49 - CÁLCULOS
Mau acorda sentindo uns lábios macios pressionar sua bochecha direita num beijo delicado. - _ Acho que estou sonhando. - diz dando um leve sorriso ainda de olhos fechados.
_ Bom dia dorminhoco...
_ Bom dia. - ele diz abrindo um pouco os olhos incomodado com a claridade dos raios de sol que já invadiam a sala, pois esqueceram de fechar as cortinas...de novo.
_ Hoje não ficou tão esquisito acordar com você. - ela diz sentada ao lado dele com os braços cruzados e queixo apoiados em cima do peitoral do rapaz que estava deitado de barriga para cima.
_ Mas ainda está tudo bem? - Mau pergunta analisando a garota.
_ Mais ou menos...
_ Por que? - ele pergunta começando a ficar preocupado.
_ Se não somos namorados...ainda, não somos ficantes e muito menos somos amigos...no que nos transformamos?
_ Não tinha pensado nisso. - ele fica pensativo mas achando divertido dela querer uma definição só para eles.
_ Pré namorados?
Mau dá um sorriso de boca fechada. - _ Pode ser...e está tudo bem para você?
_ Acho que sim...minha vida nunca foi tão normal que...acho que "planejar um namoro" faz parte do pacote. - ela sorri. - _ E para você?
Ele dá um suspiro profundo. - _ Está ótimo... já fico aliviado por não ter mais que disfarçar o tempo todo para você.
_ Hummmm esses seus olhos azuis no fundo nunca me enganaram.
Mau volta a sorrir com a boca fechada, enquanto ela estica os braços espreguiçando.
_ O que faremos hoje? - Juliah pergunta coçando um olho.
_ Qualquer coisa desde que esteja com você. - ele também se senta fazendo o mesmo: espreguiçar.
_ Então vamos começar com um banho bem quente e um belo café da manhã, estou faminta.
Quando Juliah chegou na cozinha Mau já tinha feito as torradas com ovos mexidos, ela preparou dois cafés instantâneos e fizeram o desjejum sem pressa, afinal tinham o final de semana inteiro pela frente.
_ O que é aquilo em cima da mesa da sala? - Mau estava terminando de lavar a louça e pergunta sobre algumas pastas pretas que ele não prestou atenção ontem.
_ Negócios eu acho...ou pelo menos espero que seja, conversei muito com meu pai essa semana que passou, quis expor minhas idéias sobre a nova linha de alimentação de soja para animais que eu quero começar.
_ E ele?
_ Bom de início achou que eu estava de brincadeira, disse que a empresa é séria não tem tempo para ficar "testando possibilidades". Depois que expus um pouco ele até achou meio interessante.
_ Isso é ótimo!!!
_ Mais ou menos...para abrir uma frente para um novo produto precisaria reunir uma boa equipe, processos de produção, maquinários novo enfim...muita verba mesmo.
Mau não disse nada mas pensou que verba não deve ser problema para eles, e a garota explicou.
_ As empresas do meu pai vem sofrendo uma espécie de...como dizer...gasto fora do orçamento que ninguém consegue achar de onde vem.
_ Como assim?
_ Simplesmente o lucro final não bate como o esperado, e isso vem aumentando cada vez mais, nesse último ano quase que triplicou o prejuízo. Por conta disso não pode ser viável abrir uma frente para esse meu provável novo produto que queria colocar em prática.
_ Prejuízo??? - Mau pensa achando muito estranho, era impossível um produto como a soja tão valorizada no mundo inteiro estar gerando prejuízo a alguém. Não fazia sentido.
_ Sim...meu pai tem uma espécie de equipe de finanças de confiança que calculam e recalculam, e nunca chegam a lugar nenhum. Essas são as cópias de alguns do fechamento que eu pedi. E nem sei porque pedi, odeio cálculos financeiros...eu faço mais odeio. Viajei muito essa última semana por isso e trouxe esses papéis para analizar.
Mau vai em direção daqueles papéis, tinha planilhas, gráficos específico e muitos cálculos.
_ Você entende de cálculos financeiros? - a garota pergunta parando ao lado.
_ Não ou eu acho que não...nunca vi um antes...mas... matemática não muda e sou bom com números. Quais as fórmulas que costumam usar? - ele diz pegando alguns papeis e sentando no tapete, se isso estava sendo um obstáculo para os planos se Julian ele queria descobrir como resolver.
_ Essas daqui. - ela pega o restante das planilhas sentando a frente dele.
_ Bom, toda fórmula tem solução, vamos ver que resultados chegamos. - ele diz pegando uma caneta e a calculadora.
Passaram o resto da manhã, param para almoço e voltam aos cálculos até o final da tarde.
_ Nada bate com nenhum resultado aqui, é muito estranho, é uma fórmula de resolução básica. O pessoal do financeiro até começaram calculando certo mais no meio do caminho mudaram aleatoriamente os números, simplesmente dando outro valor final forçando ser positivo, quando na verdade era para dar negativo. - Mau diz analisando cuidadosamente os dados passados na planilha.
_ Mas como que uma equipe inteira com uma formação acadêmica prestigiada está cometendo esse erro tão banal, mês após mês? - a garota está confusa.
_ Também não entendo o porque. - Mau coloca os resultados do seus cálculos de outra cor na mesma planilha, o que faz dar um prospecção totalmente diferente.
