – ela dá uma piscadela e se vira rapidamente para prestar atenção.

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