_ Mas o que??? - Juliah está surpresa. - _ Isso deu uma diferença de...
_ Milhões... - Mau completa. - _ Da a impressão que planilha da empresa foi "maquiada" por resultados de erros grotescos e fizeram milhões desaparecerem.
_ Mau... - a garota olha para ele perplexa.
_ Ju eu não sei finanças eu não entendo nada disso ou de gestão de empresas ou qualquer coisa do tipo, eu só sei matemática. Só afirmo que essas fórmulas foram calculadas erradas de um jeito tão grotesco que até parece proposital, o porquê disso eu não sei. Talvez essa planilha deve ser baseada em outra coisa... melhor alguém mais entendido no assunto verificar isso. - Mau tenta achar uma explicação plausível para esse erro do financeiro da empresa do pai dela.
_ Hummm...acho que se eu ver mais algum número hoje eu vou enlouquecer. - Juliah esfrega olhos pois não trouxe seu óculos de leitura e forçou muito a vista.
_ Por mim também chega. - Mau boceja esticando os braços para cima.
_ Acho que perdemos nosso sábado.
_ Não é tempo perdido ficar com você. - ele diz na mesma hora.
A garota o observa por um momento. - _ Mau como faremos isso? - ela se refere a situação atípica de "pre namorados" deles.
Ele dá um profundo suspiro. - _ Eu estava conseguindo até aquele cara da biblioteca aparecer. - tenta disfarçar o ciúmes.
_ Will é apenas um amigo.
_ Ele não precisa ficar pegando em você por isso. - agora não consegue disfarçar mais nada.
A garota olha para ele enquanto Mau vira o rosto para não encará-la suspirando pesado novamente tentando se acalmar, quando sente a mão da garota pegando no queixo dele fazendo virar o rosto para ela, que agora estava bem mais próxima dele, sentada em seus calcanhares em cima dos papéis dos cálculos.
_ Desde quando você é tão ciumento assim?
_ Não é ciúmes...ou é...eu não sei. É que...que...eu não quero nenhum babaca se aproveitando de você. Eu não gosto...eu...eu não sei explicar o porque disso... nunca me senti assim antes... é mais forte do que eu posso controlar.
Ela o abraça carinhosamente e ele retribui na mesma hora, seu perfume suave tem poder de acalmá-lo, respira profundamente afundando a cabeça no pescoço da garota. - _ Me desculpe Ju...não quero ninguém tirando você de mim...eu perco a cabeça só de existir essa possibilidade...
_ Eu já falei que é você que eu quero.
Ele solta um leve sorriso pelo nariz.
_ O que foi? - ela diz o soltando para encará-lo voltando a sentar sobre seus calcanhares.
_ É meio surreal isso.
_ Porque?
_ Olha para você...e...olha para mim! - ele aponta para os dois meio sem jeito.
_ O que é que tem nós?
_ Como que alguém como... você...pode se interessar por alguém como...eu... - Mau abaixa um pouco a voz no final da frase.
_ Como você como... carismático, generoso, inteligente, culto, carinhoso, batalhador, preocupado com o próximo, humano e super gato...quem não se apaixonaria?
_ Não estou referindo a esses tipos de qualidades eu me referi a dinh...
Juliah coloca o seu dedo indicador nos lábios dele na mesma hora fazendo-o calar. - _ São só essas qualidades que me interessam... são só essas qualidades que me conquistam...será que você não faz idéia do quão precioso é o seu coração? Dinheiro nenhum no mundo é capaz de comprar algo assim.
Ele sorri de boca fechada ainda com o dedo dela em seus lábios.
_ Mais vamos com calma sobre isso...um "problema" de cada vez! Não sei quanto a você mais esses cálculos deu uma fome! - ela diz levantando.
_ E o que você quer comer?
_ Sei lá, eu só pensei no "jantar romântico" de ontem...vamos ver o que tem na cozinha. - ela fala em tom de deboche que fez Mau revirar os olhos relembrando os fatos e de como ele ainda quer muito beijá-la.
Mas ele deixou para a Juliah decidir se ainda ia querer isso mesmo depois de souber de tudo...e como ela não tocou mais nesse assunto, Mau preferiu não insistir e esperar o tempo dela...embora vez ou outra se perdesse naqueles lábios rosados da garota só imaginando aquele beijo.
Mau dá um leve sorriso olhando Juliah arrumar as almofadas no tapete enquanto ele terminava de colocar mais lenha no fogo da lareira.
_ Que foi? Prefere ficar no quarto frio?
_ De jeito nenhum!!! - ele diz se aconchegando a ela já puxando o edredom.
A garota sorri aninhando-se no peitoral dele.
_ Mau você está avisando seus pais sobre ficar aqui não é?
_ Estou, por que?
_ Não quero eles bravos comigo.
_ Eles jamais ficariam bravos com você...ficariam bravos só comigo.
_ É sério Mau!!!
_ Ok, o que você acha de depois que sairmos daqui amanhã, passar em casa lanchar, antes de eu deixar você na sua casa?
_ Hummm não sei se é uma boa idéia. - ela fala pensativa lembrando de como deixou todos desconfortáveis com a presença dela da última vez.
_ Minha mãe vai fazer aquele pão que você adora.
_ Hum que delícia...ok me convenceu. - ela cede com um belo sorriso.
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